O entrevistado dessa edição da Revista UFO pode ser considerado um privilegiado. Quando criança, suas pequenas mãos tocaram e seus olhos viram o que qualquer cientista jamais sonhou — a prova concreta da existência de seres alienígenas capazes de visitar nosso planeta a bordo de discos voadores. Trata-se do coronel Jesse Marcel Júnior, filho do célebre major Jesse Marcel, o primeiro militar a encontrar os destroços do UFO que caiu na cidade de Roswell, em 1947 — o caso segue até hoje sendo considerado um dos mais importantes da Ufologia Mundial, rivalizando com Varginha. Mestre em medicina pela Universidade do Estado de Louisiana, nos Estados Unidos, e especialista em doenças do ouvido, nariz e garganta, Marcel Júnior ingressou na Marinha norte-americana em 1962.
Designado em sua primeira missão para o navio USS Renville, nosso entrevistado tomou parte da tripulação que esteve presente no episódio da Crise dos Mísseis Cubanos naquele mesmo ano. O evento, como se sabe, foi o de maior tensão durante a Guerra Fria, quando a União Soviética, em resposta à instalação por parte dos Estados Unidos de armamentos nucleares na Turquia, em 1961, estabeleceu uma base com as mesmas armas na ilha caribenha, tornando iminente uma guerra nuclear.
Vestígios alienígenas
Em 1971, Marcel Júnior pediu baixa da Marinha e foi trabalhar como otorrinolaringologista na cidade de Helena, na longínqua Montana. Mas, em 1973, seu ímpeto de patriota o levou a novamente se alistar, agora na Guarda Nacional de seu estado, onde foi treinado como cirurgião de voo e enviado a missões pelo mundo afora. Em 1996 ele se aposentou da carreira militar pela segunda vez. Entretanto, em 2004, foi convocado a prestar serviços no Iraque como cirurgião no 189º Batalhão de Ataque de Helicópteros. Desde 2005 ele trabalha no Hospital dos Veteranos em Fort Harrison, Montana.
Mas foi aos 11 anos de idade que a vida do futuro coronel deu uma estranha e inesperada reviravolta. Em uma noite quente, na cozinha de sua casa, seu pai lhe mostrou os fragmentos de algum objeto misterioso que havia caído em uma fazenda a 120 km dali — o qual ele, o pai, tinha sido o primeiro ser humano a ver, ali na vastidão do Deserto do Novo México. De imediato, o que mais chamou a atenção do garoto foram umas estranhas folhas de alumínio que, mesmo depois de amassadas, riscadas e dobradas, voltavam ao seu estado original. Aqueles pedaços de metal eram diferentes de tudo que ele já tinha visto, sendo ao mesmo tempo muito leves e extremamente resistentes.
Quando o reflexo da lâmpada incidia sobre o material apresentado pelo pai a Marcel Júnior surgiam estranhas gravuras de cor roxa, como que por mágica, emolduradas por um tom metálico. O menino, então, perguntou: “Papai, posso ficar com isso?” Mas a resposta, já imaginada, foi de que aquilo era propriedade do governo. “Eu não quero ter que explicar aos meus superiores como meu filho de 11 anos conseguiu quebrar esses fragmentos”. Mais de 60 anos após o evento ufológico, o hoje médico otorrinolaringologista decidiu escrever um livro sobre os fatos que ocorreram naquele mês de julho de 1947 — que até hoje estão em sua memória e rotina. “Senti que era meu dever mostrar meu pai como ele realmente era, pois muitos livros traçam um perfil totalmente errado daquele homem”, justifica.
Fragmentos do UFO
Mas, que outros detalhes o coronel se lembra de um episódio ocorrido há tanto tempo? O que seu pai realmente sabia sobre aqueles fragmentos e onde se originavam? O que levou o governo norte-americano a fazer tantas tentativas de negar o descobrimento de materiais extraterrestres, mesmo depois de confirmados por testemunhas? Nas próximas páginas, essas e outras questões serão respondidas por um envolvido diretamente nos acontecimentos que transformaram o Caso Roswell em um dos mais fantásticos registros mundiais do Fenômeno UFO.
Era meu dever mostrar meu pai como ele realmente era, pois muitos livros traçam um perfil totalmente errado daquele homem (…) Ele foi quem primeiro tocou nos fragmentos do UFO que caiu em Roswell e acabou humilhado pelo governo do meu país.
Antes, entretanto, é importante que se relembre alguns detalhes do caso. Primeiro que ele ocorreu justamente em uma das áreas dos Estados Unidos mais militarmente sensíveis na época, logo após a Guerra Fria. O disco voador se acidentou durante uma verdadeira onda de avistamentos ufológicos justamente nos arredores da base do 509º Grupo de Bombardeiros do Exército daquele país — a instalação militar que continha as bombas atômicas que foram despejadas em Hiroshima e Nagasaki. Muitos ufólogos creem, não sem razão, que a revoada de UFOs naquela área, e também em outros pontos de desenvolvimento de armamentos atômicos, como um laboratório em Los Alamos, estava sendo observados de perto por outras inteligências cósmicas.
Descrédito e ridicularização
O Caso Roswell marcou o início da política mundial de acobertamento ufológico, inventada e implementada — inclusive com pressão sobre outros países para fazerem o mesmo — pelos Estados Unidos. A princípio, logo em seguida à descoberta da nave acidentada na fazenda de William “Mac” Brazel, em junho de 1947, o coronel Jesse Marcel foi ao local e constatou a origem não terrestre do material que cobria o campo com aqueles fragmentos que seu filho hoje descreve. Ele teve autorização para tratar o caso como a legítima queda de um disco voador, tanto que a notícia foi dada no jornal Roswell Daily Record. Porém, assim que seus superiores em Washington perceberam que o que ocorrera em Roswell poderia expor a fragilidade da segurança aérea dos Estados Unidos, sendo frequentemente penetrada por naves que poderiam ser hostis, o coronel foi publicamente censurado e humilhado — fato que nunca saiu de sua memória e nem na de seu filho.
Assim, por medo da exposição da incapacidade norte-americana de proteger seus cidadãos de veículos como discos voadores, que os militares do país decidiram que o tema, daquela data em diante, seria tratado como ultrassecreto e, sempre que possível, desacreditado e ridicularizado perante a opinião pública. Mas havia outra razão para a política de encobrimento dos fatos, que perdura até hoje nos EUA: os tecnocratas do país sabiam que se achassem um meio de explorar a tecnologia do veículo acidentado, teriam nas mãos o poder de controlar o mundo — e esse pensamento, que já norteava Hitler e Mussolini uma década antes, continua a ser exercido até hoje pelas autoridades de Washington, como se verá nessa entrevista.
O senhor testemunhou parte dos episódios que cercaram a queda de um objeto alienígena em 1947. Quais são suas lembranças daqueles dias? O evento que mudou minha vida e a de meu pai aconteceu em uma noite de verão, próximo à cidade de Corona, no Novo México, distante cerca de 120 km do município de Roswell, quando o proprietário da Fazenda Foster, Willian “Mac” Brazel, ouviu uma grande explosão que parecia vir de outra fazenda, a aproximadamente 12 km dali. Ele relatou que o barulho foi tão alto que fez as janelas de sua casa tremerem — naquela época, disseram que ele poderia ter ouvido um trovão, mas não tenho dúvidas de que o fazendeiro sabia muito bem qual era o barulho de uma trovejada, ainda mais porque o local já havia sido atingido em cheio por um raio.
E então, o que aconteceu? Na manhã seguinte, ele pegou seu cavalo e foi verificar se alguma coisa em sua propriedade tinha sido danificada. Para sua surpresa, chegou a um enorme descampado coberto com fitas e fragmentos metálicos que evidenciavam que algo havia caído ali a uma velocidade incrível. Ao lado do campo, um rebanho de ovelhas se recusava a cruzar a área atingida, mesmo para beber água no único açude da localidade. Após falar com sua vizinha, Loretta Proctor, Mac Brazel resolveu procurar o delegado da cidade, e quem acabou sendo chamado para ir ao local investigar os fatos foi meu pai — foi dessa maneira que tudo começou.
O senhor recentemente escreveu um livro sobre o episódio que mostra sua visão sobre os acontecimentos. O que ele tem de diferente das outras obras dedicadas a este intenso assunto? O meu objetivo com The Roswell Legacy: The Untold Story of the First Military Officer at the 1947 Crash Site [O Legado de Roswell: A História Não Contada do Primeiro Oficial Militar no Local da Queda em 1947, New Page Books, 2008] foi o de apresentar ao leitor uma visão clara do homem que foi meu pai, pois muitos livros o apresentam como uma pessoa bem diferente da que eu conheci. Hoje, sou a única pessoa capaz de escrever com exatidão aquele dedicado militar Jesse Marcel e espero ter feito isso de forma digna. Comecei as anotações enquanto servia o Exército como cirurgião no Iraque — apesar de terem se passado tantos anos do Caso Roswell, muita coisa permanece na minha memória.
Destroços no chão da cozinha
Isso mostra como o evento foi marcante para o senhor. Mas conte-nos como foi exatamente seu contato com os objetos recolhidos na Fazenda Foster? Não me lembro perfeitamente da hora, mas acho que tudo aconteceu depois da meia-noite. Eu tinha andado o dia todo de bicicleta e já estava dormindo. Foi então que meu pai entrou no quarto e disse que queria me mostrar uma coisa que tinha encontrado. Como ele era oficial da inteligência do Exército, não tinha horário certo de trabalho e, às vezes, ficava dois ou três dias fora de casa. Quando cheguei à cozinha vi tudo aquilo sobre a mesa. Foi quando ele disse que tinha ido a uma fazenda pegar os destroços de um disco voador — eu me lembro que ele estava de uniforme, pois ainda voltaria à base naquela mesma noite. Só tempos depois eu soube dos detalhes de sua viagem com o capitão Sheridan Cavitt ao Rancho Foster, do Mac Brazel [Marcel e Sheridan Cavitt foram os primeiros militares a chegar ao local da queda].
Meu pai sabia que o material não era terrestre, mas queria que confirmássemos suas suspeitas. As folhas de metal se pareciam com o alumínio que temos hoje, mas eram muito mais resistentes e leves. Peguei um pedaço e percebi que aquilo era bem diferente.
Qual é a imagem que mais lhe marcou naquela hora, quando o senhor viu aqueles fragmentos? O que eu mais me lembro é do chão da cozinha cheio de pedaços de um estranho metal, e também da excitação do meu pai enquanto nós os examinávamos — ele estava em êxtase falando que havia recolhido restos de uma nave extraterrestre. Aos 11 anos eu sequer sabia exatamente o que aquilo significava, mas percebi que algo muito importante estava acontecendo. Ele tinha uma caixa cheia de coisas dentro, como uma folha metálica, pedaços de plástico quebrados e o que pareciam ser pequenas varas em forma de I.
Isso tudo faz do senhor uma das poucas pessoas do mundo a ter tocado em um disco voador em toda a história. Sim, mas eu queria que muito mais gente pudesse ter essa oportunidade. Meu pai pediu que minha mãe pegasse aparelhos eletrônicos que tínhamos em casa, como aspirador, resistores, condensadores ou fios, para compará-los aos fragmentos e artefatos. Mas concluímos que aquilo no chão da cozinha não podia ser parte de qualquer equipamento conhecido — meu pai já sabia que o material não tinha origem terrestre, mas queria que confirmássemos suas suspeitas. As folhas de metal se pareciam com o alumínio que temos hoje em dia, mas eram muito mais resistentes e leves. Peguei um pedaço e logo percebi que aquilo era bem diferente do nosso metal. Tentei amassar uma folha, dobrá-la e riscá-la, mas ela voltava ao seu estado original logo em seguida, sem vestígios. Lembro-me das palavras do meu pai: “Nós somos provavelmente os primeiros humanos a ver isso”. Joguei um fragmento para o alto e ele desceu como se fosse uma pluma.
Metal indestrutível
Existem histórias contadas por pesquisadores de que tentaram queimar esse metal na base militar onde seu pai servia, mas não conseguiram. É verdade? Meu pai me contou que lá na base, quando examinou outras partes maiores daquilo que ele trouxe da Fazenda Foster, viu que elas eram praticamente indestrutíveis. Um de seus comandados pegou um martelo e bateu várias vezes no metal — que não sofreu um arranhão sequer e ainda fez a ferramenta se quebrar. Fico me perguntando onde estaria esse militar, já que, pelo que sei, ninguém jamais o entrevistou.
Em 1997 o senhor esteve no I Fórum Mundial de Ufologia, realizado em Brasília pela Revista UFO, em parceria com a Legião da Boa Vontade (LBV). Em sua palestra o senhor passou para o público uma réplica das varas que viu na caixa que seu pai trouxera para sua casa, que tinham desenhados os caracteres que observou. Fale-nos um pouco sobre isso. Esse foi o artefato que mais me chamou a atenção. Havia muitos desses pequenos bastões no interior da caixa — o maior tinha quase 45 cm e o menor, cerca de 30 cm. Eu peguei o maior e o coloquei frente à luz da cozinha para enxergar mais detalhes. O material se parecia com a vareta de uma pipa, mas era feito de metal. Assim como as folhas, aquilo era extremamente leve e resistente. Eu não tentei dobrá-lo, mas, ao contrário, segurei-o da forma mais cuidadosa possível e notei que havia, em seu cetro, desenhos de cor roxa e contornos metálicos. Sua superfície brilhava quando refletia a luz da cozinha.
O que primeiro veio à sua mente sobre o que seriam aquelas marcas? A princípio pensei que pudessem ser hieróglifos egípcios, mas não havia nenhum animal desenhado, como é comum neles. E também não eram símbolos matemáticos que eu conhecia. Aquelas gravuras pareciam formas geométricas, como quadrados, círculos, triângulos etc, que não estavam escritas no objeto, mas pareciam ser parte de sua estrutura. Ao todo, eram mais de 30. Não me recordo de todas, mas uma me lembrou uma foca equilibrando uma bola no focinho. Meu pai achava que poderiam representar algum tipo de alfabeto. Anos depois, um pouco antes de sua morte, conversei com ele sobre os desenhos e perguntei novamente quais eram suas cores. Sem pestanejar, ele respondeu que eram roxos com contornos metálicos — ou seja, suas memórias estavam em sincronia com as minhas.
Como aquela memorável noite terminou para o jovem de 11 anos? Depois de cerca de 20 minutos examinando o material, colocamos tudo de volta na caixa e fui com meu pai até a garagem, onde a colocamos no banco de trás de nosso carro. Minha mãe e eu então voltamos para a cama e meu pai seguiu para a base com sua preciosa carga — ele teve um dia muito puxado no trabalho.
Armação do governo
É verdade que havia outros tipos de destroços no carro, que não estavam juntos com os que seu pai levou para dentro de casa? Sim, o que eu e minha mãe vimos na cozinha era apenas uma minúscula parte dos pedaços daquele UFO. Muitos anos depois do caso, meu pai contou que entre os escombros também havia fios muito finos que lembravam linhas de pesca, como as fibras óticas atuais. Lembro-me de ter ouvido Bill Brazel, filho de Mac Brazel, relatar ter visto alguns daqueles filamentos que seu pai guardou na fazenda. Muitos pesquisadores do Caso Roswell acham essa informação importante, pois houve um avanço muito rápido da tecnologia da fibra ótica poucos anos depois da queda do disco voador lá no Novo México — eu, porém, creio que foi apenas uma coincidência.
Sabe-se que logo após seu pai ter anunciado a queda do disco voador, autorizado por seus superiores, ele foi censurado em uma sessão de fotos em que foi forçado a posar ao lado dos vestígios de um balão meteorológico — a desculpa encontrada para justificar aqueles fragmentos e todo o caso. O que nos fala a respeito? Depois que os restos da nave foram levados para a base onde meu pai servia, o coronel Willian Blanchard os examinou e ordenou que fossem enviados para a cidade de Fort Worth, para que o general Roger Ramey, então comandante do 8º Destacamento da Força Aérea, pudesse inspecioná-los. Embarcaram tudo em um avião B-29, que teve que voar à baixa altitude, pois a carga estava sendo vigiada por soldados armados em um compartimento despressurizado. Meu pai estava nesse voo e foi ele quem pessoalmente deixou os metais no escritório de Ramey. Depois o material foi enviado para a Base Aérea de Wright-Patterson em Dayton, Ohio. Meu pai sabia que todos aqueles artefatos não eram de qualquer tipo de aeronave conhecida e foi exatamente isso que ele relatou a Blanchard, seu superior.
Foi Blanchard quem o autorizou a declarar à imprensa que os fragmentos eram de um disco voador? Sim. Após examinar as peças, ele mandou meu pai divulgar que os Estados Unidos tinham resgatado um UFO. Entretanto, logo depois o coronel recebeu uma ordem de Ramey para que “corrigisse” a notícia imediatamente, informando que aquilo que fora resgatado era, na verdade, apenas um balão meteorológico. A imprensa, naquela época partidária do governo, foi chamada e já estava pronta para registrar o acontecido, e uma das fotografias daquele dia mostra meu pai agachado e segurando pedaços de um equipamento que na realidade não era o que havia caído na fazenda de Mac Brazel — aquilo era um balão mesmo, improvisado para servir à desculpa inventada por Ramey, e o ato constrangeu meu pai.
Evidências fotográficas
Sim, é possível ver nessa foto até mesmo que ele está com uma expressão de espanto, como se tivesse caído em uma cilada armada por seus superiores? É verdade, e o rosto dele diz tudo. Ele estava com cara de “vocês devem estar brincando comigo” quando viu o que eram os artefatos espalhados pelo chão da base, que ele foi obrigado a tocar enquanto posava para as fotos. Enfim, como se sabe hoje, o relatório apresentado pelo governo sobre o Caso Roswell foi cuidadosamente construído. Primeiro mandaram meu pai segurar o que ele sabia serem pedaços de um balão, de modo a mostrar que fora aquilo o que se encontrou na Fazenda Foster. Depois lhe ordenaram que não desse qualquer declaração para os fotógrafos presentes dizendo o contrário — foi nesse momento que meu pai percebeu que tinha começado uma política de acobertamento dos fatos e que ele estaria no meio de tudo, querendo ou não.
Entre os escombros também havia fios muito finos que lembravam linhas de pesca, como as fibras óticas atuais. Pesquisadores acham isso importante, pois houve um rápido avanço da tecnologia de fibra ótica poucos anos depois da queda no Novo México.
Mas há controvérsias pouco exploradas sobre essa situação. Por exemplo, há versões sobre a sessão de fotos de que pelo menos um dos fotógrafos teria registrado os verdadeiros metais do disco voador. Isso é verdade? Sim, é verdade. Mas há mais. O governo afirmou que os destroços encontrados eram de um balão meteorológico, desses que levam à grande altitude um tipo de radar atmosférico. Mas como explicar o que uma parte dele estava fazendo ali naquela sala, justamente aquela que chamamos de “envelope”? Ora, essa parte do radar atmosférico é simplesmente descartada assim que ele é lançado, e, portanto, jamais poderia estar no local da queda. Outro ponto interessante da controvérsia é que alguns profissionais da imprensa relataram um cheiro de queimado no ar — mas quando meu pai levou os fragmentos para a nossa casa não havia odor algum. Anos depois ele contou que um dos fotógrafos viu uma pequena parte dos verdadeiros materiais. O homem, conhecido apenas como Johnson, teria perguntado ao general Ramey — que poderia identificar facilmente as partes de um balão meteorológico — o que eram aqueles objetos, e ouviu do militar a curiosa resposta: “Não faço a mínima ideia!”
Eu escrevi um livro pela Coleção Biblioteca UFO, chamado Quedas de UFOs [Código LIV-009. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br], e nele há uma fotografia na qual se vê Ramey segurando um pedaço de papel, provavelmente um telegrama. O senhor sabe o que era aquilo? Outro fotógrafo, que também conheci, se mostrou muito interessado no que Ramey tinha em mãos e registrou o momento em várias fotos. Décadas depois, curioso quanto ao que seria aquele papel, o pesquisador David Rudiak analisou a imagem e com a ajuda de softwares modernos conseguiu ler vários termos que o documento continha, entre eles “vítimas do”, “forças de emergência necessárias” e coisas assim. Mas vítimas do que, de um balão? A Força Aérea afirmou, anos mais tarde, que realmente houve um acobertamento de fatos na ocasião — mas piorou a versão inicial do balão meteorológico agora dizendo que, na realidade, o que caiu em Roswell era um aparelho secreto componente de um tal Projeto Mogul.
O curioso Projeto Mogul
Qual é sua opinião sobre essa nova versão para o Caso Roswell, de que os destroços eram de aparelho secreto lançado por balões? Fiquei incrédulo. Simplesmente não há como aqueles fragmentos pertencerem a esse tipo de artefato — aquilo que eu vi e peguei com minhas próprias mãos em nada se assemelhava com restos de um balão. Por exemplo, as varetas eram de algum tipo de metal, e não de madeira, como no caso dos balões, e os desenhos não eram de nada conhecido. Não tenho como provar tudo o que vi, mas afirmo que aquilo não era feito pelo homem — e direi isso até a minha morte. Além disso, meu pai saberia identificar muito bem qualquer um daqueles balões usados na época, sejam de programas secretos ou não. O governo o fez de bobo ao deixar parecer que ele não tinha reconhecido a origem do material. Ora, ele fez cursos de radares, nos quais era preciso conhecer de olhos fechados cada artefato com capacidade de voar — foi como se dissessem que ele não sabia a diferença entre uma pipa e um avião…
A Força Aérea, no mesmo documento que “revelava” que os fragmentos de Roswell seriam apenas de um veículo do Projeto Mogul, afirmou que foram feitos 11 lançamentos de balões do tal programa em Roswell naquele mês. O que diz a respeito? Desses 11 equipamentos lançados, o governo teria conseguido recuperar apenas os restos do que levava o número quatro, lançado em 03 de junho de 1947. Entretanto, baseado nas condições atmosféricas daquele dia, com fortes ventos, ele nunca poderia ter caído em Roswell. Além disso, se fossem apenas destroços de um simples balão, mesmo que sendo de um projeto secreto, por que transportá-los com um enorme avião, como o B-29 repleto de guardas armados, como foi feito para a Base Aérea de Wright-Patterson? Anos mais tarde, o piloto daquela aeronave, o capitão Pappy Henderson, afirmou que caixas transportadas na aeronave também guardavam os corpos dos alienígenas resgatados no local do acidente — mas nem eu nem meu pai jamais vimos corpo algum, embora muitas pessoas tenham afirmado terem-nos visto.
Até agora o governo dos Estados Unidos deu alguma outra explicação para o que acreditamos ser o caso? Sim. Ocorreram mais três novas tentativas de acobertar os fatos do Caso Roswell. Na primeira disseram que todo episódio não passou de um acidente aéreo — realmente, entre os dias 24 de junho e 28 de julho de 1947, houve cinco incidentes com aeronaves na área, mas nenhum aconteceu no dia da queda do UFO ou sequer em locais próximos da fazenda de Mac Brazel. Na segunda tentativa, militares afirmaram que o que ocorrera ali fora a queda de um míssil V-2 alemão. Bem, como muitos testes com esses mísseis eram feitos na Base de White Sands, não muito distante, essa hipótese até poderia ser verdadeira. Entretanto, não houve nenhum registro de lançamentos naquela época — e por que os Estados Unidos esconderiam um teste bélico se o período era de guerra?
E a terceira tentativa, qual foi? A última justificativa dada foi de que se tratou de um acidente nuclear, pois, em 1947, o 509º Grupo de Bombardeiro, que era a maior instalação militar de Roswell, era também a única unidade com armamento atômico no país — em 1945, nos momentos finais da Segunda Guerra Mundial, as bombas que atingiram as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, respectivamente nos dias 06 e 09 de agosto, foram lançadas de aviões que decolaram daquela base. Todavia, sucessivas buscas nos arquivos oficiais, inclusive nos mais secretos, não levaram à descoberta de qualquer informação que confirmasse essa hipótese.
Procurando agulha em palheiro
Você conversou com seu pai sobre o local da queda do disco voador? Sim, falamos sobre esse assunto há muitos anos, quando ele retornou à Roswell, vindo de suas “férias” — foram mais de três semanas ausente depois do dia em que embarcou para Fort Worth. Mas ele estava de férias apenas oficialmente, sem poder retornar para casa. E como era parte de sua rotina como chefe da inteligência “sumir” por vários dias, a família não se preocupou. No entanto, quando ele retornou, disse-nos que ficou durante todo aquele tempo em um quarto da base, sem poder sair de lá, e alertou a mim e à minha mãe para que nunca comentássemos sobre o que havíamos visto naquela noite. Ele estava assustado.
A quantidade de escombros do disco voador era tão grande que foi necessário conduzi-los em um grande avião, o B-29. Anos mais tarde, descobri que o piloto disse ter visto corpos dos tripulantes da espaçonave acidentada em Roswell.
Como ele lhe descreveu o que viu no local onde ser deu a queda? Pouco antes de sua morte nós conversamos sobre a fazenda em que o UFO havia se destroçado. Segundo ele, apesar de o local do impacto ser pequeno, os pedaços da nave estavam espalhados por uma área enorme, com aproximadamente 90 m de largura por mais de 1,5 km de extensão. A quantidade de escombros era tão grande que foi necessário conduzi-los em um grande avião, o B-29. Anos mais tarde, como já comentei, descobri que o piloto Henderson afirmara ter visto muito mais do que barras, folhas e fios de metal na aeronave que pilotava — também havia corpos dos tripulantes da espaçonave nela. Meu pai nunca os viu, mas conheceu diversos militares que afirmaram tê-los visto.
Diversas expedições foram organizadas para se tentar encontrar qualquer indício de fragmentos naquele local, que tenham passado despercebidos dos militares. O pesquisador Don Schmitt, um dos maiores conhecedores do Caso Roswell, já realizou duas dessas jornadas e está preparando uma terceira. O senhor acredita que ele possa encontrar algo? Hoje acho muito difícil que ainda haja lá qualquer vestígio do UFO. Assim que o Exército soube dos fatos, dezenas de soldados foram enviadas à Fazenda Foster para realizarem o resgate de todas as peças que ali havia, em uma verdadeira operação de “pente fino”. Os homens formaram fileiras e varreram, cavaram e remexeram todo o solo para retirar dele qualquer fragmento proveniente do UFO, até os mais minúsculos — um procedimento que durou mais de uma semana. De acordo com meu pai, em 10 de julho a região ainda foi aspirada por vários equipamentos, e tudo o que foi encontrado foi enviado para a Base Aérea de Wright-Patterson.
Frutas e flores de Natal
Em um capítulo de seu novo livro, o senhor descreve seu encontro com um dos responsáveis pelo lançamento dos balões do Projeto Mogul. O que ele queria? Em 1997, quando o Caso Roswell fazia 50 anos, minha esposa Linda, eu e duas de nossas filhas mais novas, Marissa e Mackenzie, fizemos planos para ir a um festival em que se comemoraria o aniversário do evento. E como já aconteceu em outras oportunidades, recebi mais um telefonema de uma pessoa falando sobre a minha viagem, antes mesmo de eu ter decidido realizá-la, como se me monitorassem. A pessoa do outro lado da linha pediu que eu pernoitasse em Socorro, cidade do Novo México próxima a Roswell. Logo que lá chegamos, nos hospedamos em um hotel e poucos minutos depois alguém batia à porta — era Charles Moore, da Universidade de Nova York, ninguém menos do que um dos líderes do Projeto Mogul.
O que o doutor Moore queria com o senhor ali em Socorro? Ele desejava saber o que eu tinha visto naquela noite, no chão da cozinha de nossa casa. Para ter certeza de que o que eu vi não eram componentes dos balões do Projeto Mogul, ele trouxe umas hastes da marca Rawin do mesmo modelo daquelas que foram fotografadas nas mãos de meu pai, em 1947, que me lembraram dos pedaços de pau que eu utilizava para fazer pipas quando era pequeno. Mas eu as examinei e vi que não foi aquele material que eu toquei na minha casa.
O anfitrião secreto
Havia desenhos nos bastões que o doutor Moore lhe apresentou? Sim. As fitas que prendiam as hastes nos painéis refletores dos radares instalados nos balões eram decoradas com desenhos de flores e frutas com temática de Natal — é estranho, mas elas foram confeccionadas por uma empresa de brinquedos em Nova York, que as queria com aqueles desenhos. Bem, seja como for, tais gravuras eram completamente diferentes daquelas que eu vira nas peças que meu pai trouxe para nossa casa — que eram símbolos sólidos, quase escondidos e meio que embutidos nas varas, feitos de uma cor roxa que eu só conseguia enxergar quando refletia a luz. Além disso, as folhas de metal que ele me mostrou também eram muito distintas daquelas laminações que voltavam ao estado original mesmo depois de amassadas. Enfim,
nada do que o doutor Moore trouxe se parecia com o que havíamos visto.
Tempos depois ele mudou sua descrição sobre as marcas. Isso não é estranho? Sim. Quando entrevistado pela rede de televisão NBC, ele disse que os emblemas nas varetas dos radares eram símbolos matemáticos e letras gregas, e não desenhos de flores e frutas com temática de Natal. Por que a mudança tão repentina? Olhe, eu respeito muito o doutor Moore, mas não entendo o que o fez mudar sua descrição. Será que recebeu alguma pressão? Bem, prefiro pensar que ele rescreveu seus comentários para se parecerem mais com o que eu tinha visto — achei melhor dar a ele o benefício da dúvida. Portanto, creio que ele já não se lembra de como eram as fitas, passados mais de 60 anos.
Quando as portas se abriram, vi uma espécie de porão com paredes de concreto, corredores e luzes brancas. Aquele homem me conduziu a uma sala na qual havia uma enorme mesa ao centro, com cerca de 30 cadeiras, para reuniões muito importantes.
Coronel, provavelmente suas respostas às próximas perguntas deixarão nossos leitores surpresos. O senhor poderia nos contar um pouco sobre sua visita a Washington, no início dos anos 90, para participar de um congresso ufológico? Isso ocorreu quando eu havia acabado de chegar de um treinamento da Guarda Nacional de Montana, no final da década de 90. Minhas rotinas médicas e constantes voos de helicópteros eram muito estressantes, e por isso o que eu mais queria era voltar para casa. Mas, quando lá cheguei, me deparei com centenas de e-mails em minha caixa postal, dentre os quais havia um com um convite para um evento ufológico em Washington — uma pessoa anônima se propunha a pagar todas as minhas despesas e da minha família naquela viagem. Achei tudo ótimo, mas minha esposa não concordou por não saber quem era o tal patrocinador — ela temia que pudéssemos desaparecer sem que ninguém soubesse. Até hoje me lembro de suas palavras: “Seremos jogados no Rio Potomac” [Risos].
E o que aconteceu, então? Vocês foram finalmente a Washington? Bem, eu achei que ela estava exagerando, mas respeitei sua opinião. Disse que o congresso seria uma boa oportunidade para mim e resolvi ir sozinho. Mas, dias após aceitar o convite do amigo misterioso, minha secretária recebeu o telefonema de alguém de Washington que dizia precisar falar comigo com urgência — quando atendi, me surpreendi ao ver que a pessoa sabia da minha viagem. O indivíduo me deu até um endereço no Capitólio [Prédio que serve como centro legislativo dos Estados Unidos, equivalente ao nosso Congresso Nacional] para nos encontrarmos. Eu não achava que seria sequestrado por agentes do governo, mas comecei a ficar receoso, pois alguém que eu não conhecia sabia para onde eu iria, quando e para fazer o quê.
Já em Washington, o que lhe aconteceu? Quando cheguei ao meu hotel, havia uma mensagem para mim. Mas como? Eu nem havia chegado direito! Alguém realmente estava me monitorando. No recado, o desconhecido dizia querer me encontrar naquele endereço na manhã seguinte. Sempre gostei de filmes policiais e de suspense, e acho que por isso fiquei um pouco mais alarmado. Fui para o salão onde se realizava o evento de Ufologia e, enquanto conversava com algumas pessoas, um indivíduo se aproximou, dizendo que alguém queria muito me ver. Ele me segurou pelo braço gentilmente e me levou para um canto mais vazio. Lá fui apresentado a um homem alto de fisionomia europeia, chamado Hans Adam II. Ele me fez várias perguntas sobre Roswell e depois se despediu — só depois fiquei sabendo que aquele homem era simplesmente o príncipe de Liechtenstein, um pequeno país da Europa. Foi um encontro memorável.
A misteriosa sala azul
Era ele o patrocinador anônimo da sua viagem à capital dos Estados Unidos? Não, não era ele o meu “amigo secreto”. Mas, no dia seguinte, fui ao local onde o encontro estava marcado, no Capitólio. Eu pensei que lá provavelmente falaria com algum agente do governo, mas, após me identificar, fui conduzido a um banco no corredor. Sentei-me ali e, minutos depois, um militar saiu de uma sala e veio em minha direção. Ele não mediu as palavras: “Eu entendo o que o senhor viu em Roswell e quero falar sobre isso. Podemos ir para uma sala segura?” Respondi que eu não tinha mais nada para falar além do que já era conhecido, ao que ele respondeu: “Mas eu tenho coisas para lhe dizer, por isso vamos para uma sala mais tranquila. Sugiro que o senhor me siga”.
Parece uma cena de filme de espionagem. O que lhe aconteceu? Quem era aquele homem e o que ele queria? Calma, já lhe direi. Enquanto descíamos em um elevador onde o silêncio imperava, comecei a me lembrar do que a minha esposa havia dito e pensei que nunca mais veria a luz do Sol de novo. Mas, quando as portas se abriram, vi uma espécie de porão com paredes de concreto, corredores e luzes brancas. Aquele homem me conduziu a uma sala na qual havia uma enorme mesa ao centro, com cerca de 30 cadeiras — minha impressão foi de que aquele local era usado para reuniões privadas de pessoas muito importantes. Meu anfitrião fechou a porta e se sentou na cabeceira. À sua frente havia uma cópia do livro Majestic, do abduzido e radialista norte-americano Whitley Strieber [Publicado no Brasil com o título Projeto Majestic: A Nave Perdida, pela Editora Mercuryo, 1991].
O prefácio da obra de Strieber é de sua autoria, não é? Sim, e ao folheá-lo meu anfitrião deixou claro que acreditava que o Caso Roswell era, de fato, um evento ufológico. Foi então que ele me pediu para descrever o que havia visto em minha casa, em 1947. Fechei meus olhos por um momento e todas as lembranças começaram a vir à tona — parecia que tudo aquilo havia acontecido na noite anterior, mesmo que já se tivessem passado mais de cinco décadas. Comecei a contar o episódio e os detalhes que brotavam na minha memória, como os sons, as texturas e os pesos das coisas que segurei — tudo isso ainda estava muito vivo em minha memória, até mesmo os estranhos símbolos que vi. Meu anfitrião então me perguntou: “Onde você acha que esses destroços estão agora?” Respondi que não sabia e disse que eram pessoas como ele que estavam com os fragmentos, mas ele negou.
E então, como continuou essa inusitada conversa? Do que mais o senhor e ele trataram? Bem, aí eu mencionei a existência da chamada sala azul, que, segundo o ex-senador Barry Goldwater — um defensor da presença alienígena na Terra —, seria um recinto na Base Aérea de Wright-Patterson onde se guardaria toda informação sobre naves e seres extraterrestres, além de corpos de alienígenas. E perguntei se ele havia visto o filme Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida [2008], a pretexto de questionar se ele se recordava das últimas cenas da obra, em que uma pessoa guardava um tesouro dentro de uma caixa em um enorme galpão com milhares de outras. A resposta foi afirmativa, e lhe disse: “Talvez os fragmentos estejam ali”. Ele assentiu com a cabeça, riu e disse que eu provavelmente estava correto.
Governo paralelo
Que situação estranha! O senhor, quando esteve frente a frente com um agente que se mostrou interessado no assunto, não aproveitou para perguntar-lhe alguma coisa? Claro que sim. Perguntei se ele achava que o governo iria algum dia liberar as informações que tinha sobre a presença alienígena na Terra — e principalmente sobre o Caso Roswell. Ele me respondeu que, se dependesse dele, o segredo já teria sido revelado há muitos anos. “Mas, honestamente, não cabe a mim essa decisão”, disse.
Quem era esse oficial e qual era seu trabalho no Capitólio? Bem, jamais revelarei seu nome, a seu pedido. Porém, posso dizer que ele está à frente de um programa para investigar as operações de um suposto “governo paralelo” oculto dentro dos Estados Unidos, que a tudo comandaria. Ele disse que fundos polpudos estavam sendo desviados secretamente para se manter versões mentirosas sobre Roswell e acobertar a verdade sobre os discos voadores. E disse ainda que ele deveria se reportar ao Comitê de Apropriações do Senado dos Estados Unidos, dizendo para onde esse dinheiro estava indo e o por que, que essa era sua função.
Essa é uma afirmação chocante… Sim, tenho que admitir que fiquei muito impressionado com essa conversa. Há anos acredito que haja um esforço do poder constituído para esconder a verdade sobre o que aconteceu em julho de 1947. E ali estava, na minha frente, um oficial do governo afirmando que as minhas suspeitas eram verdadeiras, ou seja, que o acobertamento é real. Antes que nossa conversa terminasse, ele ainda me perguntou se eu já havia recebido alguma ameaça por telefone. Eu disse que tinha sido vítima de vários trotes, mas nada que realmente me alarmasse — ele então pegou um papel, escreveu seus números de telefone e me entregou dizendo que, se algum dia eu recebesse qualquer tipo de ameaça, deveria procurá-lo. Desde então eu carrego esse papel comigo para todo lugar que vou.
O que, finalmente, o senhor levou dessa espantosa reunião? Fiquei com a certeza de que o UFO acidentado em Roswell, ou o que sobrou dele, está em poder desse tal governo paralelo, e que pesquisas secretas devem estar sendo conduzidas para se entender como funciona a tecnologia extraterrestre que ele contém. Até onde sei, essa reunião foi a primeira e única em que um agente do governo dos Estados Unidos teria admitido tacitamente que o evento de Roswell envolveu a queda de uma máquina de outro planeta — coisa que eu e meu pai já sabíamos há anos.
O senhor tem certeza de que há um governo paralelo nos Estados Unidos? Sim. Desde aquele dia eu acredito que essa instituição é bem mais do que imagina esse bando de inventores de teorias de conspirações — ele existe e não é nenhuma teoria. Tal governo paralelo consiste em um grupo de oficiais de altos postos escolhidos a dedo, que parecem ter à sua disposição bilhões de dólares para proteger o resto da administração federal e a sociedade norte-americanas de informações que eles considerem perigosas. Seu acesso a essa verba acontece por meio de outros programas que existem somente no papel — muitas dos quais são chamadas black operations, ou black ops.
Isso tudo lembra o filme MIB, Os Homens de Preto [1997]… Exato. Na comédia de cinema essa organização sigilosa foi mostrada em um claro caso em que a arte imita a vida. Na vida real, eu fui informado por um agente governamental de que o Caso Roswell não foi ficção e que existe um grupo de pessoas que quer manter isso em sigilo — tais pessoas não mediriam esforços nem recursos para alcançar esse objetivo. Eu me pergunto o por quê? Será que temem um cenário de pânico desenfreado, caso a sociedade descubra a verdade? Nossa sensação de segurança estaria em risco se soubermos que alienígenas entram e saem do planeta a hora que querem e não temos como impedi-los?
O apoio da esposa
Qual é a sua opinião sobre nossos visitantes? Crê que possam ser hostis? Bem, só porque existem formas de vida avançadas o suficiente para atravessar o universo, isso não implica necessariamente que queiram nos agredir. Mesmo porque, se quisessem de fato, já o teriam feito há muito tempo.
Sua opinião é contrária a do pesquisador David Jacobs, por exemplo, que em recente entrevista à Revista UFO [Veja edições 187 e 188] disse que não existem alienígenas bonzinhos e tudo o que eles fazem nas abduções é estarrecedor. Não discordo do doutor Jacobs, mas uma coisa em que devemos pensar é que, se há tantas raças alienígenas no cosmos capazes de chegar até nosso planeta, nenhuma delas quis, até agora, nos escravizar ou destruir abertamente. Nunca houve uma tentativa disso em toda a história — e que Deus nos ajude se algum dia uma delas aparecer por aqui com essa intenção…
Em seu livro, um dos capítulos foi escrito por sua esposa, Linda, em que ela conta como o conheceu e tomou contato com o Caso Roswell. Qual é a importância dela em sua vida? Linda me dá meu maior suporte e dela retiro toda a minha força. Ela jamais havia dado muita atenção ao assunto até 1979, quando eu era médico na Clínica de Olhos, Ouvido e Nariz em Helena, onde ela era enfermeira. Linda já tinha ouvido alguns relatos sobre o caso e seu pai — veja como é o destino — era um conhecido veterinário que foi chamado muitas vezes para investigar casos de mutilação de animais supostamente por ETs em Montana. Ela nunca acreditou em discos voadores até ouvir a minha história. “Eu sou cristã e tenho fé fervorosa em Deus, mas mesmo tendo sido educada para crer que somos Sua única criação, isso me incomodava. Era de uma arrogância tremenda acreditar que Deus só tinha criado a gente e todo esse universo”, dizia. Por muitos anos, a única coisa que ela soube foi que quando eu era criança havia visto e segurado pedaços do que meu pai e eu acreditávamos ser uma nave alienígena. “Tive muita sorte em ter ouvido da boca do pai de Jesse tudo sobre aquele evento”, ela sempre fala.
Nas mãos de nossos filhos
Como foi que seu pai revelou os fatos para ela? Certo dia, quando ela estava na cozinha preparando o café da manhã, meu pai entrou e simplesmente falou: “Olha, aquele objeto que caiu na fazenda do Mac Brazel, que eu investiguei, não era desse mundo. Havia destroços espalhados por toda a área. Ele me disse que as ovelhas nem chegavam perto do local e que teve que guiá-las para que pudessem beber água”. Linda ficou espantada ao ouvir aquilo e perguntou se ele tinha visto algum ser alienígena. “Não, só peças de um material parecido com pequenas vigas e umas folhas de alumínio, que, quando você amassava, voltavam ao normal perfeitamente”. Ele disse à minha esposa que havia rumores de que encontraram em outro local os corpos de pequenos seres, mas que ele nunca tinha visto.
Tenho certeza de que o UFO acidentado em Roswell, ou o que sobrou dele, está em poder desse tal governo paralelo, e que pesquisas secretas devem estar sendo conduzidas para se entender como funciona a tecnologia extraterrestre que ele contém.
Há outra parte em seu livro em que ela fala de sua visita ao Brasil, para o I Fórum Mundial de Ufologia, em Brasília, em 1997. Por que ela escreveu sobre isso? Isso mesmo. Ela ficou muito excitada quando eu cheguei em casa do trabalho, naquele ano, e falei: “Fui convidado para uma palestra no Brasil!” Tinha recebido uma ligação do editor da Revista UFO naquela tarde, A. J. Gevaerd, coordenador do evento, convidando-me para conhecer seu país. Ficamos muito entusiasmados, e por isso ela escreveu sobre o assunto. Parti para Brasília e na conferência conheci o cosmonauta russo Alexander Balandine, que ficou seis meses a bordo da estação espacial Mir e viu um UFO em órbita.
Coronel Jesse Marcel Júnior, o senhor acredita que um dia saberemos a verdade sobre o fato que marcou definitivamente sua vida? Sinceramente não sei. Segundo as explicações “oficiais”, a verdade já foi revelada várias vezes. Mas, para mim e muitos outros ao redor do mundo, o capítulo final dessa história ainda não foi escrito. Sempre digo que o Caso Roswell é como uma série de televisão com várias temporadas. Desde a morte do meu pai, tenho dividido com todo mundo a minha experiência sobre o episódio. Mas os fatos depois de Roswell não nos pertencem — eles agora estão nas mãos de nossos filhos e netos. É meu maior desejo que seus olhos, suas mentes e seus corações estejam sempre abertos para que possam experimentar um universo cheio de maravilhas que nós nunca imaginamos.
Hoje o Caso Roswell é um evento conhecido mundialmente. Mas, naquele período, seu pai pediu que você e sua mãe não comentassem nada sobre a noite na qual ele lhes mostrou aquelas partes do UFO. O senhor acha que, se ele estivesse vivo agora, estaria feliz com toda essa repercussão? Certamente! Meu pai sempre foi um homem muito justo. Durante bastante tempo, teve que se calar sobre os fatos que presenciou, passando até pelo ridículo e humilhação de seus superiores. Hoje ele estaria palestrando de graça em todos os congressos para que fosse convidado, e ficaria surpreso com a dimensão que aquele evento de 1947 tomou.