Quando se faz qualquer debate sobre a possibilidade de seres extraterrestres serem da nossa própria galáxia, a Via Láctea, é inevitável especular sobre qual seria o número aproximado de civilizações avançadas potencialmente capazes de realizar viagens espaciais dentro dela. E nenhum estudo a respeito é tão contundente quanto um trabalho confidencial conduzido pela Rand Corporation — um órgão de inteligência da Força Aérea Norte-Americana (USAF) ligado também ao Pentágono —, cujo relatório final, emitido em novembro de 1968, foi intitulado UFOs: O Que Fazer? A segunda parte do documento, denominada Aspectos Astronômicos, tem um conteúdo surpreendente e francamente positivo não somente quanto à existência de vida inteligente na galáxia como também quanto à realidade de que possam ser tais civilizações os desenvolvedores dos veículos que chamamos de discos voadores. Veja a seguir alguns trechos do material.
“Vimos na primeira parte desse estudo que os aspectos históricos do problema sugerem uma explicação extraterrestre para os UFOs. Embora não tenha sido estabelecido que os fenômenos contemporâneos sejam extensões dos históricos, parece haver uma continuidade nas descrições dos fenômenos observados. Examinaremos, portanto, o conhecimento astronômico contemporâneo e as teorias que abordam a possibilidade da existência de outras formas de vida altamente desenvolvidas. Consideremos as estrelas na Via Láctea, excluindo especificamente aquelas em galáxias vizinhas ou distantes. Gostaríamos de calcular o número de estrelas que possuem planetas mais ou menos semelhantes à Terra”.
“A partir de estatísticas de estrelas a 15 anos-luz do Sol, sabemos que apenas um terço é de estrelas únicas, sendo o restante sistemas binários ou múltiplos. Como as órbitas planetárias geralmente são instáveis em sistemas múltiplos (dependendo dos detalhes da configuração), diremos que apenas 30 bilhões de estrelas na nossa galáxia possuem hoje um ambiente dinâmico que permita a existência de planetas ao seu redor. Tais estrelas possuem planetas? Não podemos afirmar com segurança. Entretanto, o conhecimento atual sustenta a teoria de que o desenvolvimento planetário é subproduto natural da formação do sistema estelar em si a partir da nuvem de gás interestelar”.
Dificuldades para surgir vida
“Calcularíamos, portanto, que cerca de 30 bilhões de estrelas têm um ou mais planetas. Podemos rejeitar certas classes de estrelas como candidatas para planetas habitáveis, porque sua vida útil é curta demais (são estrelas de grande massa). Outras podem ser rejeitadas por causa da variabilidade em produção de luz, uma característica que dificultaria muito o desenvolvimento evolucionário de vida. Na verdade, se selecionamos apenas aquelas estrelas semelhantes ao Sol, cujo pico de energia de radiação coincide com uma região de transparência atmosférica terrestre, temos apenas uma pequena porcentagem do total, cerca de um em 30”.
“Estimaríamos, portanto, que existam cerca de 1.000 milhões de estrelas do tipo solar apropriadas. Destas, vários astrônomos calculam que 200-600 milhões possuem planetas que se localizam a distância certa e que existem há tempo suficiente para que as formas de vida já tenham se desenvolvido, assim como a nossa pode existir. Implícitas na discussão estão as seguintes suposições”: 1) Planetas e vida evoluem a uma compatibilidade mútua. 2) A força vital, seja ela espontânea ou não, está presente neles. Portanto, se o ambiente é favorável, a vida existirá. E 3) Nossa história da evolução e do desenvolvimento no passado não é lenta nem rápida, mas mediana e típica para as formas de vida. Nossa forma de vida é o único exemplo disponível e ninguém demonstrou que a forma de vida galáctica seria diferente”.
Seres extraordinariamente avançados
“Passemos agora para as escalas de tempo. O Sol e a Terra estão na ordem de cinco bilhões de anos, enquanto a idade da galáxia é entre 5 e 10 bilhões de anos. Portanto, entre os 200-600 milhões de estrelas que podem ter planetas aceitáveis, algumas seriam mais velhas que o Sol, outras mais jovens e algumas da mesma idade. Fica clara, a partir da suposição 3 e do exemplo de nosso desenvolvimento, que entre os planetas habitados, aqueles que são mais jovens que o Sol seriam habitados por seres muito atrasados em relação a nós, tecnologicamente, enquanto os habitantes de planetas mais velhos seriam extraordinariamente avançados. Lembremo-nos de nosso progresso de 500 anos atrás, e observemos que alguns planetas podem ter alguns bilhões de anos de idade. Na verdade, seria uma surpresa encontrar outros seres em nosso estágio exato de desenvolvimento tecnológico”.
“Para os propósitos desse documento, podemos ignorar tanto a miríade de seres mais jovens quanto aqueles que se encontram em nosso mesmo ponto de desenvolvimento. Mesmo assim, é importante saber que ainda nos resta a possibilidade de que 100 milhões de planetas na galáxia tenham formas de vida muito mais avançadas do que a nossa. Este número seria drasticamente reduzido se as formas de vida se autodestruíssem logo que alcançassem nossa era de desenvolvimento. Esse é um ponto filosófico sobre o qual se é otimista — acredita-se que a maioria das raças aprenderá a sobreviver. Se essas estrelas estiverem distribuídas de modo uniforme pelo disco galáctico, a separação média será por volta de 10 anos-luz”.
“A reação costumeira dos cientistas nesse ponto é que, mesmo que tais suposições estejam corretas e esse número de civilizações avançadas exista, o contato ainda é impossível por causa do limite da velocidade da luz imposto pela teoria da relatividade. A resposta é que tal postura demonstra falta de visão. Ignoremos, por ora, a possibilidade de superar o tempo longo da viagem por animação suspensa e coisas do gênero. Lembremo-nos de que a nossa própria teoria física só se desenvolveu em 500 anos. O que podemos esperar nos próximos 500? Ou 1.000 ou um milhão ou até um bilhão de anos?”
Povos planetários avançados
“Sugere-se que, se existe um meio de contornar a restrição da velocidade da luz, tal meio já foi descoberto por outros seres em nossa galáxia. E se foi descoberto em um planeta, podemos esperar que já tivesse sido usado. Se os habitantes de outros planetas ainda não o conhecem, não importa, pois tal meio de viagem pode ser ensinado pelos descobridores. Podemos concluir, portanto, que é muito provável que ao menos um, e provavelmente muitos dos 100 milhões de povos planetários avançados sejam capazes de viagem i
nterestelar”.
“A pergunta agora é a seguinte: alguns deles já estiveram aqui? Não podemos responder de maneira definitiva. Sem saber que tipo de fenomenologia os visitantes extraterrestres poderiam exibir, nos curvamos sobre nossas atitudes mecanicistas, científicas, mas faz todo sentido procurar por algum tipo de veículo ou espaçonave. Parece que a classe de fenomenologia que chamamos de UFOs pode conter observações reais de tais naves desenvolvidas por outras espécies cósmicas”.