Órion é uma constelação que as pessoas aprendem a reconhecer desde pequenas. Formada pelas “Três-Marias” e cercada por quatro estrelas de grande brilho, apresenta um desenho simétrico belo e harmonioso, mas alguma coisa bastante estranha está acontecendo ali e uma das estrelas mais conhecidas está simplesmente diminuindo de tamanho.
Apesar de estar a 500 anos-luz de distância, Betelgeuse é um dos astros mais brilhantes do firmamento. Classificada como gigante vermelha, a estrela é 900 vezes maior que o Sol e se fosse colocada dentro Sistema Solar cobriria toda a região entre a Terra e o planeta Saturno. No entanto, um estudo recente feito por cientistas da Universidade de Berkeley, nos EUA, mostrou que está diminuindo de diâmetro e nos últimos 15 anos encolheu 15% seu tamanho. O trabalho foi realizado com auxílio de um interferômetro em infravermelho acoplado ao telescópio de Monte Wilson, na Califórnia, e aceito para publicação no periódico científico The Astrophysical Journal Letters.
De acordo com Charles Townes, co-autor do trabalho, o raio de Betelgeuse encolheu o equivalente à distância entre Vênus e o Sol. “Vamos observar atentamente a estrela nos próximos anos. É perturbador ver essa mudança acontecendo diante de nossos olhos”. Apenas para lembrar, Townes ganhou o Prêmio Nobel de física em 1964 pelos estudos no desenvolvimento do laser e maser, o equivalente do laser no espectro das microondas.
Vale ressaltar que apesar do encolhimento, a magnitude luminosa da estrela não se alterou, não sendo detectada redução de brilho significativa. Do ponto de vista observacional ela se apresenta como uma esfera simétrica, mesmo após Townes e seu aluno Ken Tatebe terem detectado um ponto de luz bastante brilhante na superfície estelar.
Outro co-autor do trabalho, o pesquisador Edward Wishnow também disse não entender porque Betelgeuse está diminuindo. “Levando em conta tudo que sabemos sobre o universo e as galáxias, existem algumas coisas sobre as estrelas que simplesmente não conhecemos. Uma dessas coisas é sobre o que ocorre quando gigantes vermelhas como Betelgeuse se aproximam do fim da vida”, disse o cientista.
Os pesquisadores sabem que o fim de Betelgeuse será na forma de uma cataclísmica explosão chamada supernova, mas não existe consenso sobre quando isso irá ocorrer. Alguns afirmam que as mudanças sejam um sinal de que ela já esgotou todo seu hidrogênio e está na fase de consumir os elementos mais pesados de interior, caminhando para a explosão supernova dentro de 1.000 anos, outros acreditam que deverá sobreviver mais tempo.
Uma supernova é um dos eventos astronômicos de maior magnitude. Quando Betelgeuse explodir, seu brilho será 10 mil vezes maior e equivalerá a um pequeno ponto com o brilho da Lua cheia. O fulgor deverá durar alguns meses e poderá ser visto facilmente durante o dia. Em seguida, irá se apagar gradualmente, se transformando em uma estrela de nêutrons com poucas centenas de quilômetros.
Quando isso acontecer, a bela constelação de Órion ficará desfalcada de um de seus vértices, tornando as noites de verão e outono ligeiramente diferentes das que estamos acostumados.