O Centro de Investigações e Pesquisas de Fenômenos Aéreos Não Identificados (Cipfani) realizou uma expedição ao sítio arqueológico de Carmópolis de Minas, no distrito de Japão Grande, centro-oeste de Minas Gerais, a 110 km da capital, Belo Horizonte. Seu objetivo era conhecer e averiguar a possível relação das inscrições encontradas na região com a aludida presença de fenícios no local. Este estudo foi assessorado pelo pesquisador Gilberto Barbosa e motivado pelo escritor Pablo Villarrubia Mauso, autor de Mistérios no Brasil [Editora Mercuryo, 1998], que esteve na região juntamente com outros pesquisadores, em 1999 e fez importantes investigações sobre as mencionadas inscrições rupestres.
Villarrubia sustenta que não há qualquer relação entre as gravuras arqueológicas de Carmópolis com a cultura fenícia. Entretanto, faz a observação de que as mesmas são bem parecidas com sinais descobertos no sul da Península Ibérica, em épocas que remontam há mais de 4 mil anos. A pedra na qual estão as inscrições em baixo relevo já apresenta fortes sinais de desgaste. As inscrições ocupam uma área de 2,5 m² e as gravuras são em sua maioria círculos, cruzes e curvas. Há realmente uma semelhança com outras inscrições encontradas em diferentes sítios arqueológicos, mas isso é um fato perfeitamente aceitável, pois círculos e cruzes são registrados em várias partes do planeta – nem todas são de origem fenícia. Ou seja, são símbolos universais. Constatamos, então, que a associação das figuras encontradas em Carmópolis com a cultura fenícia nada mais é do que um reflexo de teorias absurdas, tais como a da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro. Até mesmo Erich von Däniken, autor de Eram os Deuses Astronautas? [Editora Melhoramentos, 1969], realizou uma visita ao local seduzido pela hipótese de que a mesma abrigava tumbas de extraterrestres ou mesmo uma aeronave intacta. Nada encontrou.
A análise da cultura de tribos indígenas que habitavam a região Carmópolis – como os pataxós, por exemplo – fornece dados e sustentação para a origem das inscrições, assim como os fragmentos arqueológicos encontrados na área. Em nossa expedição conseguimos coletar dezenas de lascas de cerâmica na forma de vasos. A cerâmica, em peças completas ou fragmentadas, constitui um dos vestígios arqueológicos que mais informações oferece para os técnicos pela facilidade de serem analisadas e comparadas. Um estudo mais aprofundado de nossa riqueza arqueológica pode fornecer dados e até mesmo revelar que nossos antepassados possuíam em sua sociedade uma estrutura bem mais complexa e organizada – algo que aos poucos a ciência já começa a admitir.
Povos antigos — As inscrições encontradas na Pedra da Gávea, reproduzidas no livro O Ouro dos Deuses, também de von Däniken [Editora Melhoramentos, 1973], apresentam características semelhantes às dos símbolos universais. Uma das teorias sobre suas inscrições rupestres, difundida principalmente por Eduardo Chaves, é de que a pedra seja uma esfinge artificial. A crença em torno da presença de fenícios na região é antiga, mas até hoje nada de concreto foi descoberto. Como ela não se sustenta devemos encarar a realidade e dar o crédito das pinturas rupestres aos antigos povos que habitavam a região. Da mesma forma, as inscrições encontradas em Carmópolis assim como fragmentos de cerâmica, nada apresentam de extraordinário.