O tenente-coronel aviador Marcos César Pontes é o primeiro brasileiro a ir ao espaço num programa da Agência Espacial Norte-Americana (NASA). Ele foiselecionado em junho de 1998, após um rigoroso processo que incluiu exames físicos e intelectuais. Nascido em Bauru (SP), em 11 de março de 1963, filho de umservente do Instituto Brasileiro do Cafée de umaescriturária da Rede Ferroviária Federal, Pontes realizou seu sonho de infância em dezembro de 2000, ao ser oficialmente declarado astronauta pela NASA. “Sempre devemos ter um sonho lá na frente para podermos traçar como objetivo atingi-lo”, diz. Sua origem humilde é prova de que obstinação e perseverança dão resultado. Pontes conseguiu concretizar grande parte de seus sonhos.Na Força Aérea Brasileira (FAB), por exemplo, pilotou todos os aviões que por ali passaram, e hoje se prepara para ser o primeiro brasileiro a deixar a Terra em uma missão espacial.
O astronautarecebeuo enviado da Revista Ufo, o ufólogo e jornalista Wendell Stein, para uma longa entrevista – a primeira que ele cedeu a uma publicação ufológica. Stein relata que Pontes foi muito atencioso e simpático, respondendo todas as perguntas com confiança e segurança – até aquelas mais polêmicas e envolvendo o Fenômeno UFO. Ele afirmou que acredita na existência de vida extraterrestre, entre outras coisas surpreendentes. “Há muitas coisas no universo que não conhecemos. Seria muita ignorância afirmar, pelo fato de nunca termos visto nada aqui, que não exista vida lá fora”. Até hoje, são raros os astronautas que aceitaram ser entrevistados por uma publicação ufológica.
Para Pontes, a participação do Brasil na exploração espacial é de grande importância, levando-se em consideração tudo aquilo que é gerado para que ela se realize e o que produzirá em termos de informações científicas. Além do desenvolvimento de métodos e técnicas novas, o programa espacial permite o treinamento de profissionais em novas áreas, o que gera emprego e progresso para o país. “O Brasil foi escolhido por sua capacidade e competência técnica. Em qualquer acordo de cooperação internacional, ter o nome de nosso país envolvido significa um peso muito grande”, declarou a Stein, garantindo que nossa educação também será favorecida com a participação de um brasileiro na exploração espacial.
Temos muita força, um canhão pronto para atirar, mas não saberemos para onde apontar. Se erramos, será um grande estrago, mas se apontarmos para o lado certo, poderemos abrir novos caminhos
Apesar do atraso no calendário da NASA por questões técnicas – principalmente a explosão do ônibus espacial Columbia, em fevereiro de 2003 –, Pontes não desanima. “Devemos produzir as peças que faltam para nossa ida ao espaço. Caso contrário, o descrédito do Brasil perante os outros países aumentará. Não podemos mais voltar atrás, pois já estamos há sete anos nesse acordo”. O astronauta acredita que uma campanha como a UFOs: Liberdade de Informação Já, se desencadeada em escala nacional, pode trazer muitos resultados. Para ele, uma iniciativa semelhante poderia ser aplicada também para incentivar a participação do Brasil no programa espacial. O astronauta está bastante ansioso para o grande dia de sua ida ao espaço. “O Governo brasileiro ainda deve o primeiro vôo espacial profissional à Nação”.
Tenente, desde criança o senhor queria ser piloto. Naquela época, quais eram seus sonhos e aspirações? Minha maior vontade era trabalhar ou entrar na área da aviação. Meu desejo era esse. Sou da opinião de que sempre devemos ter um sonho lá na frente para poder criar algo e traçar um objetivo para alcançá-lo. Naquela época, meu sonho era pertencer à Esquadrilha da Fumaça, da qual nunca fiz parte, ou entrar na Força Aérea Brasileira (FAB) e ser um piloto de jatos. Eu sempre tive muitas fotos de aviões pregadas nas paredes do meu quarto. Hoje, quando alguma criança me escreve pedindo fotos de ônibus espaciais ou da estação internacional, fico imaginando o quarto dela e como deve ser parecido com o meu quarto, na minha infância…
Em qual momento o senhor sentiu que teria chances de se tornar um astronauta? Isso aconteceu mais tarde, quando eu já estava nos esquadrões de caça da FAB. Eu sentia a possibilidade, mesmo não tendo um caminho traçado. Tinha a impressão, através de uma espécie de sexto sentido, que se eu direcionasse minha carreira para aquilo, quem sabe um dia pudesse ser possível. Fui então para o setor de engenharia aeronáutica do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), e depois atuei como piloto de testes – que era um requisito básico que a maioria dos bons astronautas norte-americanos tem. Isso aconteceu quando eu estava no 3° para o 10° Grupo de Aviação.
Qual foi a sensação de sua primeira visita à NASA? Foi pura expectativa. Eu já tinha visto aquilo em meus sonhos durante muito tempo, por muitas vezes. A primeira vez que fui ao Johnson Space Center, em Houston, Texas, vi o foguete Saturno 5 no pátio. Quando cheguei ali, entrando de carro com o funcionário da seleção de astronautas, meu coração bateu forte. E quando ele fez uma curva para a direita, avistei o prédio da administração, no qual estão hasteadas as bandeiras norte-americana, texana e a da NASA. Foi muita emoção. Tudo aquilo é muito interessante e você começa a comparar com os seus sonhos.
A data de lançamento do ônibus espacial de cuja tripulação o senhor faz parte já foi adiada por várias vezes. Por quê? Vários, todos ligados a problemas técnico-administrativos. A gente sempre enfrenta o problema de orçamento na NASA. Quando fui trabalhar lá, em 1998, esperava-se que eu voasse em 2001, com o Express Pallet, que conteria o primeiro objeto fabricado pelo Brasil para uso no programa espacial. Mas não foi possível a entrega dessa peça, que foi então prometida para 2003. Meu vôo, com isso, também acabou sendo atrasado. Em 2003 também não deu certo, pois o Brasil não conseguiu estabelecer um acordo viável com a Embraer, empresa que fabricaria o instrumento – o preço cobrado para a produção de uma única peça seria maior do que o orçamento que havíamos previsto para seis unidades. Por causa disso, não pudemos fabricar o Express Pallet, o que causou um certo problema. A agência dependia dessa peça e já tinha contratos firmados com algumas companhias e instituições para a realização de experimentos. Tudo teve que ser cancelado e a NASA teve que procurar outro fornecedor que fabricasse o objeto. Com isso o Brasil começou uma renegociação com a agência, mas nossa prioridade foi baixada significativamente.
O que o Governo poderia fazer para ajudar, ou o problema é somente financeiro? Sim, o problema é simplesmente financeiro. Um ponto interessante dessa questão é que o programa de construção da Estação Espacial Internacional, durante a renegociação que foi feita, tomou rumos muito favoráveis para o Brasil. Dessa fase eu tenho participado bastante, e minha experiência em contratos internacionais, como o do Japão com a NASA, está ajudando. A primeira providência que vamos tomar é não usar dinheiro do Brasil. Não devemos pagar para que um outro país fabrique uma peça, pois estaríamos tirando recursos da Nação para gerar empregos em outros países. Também precisamos de trabalho aqui, onde os investimentos devem ser feitos. Estamos falando de algo em torno de 80 milhões de dólares, que é o que o Programa Espacial Brasileiro vai aplicar em nossa indústria.
O que representa a participação do Brasil na exploração espacial? Significa bastante coisa, pois quando se fala em desenvolvimento espacial, temos que pensar em tudo o que vai ser gerado com a pesquisa que esse processo origina. Veja um exemplo: para colocar uma simples xícara no espaço, temos antes que desenvolver materiais adequados que suportem sua reentrada na Terra. Com isso, vão aparecer indústrias especializadas em fabricar tal material – e se ele for resistente o suficiente para suportar a reentrada, poderá servir para fabricar outras coisas também, como pinos para implantes em ossos. Ou seja, esse material poderá ser empregado para várias outras utilidades, além do uso no programa espacial. A esse processo dá-se o nome de spin-offs. Quando você desenvolve técnicas e métodos diferentes, aprimora também profissionais com novas capacitações – e tudo isso vai gerar empregos e progresso. Para se ter uma idéia, para sua construção, o Brasil faz intercâmbio com 15 países ao mesmo tempo. E para sua implementação terão que ser formados novos mestres e doutores já direcionados para a pesquisa espacial ou trabalhando em atividades relacionadas a materiais, medicina, farmácia etc. Uma infinidade de campos.
O país tem capacidade para desenvolver sua própria estrutura espacial nos próximos 30 anos? Sim. Aliás, essa é a proposta que temos – e antes até desse prazo. Mas para isso é necessário que tenhamos centros de pesquisas em nosso país. Temos universidades muito boas no Brasil – federais e particulares –, que são geradoras de idéias. Precisamos criar núcleos de estudos em várias áreas nesses locais, como por exemplo em microgravidade, que já está em andamento na Universidade de Pernambuco. Temos que fomentar também o envolvimento de empresas como a Petrobrás, a Embrapa e outras estatais ou privadas, para a pesquisa em microgravidade, com a possibilidade de desenvolverem novos materiais e produtos. A idéia é criar também uma associação central que coordene tudo isso. Ela talvez até pudesse ser coordenada pela Agência Espacial Brasileira, pois no país há gente muito capacitada para isso. É só dar oportunidade a essas pessoas. O que a gente precisa agora é atingir uma maior consciência quanto ao programa espacial no Brasil, principalmente entre os jovens. São eles que irão aproveitar os caminhos que estão sendo abertos agora, e não podem deixar escapar essa chance – independente de desejos e interesses políticos. É fundamental mantermos a participação do Brasil no projeto da Estação Espacial Internacional para segurarmos essas e outras oportunidades.
Recentemente, através da Revista Ufo, a ufóloga Irene Granchi sintetizou uma proposta já vislumbrada por muitos pesquisadores, a idéia de que chegou a hora de nosso planeta ter uma bandeira própria, que estamparia os vôos espaciais, em vez de bandeiras dos países onde se originam. O que o senhor pensa a respeito? Eu acho uma excelente idéia. O grupo que participa da Estação Espacial Internacional é composto por 16 países, incluindo o Brasil. Às vezes existem problemas de ideologias entre seus enviados, mas a gente sempre tenta vencer essas barreiras. Estamos buscando colocar um grupo de nações de diferentes culturas, ideologias e religiões trabalhando juntos – e é impressionante como as coisas podem funcionar bem. Eu tenho minhas idéias, minha maneira de trabalhar em certos problemas, assim como um astronauta japonês tem sua maneira de trabalhar e encarar os mesmos problemas. Muitas vezes eu vejo uma solução que ele não vê, e vice-versa. O aproveitamento dessas características que possuímos é muito importante no trabalho em equipe. Uma estação com pessoas de várias nacionalidades operando juntas e sobrevoando a Terra é uma maneira de mostrar para o mundo que, quando paramos de olhar para nós mesmos, é possível viver em paz.
O senhor aprecia ficção científica? Sempre gostei, desde filmes como Perdidos no Espaço, Guerras nas Estrelas e Jornada nas Estrelas. Se você analisar livros como os de Júlio Verne, as coisas que ele escreveu acabaram por acontecer. Esse cara tinha uma bola de cristal ou veio do futuro [Risos]. Ele colocou em suas obras idéias que cientistas, mais tarde, olharam e acreditaram que poderiam dar certo. Essa é a função da ficção científica ou da “literatura de colocação de idéias”, como prefiro chamá-la. No momento em que você cria idéias, as pessoas começam a trabalhar naquela direção. Ficção científica é uma maneira muito eficiente de incentivar o poder criativo.
O senhor acredita na existência de vida fora da Terra? Vou responder a essa pergunta com um exemplo. Imagine que estamos numa sala e que você conhece o ambiente e as coisas à sua volta, mas precisa saber se existe no local um certo tipo de inseto, digamos, uma formiga especial. Talvez ela exista e vamos procurá-la com os equipamentos que dispomos. A partir desse experimento, podemos ou não achar a tal formiga. Se não a acharmos, isso significará que ela não existe ou que não acreditamos em sua existência? O certo seria admitir que, pelo que sabemos e de acordo com os sensores que possuímos, nesse ambiente não há formiga alguma. Mas podemos contestar tal informação com o argumento de que não devemos ter certeza se há ou não formiga lá simplesmente porque não conseguimos olhar o ambiente por completo: paredes, teto e piso. Daí eu amplio a questão perguntando se não existiria tal formiga em parte alguma da Terra? Oras, como poderemos descobrir isso se não conhecemos o restante do planeta, apenas aquela sala – que, apesar de pequena, não fomos capazes de examinar com exatidão em todos os seus detalhes na busca do inseto? O resultado é que será preciso conhecer mais nosso planeta e sair procurando a formiga em todos os pontos, incansavelmente. Mas como fazê-lo se nem sabemos, hipoteticamente, qual é o tamanho exato da Terra? Oras, a parte do universo que conhecemos hoje é muito pequena – e mesmo dentro da nossa pequena sala tivemos problemas em achar o que queríamos!
O senhor então acredita que existam outras formas de vida no universo? Há muitas coisas no universo que ainda não conhecemos e seria muita ignorância afirmar que, pelo fato de nunca ter visto algo incomum aqui, isso não exista. Para prosseguirmos com as pesquisas, há a necessidade básica e científica de acreditarmos que existe alguma coisa, e eu acredito que há vida fora da Terra.
No Brasil tivemos dois casos ufológicos que envolveram a Força Aérea Brasileira (FAB): a Operação Prato, que aconteceu na Amazônia em 1977, e a Noite Oficial dos UFOs, que ocorreu no dia 19 de maio de 1986. No primeiro caso, a Aeronáutica pesquisou manifestações alienígenas em áreas ribeirinhas da Amazônia e obteve informações sobre a natureza dos aparelhos vistos pela população. No segundo, a Aeronáutica acompanhou de perto a onda ocorrida sobre o Rio e São Paulo, na qual 21 objetos voadores não identificados foram perseguidos por caças a jato. Esses casos foram divulgados em revistas e na tevê, mas as autoridades não os admitem publicamente. O que o senhor pensa disso? Sobre o primeiro caso, de 1977, eu não sabia, mas sobre o incidente de 1986, sim. Se não me engano, decolaram alguns caças F-5E da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, que voaram do litoral para o mar, atrás dos objetos. Um dos pilotos era o [capitão Márcio Brizolla] Jordão e eu o conheço. Enfim, o fato de 1986 ocorreu e está registrado, mas não acredito que a FAB esconderia algo sobre isso. Tudo o que conheço dela me faz chegar à conclusão de que não teria motivo para omitir qualquer coisa.
A Revista Ufo iniciou em abril o mais significativo movimento já feito no Brasil para pedir ao Governo que abra seus arquivos. É a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que está recolhendo milhares de assinaturas da população e pleiteando de nossas autoridades o reconhecimento do Fenômeno UFO e a liberação de informações. O que o senhor pensa sobre essa iniciativa? Olha, eu penso em pegar uma carona [Risos]. Gostaria de saber qual será o resultado dessa campanha em dois aspectos. Primeiro, ver o efeito que ela tem. Depois, analisar a demonstração da força e o alcance da revista. Isso provavelmente trará muitas assinaturas. Pensando sobre o programa da Estação Espacial Internacional, seria interessante se pudéssemos ter uma iniciativa como essa no país, para difundir o projeto. Precisamos de apoio público para mostrar aos políticos que é isso que a gente quer – e a política tem que acompanhar o que o povo deseja.
O senhor conhece pessoalmente o astronauta Edgar Mitchell, que afirmou à essa revista que pelo menos um UFO já se acidentou na Terra e foi resgatado por militares norte-americanos, que o desmontaram para conhecer seu funcionamento? Não o conheço. Esse caso não foi aquele de Roswell? Não sei…
Há realmente um tipo de censura por parte da NASA para que os astronautas não falem sobre UFOs? Algum deles já comentou com o senhor um avistamento ufológico? Eu não acredito que exista uma política assim na agência, algo organizado a ponto de proibir os astronautas de falarem sobre o assunto. É muito difícil segurar uma informação como essa, pois quando a pessoa sai do sistema, passa a ter uma vida independente e não vai haver nenhum agente secreto perseguindo-a. Mas eu creio que exista um consenso se você ver alguma coisa estranha. A primeira providência que eu tomaria, se visse um objeto voador não identificado, seria entrar em contato com a base onde está o controle de missão na Terra, para informar o que está acontecendo. Eu não contaria o fato por conta própria, porque não tenho uma visão completa do impacto disso junto à população. Imagina, isso poderia assustar ou causar algum efeito inesperado. Eu passaria a informação para as autoridades e ali a discutiria. A princípio, acho que essas coisas têm que ser do conhecimento de todos.
Existe um boato dentro da Comunidade Ufológica Brasileira de que o convite a um astronauta de nosso país para um vôo no ônibus espacial foi conseguido graças à entrega ao Governo dos Estados Unidos das criaturas capturadas em Varginha (MG). Qual sua opinião sobre isso? Se alguém fez isso, esse alguém ainda está devendo o vôo [Risos]. Eu não tenho conhecimento disso. A única coisa que sei é que estamos devendo algumas peças, que iremos entregar para a Estação Espacial Internacional, para darmos prosseguimento à nossa participação no programa.
Quais são os critérios que levaram a NASA a incluir um astronauta brasileiro em seus vôos, já que o Brasil não é um parceiro forte dos Estados Unidos nem na área militar, nem na espacial? Simples. Primeiro, essa participação não é definida apenas pelos Estados Unidos – foram 15 países que definiram a inclusão do Brasil na Estação Espacial Internacional. Os EUA não são os donos da Estação, mas sim quem está colocando mais dinheiro no projeto. Além disso, o Brasil não é um país qualquer – somos uma grande Nação, temos uma numerosa população, possuímos uma das maiores economias do mundo e um mercado muito amplo e em crescimento. Temos recursos naturais invejáveis para o resto do globo. O país é uma nova potência, e por ocupar uma grande extensão do continente, é líder em toda a América Latina. Os critérios para a participação do Brasil na Estação foram sua capacidade e competência técnica. Por isso devemos produzir as peças as quais me referi.
Quais as vantagens para o Brasil em participar da Estação Espacial Internacional? São várias. A Estação é um projeto científico conjunto de 16 nações. A participação brasileira envolve a exportação de partes dela, construídas pela indústria nacional. Dentro dos projetos do Programa Espacial Brasileiro essa participação tem características únicas e extremamente vantajosas ao Brasil. Primeiro, nenhum investimento será feito no exterior. Isso é, 100% dos recursos do projeto são investidos no desenvolvimento das indústrias locais e na geração de inúmeros empregos para os brasileiros. Em segundo lugar está a homologação e qualificação de empresas nacionais para exportação de alta tecnologia no mercado espacial, e simultaneamente para 15 países. Além disso, deve-se levar em conta o intercâmbio de cientistas, pesquisadores e estudantes entre várias nações e a realização de experimentos em microgravidade de interesse nacional e a custos extremamente baixos. Some-se a isso a abertura de postos de trabalho no Brasil e exterior, o reconhecimento internacional da tecnologia brasileira, a motivação de jovens estudantes e profissionais e, claro, o grande incentivo público que isso representa ao civismo e orgulho nacionais.
Ser um astronauta é algo que desperta um forte orgulho nas pessoas, principalmente nas crianças, antes só visto no esporte. O que o senhor acha disso? É uma coisa nova para o Brasil. Existe um impacto da figura do astronauta, e isso é importante para a política e para o fortalecimento do país como um todo. Ora, temos hoje a Seleção Brasileira de Futebol, para a qual todo mundo torce e comemora seu título de pentacampeã. Tivemos também Ayrton Senna na Fórmula 1. Todo mundo tem essa vontade de representar a capacidade do brasileiro. Se não sou bom em futebol, nem corrida de automóvel, faço minha parte estudando, tendo habilidades técnicas e pilotando avião. É bom para uma criança crescer vendo e tendo outras perspectivas, que não seja apenas o futebol. Imagine se o Governo brasileiro não tivesse mais condições orçamentárias para manter a Seleção. O que aconteceria com o público não teria conseqüências apenas econômicas e científicas, mas implicações em seu civismo. Na Estação Espacial Internacional você tem empregos, desenvolvimento tecnológico, educação e também o civismo. A Copa do Mundo, por exemplo, é disputada a cada quatro anos. Na Estação a chance é única. Devemos ter orgulho de nosso herói Santos Dumont, o pai da aviação. Ele inventou o relógio de pulso que todo mundo usa, é um orgulho nacional e estamos completando 100 anos do nosso primeiro vôo. Imagine um vôo espacial com um brasileiro a bordo, um século depois. Isso levanta o civismo e não pode ser jogado fora.
O que o senhor espera que aconteça com a humanidade no futuro? Estamos em uma época crítica. Temos muita força, um canhão pronto para atirar, mas não sabemos para onde apontar. Se errarmos, será um grande estrago. Se apontarmos para o lado certo, poderemos abrir novos caminhos. As instabilidades do mundo são grandes e os países que mais interferem na economia e nos destinos da humaninade têm uma política um tanto complicada. Existe uma certa tensão e formação de blocos, um certo separartismo em nosso planeta quando, deveria ser exatamente o contrário.
O escudo da missão está pronto
O tenente-coronel Marcos Pontes ajudou a criar o brasão que identifica o grupo de 31 astronautas ao qual pertence. Seu significado é bastante sugestivo. A estrela ascendente é o símbolo dos astronautas, assim como o formato do escudo reproduz o ônibus espacial subindo aos céus. As estrelas laterais simbolizam os 31 membros da equipe, sendo que as sete estrelas centrais referem-se à primeira turma de astronautas da NASA, recrutada em 1959. Há no brasão, ainda, a expressão 17 em algarismos romanos, que é o número da turma que vai ao espaço. A Lua e Marte estão presentes no emblema porque são alvos das próximas missões da Agência Espacial Norte-Americana. Por fim, a bandeiras de seis países – EUA, Canadá, Brasil, França, Alemanha e Itália – indicam a nacionalidade dos integrantes da turma de astronautas.
O primeiro astronauta brasileiro aceita ser consultor da Revista UFO
O primeiro astronauta brasileiro é também o primeiro do mundo a ter participação ativa em uma entidade ufológica. A convite do jornalista e consultor Wendell Stein, que entrevistou Pontes para a Revista Ufo, o tenente-coronel aviador Marcos César Pontes confirmou que não apenas aceita, mas que está entusiasmado em fazer parte do Conselho Editorial da publicação. Ele também será consultor do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), responsável científico pela revista. Esse é um feito inédito, mais um que se soma à trajetória de Ufo – a primeira do mundo a completar 100 edições e, agora, a primeira a contar com um astronauta em seus quadros.
Comunicada através do site de Ufo, em 01 de agosto, a Ufologia Brasileira está eufórica com a abertura que tal adesão representa para o movimento. Pontes dará assessoria à publicação para assuntos astronômicos e astronáuticos, tendo participação direta nas atividades realizadas no setor em nosso país. Ufo também pretende iniciar uma vasta campanha nacional para popularizar as missões da NASA ao espaço, agora bem mais perto dos brasileiros contando com a presença do astronauta no corpo de pilotos da Agência Espacial Norte-Americana. Participou do convite ao astronauta nosso também consultor João Oliveira, de Campos de Goitacazes (RJ).