De todos os mistérios que existem no mundo e de todas as coisas que nós ainda não sabemos, talvez nenhuma capture tanto a imaginação humana quanto o Fenômeno UFO. Desde seus aspectos messiânicos fortes, exemplarmente representados por luzes que vêm do céu, até seus aspectos mais demoníacos, como humanos sendo mantidos em cativeiro para servirem de cobaias em experimentos extraterrestres, a Ufologia tem elementos para todos os gostos e interesses. Mas o que a Ufologia quase não tem, entretanto, é seriedade científica quanto àquilo que pesquisa — em todo o mundo são poucos os cientistas dispostos a olhar para a fenomenologia ufológica com vontade de descobrir o que, afinal de contas, está acontecendo para que milhares de pessoas de todas as nacionalidades e crenças relatem terem visto ou tido contato com seres de outros mundos.
Não que a informação seja nova, porque ela não é, mas também não são novos o preconceito e o senso de ridículo que a acompanha. Mas, felizmente, para quem encara a Ufologia como um dos assuntos mais importantes e transformadores de todos os tempos, há pessoas que têm a noção clara de que o tema é muito mais profundo do que querem nos fazer crer e se dedicam a estudar aspectos do fenômeno como aquilo que ele realmente é: desafiador, misterioso e, muitas vezes, intimidante. Uma dessas pessoas é a entrevistada desta edição, a psicóloga e hipnóloga carioca Gilda Moura.
Um chamado na infância
Como a grande maioria dos pesquisadores de Ufologia, o interesse de nossa convidada por fenômenos anômalos começou logo na infância. E muito embora Gilda se interessasse primordialmente por parapsicologia e mediunidade, e tenha se dedicado a estudar fenômenos nessas áreas, em determinado ponto do caminho ela foi alcançada pela Ufologia em razão de um avistamento não seu, mas de sua filha, ocorrido em 1970, no Rio de Janeiro. Nossa entrevistada, então, passou a estudar e a pesquisar o assunto. Na década de 80, assistiu a uma palestra dos pesquisadores Jaime Lauda e Carlos Reis e teve seu interesse definitivamente catalisado para o tema. No início de suas pesquisas, Gilda não acreditava em hipnose — ela iniciou suas atividades apenas acompanhando, entrevistando e observando contatados e abduzidos.
Participando de congressos nos Estados Unidos, conheceu o doutor David Cheek, da Sociedade norte-americana de Hipnose Clínica, que a incentivou a cursar e a se formar hipnóloga. Mais adiante, juntamente com o doutor John Mack, famoso pesquisador da Universidade de Harvard, já falecido, passou por uma experiência de grande impacto ocorrida aqui no Brasil, no Amazonas. Antes de viajar para lá, entretanto, Gilda, esteve em Varginha com Mack para ter informações sobre o famoso caso lá ocorrido em 1996. Eles fizeram uma entrevista com Liliane e Valquíria, duas das três meninas que primeiro avistaram um dos alienígenas capturados pelo Exército, agachado próximo a um muro [Veja edições UFO 222 e 230, agora disponíveis na íntegra em ufo.com.br].
Em conversa com Liliane, descobriu que em sua memória havia uma sensação de luz e de estar subindo para um local ignorado. Gilda constatou, então, a possibilidade de que a menina tenha sido abduzida, mas isso não pôde ser comprovado pois nossa entrevistada não conseguiu hipnotizá-la. Com os resultados de sua pesquisa, no entanto, a psicóloga acredita que exista um plano maior com a finalidade de ajudar a humanidade nesse período de transição para uma consciência mais expandida e convívio com outras espécies do universo.
Currículo invejável
Gilda Moura foi codiretora, na Fundação Kairos, da Universidade de Illinois, em Chicago, de um estudo de seis anos sobre estados alterados da consciência e mapeamento cerebral, pesquisando quatro grupos de pessoas no Brasil. Foi palestrante na Conferência de Estudos de Abduções, ocorrida no mundialmente famoso Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, em 1996. Nossa entrevistada é autora dos livros Transformadores de Consciência [Nova Era, 1992], O Rio Subterrâneo [Nova Era, 1999] e O Segredo de Velásquez [Jaguatirica Digital, 2013], este último sua primeira obra de ficção. Os dois primeiros trabalhos tratam de sua pesquisa de casos de abdução e características e mudanças sofridas pelos abduzidos, além de trazerem outras informações importantes.
Nossa entrevistada também é consultora científica da revista Consciência, do Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência (CTEC), da Universidade Fernando Pessoa, em Portugal, consultora científica, fundadora e anterior vice-presidente da Associação Portuguesa de Hipnose Clínica Experimental (Imaginal) e da Associação Luso-Brasileira de Transpessoal (Alubrat), além de membro da diretoria da Associação de Pesquisa OVNI (Apovni), também de Portugal. No Brasil, há duas décadas, Gilda é consultora da Revista UFO e também do Centro de Pesquisas John Mack (CPJM), em São Paulo. Vamos à entrevista.
Como você começou a se interessar por mistérios da mente?
Desde muito pequena eu me senti atraída por fenômenos místicos. Fui criada em um colégio de freiras francesas, com uma rígida educação católica. Como era um internato, tinha muitas horas só para ler a vida dos santos e, como toda criança criada nesse tipo de ambiente, eu queria ser santa e ganhar o céu. À medida que fui crescendo, passei a me interessar por fenômenos da parapsicologia, mediunidade e, posteriormente, esquizofrenia. Já adolescente, saía do internato para assistir a palestras do padre Oscar Quevedo e do frei Albino Aresi. Acompanhei até mesmo a criação da Clínica Mens Sana, do frei Albino, no Rio de Janeiro.
E seu interesse por Ufologia, como seu deu?
Começou após o avistamento, por familiares, de um UFO pousado perto do sítio do meu pai, em Adrianópolis, no Rio de Janeiro. A partir dali aprofundei minha pesquisa sobre fenômenos mediúnicos e paranormais. Já naquela época, lendo o livro do parapsicólogo norte-americano doutor Joseph Rhine, resolvi cursar psicologia para ter mais crédito nos resultados de minhas investigações. No entanto, apesar de todos esses acontecimentos, eu não acreditava nas pesquisas ufológicas existentes — eu aceitava a vida em outros planetas, mas que seres de outros mundos estivessem vindo aqui, essa era outra questão. Depois de acontecimentos que me ocorreram na chamada “noite especial”, que relato em meu livro O Rio Subterrâneo, fui levada a assistir algumas palestras dos ufólogos Jaime Lauda e Carlos Reis, no Rio. A seguir passei alguns anos frequentando eventos e participando do Centro de Investigação Sobre a Natureza dos Extraterrestres (CISNE), fundado pela falecida professora Irene Granchi [Pioneira da Ufologia Brasileira que foi presidente de honra da Revista UFO enquanto viva].
Foi quando você começou a se interessar especificamente por abduções por extraterrestres?
Não exatamente. Meu interesse por abduções começou após alguns anos. Eu conheci o pesquisador Ademar Eugênio de Mello e comecei a viajar, seguidamente, a São Paulo e a participar de reuniões do Centro de Estudos Exológicos (CEEX), naquela cidade. Passei a receber ensinamentos também de pesquisador Rafael Sempere Durá, que foi professor de muitos desses ufólogos. Além disso, os citados Lauda e Melo, muitas vezes, se hospedavam em minha casa quando vinham ao Rio. Esses encontros e alguns fenômenos que aconteceriam comigo foram marcantes na minha pesquisa. Eu não escolhi pesquisar Ufologia, fui levada e treinada para isso.
Desde muito pequena eu me senti atraída por fenômenos místicos. Fui criada em um colégio de freiras francesas, com uma rígida educação católica. Como era um internato, tinha muitas horas só para ler a vida dos santos e eu queria ser santa e ganhar o céu.
Seu interesse pelas abduções então veio depois. De que forma?
O primeiro caso do gênero que me chamou a atenção foi o de um rapaz que chamarei de Claudio, cuja pesquisa inicial foi feita pela Associação de Pesquisas Exológicas (APEX), de São Paulo, e cuja hipnose regressiva foi executada por Mário Nogueira Rangel. O que me chamou a atenção na experiência de Claudio foi a dilatação da consciência do rapaz — na verdade, o meu estudo se centrava em entender os mecanismos da consciência e sua expansão em vários estados. Eu ainda não sabia o que era abdução e não se falava muito sobre isso no Brasil. Meu interesse foi, como psicóloga, o de poder ajudar ao rapaz.
Como você reagiu ao analisar esse caso de abdução?
A partir daí a distinção que eu fazia naquela época era entre contato físico e não físico com seres extraterrestres. Ainda estava dividida entre o que era uma verdadeira experiência e o que pudesse ser alucinação ou crise psicótica, e essa dúvida me levou a aprofundar cada vez mais o entendimento daquela ocorrência e a começar a atender outras pessoas com experiências semelhantes. Recordo-me de que, quando ía a Buenos Aires, o pesquisador argentino Fábio Zerpa colocava-me na televisão e apresentava o Caso Claudio como um marco na Ufologia. Isso para mim faz muito sentido hoje, ou seja, a Ufologia entendida antes e depois da minha visão das abduções.
Após o Caso Claudio, que outro acontecimento marcante você pesquisou?
O segundo evento marcante em meu estudo foi o de uma moça que chamo de Suzy em meu livro. Toda a experiência dela e de sua família foi extraordinária. Sobre ele, tudo o que me parecia estranho eu colocava em uma prateleira e, apesar de não crer naquelas coisas, eu não jogava fora. Convivi muito com todos aqueles fatos e a primeira regressão de Suzy foi o Fábio Zerpa quem fez. Foi emocionante quando assistimos juntos ao filme Intruders [1992] e ela chorou o tempo todo — ela viu no filme a sua história, com elementos aos quais ela não tinha tido acesso porque naquela época não havia publicações em português sobre o assunto. No tempo da pesquisa do caso Suzy, sabíamos muito pouco sobre o fenômeno das abduções e a energia que emanava dela afetada a todos nós. A partir daí, comecei o primeiro grupo de suporte a abduzidos com profissionais de várias áreas, inclusive de saber espiritual, para aprendermos a entender o fenômeno.
Como surgiu o interesse por hipnose?
Na época da pesquisa do Caso Suzy e de outros, juntamente com o grupo, passei a viajar para os Estados Unidos e a participar de congressos para estudar o trauma das abduções, vítimas de rituais satânicos, múltipla personalidade e pesquisa da kundalini, por achar que tudo isso estava envolvido no fenômeno. Em um congresso organizado pela psiquiatra norte-americana Rima Laibow, conheci o doutor David Cheek, que me impulsionou a fazer os cursos de hipnose na Sociedade norte-americana de Hipnose Clínica, dizendo coisas que eu já sabia, só faltava formalizar. Fiz, então, todos os níveis de aprendizagem, porque a hipnose clássica me incomodava por interferir na mente do paciente e a nova modalidade, clínica, não. Eu estudei muito, viajei mais ainda e participei de reuniões em minha casa e no grupo do Program for Extraordinary Experience Research (PEER), do falecido doutor John Mack, em Boston. Como tinha filhos estudando e morando nos Estados Unidos, isso me facilitou ter essa oportunidade.
E depois disso como as coisas evoluíram?
Quando comecei a trabalhar com hipnose, fiz muitos atendimentos no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Buenos Aires, o que foi me dando prática e material para entender o padrão das abduções. O conhecimento dos estudos científicos e clínicos norte-americanos também me ajudaram muito e influenciaram a minha visão do fenômeno. Logo a seguir, fui fazer minha pesquisa sobre estados alterados da consciência (EAC) no Brasil, com o mapeamento cerebral de indivíduos, do qual falarei a seguir. No momento atual estou terminando um artigo sobre regressão hipnótica em sequestrados por ETs que esclarece muitos pontos. Também estou atendendo muitos abduzidos de várias partes do Brasil, pesquisando novamente alguns casos e pela primeira vez regredindo pessoas que passaram por um mesmo fenômeno em um mesmo local — esse aprendizado está mudando a minha visão sobre tais experiências, e parte do que já aprendi e apresentei no VII Fórum Mundial de Ufologia, que a Revista UFO realizou em dezembro de 2015, em Foz do Iguaçu.
Qual foi o episódio de abdução mais interessante que você estudou?
É difícil definir um caso como o mais importante. Tive ocorrências marcantes em minha pesquisa, que foram emblemáticas, e só tenho que agradecer às pessoas por dividirem comigo tais experiências. Como já mencionei, os casos de Claudio e de Suzy foram importantes por serem os primeiros. Depois, a abdução de Marco Cabral também foi também especial por envolver paranormalidade e interferência em equipamentos eletrônicos — este estudo foi acentuado por ser de um caso que envolvia um grande trauma e por ajudar a testemunha a se livrar do medo que tinha na época, além de me ajudar a lidar com o meu próprio medo dos fenômenos. Como disse Rima Laibow em um congresso sobre abdução organizado por ela: “Se acalme Gilda, nós todos estamos com medo e não sabemos com o que lidamos”.
Há muitas teorias sobre o propósito das abduções, mas nenhuma é conclusiva, e até hoje, depois de todos esses anos, sabemos muito pouco sobre elas. Para o doutor David Jacobs, seria a criação de uma raça híbrida com materiais humanos e alienígenas.
Você poderia explicar melhor o medo que sentia?
A energia que era liberada no processo de investigação do caso de Marco Cabral nos atingia e infundia o medo em nós, porque a considerávamos negativa. Mas quando conseguimos entender que não era uma força negativa, e sim de uma frequência mais alta do que estávamos acostumados, o medo foi sendo liberado. Minha pesquisa com o mapeamento cerebral de quatro diferentes grupos em EAC no Brasil ajudou muito a diferenciar esses aspectos. Dois outros casos marcantes que posso citar foram o de Carla Baptista, por ter tido, como no de Claudio, uma mistura de aspectos mediúnicos envolvidos, e o da doutora Maria Clara. Ambas são portuguesas.
O que pode nos contar sobre estas ocorrências de abduções alienígenas?
O Caso Carla é importante porque envolveu um sequestro com três pessoas e o carro em que estavam. Esse acontecimento está no site da Associação de Pesquisa OVNI (Apovni) [Endereço: www.apovni.org]. Como Carla é boa desenhista, ela nos brindou com os melhores desenhos que temos dos seres que a abduziram — eu a acompanhei por dois anos antes da primeira regressão. Outro caso marcante é o da doutora Maria Clara, que me proporcionou o maior número de regressões em uma pesquisa. Com sua calma e sabedoria, ela me ajudou a esclarecer muitos detalhes. Não poderia deixar de citar também o Caso Picanço, ocorrido em Manaus, que agora, depois de duas décadas, está disposto a falar sobre o que aconteceu na sua fazenda [Ele é um dos conferencistas, junto da entrevista, do IV Fórum Mundial de Contatados, a ocorrer em 29 a 31 de julho. Veja anúncio nesta edição].
Em sua opinião, qual é o principal interesse de nossos visitantes extraterrestres nas abduções? O que eles querem de nós?
Há muitas teorias sobre o propósito das abduções, mas nenhuma é conclusiva e, até hoje, depois de todos esses anos, sabemos muito pouco sobre elas. Quando a Conferência sobre o Estudo da Abdução ocorreu, ela foi baseada exclusivamente nas teorias do doutor David Jacobs sobre a intenção genética de nossos visitantes extraterrestres, ou seja, da criação de uma raça híbrida com mistura de materiais humanos e alienígenas. Por isso, alegava Jacobs, eles retiravam óvulos e sêmen quando abduziam as pessoas — muitas delas viam a bordo das naves para as quais eram levadas incubadoras e mulheres amamentando bebês. Também há muitos relatos de gravidez interrompida por aliens e retirada de fetos por volta do terceiro ou quarto mês de gestação. Em muitos dos casos que pesquisei, os relatos correspondiam a essa teoria. Temos também relatos de encontros emocionantes de mães com seus filhos híbridos, que ficaram lá, a bordo das naves. Ou seja, as abduções têm um padrão e geralmente seguem esse padrão. No entanto, com o passar do tempo e a observação da expansão da consciência e modificação de vida dos abduzidos, outras linhas de pensamento foram incorporadas e ganharam força.
Por exemplo?
O doutor e ufólogo norte-americano Leonard Sprinkle, que mais lidou com contatados e abduzidos desde o início, em especial nas pioneiras Conferências Ufológicas das Montanhas Rochosas, no estado de Wyoming, Estados Unidos, acreditava que a abdução é um sistema de educação para transformar os cidadãos terrestres em cidadãos cósmicos. Já o doutor John Mack, eu e outros acreditamos que eles têm por objetivo a expansão da consciência para salvar o planeta. Budd Hopkins, também outro pesquisador notável, igualmente falecido, achava que a intenção das abduções era mais neutra, que os alienígenas seriam como cientistas pesquisando a nossa espécie sem nenhum interesse mais específico. A verdade é que até hoje não temos certeza da agenda dos abdutores, até porque eles falam muito pouco e não há grandes explicações sobre suas ações, como nos casos de contato. No anexo de meu livro Os Transformadores de Consciência, a doutora Maria Clara, em duas regressões hipnóticas, se vê em locais de instruções e suas várias etapas, como em um processo iniciático da humanidade.
Interessante. Como usar com segurança a hipnose em casos de abdução, sem confundi-la com outras experiências igualmente exóticas?
Para mim, e também para o doutor Mack, a memória da abdução tem um registro diferente das outras memórias no indivíduo. Conhecimento, crença, leitura, filmes e todos os arquivos já acessíveis em livros, filmes e na internet não contaminavam esse núcleo. Mas essa memória nem sempre é alcançada, até porque existe uma forte indução da amnésia por parte dos abdutores — e o que é recuperado em procedimentos de hipnose regressiva representa apenas a ponta do iceberg do que foi vivenciado pelo abduzido. Além disso, essa amnésia funciona como uma espécie de comprimido de time release e só com o tempo seu conteúdo vai sendo acessado ou retorna à mente. Muitas vezes tal conteúdo vai aparecendo como fragmentos de memórias, como em sonhos. Temos que recordar também que, mesmo sendo um registro separado de memória, e apesar de não sofrer interferência das crenças, o relato das abduções pode sofrer uma interpretação do indivíduo segundo o seu conjunto de crenças pessoais. A abdução, dentro de minha pesquisa, apresenta sempre um cenário armado segundo os antecedentes do abduzido. Não é aleatória, mas uma sequência familiar. Logo, é provavelmente genética. Para mim, depois da pesquisa das ondas cerebrais, essa memória está armazenada em outra frequência.
Você poderia explicar melhor?
Sim. Nos estudos de hipnose verifiquei que essa não contaminação do registro poderia estar ligada a um “estado dependente de memória”. De acordo com o livro dos doutores Ernest Rossi e David Cheek, Mind Body Therapy: Methods of Ideodynamic Healing in Hypnosis [Terapia do Corpo e da Mente: Métodos de Cura Ideodinâmica em Hipnose, Norton & Company, 1994], “a substância informacional do hormônio liberado pelo estresse, em qualquer nova situação traumática, pode agir como neuromodelador. Essa substância informacional pode modular a ação do sistema neuronal do cérebro como uma memória codificada e aprendida de uma certa maneira”.
A memória da abdução tem um registro diferente das outras memórias do indivíduo. Conhecimento, crença, leitura, filmes e todos os arquivos já acessíveis em livros, filmes e na internet não contaminavam esse núcleo. Há forte indução da amnésia por parte dos abdutores.
Mas como se resgatar a memória de uma abdução?
Em outras palavras, para recuperar essa memória, um estado similar deve ser atingido. Acredito que a frequência alta, ou gama, que encontramos no cérebro dos abduzidos quando recordam a experiência pode ser esse estado — e essa memória não é apenas visual, mas tem um componente físico e há uma alteração corporal quando ela é acessada. Além disso, ao entrar nesse núcleo real, o abduzido não tem mais o controle das coisas, como tem nas suas fantasias, mas o que é relembrado aparece de forma espontânea, sem interferência do hipnotizado. Geralmente, ele já se encontra em um nível profundo de hipnose, apesar de consciente, quando o episódio é revivenciado com todas as sensações e lembranças de pequenos detalhes, que normalmente com o tempo se diluem. Costumamos recordar emoções associadas aos fatos, mas a memória não é factual, e sim a representação simbólica da emoção de um fato vivido.
Quais são as espécies que estão praticando a abdução, segundo o que você descobriu em sua pesquisa?
Não posso falar em espécies, até porque ainda não sabemos o que é abdução e o que são os conteúdos que são recordados pelos abduzidos. Posso, sim, descrever os tipos de alienígenas que mais encontro nas regressões de indivíduos que passaram por tais experiências. Mas o que a maioria das pessoas não sabe é que essas descrições variam conforme a região de origem da pessoa. Ainda não sei se essa variação estaria relacionada ao cenário que sempre é armado para ocorrer uma abdução ou se tem a ver com a ancestralidade dos indivíduos. Por exemplo, observei que em Portugal o predomínio é de seres reptilianos realizando abduções — os famosos grays ou cinzentos são mais raros.
E em nosso país, que tipos de seres extraterrestres predominam?
No Brasil encontrei alguns seres reptilianos com pele rugosa e viscosa, às vezes com respiração batráquia e em muitas ocasiões com três dedos tipo garras. Os grays também são menos comuns aqui, mas há descrição de seres iguais fazendo exames em humanos, como robôs biológicos, que também são comuns no país. Nos relatos, encontramos tanto grays baixos quanto altos. E existe uma outra espécie descrita como muito alta, magra e de pele branca, como porcelana, com olhos amendoados e às vezes carecas, ou com cabelos até os ombros. Existe também em muitas abduções uma figura feminina com cabelos pretos com franja tipo egípcia que também é bastante descrita. Os seres tipo louva-deus são mais raros, mas encontrei eles no estudo de alguns casos. Dentro desses tipos e categorias há variações e encontraremos entidades mais altas, mais baixas, mais magras, mais iluminadas ou menos. É comum encontrarmos relatos de vários tipos de seres atuando em uma mesma abdução. Também há muitas vezes descrições de seres humanos misturados ou vestidos de túnicas longas, com rosto mais humano, no meio dos outros, de origem extraterrestre.
Durante o processo de hipnose é possível conversar, em tempo real, com os extraterrestres que estão realizando a abdução? Você já usou alguma técnica parecida?
Essa técnica era muito usada pelos ufólogos quando eu apenas assistia às sessões de hipnose regressiva e ainda não trabalhava com o processo. Como a pessoa hipnotizada está em estado alterado de consciência (EAC), ela tem acesso a muita informação fora do tempo e espaço. No entanto, para que essa comunicação seja mais real, o abduzido tem que estar revivificando a situação — aí sim ele volta completamente ao momento da ocorrência. Eu geralmente evito o uso desses recursos por duas razões. Primeiro, porque não sou ufóloga, mas psicóloga, e o meu maior interesse é ajudar a pessoa que está vivendo a experiência a aliviar seu trauma. Portanto, não trabalho centrada em buscar informações — talvez eu devesse usar esse recurso, mas creio que pode facilitar a fabulação e nos induzir a conclusões fantasiosas. Entretanto, já ocorreu de forma espontânea de o abduzido hipnotizado informar que o ser quer falar comigo e me passar mensagens. Geralmente, analiso esse conteúdo como analiso uma canalização, não o aceito como totalmente verdade. Esse procedimento evita divulgar informações da crença do abduzido e não dos seres que comandam o processo.
Em minhas pesquisas, uma mulher que teve contato citou um extraterrestre de nome Anael. Você também teve um caso com uma pessoa chamada Carla que tinha contato com um ser de mesmo nome. Podemos falar em sincronicidade?
No caso específico a que você se refere, não sei se considero uma sincronicidade ou apenas uma coincidência. Nomes como Anael, Ariel e outros são comuns na Bíblia e em outros escritos. Mas há possibilidade de haver relação entre os casos dentro dessa enorme malha de comunicação do nosso planeta. Sabemos, também, por estudos bem recentes de parapsicologia e até da física, que essas comunicações imediatas a distância são comuns. Recentemente houve um programa do canal a cabo History Channel sobre a possibilidade de pessoas em estado alterado de consciência e em locais distantes receberem do inconsciente coletivo, de registros akáshicos ou da chamada “mente universal”, a mesma informação. Sabemos da existência de alguns episódios de grandes invenções simultâneas. No caso específico dos abduzidos, isso tem maior possibilidade de ocorrer por já estarem com a consciência mais expandida.
No que você está trabalhando atualmente? A que pesquisa no campo das abduções você está se dedicando?
Atualmente tenho atendido muitos casos de abduzidos. Como se, de repente, pessoas que passaram por fenômenos há muito tempo buscassem agora entender o ocorrido — é como se a sua consciência só agora estivesse buscando esse entendimento. Estou também juntando dados e revendo dois casos antigos que voltaram a ter manifestações para completar sua pesquisa. Acredito que a recuperação de detalhes que omitimos ou desconhecemos sobre algumas situações pode esclarecer alguns pontos ainda obscuros na pesquisa da abdução. Além disso, pela primeira vez, estou tendo a oportunidade de regredir pessoas que passaram juntas por um mesmo fenômeno. Estou empenhada também em conseguir apoio e recursos para medir as ondas cerebrais e fazer mapeamento cerebral de filhos de abduzidos e crianças que tenham altas habilidades.
A genialidade tem de ser acompanhada por estabilidade emocional ou a pessoa não conseguirá sucesso no que faz. O problema é que o nosso sistema educacional não está preparado para essas crianças especiais e filhas de indivíduos abduzidos por ETs.
Isso é muito interessante, você pode descrever melhor?
A minha hipótese é a de que essas crianças com altas habilidades já teriam uma frequência gama — beta de alta frequência — nos lobos frontais, facilitando o aprendizado, mas algumas vezes interferindo no bom desempenho e provocando agressividade. A genialidade tem de ser acompanhada por estabilidade emocional ou a pessoa não conseguirá sucesso no que faz. O problema é que o nosso sistema educacional não está preparado para essas crianças. Tenho também a impressão de que, como os abduzidos, elas já nascem com algum poder paranormal diferente da maioria das pessoas. Talvez o grande sucesso do livro e filmes como Percy Jackson esteja relacionada a essa consciência dos jovens.
Se os extraterrestres estão interessados na expansão da nossa consciência, por que abduzem humanos e os submetem a experiências traumáticas?
Pois é, essa é a grande interrogação! Mas quando falamos que eles, os alienígenas, estão interessados na evolução de nossa consciência, não é baseada em simples lógica, mas como resultado de anos de pesquisa. Eu mesma tive, no início de meus trabalhos, dificuldade em lidar com pessoas que passavam pelo processo de abdução, por considerá-lo negativo. Os abdutores traumatizam as pessoas, fazendo-as passarem por experiências difíceis. Com muita investigação, ao longo dos anos fomos verificando que o resultado do processo era uma expansão de consciência com total modificação da visão do mundo da pessoa que passou pela experiência. No grupo de discussão dos cientistas na Divinity School, em Harvard, foi a essa conclusão que também se chegou — se essa expansão da consciência é um subproduto da mente humana ao passar por um trauma profundo ou se é intencional dos alienígenas, não sabemos. Igualmente, a verificação da existência de um acesso com facilidade às ondas gama, principalmente nos lóbulos frontais dos abduzidos, como consequência da vivência que tiveram, nos indica, em nível físico, o resultado da experiência aumentando a capacidade mental de quem a viveu.
Em sua opinião, existem seres híbridos meio humanos, meio alienígenas em nosso meio, tal como relata o doutor David Jacobs?
Jacobs já se refere a esses híbridos há vários anos, sem mudar muito de opinião ao longo dos anos. Quando eu o conheci, pedi a ele ajuda porque havia tido uma experiência com um ser chamado Ramon, que relato em meu livro. Na ocasião, eu lhe perguntei sobre a possibilidade de haver alienígenas entre nós, mas ele se esquivou e disse para eu ficar quieta sobre isso porque os pesquisadores não estavam prontos nem mesmo para saber sobre as abduções, imagine então sobre a possibilidade de haver seres meio aliens entre nós. Por experiência própria, sei que existem híbridos em nosso meio e que muitas vezes eles não têm conhecimento de que o são. Na visão de Jacobs, eles são muito negativos, mas creio que falta a ele — mesmo com a enorme admiração e respeito que tenho pela sua pesquisa — conhecimento de psicologia, de simbolismo e de condições relacionadas a fantasias sexuais.
E qual a sua percepção sobre isso?
Em minha pesquisa de muitos anos das abduções alienígenas tenho encontrado filhos de abduzidos com características bem diferentes dos pais, principalmente quando revivem experiências de sequestros por seres extraterrestres. São pessoas mais mentais, bastante equilibradas e com grande capacidade intelectual e liderança. Por tudo isso, para saber mais profundamente sobre essa realidade, é que eu gostaria de poder fazer mapeamento cerebral em filhos de abduzidos e também em uma nova geração de contatados e abduzidos.
O que exatamente você espera encontrar realizando o mapeamento cerebral de filhos de abduzidos e nesta nova geração de contatados e abduzidos?
Justamente após a pesquisa sobre estados alterados de consciência (EAC) que fiz com quatro grupos de pessoas no Brasil, e comparando os resultados, pude verificar a importância das altas frequências encontradas nos frontais dos contatados e abduzidos. Naquela época, a pesquisa sobre ondas gama, com frequências acima de 40 Hz, estava apenas começando e foi muito difícil para aceitar e compreender aquele resultado. Devido à importância dessas ondas é que gostaria de testar os filhos de abduzidos e outras crianças com altas habilidades — creio que já devem estar nascendo com o cérebro mais ativado. Nosso trabalho foi publicado no Journal of Scientific Exploration e apresenta o resultado da pesquisa em um grupo de cinco homens e oito mulheres entre 19 anos e 72 anos, cujo contato ou abdução ocorreu pelo menos dois anos antes da pesquisa. Foram selecionadas pessoas que poderiam entrar em transe autoinduzido, sem hipnose, após a experiência e também que faziam interferência eletrônica.
E o que vocês descobriram?
A análise revelou que todos entravam em transe hiper ativado, ao mesmo tempo em que mantinham um relaxamento e imobilidade muscular, enquanto o eletroencefalograma (EEG) exibia uma alta atividade beta em todos os 19 canais. Mas a atividade maior se concentrava no pré-frontal e adjacências. Não foi encontrada nenhuma evidência de síndrome orgânica entre os sujeitos da nossa pesquisa. Nos casos em que há organicidade, descobrimos ritmos mais lentos do EEG. Os sujeitos da nossa pesquisa entram em estado hiper ativado e alterado de consciência com similaridade ao encontrado em sujeitos em êxtases yogui ou shamadhi. Assim, inferimos que os nossos indivíduos estão em êxtase.
Dentro do que consideramos abdução e foi definido como padrão está a pessoa ser levada contra a sua vontade para um lugar não terrestre, sofrer paralisia, passar por exames, se comunicar por telepatia, ter amnésia e só recuperar a memória com hipnose.
Atualmente, as abduções parecem ocorrer muitas vezes na própria casa do abduzido, como nos casos de visitas de dormitório, ou em outros planos da realidade. O que você pode dizer sobre isso?
Dentro do que consideramos abdução e foi definido como padrão na citada Conferência de Estudo das Abduções, do MIT, não há muita variação — a pessoa é levada contra a sua vontade ou inconsciente para um lugar não terrestre, sofre paralisia, passa por exames físicos, se comunica por telepatia, tem amnésia e só recupera sua memória com hipnose regressiva. O fenômeno sempre ocorreu dentro desse espaço não terrestre, como é descrito, mas muitas vezes na própria casa e na cama da pessoa. Existem boas pesquisas sobre tais visitas de dormitório.
Como se comportam estes indivíduos durante sessões de hipnose regressiva?
Em minhas investigações, venho observando mudanças significativas nas regressões das pessoas mais jovens. Tenho também pesquisado e regredido várias pessoas que participavam de um mesmo fenômeno, e o resultado desses procedimentos é surpreendente.
Como assim? O que pode nos dizer a respeito deste fato tão interessante ?
Desde que eu mesma passei por uma experiência com várias pessoas em Manaus, e as regressões feitas com elas resultavam em uma clássica e traumática abdução a um contato com seres vistos como mestres, essas imagens e memórias haviam me incitado a aprofundar minha pesquisa nessa direção. O resultado dessa análise revela que as diferenças não estão na modificação do fenômeno, mas na nossa forma de abordá-lo. Desde que foi criado o padrão já citado para a abdução, outros detalhes muito importantes foram perdendo destaque. Além disso, estamos lidando atualmente com outra geração de abduzidos e as diferenças também podem vir disso — temos sempre que estar atentos para a informação de que as memórias que resgatamos não são fatos, mas a interpretação emocional dos fatos reais vividos.
Como estão as pesquisas de abduções hoje no mundo, após perdermos pesquisadores importantes na área?
Estão muito fracas, tanto porque muitos dos principais pesquisadores faleceram quanto porque outros se afastaram por idade ou falta de recursos. O ufólogo italiano Roberto Pinotti [Correspondente internacional da Revista UFO] relatou em um congresso que na Europa essas pesquisas também estão muito paradas. No entanto, aqui no Brasil, apesar de sermos poucos na ativa, temos observado um crescente número de psicólogos e hipnólogos interessados no assunto. Uma sociedade da qual eu fazia parte, que foi fundada pelos doutores Leonard Sprinkle e Richard Boylan, chamada Academia de Terapeutas de Encontros Imediatos, também parou de operar no ano passado. Mas a doutora Bárbara Lamb, que era sua atual presidente, migrou para uma organização maior, porém acabou de sofrer um AVC. A perda desses ícones da investigação mundial impacta o interesse de organizações acadêmicas por esses assuntos. Pelo menos aqui no Brasil algumas universidades, que não se interessavam pelo Fenômeno UFO, estão começando a dar certa ajuda ou reconhecimento ao tema. Poucos, como eu, David Jacobs, John Carpenter e a Apovni, de Portugal, ainda recolhem dados e tentam entender o fenômeno.
O que você pensa sobre os implantes?
Bem, os exames de raios-x desses supostos artefatos alienígenas que conheço não deram indicações de que pudessem ser algo além de calcificações ou más formações. E, seguindo informações de abduzidos e minha própria intuição, fui chegando à conclusão de que os implantes são mais orgânicos ou energéticos e, portanto, dificilmente detectáveis. Há muita interpretação sobre eles, e como não sou vidente, não interfiro nesses casos. A única coisa importante que observo é que a maioria dos implantes reais aceleram em muitas áreas a capacidade dos abduzidos que os possuem, principalmente a de aumento de conhecimentos e produção.
Há alguns anos vêm surgindo nas pessoas estranhas marcas circulares, sem motivo aparente e sem que as pessoas percebam. Você acredita que possam estar ligadas ao fenômeno da abdução?
Nunca encontrei em casos de abdução tais estranhas marcas, que estão sendo postadas na internet e que só vi em uma pessoa uma única vez. Existem muitos sinais que os abduzidos apresentam em seus corpos ao acordarem, normalmente manchas roxas e furos redondos como os de picadas ou injeções, mas não são marcas superficiais na pele. É comum também haver queimaduras, que depois escurecem e se soltam da pele sem que haja dor ou deixem manchas. Já existe muita especulação e muitas teorias sobre essas marcas e até sites com estudos interessantes. Elas são muito repetitivas no formato e parecem arranhados na pele. Eu não sei sua origem, mas merecem um tratamento diferenciado, talvez ligado a áreas como parapsicologia, magia ou ordens ocultas. Se possuem alguma ligação com as abduções, eu desconheço.
Lidamos com um fenômeno que manipula mentes, projeta e usa realidades virtuais, emprega conhecimento de arquétipos e de nossas vidas passadas. Por isso é difícil saber o que é real e o que é cenário armado por nossos abdutores extraterrestres.
Você já encontrou entre seus inúmeros pacientes casos em que foram colocados implantes? E algum que tenha sido retirado?
Já tive alguns episódios com supostos implantes no início das minhas pesquisas. Como já expliquei, depois me desinteressei pelo assunto. No entanto, após voltar de Portugal, pesquisei um caso no Rio de Janeiro em conjunto com o coeditor da Revista UFO Marco Petit. A testemunha, Roberto Pinheiro, tem um implante em um dos braços. Durante uma das regressões que fizemos, ele reviveu o momento dolorido no qual lhe colocaram o implante. Coincidentemente, o artefato está localizado no mesmo local daquele que o coronel UyrangêHollanda, comandante da Operação Prato, tinha. Em um congresso em Porto Alegre, um senhor me procurou e me mostrou fotos de objetos que saíram de sua pele, algumas esferas parecendo ser de metal. Mas nos desencontramos e até hoje não fiz sua regressão.
Você já pesquisou algum caso no qual o ser ou seres alienígenas poderiam ser provenientes do futuro ou de outra dimensão?
Existem, na literatura ufológica, muitos casos de encontros com seres que poderiam ser viajantes do futuro. Mas não tenho pessoalmente nenhum relato que confirme essa afirmação. Já de outras dimensões, sim. Em meu livro Transformadores da Consciência descrevo o Caso Maria, diferente de todos os outros que conheço, em que há passagens dimensionais. O fenômeno da abdução costuma seguir um padrão mais físico, repetitivo e que envolve duas realidades — essa outra realidade em abdução foi comparada com o Mundus Imaginalis. Já nos casos de contato, há muitas recordações de passagens por portais e dimensões para outros planetas e locais. Muitas vezes, nas sessões de hipnose regressiva com abduzidos, o cenário muda e ele se vê em outra realidade, do passado ou de outra dimensão. Isso é comum, mas como um cenário armado ou projetado.
Qual é sua opinião pessoal sobre esse assunto?
Lidamos com um fenômeno que manipula mentes, projeta e usa realidades virtuais, emprega conhecimento de arquétipos e de nossas vidas passadas. Por isso é difícil saber o que é real e o que é cenário armado por nossos abdutores, ou seja, aqueles que eles querem que vejamos. Pessoalmente, acredito que em todo o Fenômeno UFO, em ocorrências registradas em fotografias ou presenciadas, os objetos claramente entram e saem em nossa realidade como se materializando de outras dimensões. É bom recordarmos Carl Sagan, na série Cosmos [1980], sobre o episódio sobre dimensões.
Você já teve indícios em trabalhos de regressão hipnótica de que os extraterrestres abdutores envolvidos tenham vindo de bases subterrâneas ou lunares?
Nas inúmeras sessões de hipnose regressiva que realizei há relatos envolvendo bases subterrâneas, mas um número ainda maior com descrição de cavernas ou ambientes subterrâneos. Isso foi até foco de uma pesquisa do cientista da Academia de Ciência da Áustria, Helmut Lammer, sobre tais bases, que ele cita em seu livro MILAB: Military Mind Control and Alien Abduction [MILAB: Controle Militar de Mentes e Abdução Alienígena, Illuminet Press, 2000]. Mais recentemente, nos vários casos que tive a oportunidade de investigar, incluindo um no meu próprio grupo e a nossa experiência na Serra do Roncador, no Mato Grosso, encontrei conteúdos que sugerem passagens para cavernas — são regressões em pessoas diretamente envolvidas em pesquisas do Fenômeno UFO e com fortes recordações de experiências em locais cavernosos e bases subterrâneas. Não sei ainda exatamente como se dão essas experiências, se na nossa dimensão ou se há mudança de dimensão ao entrar nesses mundos subterrâneos. O resultado de todo esse trabalho vou apresentar no IV Fórum Mundial de Contatados, em Santos, neste ano [Veja anúncio nesta edição]. Envolvendo bases lunares não tenho nenhum relato.
Você acredita que já tenha sido abduzida em alguma fase da sua vida?
As principais experiências que passei estão relatadas no meu livro O Rio Subterrâneo. No meu conhecimento e entendimento, passei por muitas situações insólitas e de contato, mas não entro no padrão típico das abduções com memórias apagadas e exames médicos a bordo. No entanto, apesar de não ter memórias desse tipo, não descarto a possibilidade de ter havido abdução camuflada em memórias de tela. Quando resgatamos tais memórias, nunca temos certeza se houve uma captura completa do que foi vivido ou se recuperamos apenas uma projeção do cenário. O filme Contato [1997], de Carl Sagan, ilustra bem esse ponto. O que tenho consciência de ter vivido é um processo de evolução e expansão da minha consciência — e se tenho implantes, eles foram usados para acelerar a minha inteligência e capacidade de trabalho. Tive, também, minha kundalini estimulada desde o contato que descrevo como “a noite especial” em meu livro O Rio Subterrâneo. Sinto ter passado todo esse processo para poder fazer o trabalho que faço.
Os abdutores exercem algum tipo de controle ou vigilância sobre os pesquisadores do fenômeno? Você conhece algum caso em que isso tenha ocorrido?
Geralmente, os pesquisadores de Ufologia em geral, e mesmo os de abdução, não são atraídos por acaso para a área — quase todos sentem uma necessidade de ir atrás dos fatos, procurar evidências e buscar o contato com tais inteligências. Isso os leva sempre a locais onde o fenômeno está acontecendo e eles acabam, mesmo que não tenham consciência, envolvidos nessa energia. Poucos pesquisadores se submetem a regressões para descobrir se passaram ou não por abdução. Apesar disso, e não estou falando dos pesquisadores de gabinete ou da internet, eles sempre vão a campo na esperança de serem contemplados com uma experiência. Agem como qualquer outro abduzido, com uma fixação no fenômeno que Jacques Vallée chamava de “sedução cósmica”. Se não houvesse isso, não continuariam uma busca que só lhes dá prejuízos e trabalho. Nos poucos ufólogos que hipnotizei, a experiência estava presente, mas em nível inconsciente. Mesmo no caso do editor da UFO, A. J. Gevaerd, que foi o mais recente caso de abdução que investiguei, só havia fragmentos de memórias em sonhos — mesmo tendo eles estado muitas vezes expostos às energias e tendo até sido seguidos por uma luz. O fato é que buscamos nos outros e esquecemos de nós.
Existem características físicas ou médicas que apareçam como padrão nos abduzidos?
Não há, na minha pesquisa e na mundial, que eu conheça, características físicas ou médicas para a identificação de abduzidos. O quetemos são sintomas e consequências do processo. No caso das minhas investigações, encontramos uma frequência alta de ondas beta nos frontais, quando os indivíduos se recordam do momento de suas abduções. Atualmente sabemos que são ondas gamas e os frontais são responsáveis pela coordenação das funções superiores do cérebro. Sabemos, também, que abduzidos desenvolvem capacidades de liderança, alguma telepatia, maior rapidez de raciocínio, interesse pela humanidade e pelo planeta, assim maior abertura espiritual.
Esse é o lado positivo, mas há um outro lado, certo?
Claro. Ao lado dessas potencialidades que citei, os abduzidos também podem desenvolver traumas como fobias, medo de escuro, altura, elevador, hospital, agulhas, problemas sexuais, marcas inexplicáveis no corpo, queimaduras, alergias, sangramento no nariz, medos sem causa aparente e síndrome pós-traumática. Sonhos com hospitais, algumas vezes paralisias do sono e muita ansiedade também ocorrem. O que me preocupa é que, revendo o que circula pela internet, percebo que juntaram em muitos sites pedaços de diferentes pesquisas e as divulgaram como realidade dos fatos. Isso é inquietante, pois muitos portadores de outros distúrbios psicológicos e físicos não procuram tratamento por se considerarem abduzidos, logo, tudo isso é normal. Essa confusão atual me incomoda muito, inclusive a grande mistura com a área mediúnica e espiritual.
A maior parte dos abduzidos tem sangue do tipo O, com Rh positivo, segundo estatísticas. Você vê isso como um fato explicável ou como simples coincidência?
As pesquisas sobre os grupos sanguíneos dos abduzidos são muito divergentes. Da mesma forma, nas estatísticas divulgadas, encontramos 37% dos abduzidos pertencentes ao grupo O com Rh positivo e 36% do grupo A com Rh positivo. Portanto, quase a mesma quantidade de pessoas. Existem pesquisadores afirmando que o sangue tipo O com Rh negativo seria dos deuses e descendentes dos nefilins e anunnakis por não possuírem o fator Rh e ser um grupo mais raro. Também existe a prevalência desse fator nos países bascos e judeus. Enfim, há muitos artigos tentando fazer essa relação entre o tipo de sangue dos abduzidos, mas o resultado dessas pesquisas e associações não é definitivo. A comunidade dos pesquisadores de abdução deve procurar se aprofundar mais. O que me parece mais evidente é a correlação com o tipo sanguíneo O, seja ele positivo ou negativo. Mas temos de considerar também que o sangue tipo A com Rh positivo está presente em grande número de abduzidos. Sem um aprofundamento com pesquisa séria teríamos que considerar só coincidências.
Obrigado pelos esclarecimentos. Quais outros fenômenos você estuda, além das abduções?
Eu não começo as minhas pesquisas com o fenômeno da abdução — o meu grande interesse sempre foi a consciência e seus estados modificados ou alterados. Como já disse em outra resposta, desde nova eu sentia atra