Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos, publicaram novos artigos que analisam evidências de um nono planeta no Sistema Solar, chamado planeta Nove, que ficaria ainda mais distante do que Plutão.
Os cientistas Mike Brown e Konstantin Batygin investigam o corpo celeste desde 2016, ano em que anunciaram a possibilidade de sua existência. A primeira avaliação, publicada no The Astronomical Journal em 22 de janeiro, sugere que o agrupamento de objetos no Cinturão de Kuiper – campo de corpos gelados que se encontra além de Netuno – é influenciado pelos puxões gravitacionais de um planeta invisível.
Para tentar comprovar a teoria, Brown e Batygin desenvolveram um método para quantificar a polarização dos corpos celestes em Kuiper e calcularam as chances do agrupamento ser apenas uma hipótese. De acordo com eles, a probabilidade é de 1 em 500. “Esta análise, embora não diga nada diretamente sobre o planeta Nove, se ele está lá, indica que a hipótese repousa sobre uma base sólida”, disse Brown.
O segundo artigo, chamado “The Planet Nine Hypothesis” (a hipótese do Planeta Nove, em tradução livre), é uma revisão que será publicada na revista Physics Reports. O documento fornece novos modelos de computador da evolução dinâmica do Sistema Solar.
Ilustração da órbita do planeta Nove e sua localização no Sistema Solar (Foto: James Tuttle Keane/Caltech)
Com base nos novos modelos, Batygin, Brown e os pesquisadores Fred Adams e Juliette Becker, ambos da Universidade de Michigan, concluíram que o planeta Nove tem uma massa cerca de cinco vezes maior do que a da Terra. Além disso, ele tem um semieixo orbital de 400 unidades astronômicas (UA), tornando-o menor e mais próximo do Sol do que se suspeitava anteriormente – e também potencialmente mais brilhante. Cada unidade astronômica é equivalente à distância entre o centro da Terra e o centro do Sol, ou cerca de 149,6 milhões de quilômetros.
“Em cinco massas terrestres, é provável que o planeta Nove seja remanescente de um planeta extrassolar superterra”, afirmou Batygin. Superterras são planetas com uma massa maior que a da Terra, mas substancialmente menores que a de um planeta gasoso gigante. “É elo perdido da formação do Sistema Solar. Na última década, pesquisas de planetas extrassolares têm revelado que planetas de tamanho similar são comuns em torno de outras estrelas parecidas com o Sol. O Planeta Nove deve ser o mais próximo que vamos encontrar para a janela deste planeta típico da nossa galáxia.”
Após o anúncio em 2016, astrônomos de todo o mundo, incluindo Brown e Batygin, começaram a procurar por evidências observacionais do novo planeta. Os cientistas sempre aceitaram a possibilidade do corpo celeste não existir, mas eles indicam que novas evidências sustentam a teoria.
“Minha característica favorita da hipótese do planeta Nove é que ela é testável observacionalmente”, comentou Batygin. “A perspectiva de um dia ver imagens reais do planeta Nove é absolutamente eletrizante, apesar de encontrá-lo astronomicamente ser um grande desafio. Estou muito otimista de que vamos ter imagens dentro da próxima década.”
Fonte: Galileu
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