Cinco anos de acobertamento de informações não foram suficientes para impedir uma investigação séria e criteriosa sobre o Caso Var-ginha, que, em janeiro de 1996,despertou a imprensa e a sociedade para a realidade incontestável da presença alienígena em nosso planeta – e até mesmo em nosso país. “A 13ª Companhia de Bombeiros, sediada em Varginha, vem tornar público que os boatos que circulam pela imprensa e comunidade varginhense, de que uma guarnição de bombeiros teria capturado no dia 20 de janeiro do corrente ano um extraterrestre, ‘são faltosos’. Naquele dia o Corpo de Bombeiros não foi acionado para atendimento deste tipo de ocorrência, nem esteve no local onde se presume que teriam ocorrido tais fatos”, noticiou em 02 de fevereiro seguinte, na primeira página, o jornal Gazeta de Varginha. E esta foi apenas uma das muitas negações oficiais acerca da captura de estranhas criaturas na cidade.
Simultaneamente, os simples comentários e boatos em torno do assunto foram sendo enriquecidos com incidentes isolados, envolvendo pessoas que, ou não perceberam a importância de suas palavras, ou talvez, acreditando que o caso fosse logo se encerrar, acabaram intrigando os estudiosos e estimulando o aprofundamento das investigações. Entre eles estava o descobridor do caso, o renomado ufólogo varginhense Ubirajara Franco Rodrigues que, apesar das constantes negativas das autoridades em confirmar a autenticidade do caso, insistiu veementemente nas pesquisas. Depois de cinco anos de apuração precisa e ininterrupta, ele conseguiu confirmar que sua cidade realmente foi palco de uma das ocorrências ufológicas mais significativas do mundo. E divulga agora seu trabalho numa obra surpreendente. Em O Caso Varginha, oitava edição da já consagrada Biblioteca UFO, Ubirajara apresenta fatos e evidências nunca antes revelados e desmistifica a onda de mistério que se criou em torno do assunto.
Risco de Vida e Sigilo — “As testemunhas militares do Caso Varginha correram risco ao detalhar a seqüência dos fatos daquele 20 de janeiro, citando inclusive os nomes dos oficiais que teriam comandado as operações e ordenado o sigilo em torno delas”, lembra o jornalista e editor do programa Fantástico, Luiz Petry, no prefácio do livro, apropriadamente intitulado A Busca pela Verdade. E foi exatamente esta a intenção do autor ao analisar os fatos. Antes mesmo de provar se estávamos diante de uma ocorrência ufológica, o que certamente era o desejo de toda a Comunidade Ufológica Brasileira, era preciso acalmar os ânimos e pensar racionalmente – descobrir o que de fato havia acontecido. “O livro revela que Ubirajara soube apurar, pesar e confrontar as informações, dando-lhes o valor exato, sem cair no erro de divulgar versões como fatos consumados, muito freqüente na pesquisa ufológica”, reafirma Petry. Coube a Ubirajara – principal investigador do caso – separar o joio do trigo na análise dos depoimentos das testemunhas e da série de boatos que surgiram, e ainda surgem, das mais diversas fontes e sob os mais variados interesses.
Um deles envolveu o médico legista da Unicamp Fortunato Badan Palhares, famoso em todo o país por seus polêmicos laudos, como o expedido no caso da morte de Paulo César Farias (Badan atestou que Suzana Marcolino teria matado PC e se suicidado, o que foi desmentido por seus colegas posteriormente). O legista – sabe-se hoje – esteve envolvido na autópsia de pelo menos um dos cadáveres das criaturas capturadas em Varginha, mas nega veementemente. No entanto, fontes do staff do Hospital das Clínicas, que pertence à Unicamp, deram informações preciosas que confirmam essa versão. “Quando Badan foi acidentalmente questionado por um universitário, durante uma palestra, sobre sua participação na autópsia das criaturas capturadas em Varginha, utilizou-se de palavras que podem ser analisadas sob vários ângulos”, afirma Ubirajara em seu livro. Palhares respondeu ao aluno em tom enigmático: “Se você me fizer novamente esta pergunta em alguns anos, talvez eu possa respondê-la”. Não poderia haver indicação mais clara de que revelaria a verdade quando estivesse completamente livre de pressões. Seu envolvimento no caso é um dos pontos mais graves de toda a história, e os ufólogos brasileiros estão convictos de que a autópsia aconteceu, apesar do governo insistir em ocultá-la.
“Festival de Contradições” — Muitas autoridades também se negaram a prestar informações sobre o caso e outras, inclusive, tentaram despistar as investigações ao máximo. “A melhor forma de se afastar um interessado no âmago do segredo é implantar informações contrárias, pelas mais diversificadas maneiras”, declarou Ubirajara, vítima das inúmeras campanhas de desinformação plantadas pelos militares que capturaram os alienígenas. Sua persistência em buscar a verdade somou-se sua grande competência para entender os fatos e examiná-los em um contexto lógico. Uma simples distração ou avaliação equivocada dos detalhes do Caso Varginha poderia colocar em risco toda credibilidade de um trabalho sério e dedicado. Em se tratando dos organismos oficiais, ou até dos interesses restritos de particulares, enquanto não se demonstra o contrário, a enfática negativa faz prevalecer, infelizmente, a versão de quem nega. Desviar os fatos e seus fundamentos para outros rumos é um disfarce que pode ocultar a verdade.
Nesse sentido, segundo Ubirajara, há um visível desacordo entre o que ocorreu e o que as autoridades afirmaram primeiramente. “Desde o início das investigações em torno do Caso Varginha uma estratégia bem elaborada entrou em ação para tentar salvar o segredo, mas o que se viu não foi uma estratégia inteligente. Foi um festival de contradições”, analisa o autor. E tais contradições de nossas autoridades militares foram suficientemente indicativas de que havia algo realmente grave sendo escondido. Para Ubirajara, a participação de instituições como o Exército, a polícia, o Corpo de Bombeiros e os hospitais foi imposta subitamente, em caráter de urgência e de forma inevitável. Por outro lado, o próprio cunho extraordinário dos eventos provocou dúvida e fascínio, que levaram altos escalões a pensar na possibilidade de revelar a todos o que estava ocorrendo. Ao decidir com veemência que isso não deveria acontecer, partes da estratégia de acobertamento das informações tiveram diversas falhas, que se apresentaram nas claras e visíveis contradições que o livro O Caso Varginha expõe agora.
Boa parte da cidade viu, por exemplo, a movimentação incomum de veículos militares no Hospital Regional e em outros locais, na noite daquele 20 de janeiro. Como o hospital fica no centro de Varginha, era noite de sábado e pleno verão, centenas de pessoas caminhavam pela praça defronte ao prédio quando observaram a enorme agitação. Hoje se sabe que a segunda criatura capturada foi levada para o Regional, que teve uma de suas alas isolada para recebê-la, já moribunda. Inúmeras testemunhas em vários pontos da cidade e arredores também notaram a grande movimentação de caminhões e tropas da Escola de Sargento das Armas (EsSA), instituição do Exército sediada na vizinha cidade de Três Corações, que procedeu às operações.
Todas essas informações foram negadas insistentemente pelos porta-vozes das instituições envolvidas. Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, EsSA, enfim, todas negam até hoje o que Ubirajara corajosamente descobriu em cinco anos ininterruptos de investigações. O comandante da Escola de Sargentos das Armas na ocasião, general Sérgio Pedro Coelho Lima, leu numa concorrida entrevista coletiva seu manifesto oficial negando os fatos. Quando instado por jornalistas de todo o país se poderiam conversar com os militares apontados como aqueles que procederam às capturas, negou rispidamente acesso. E arrogantemente declarou: “Não temos que provar nada a ninguém”. Lima foi transferido para outro comando logo em seguida.
De Quem Partiram as Ordens — Quem também insistiu no acobertamento de informações sobre o caso foi Adilson Usier Leite, que na época administrava os hospitais Regional e Humanitas, instituições envolvidas nas operações de captura e manutenção das criaturas. O primeiro foi para onde Chereze e seu colega de turno, em um Fiat Uno da Polícia Militar mineira, levaram a criatura capturada. Do Regional, após ser examinada por médicos que constataram a gravidade de seu estado, foi conduzida para o Humanitas, particular e bem menos movimentado. Neste hospital a criatura permaneceu por várias horas, até ser finalmente removida para a Unicamp, em Campinas (SP). Usier insiste até hoje que tudo não passa de elucubrações dos ufólogos, e nem mesmo o jornalista Goulart de Andrade conseguiu arrancar dele a verdade. No entanto, muitos dos funcionários de ambos os hospitais, e variadas outras fontes, apresentaram fatos que contrapõe o que afirma.
E assim é O Caso Varginha, um livro que representa um marco na Ufologia Brasileira. Através dele o leitor terá descortinado aspectos de maior gravidade sobre o tema, tratados com a profundidade necessária e com a seriedade que caracteriza o trabalho do autor. Os resultados de suas investigações, mantidos em sigilo por cinco anos, são agora apresentados de forma espetacular. “Chegou a hora de o Brasil e o mundo conhecerem a verdade”, afirma. E convida o leitor a mergulhar numa viagem em que descobrirá como tudo realmente aconteceu, como foram capturadas as criaturas, de quem partiram as ordens, qual é o envolvimento de nossas autoridades e porque o reticente sigilo ao assunto. O Caso Varginha pode ser adquirido através das páginas centrais desta edição.