Uma nação que conta com o privilégio de ter céus que permitem o funcionamento dos maiores e mais poderosos telescópios do mundo, ali instalados, também acumula impressionantes registros de avistamentos de objetos voadores não identificados, de Antofagasta, ao norte, até Puerto Natales, no extremo sul. Por onde se olhe no mapa do Chile pendurado na parede do escritório do entrevistado, se verá uma constelação de pontos indicando locais de evidências ufológicas. O Deserto do Atacama, por exemplo, no norte do país e paraíso para astrônomos de todo o planeta, conta com elevadíssima incidência de avistamentos. Os cientistas que lá trabalham acham que, com seus telescópios, a região em breve poderá proporcionar uma revolução na forma como percebemos o universo — e os ufólogos chilenos, que acompanham os casos, estão certos disso.
Rodrigo Fuenzalida Herrera é um dos maiores expoentes da Ufologia Mundial, tendo a sorte de viver justamente nesse fantástico país. Presidente da Agrupación de Investigaciones Ovniológicas Nacionales [Agrupamento de Investigações Ovniológicas Nacionais, AION], representante nacional da Mutual UFO Network [Rede Mútua de Pesquisas de UFOs, MUFON] e correspondente internacional da Revista UFO no Chile, Fuenzalida é grande conhecido também da Ufologia Brasileira, por ter vindo inúmeras vezes ao país fazer palestras. Sociólogo de formação, ele é bem antes disso um ufólogo por paixão, que teve sua primeira experiência ufológica aos 13 anos de idade — um contato com um UFO a não mais que 20 m sobre sua cabeça. Foi o suficiente para que sua busca pela verdade por trás daquilo se tornasse uma obsessão, levando-o a se especializar em investigação de campo — como ele mesmo diz, “sempre com os pés no chão”. Seu principal mérito como pesquisador está em ser minucioso e detalhista em seus trabalhos, e outro é oferecer explicações para fenômenos dos céus que confundem as pessoas, levando-as a pensarem que se tratam de naves alienígenas.
Método científico
Fuenzalida tem ainda um cargo raro no mundo: é consultor científico da entidade da Força Aérea Chilena (FACH) dedicada à pesquisa ufológica, o Comité de Estudios de Fenómenos Aéreos Anómalos [Comitê de Estudos de Fenômenos Aéreos Anômalos, CEFAA], fundado em 1997. Com isso, o ufólogo número um do Chile tem contatos com agentes de governo, das Forças Armadas e de muitas entidades científicas do país — instituições que ele fez reconhecerem a seriedade do Fenômeno UFO. Ele domina com propriedade os principais casos ocorridos no Chile e nações vizinhas, de avistamentos por pilotos a abduções alienígenas, investigados tanto por civis quanto por militares. Graças a sua dedicação pessoal ao assunto, é o principal colaborador de documentários para o Discovery Channel no Chile, tendo atuado também na criação de programas de rede nacional, como a série OVNI, da TV Nacional.
Sociologia ufológica
Mesmo sem nunca se descuidar de sua carreira em sociologia, representa a Ufologia Chilena em diversos encontros mundiais — no Brasil esteve pela última vez em abril desse ano no 7º Encontro Ufológico de Peruíbe, onde apresentou seu material em ótimo português [Veja edição UFO 178, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. A entidade que preside, AION, investiga ocorrências ufológicas com estrita metodologia científica, além de implantar projetos de comunicação para informar a população e os meios acadêmicos sobre a presença alienígena na Terra. Fuenzalida foi o primeiro ufólogo a introduzir com sucesso a Ufologia no ambiente universitário no continente, tradicionalmente marcado por um crítico ceticismo. Assim, foi o diretor do primeiro curso de caráter acadêmico de Ufologia de que se tem conhecimento, levado a efeito na Universidade Tecnológica Metropolitana (UTEM), de Santiago. Também coordenou projetos conveniados de pesquisas do tema entre a Universidade de Brasília e a UTEM.
A Ufologia veio antes da sociologia em minha vida, e parte do meu interesse pela profissão em que me graduei foi motivada pela necessidade de desenvolver ferramentas que me permitissem entender a fenomenologia ufológica. Especificamente, eu buscava a resposta social que via inerente às experiências de avistamentos de objetos voadores não identificados e contatos com seus tripulantes.
Rodrigo Fuenzalida Herrera acredita que o meio científico deve tentar entender o efeito cultural e sociológico causado pelo Fenômeno UFO sobre a sociedade. “Mas isso se os preconceitos puderem ser superados, o que levará a grandes resultados”, diz. Ele vê com naturalidade que os cientistas, quando se dedicam à temática, o façam aplicando “filtros”, pois os considera necessários para o estudo sério do Fenômeno UFO. Defensor da análise criteriosa de casos, busca aplicar um ceticismo sadio à investigação de ocorrências e defende que toda a casuística deva ser vista com olhos científicos. Por ser sociólogo, naturalmente, aplica técnicas de estudo psicológico para entender o meio cultural em que as testemunhas de avistamentos e contatos estão inseridas, e como elas podem influenciar ou mudar sua visão de mundo.
Reconhecimento mundial
Sua ligação com a Revista UFO é antiga e remonta aos anos 90, quando nela começou a publicar artigos [Veja, por exemplo, UFO 132, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Como promotor de inúmeros eventos ufológicos em seu país, convidou o editor e vários integrantes da Equipe UFO a deles tomarem parte. “Acho fundamental que haja uma grande integração entre os ufólogos do continente, com vistas a uma troca efetiva de informações sobre a ação de outras espécies cósmicas em nosso planeta”, diz. Respeitadíssimo dentro e fora do Chile, pesquisador à frente dos principais casos de seu país e estudioso dedicado aos aspectos mais profundos da manifestação ufológica, Fuenzalida tem dezenas de trabalhos publicados e prepara-se para ver seu primeiro livro ser lançado, OVNI: Archivos Inéditos, pela conceituada editora Alfahuara. “Quero que mais gente conheça as impressionantes particularidades do Fenômeno UFO”. A obra já está sendo traduzida para publicação pela coleção Biblioteca UFO. Vamos conhecer melhor seu autor a partir de agora.
Como foi seu primeiro contato com o Fenômeno UFO e de que forma surgiu seu interesse pela Ufologia? Tudo começou por causa de uma experiência de avistamento de um UFO que tive quando ainda era menino, com 13 anos. Em uma noite, quando caminhava pelo condomínio em que residia, no centro de Santiago, observei a uns 20 m sobre a minha cabeça um corpo redondo, mais escuro do que a própria noite, bem acima de mim. Foi muito chocante ver aquilo tão próximo e de forma tão surpreendente. Eu seguia seu deslocamento lentamente pelo céu e não parava de olhar para ele, fazendo-o apenas depois, ao baixar os olhos para ver a paisagem. Estava com uma amiga que, quando viu o disco, começou a gritar histérica. Fiquei calmo e depois muito feliz com o que eu observava: era de verdade, estava ali. Naquele instante tentei procurar mais pessoas para que também vissem, mas ninguém apareceu. E depois passei a pesquisar intensamente o tema, fazendo-o até hoje.
E o que aconteceu com o UFO? Ele desapareceu no horizonte? Sim, mas antes, quando voltei a olhá-lo, ele começou a vibrar em uma velocidade incrível, girando sobre seu eixo. Daí então ele foi para o norte e desapareceu no céu. Minha amiga, que também esteve o tempo todo olhando para o UFO, disse que enquanto eu procurava mais testemunhas o objeto chegou a se aproximar de nós, mas se afastou logo depois, tudo em questão de segundos. Foi uma experiência marcante em minha vida.
Esse foi o único avistamento de nave alienígena que você teve ou também passou por outras experiências? Sim, tive outro avistamento ufológico quatro meses depois em uma cordilheira da Sétima Região [Equivalente a um estado brasileiro, sendo o Chile dividido em 15 regiões], precisamente em Digua, que é um lago gigantesco. Eu era escoteiro e junto com um amigo, enquanto lavávamos panelas, testemunhei a aparição de uma esfera alaranjada sobre o lago — uma sonda ufológica. Comecei a fazer sinais de luzes com uma lanterna e ela respondeu com a mesma sequência de piscadas, e posteriormente começou a liberar intensos relâmpagos. Nesse instante, a água próxima e sob ele parecia estar fervendo. Saímos dali correndo e desde então começou minha aventura de buscar respostas para tais fenômenos. Como no caso anterior, tive a sorte de ver algo de perto — algo que estava ali, diante de nós, que não pudemos entender.
São experiências fascinantes. Por favor, fale um pouco de como encaixa a Ufologia em seu perfil acadêmico. Como você aplica seus conhecimentos de sociologia à pesquisa ufológica? A Ufologia veio antes da sociologia em minha vida, e parte do meu interesse pela profissão em que me graduei foi motivada pela necessidade de desenvolver ferramentas que me permitissem entender a fenomenologia ufológica. Especificamente, eu buscava a resposta social que via inerente às experiências de avistamentos de objetos voadores não identificados e contatos com seus tripulantes. Inclusive, durante a universidade, realizei trabalhos sobre as chamadas seitas contatistas, que alegam estar em sintonia com outras espécies cósmicas e que denomino de “neorreligiões tecnológicas”. Por outro lado, também me interesso por analisar esses fenômenos sob a ótica de marcos teóricos de alguns sociólogos, como Pitirim Sorokin — que nada têm a ver com a investigação ufológica —, e a chamada microssociologia, que se preocupa com a influência da personalidade individual nos fenômenos sociais. Então me concentrei em estudar em que medida as personalidades das testemunhas são moldadas pelo impacto de uma experiência com UFOs e se essas influenciam definitivamente o contexto social em que estão inseridas.
É muito interessante essa linha de pesquisa, sem dúvida. Mas há alguma conclusão nesse estudo? Relativamente, sim. De fato, percebi que existem pessoas que, a partir de uma vivência ufológica, transformam suas vidas e impactam outros grupos humanos com seus atos sociais. Por outro lado, o método também ensina a confeccionar certos “instrumentos de medição” que permitem transformar as opiniões subjetivas das testemunhas em dados concretos — e isso é essencial se queremos colocar o assunto em termos científicos. A técnica possibilita ainda compreender os mecanismos da prática da Ufologia e os mitos que se constroem a partir do ceticismo radical de certos grupos a seu respeito — que, no meu entender, são uma forma de resistência ideológica, estando mais para uma pseudociência e para pretensões que se imaginam científicas. Isso me ajudou a entrar com o assunto em universidades e a ministrar um curso sobre o tema em uma delas. Entendo ser um bom avanço deixar espaço para a dúvida sobre o tema justamente no ambiente em que se produz a maior quantidade do conhecimento científico, o meio acadêmico.
Inteligência nas manifestações
Ao longo de sua longa trajetória de ufólogo, antes e depois da sociologia entrar em sua vida, qual é o caso chileno mais espetacular que você conheceu? Essa é uma pergunta difícil de responder, já que são muitos. Mas, em especial, sempre me chamaram muito a atenção os episódios em que há interação direta com o fenômeno — quando fica claro existir uma forma de inteligência por trás das manifestações. Uma ocorrência que me deixou bastante impressionado foi a que durou quatro horas em meio a uma operação da Força Aérea Chilena (FACH) no Deserto do Atacama, quando um veículo militar que levava um oficial e um suboficial foi perseguido e escoltado por vários UFOs durante a madrugada. Era noite e ambos percorriam o árido território desértico quando começaram a observar pequenos corpos luminosos alinhados sobre as colinas. Em determinado momento, os artefatos se posicionaram paralelamente ao veículo e deu-se início a um impressionante show aéreo.
Existem pessoas que, a partir de uma vivência ufológica, transformam suas vidas e impactam outros grupos. Meu método ensina a confeccionar certos “instrumentos de medição” que permitem transformar as opiniões subjetivas das testemunhas em dados concretos — e isso é essencial se queremos colocar o assunto em termos científicos. A técnica possibilita ainda compreender os mecanismos da prática da Ufologia e os mitos que se constroem a partir do ceticismo radical.
Tendo em vista você ter pesquisado tantos casos, se pudesse criar um ranking dos melhores entre eles, como seria? Não me atreveria colocá-los em uma ordem específica, porque muitas experiências podem ser únicas e conter detalhes singulares que não aparecem em nenhum outro caso — e suas diferenças é que nos deixam impressionados. Mas um dos bons episódios ufológicos que conheço é o Caso Ralún, que apresentei em congresso que a Revista UFO organizou em Peruíbe, a convite da Prefeitura Municipal [Veja edição UFO 178]. Trata-se do vídeo de uma experiência de contato imediato de segundo grau na qual até a gravação de áudio foi afetada, no meu entender pelo próprio fenômeno. O fato foi registrado com um celular a não mais de 10 m de distância e o vídeo mostra uma massa luminosa com distintas características e que muda de forma, libera esferas no ar, gera interferências diversas e demonstra uma realidade física altamente complexa. O acontecimento nos permite supor que os UFOs são algo ainda mais complicado do que pressupõem nossas visões tecnológicas sobre eles. Nosso analista de imagens, Marcelo Moya, encontrou aspectos muito interessantes no espectro visual da gravação. Compartilhamos as imagens com o doutor Ricardo Varela [Engenheiro do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e conselheiro especial da Revista UFO], quem respeitamos muito por seu rigor na análise desse tipo de material, e creio que ele chegará a um bom resultado.
Um dos episódios ufológicos pelos quais o Chile é mais famoso é a abdução do cabo Armando Valdez, que você conhece bem e cujo caso investigou. O que pode comentar sobre ele? O caso é um marco da Ufologia Chilena, ocorrido em 25 de abril de 1977. Estive com Valdez muitas vezes e a última vez que eu o entrevistei foi em um programa online de rádio que conduzo, chamado Neuroufo e transmitido pela FM Neurona. Ele participou com outros convidados, entre os quais o jornalista e ufólogo Patrício Abusleme Hoffman, que acabava de lançar a mais completa investigação sobre o caso em seu livro La Noche de los Centinelas [A Noite das Sentinelas, Tierra Incógnita, 2010]. Isso aconteceu em dezembro de 2010 e foi bastante interessante comparar os dados levantados por Abusleme com as novas (e antigas) informações dadas pelo militar. O que se sabe da fantástica história é que Valdez fora levado por uma estranha luz que apareceu sobre ele e seus comandados em uma área da Cordilheira dos Andes chamada Putre. Ele teria desaparecido por cerca de meia hora e depois foi devolvido por seus abdutores. Quando isso ocorreu, tinha barba no rosto equivalente a uns três ou quatro dias sem se barbear — período que acredita ter ficado nas mãos de ETs, apesar de se passarem apenas cerca de 30 minutos no “tempo terreno”. Hoje se sabe que, diferentemente de como se publicou em muitos veículos, na ocasião do avistamento dos militares liderado por Valdez foram dois UFOs que surgiram diante do grupo. E aí há uma contradição.
Qual é essa contradição? O ponto contraditório em sua nova versão está quando afirma que nada ocorreu e que o tempo todo esteve escondido atrás de um muro olhando seus companheiros atônitos procurarem por ele. Diz que não houve abdução alienígena alguma e que sua barba estava realmente grande de propósito. Ou seja, Armando Valdez tenta negar o caso que ele próprio viveu e que foi muito bem documentado na época. Mas o que ele diz agora entra em choque com os fatos e contradiz as testemunhas diretas do caso, seus comandados. Ou seja, por suas razões, que desconheço, o protagonista desse caso monumental resolveu, décadas depois, negar sua própria experiência [Veja UFO 083, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
Isso tem sido tema de acalorados debates no meio ufológico. A que você atribuiria essa mudança de atitude? Bem, hoje Valdez [Foto abaixo] tenta explicar que durante todos esses anos depois da suposta ocorrência ele “construiu” uma explicação pessoal para o que viveu, quase sempre lhe dando uma conotação demoníaca, isso simplesmente pelo fato de que aquela foi uma noite de horror para ele. Creio que, em grande parte, a mudança de posição do cabo, hoje negando tudo o que sabemos que ele viveu, se deve a ter se convertido em evangélico. Quando isso ocorreu, há muitos anos, ele já passou a ver e a tratar de sua experiência de forma negativa, eventualmente chegando a negá-la. Mas mais recentemente, quando virou pastor, Valdez então rechaçou por completo o que lhe passou. Acho que ele desenvolveu uma rejeição quanto à sua vivência e tenta diminuir sua exposição pública, já que, como pastor, deve ser complicado ter que responder a perguntas sobre isso. Sua abdução complica o mundo de dogmas religiosos no qual ele vive hoje. Viver assim certamente é um problema a ser evitado, especialmente se sua intenção é manter a confiança dos fiéis [Veja detalhes no livro Contatados, código LIV-018 da coleção Biblioteca UFO].
Casos históricos revelados
Como ficaria a famosa frase “Vocês nunca saberão quem somos nem de onde viemos, mas logo voltaremos”, atribuída aos raptores de Armando Valdez? Bem, essa é outra incógnita, pois agora que ele diz que nada lhe ocorreu — apesar de sabermos que sim — não temos como atestar sua veracidade.
É lamentável que ocorram esses fatos na Ufologia Mundial, como certos episódios brasileiros igualmente — e inexplicavelmente — negados pelos próprios pesquisadores que os trouxeram à tona. Mas e quanto a quedas de UFOs no Chile, há alguma que possa nos narrar? Sim, temos um episódio muito bem documentado chamado de Caso Chanco, nome da localidade onde um objeto teria caído em 1914, ilustrado no documentário UFO Sobre os Andes, do Discovery Channel. O fato conta não somente com evidências testemunhais como também com registros de imprensa descobertos pelo pesquisador Luis Altamirano no jornal La Mañana da cidade de Talca, na mesma região onde se acidentou o UFO. Neles o aparelho é descrito como “um cilindro fumegante que se chocou sobre uma montanha e estaria atualmente enterrado”, o que corrobora a hipótese do catedrático em geografia da Universidade Católica do Chile, Reynaldo Borgel.
Porém, há episódios de quedas de naves mais recentes, como o Caso Paihuano, sobre o qual discorreu em entrevista à UFO, recentemente, o capitão do Exército Chileno Rodrigo Bravo Garrido. O que pode complementar sobre ele? Sim, esse fato aconteceu em 07 de outubro de 1998 e marca a queda de um estranho objeto na localidade de Paihuano, na Quarta Região do Chile, ao norte de Santiago. Temos várias testemunhas do incidente, incluindo autoridades e militares, que relatam que, às 15h00, viram passar voando três objetos a grande altitude, sendo que um deles caiu sobre a montanha Las Mollacas. O artefato foi descrito como sendo metálico e tendo forma triangular, e teria se partido em dois. Um grande trabalho audiovisual foi feito sobre o incidente, ganhando o segundo Festival de Filmes Ufológicos de Viña del Mar, em 2005. Foi realizado pelo cineasta Víctor Vial e é denominado Paihuano, o Roswell Chileno. Nele se compila grande quantidade de informações sobre a queda, desde os primeiros relatos das testemunhas que presenciaram o fato durante um dia inteiro até daquelas que nos dias seguintes contemplaram as ações militares para resgatar o UFO — incluindo a presença de helicópteros. Mas não se descarta que possa ter sido algum experimento militar norte-americano que falhou e caiu em solo chileno, já que semanas antes teria se encerrado a chamada Operação Unitas [Operação militar multinacional mais antiga do mundo], com grande movimentação de aparelhos voadores de vários tipos.
Foi possível determinar como era o objeto encontrado em Paihuano? Impressionei-me muito com o relato de uma das testemunhas, com quem pude conversar pessoalmente. Trata-se de um professor da região que viu através de instrumento óptico — e por várias horas — os destroços do UFO avariado sobre Las Mollacas. Ele pôde notar uma estrutura principal com forma de uma asa delta brilhante e metálica, e outra também brilhante mais acima. Segundo declarou, dava a ideia de que havia se partido em dois por causa do impacto. Todos os relatos de inúmeras testemunhas coincidem em que o artefato brilhava sob o Sol e que no outro dia já não estava mais lá, tendo sido levado por militares. Um pequeno detalhe sobre o caso, mas não menos relevante, foi o da baixa voltagem e de interferência que se registraram no sistema elétrico e nas telecomunicações do local, causadas pelo objeto ao cair. Isso foi confirmado por muitas pessoas, incluindo da rádio local, cujas transmissões sofreram blecaute por alguns instantes.
De acordo com as informações a que você teve acesso, qual teria sido o destino final da nave acidentada em Paihuano? Para onde foi levada? Anos mais tarde, através de um contato que mantive com uma fonte de alta credibilidade dos Estados Unidos, membro ativo da Força Aérea Norte-Americana (USAF), pude confirmar que militares daquele país levaram tudo para lá. Mas o mesmo oficial, tentando negar a natureza extraterrestre do artefato, disse que se tratava de um balão — o que é ridículo quando se observam os detalhes evidentes relatados pelas testemunhas. Dá a ideia de que ainda não aprenderam a lição de Roswell…
Acho que a resposta para o interesse de nossos visitantes cósmicos pela Cordilheira dos Andes deve estar ligada a algo que ela tenha. Acho muito provável que os ocupantes dos UFOs extraiam algum tipo de mineral ou de energia daquela região, mas não sei o quê. A Cordilheira corta o Chile desde seu extremo norte ao seu extremo sul, e em toda ela temos grandes quantidades de casos ufológicos, que vão desde a observação de naves até contatos com humanoides.
O Caso Paihuano traz à memória o fato de que a Cordilheira dos Andes, onde está localizada a cidade, é uma área de intensa manifestação ufológica. O que você pode dizer sobre isso? Sem dúvida! Definitivamente, acho que a resposta para o interesse de nossos visitantes cósmicos pela Cordilheira deve estar ligada a algo que ela tenha. Acho muito provável que os ocupantes dos UFOs extraiam algum tipo de mineral ou de energia daquela região, mas não sei o quê. A Cordilheira corta o Chile desde seu extremo norte ao seu extremo sul, e em toda ela temos grandes quantidades de casos ufológicos, que vão desde a observação de naves até contatos com humanoides. O local é um grande “laboratório” para os ufólogos trabalharem na busca de respostas para o Fenômeno UFO [Veja detalhes no DVD Aliens na América do Sul, código DVD-035 da coleção Videoteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br].
Perfeito. Já se chegou a fazer uma categorização dos seres que visitam o Chile e principalmente os Andes de seu país? Sim. Em sua maioria são observados no Chile seres de grande altura e de aspecto nórdico, algumas vezes vestidos com uniforme ou túnica branca, e em outras ocasiões têm suas cabeças cobertas com capacetes ou capuzes. Também temos relatos de seres com altura descomunal, de aproximadamente 2,5 m ou mais, vestidos com trajes negros grudados ao corpo. Da mesma forma, narram-se figuras com características idênticas, mas cujos corpos parecem formados por uma “massa de luz” com formato humanoide. Os casos mais interessantes no momento são aqueles que contam com múltiplas testemunhas, que permitem melhor verificação das informações. Devo dizer que esse grande mistério, de constatar quem são nossos visitantes, nos mantêm sempre em alerta e nos deixam mais conscientes de que precisamos urgentemente de parâmetros para conhecê-los — e da forma mais completa possível.
Ainda sobre o interesse dos visitantes pelos Andes Chilenos, que evidências já se têm de que eles realmente buscam algo de seu interesse naquela região? Temos relatos de avistamentos ufológicos e de contatos que demarcam áreas precisas da Cordilheira em que há maior incidência. São locais como a zona dos vulcões Descabezado Grande e Descabezado Chico, na região de San Clemente, ao sul de Santiago, onde foram vistos UFOs saindo de montanhas e lagos. Mas, infelizmente, nunca foram realizadas prospecções naquelas áreas devido ao altíssimo custo envolvido em tais operações. O Estreito de Magalhães, na zona austral do Chile, bem no seu extremo sul, também conta com uma quantidade incrível de relatos de artefatos que submergem e saem do mar gelado. Inclusive, há o caso de um contato imediato de terceiro grau nas imediações de Punta Arenas, em 1996, no qual uma das testemunhas, irmão de uma autoridade local, disse que as entidades que avistou teriam lhe dito: “O segredo está no Estreito”. Elas foram descritas pela testemunha como muito altas, esbeltas e cobertas por um traje negro apertado [Nota do editor: o navegador Amir Klink também teria avistado um objeto voador não identificado na região, em sua expedição à Antártida, na década passada].
Recentemente o vulcão Puyehue, no sul de seu país, entrou em erupção e vários ufólogos chilenos alertaram para o fato de que luzes não identificadas estavam sendo vistas ao seu redor. Você conseguiu averiguar algum avistamento ufológico concreto na região depois do início das atividades? Há uma foto polêmica que mostra três supostas esferas próximas ao vulcão, mas ainda não descartamos explicações convencionais para elas [Veja UFO 180, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Temos que esgotar todas as explicações racionais antes e buscar por evidências de anomalias concretas, para então falarmos de uma manifestação ufológica legítima. No entanto, já tivemos muitos relatos de foo-fighters [Sondas ufológicas] na área no verão passado. Aliás, a área onde está o Puyehue, na Décima Região do Chile, é de grande atividade tanto vulcânica quanto ufológica — o que nos fez deduzir que poderíamos estar diante de um fenômeno que se manifesta quando há ocorrências geológicas extraordinárias.
Hoje, em um mundo cada vez conectado, como o nosso, se pratica uma modalidade de “Ufologia de computador”, sendo difícil encontrar gente que ainda faça investigação séria de campo. Como está essa situação no Chile? Bem, em meu país a modalidade de investigação de campo ainda está bastante ativa. Acho que a internet trouxe muita passividade a alguns pesquisadores, mas também permite uma forma de comunicação entre eles de maneira mais rápida e eficaz. Na Agrupación de Investigaciones Ovniológicas Nacionales [Agrupamento de Investigações Ovniológicas Nacionais, AION], que eu dirijo, estamos saindo continuamente a campo para entrevistar testemunhas, especialmente na Cordilheira dos Andes, e assim mantemos as informações sempre frescas. Nos arredores de Santiago também se produz muita investigação, principalmente por pesquisadores independentes e grupos ufológicos que não deixaram de investigar in locu as muitas ocorrências que lá temos. Esse trabalho prático, em conjunto com a análise dos casos, continua sendo de grande importância para obtermos dados que possam nos levar a entender o Fenômeno UFO.
Em meu país a investigação de campo ainda está bastante ativa. Acho que a internet trouxe muita passividade a alguns pesquisadores, mas também permite uma forma de comunicação mais rápida e eficaz.
Há algum caso resultante do trabalho desses ufólogos chilenos que você menciona que queira destacar? Bom, como comentei anteriormente sobre o Caso Ralún, complemento que é sobre ele que estão concentradas nossas forças — como também esperamos o parecer do citado analista de imagens brasileiro Ricardo Varela, da Equipe UFO, com quem compartilhamos material para cruzamento de informações. E há um tipo de ocorrência constante que julgo relevante no Chile, que é uma série de incidentes com sondas registradas na Nona Região, especificamente em Villarrica, onde está o vulcão de mesmo nome e que teve, em anos anteriores, grande número de avistamentos. As sondas foram captadas em vídeo durante vários dias seguidos por distintos cinegrafistas — que até as registraram de diferentes ângulos. O que mais surpreende nesse conjunto de casos é um vídeo feito em plena luz do dia naquela região, a não mais de oito metros, de uma sonda que se movia atrás de algumas pessoas. O artefato realizou avanços rápidos, se elevou e voltou a descer. É uma filmagem excelente, na qual podemos ver detalhes de cor, movimentos, forma, volume etc.
Nada mais justifica o ceticismo
Apesar de tamanha incidência ufológica, como a chilena, como se justifica o descrédito quanto à presença alienígena na Terra em pleno século XXI? Estamos vivendo uma revolução conceitual global, uma evolução de ideias sem precedentes, e nada mais justifica o ceticismo. Isso sem contar que a transformação tecnológica anda bem mais rápida do que a ideológica. Mas crenças — e a ciência também tem suas crenças, admitindo ou não — custam a ser mudadas. No entanto, já estamos vendo essas transformações ocorrerem aos poucos. Como disse o saudoso John E. Mack em seu livro Passport to the Cosmos [Passaporte para o Cosmos, Three Rivers Press, 2000], “é necessária uma forma de racionalidade nova, que nos permita ter uma relação com a vida de maneira bem mais equilibrada e gratificante”.
Como essa expressão de Mack se aplicaria à pesquisa ufológica? Acho que conceber outras formas de realidade, diferentes das nossas, minimizaria as diferenças entre os seres humanos. Se estivermos diante de alguém que não é terrestre e que tem outra forma de raciocínio e de tecnologia, como nossos visitantes extraterrestres, veremos a humanidade de maneira diferente, como algo único. Aí nos daríamos conta de que as diferenças que temos entre nós, habitantes desse planeta, são bem menores do que pensamos, insignificantes até, e que somos parte de algo muito maior e que estamos apenas começando a descobrir.
Mack era um cientista dedicado à Ufologia, mas também um homem de mente muito aberta. Como você vê essa aproximação de segmentos não científicos do Fenômeno UFO? Eu sou daqueles que crê que a inteligência humana supera muitas vezes nossas “construções psicológicas”. Acredito que existem bons resultados em trabalhos gerados por pesquisadores que, mesmo sem formação científica, são verdadeiros cientistas em sua própria maneira de tratar do Fenômeno UFO. Mas, em contrapartida, há uma questão crítica aqui: é que às vezes existe mais emoção do que razão em conclusões de muitos amigos ufólogos. Eles se baseiam muito na hipótese extraterrestre (HET) para explicar a manifestação na Terra de outras espécies cósmicas, que certamente não é descartável, mas que se mostra cada vez menos exclusiva.
Vamos falar um pouco das abduções alienígenas, outra de suas especialidades. Há algum trabalho nessa área que você queira destacar? Bem, nesse campo é bastante difícil encontrar trabalhos que sejam mais ou menos interessantes, por serem muitos. Mas eles estão quase sempre carregados de erros metodológicos, em que hipóteses são confundidas com verdades e se nota de imediato uma carga emocional aplicada aos resultados que se tenta apresentar. Isso tem a ver com uma mentalidade condicionada que surgiu nos Estados Unidos nos anos 80, de ver nossos visitantes ora como invasores, ora como salvadores. Temos que abrir o leque de possibilidades. Por exemplo, se nos fixarmos apenas na HET para sua origem, deixaremos de fora inúmeras características inerentes a complexas observações de naves e de aliens em nosso meio. Mas as respostas podem não estar tão difíceis de serem encontradas, e até mesmo na internet podemos achar ferramentas metodológicas para investigar as abduções. Mas note que existem ensinamentos que devemos tomar como premissas se quisermos ter sucesso na busca honesta de respostas sobre o Fenômeno UFO. Temos que nos ater a eles. Veja o que nos dizia o filósofo Bertrand Russel: “Nunca se deixe confundir por aquilo em que deseja crer, mas observe cuidadosamente os fatos e qual é a verdade que eles confirmam”. Tendo esse axioma como base, se pode chegar muito longe.
E quanto aos trabalhos que você levou para desenvolvimento em universidades chilenas, algum deles trata das abduções alienígenas ou explora seu efeito psicológico potencial? Ainda não, mas pretendo colocar o assunto em alguma atividade que realizaremos no futuro no meio acadêmico de meu país, como foram os congressos que realizamos na Universidade de Santiago ou o curso de Ufologia que desenvolvemos na Universidade Tecnológica Metropolitana. Mas, antes disso, teremos que nos deter em bons casos ufológicos chilenos e latino-americanos, que tenham alta credibilidade e que sirvam para a separação da verdade das ideologias motivadas pela ficção.
Você acredita que a comunidade científica mundial tenha condições de iniciar um estudo verdadeiro e compromissado da presença alienígena na Terra, sem preconceitos? Acho que sim. Se nós, ufólogos, fizermos nosso trabalho bem feito, o mundo científico se motivará a investigar de maneira mais comprometida a verdade sobre a manifestação ufológica. O ponto crucial para isso é termos ocorrências que levem o meio científico a agir. Atualmente, o fenômeno das abduções perdeu força, tanto na forma de se comprovar sua realidade como em número de ocorrências que sejam de alta credibilidade e sobre as quais conheça bom número de detalhes. Essa é a realidade e muito da culpa é dos próprios pesquisadores, que, motivados por suas crenças, parecem ver abduzidos por todos os lados, quando nada há que justifique suas pretensões. Assim, quando um comitê científico aplica seus filtros sobre esses casos, eles não resistem. No Chile aprendemos a separar os episódios de abdução que parecem ser apenas construções psicológicas das testemunhas daqueles que realmente não podemos explicar — e é nesses que vamos nos concentrar. Existem características objetivas que podem nos fornecer dados qualitativos sobre as chamadas abduções, ou seja, o fenômeno é mensurável.
Se nós, ufólogos, fizermos nosso trabalho bem feito, o mundo científico se motivará a investigar de maneira mais comprometida a verdade sobre a manifestação ufológica. O ponto crucial para isso é termos ocorrências que levem o meio científico a agir. Atualmente, o fenômeno das abduções perdeu força, tanto na forma de se comprovar sua realidade como em número de ocorrências que sejam de alta credibilidade e sobre as quais conheça bom número de detalhes.
Sobre isso, cabe perguntar qual é sua opinião sobre as correntes espiritualistas que se dedicam ao estudo dos UFOs? Vejo essas correntes como consequências da influência cultural que o fenômeno tem sobre a sociedade. Essa vertente da Ufologia é muito comum no Brasil, diferente de outros lugares do mundo, pela conformação psicológica e espiritual de seu povo, que se constituiu em boa parte como fruto de uma cultura com traços afrocristãos. Acho que essas correntes buscam respostas para um fenômeno complexo a partir de ideias autoconstruídas, que têm como maior objetivo confirmar seus próprios dogmas, e não compreender a verdade objetiva por trás dos UFOs. Mas elas também dão sentido à vida de muitas pessoas, que querem acreditar que os extraterrestres são parte de seu universo espiritual e compartilham de seus sistemas de crenças — dos quais, aliás, para elas, Jesus seria parte.
Mudando de assunto, você é um admirador do Projeto Hessdalen, da Noruega, que investiga as manifestações físicas do Fenômeno UFO. De onde surgiu seu interesse por ele? Surgiu da necessidade de realizar investigações em locais chamados de hot spots de UFOs no Chile, áreas de grande incidência ufológica, como se dá na localidade de Hessdalen, um vale norueguês onde ocorrem inúmeros fenômenos. Temos que entender o que faz tais regiões terem tamanha concentração de ocorrências ufológicas, e o Projeto tenta justamente isso. Hoje temos tecnologia para pesquisa ao alcance de todos, com capacidade de obter bons dados sobre esses fenômenos que nos interessam, como temos lugares onde sua frequência é muito alta. Por fim, há ainda a necessidade de tentarmos obter evidências de qualidade da manifestação ufológica apoiada por medições in locu. O Projeto Hessdalen faz exatamente isso [Veja detalhes no DVD Portal, código DVD-032 da Videoteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. Tal procedimento ajudará a derrubar muitos mitos sobre o assunto. No Chile, temos registros muito bons de discos voadores e sondas ufológicas que nos levaram a aperfeiçoar instrumentos de medição desses fenômenos — tais como os da Noruega. Lá implantamos nosso próprio programa de investigação, o Projeto Radar, dirigido pelo engenheiro em telecomunicações Max Hernandez. Incorporamos até mesmo unidades meteorológicas em estações de rastreamento de UFOs.
E quais são os resultados do Projeto Radar até o momento? São parecidos com os obtidos na Noruega? Exatamente nesse instante, Hernandez, diretor do projeto, acaba de finalizar o sistema de detecção, instalando novas câmeras de alta resolução e novas unidades meteorológicas em certos pontos de elevada incidência ufológica, o que torna o Projeto Radar muito similar ao Hessdalen em tecnologia. Em nossas atividades de campo já capturamos algumas imagens e ainda nesse ano faremos a estreia de uma nova unidade de rastreamento. Antes, nós nos concentrávamos nos registros feitos na Patagônia Chilena, alguns dos quais obtidos por pesquisadores de Puerto Natales liderados por Patrício Frías, que conseguiram imagens muito nítidas e claras de UFOs.
Quais são as atividades que vocês pretendem agora com o Projeto Radar? Nossa proposta agora é cobrirmos todas as regiões chilenas que têm grande incidência ufológica com as unidades de detecção para capturar mais dados. Nessa etapa preliminar, estamos bastante entusiasmados com os resultados já obtidos, mas ainda há muito por fazer e as possibilidades são imensas.
Você fala muito de formas plasmáticas e massas luminosas quando se refere ao fenômeno. Ao que se pode atribuir sua origem? Acredita que uma parte dos casos ufológicos não tenha natureza física? Sim, e creio que os acontecimentos que não podem ser atribuídos a objetos físicos devem ser um convite para os ufólogos repensarem suas hipóteses. A ideia de simplesmente procurar tecnologia alienígena por detrás do Fenômeno UFO impede ver com maior clareza e maturidade que tais manifestações podem ter outra natureza. Nesse ponto, o matemático e ufólogo franco-americano Jacques Vallée é tremendamente claro quando apresenta sua ideia de que devemos ir além da influência que os UFOs têm sobre o nosso folclore tecnológico [Veja edição UFO 139, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. O fenômeno pode ser algo muito maior e mais extraordinário do que simplesmente um bando de aparelhos voadores entrando e saindo da atmosfera. Creio que as experiências feitas tanto em Hessdalen como na Patagônia mostram justamente isso ao registrarem fenômenos luminosos extraordinários que interferem em nossa realidade com manifestações que impactam também a relação de sentido que as testemunhas têm do mundo.
Mas quando esses objetos não são sólidos, o que podem ser, afinal? Podem ser, por exemplo, alguma forma de manifestação energética. Por que não? Podem ser algum tipo de consciência cuja densidade material está mais próxima do plasma do que de algo físico. Deduzo isso em função do comportamento que demonstram, pois são fenômenos que sugerem alguma espécie de curiosa inteligência — que pode ser algo maior do que apenas uma forma de tecnologia. Estou de acordo com Vallée também quando diz que “o Fenômeno UFO é muito mais do que metais e parafusos”. Essa visão, que busca explicações tecnológicas para um fenômeno que as transcende, pode estar nos cegando para coisas muito maiores. Poderia estar aqui a ponta de um iceberg, alguma forma de consciência que conseguiu manipular a matéria em níveis que para nós parece magia. Ou talvez esses fenômenos tenham capacidade de manusear campos de força que modifiquem o tempo e o espaço. Por isso, temos que obter cada vez mais dados e não temer especular sobre eles com boas ideias.
E os chamados grays [Cinzas], onde se encaixam nesse complexo cenário? Esse tipo de alien também tem tronco, membros, pescoço e cabeça, ou seja, também são humanoides. Os antropólogos que fazem projeções de como será o homem no futuro, daqui a milhares de anos, o ilustram sem cabelo, com maior capacidade craniana e musculatura reduzida, talvez por ser menos usada em função da tecnologia que teremos — esse é o protótipo dos cinzas. Podemos falar muitas coisas em termos teóricos, mas o importante é compreender a realidade material de que esses fenômenos existem e que podem representar visitas de viajantes do tempo ou de seres de outras realidades existenciais, imperceptíveis aos nossos sentidos. É como se fossem de uma dimensão na qual seriam capazes de cruzar distâncias e obstáculos — físicos ou não — para chegarem até aqui, realizarem tarefas que desejam e depois se retirarem.
Pesquisa ufológica oficial
Perfeito. Falemos agora um pouco da pesquisa que as Forças Armadas chilenas fazem do Fenômeno UFO e de como participam nos debates a seu respeito, como é o caso do capitão Rodrigo Bravo Garrido. Como é essa interação dos ufólogos civis com os militares de seu país? É extremamente pacífica e produtiva, como exemplifica o caso de Bravo, que é do Exército chileno e, no entanto, assim como muitos outros militares, é também um ativo ufólogo com excelente relacionamento com a comunidade civil. Eu o conheci em 1997, quando ele me pediu colaboração em seu primeiro trabalho de Ufologia, um concurso literário para a Escola Militar, no qual conseguiu primeiro lugar. Depois disso ele tem demonstrado muita determinação para pesquisar UFOs e, graças a sua iniciativa e interesse pessoal, ajudou a sensibilizar de maneira determinante a Defesa chilena quanto ao assunto. Como se sabe, as forças armadas, como organismos públicos e dependentes de um estado, têm suas prioridades decididas por suas chefias, mas muitas dessas instituições se movem por pressão popular ou da imprensa. Isso pôde mais uma vez ser evidenciado em fevereiro de 2007, quando convidamos o capitão Bravo para fazer palestra na X Jornada de Ufologia de Viña del Mar, onde também esteve palestrando o editor da Revista UFO A. J. Gevaerd. Ele foi com autorização de seus superiores e apresentou um trabalho excelente sobre casos em que UFOs se envolveram com aviões civis e militares [Veja edição UFO 132, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Bravo teve respaldo de seus superiores e de colegas militares, e sua participação no evento ajudou a sensibilizar o meio científico.
O capitão expôs um aspecto delicado da casuística ufológica, aquele em que manifestações do fenômeno envolvem pilotos militares e civis como testemunhas. Você conhece muitos registros como esses em seu país? Sim, são vários casos e alguns muito polêmicos, como o do então capitão Danilo Catalán, que em 1979 perseguiu um UFO com avião F-5. Segundo conta Catalán, era um objeto triangular muito grande. Depois do ano 2000, surgiu outra testemunha do mesmo incidente, o general Hernán Gabrielli, que afirma ter acompanhado Catalán em seu voo, mas em outro caça a jato. Gabrielli corrobora que o artefato media cerca de um quilômetro. Ainda entre os casos ufológicos aeronáuticos, o capitão Bravo me ajudou a finalizar a pesquisa de um acontecimento de 1992, do qual tínhamos um relato e um vídeo gravado no centro de Punta Arenas. Era uma grande estrutura aérea cercada de muitas luzes e passando lentamente, conforme mostra a filmagem de Paula Muñoz. Bravo encontrou o operador de rádio do aeroporto local, que disse que o objeto foi detectado pelo radar movimentando-se a grande velocidade — e os dados do radar davam o tamanho do UFO como sendo de cinco quilômetros! Isso sim é um caso ufológico complicado, como são muitos outros no âmbito da aviação, conforme se pode ver na obra Ufologia Aeronautica [Chile Libros, 2010], que Bravo lançou recentemente.
Considerando tantas ocorrências envolvendo UFOs e aeronaves militares em seu país, você crê que o governo chileno esteja escondendo algo do público? Há ainda alguma comissão secreta de investigação em andamento no Chile? Não acredito que hoje haja qualquer comissão secreta no país, mas também não acho que o governo chileno veja o assunto UFO como prioridade. Lá temos um órgão oficial de pesquisas ufológicas, o Comité de Estudios de Fenómenos Aéreos Anómalos [Comitê de Estudos de Fenômenos Aéreos Anômalos, CEFAA], que analisa as informações provenientes do mundo aeronáutico e de outros segmentos. O comitê é bem transparente e aberto aos pesquisadores civis chilenos. Mas acho que também é preciso levar o assunto para o meio acadêmico, criar um debate sério sobre os dados obtidos e sua pesquisa.
E qual é a percepção que o público chileno tem hoje sobre os UFOs? A sociedade do país tem muito interesse pelo assunto. Quando comecei a me apresentar na televisão chilena, fazendo sua divulgação, nunca pensei que os resultados sobre a população seriam tão bons. Hoje há uma grande aceitação do tema e as pessoas relatam seus casos abertamente, sem receio, apesar de ainda haver muita contaminação pela imprensa. Muita gente está bastante familiarizada com o Fenômeno UFO no Chile, e por isso, na hora de fazermos uma pesquisa, não é raro que nos contem episódios envolvendo sondas, naves-mães etc — muitas vezes, admito, como um “ruído de fundo” causado pela intensa divulgação que a mídia faz. Por isso, hoje damos prioridade à análise de evidências, como fotos e vídeos.
A visão que busca explicações tecnológicas para um fenômeno que as transcende pode estar nos cegando para coisas muito maiores. Poderia estar aqui a ponta de um iceberg, alguma forma de consciência que conseguiu manipular a matéria em níveis que para nós parece magia. Ou talvez esses fenômenos tenham capacidade de manusear campos de força que modifiquem tempo e espaço.
Sobre o congresso de Peruíbe no qual você se apresentou, em abril passado, qual foi a impressão que teve do evento e do público que lá compareceu? Foi realmente extraordinário ver pesquisadores e autoridades de uma cidade unidos na busca de resposta para o Fenômeno UFO, e mais ainda ver uma população ansiosa por conhecer a fundo esse tema. Algo significativamente positivo. O fenômeno permite romper diferenças e fronteiras, leva a refletir, a filosofar e a fazer um profundo exercício de meditação sobre nossos modelos de realidade. Com ele podemos ver a nós mesmos de fora e preencher espaços de nossa cultura aprendendo novas disciplinas. Por isso, penso que em um evento como o de Peruíbe, que ajuda a convergir interessados e ufólogos, se gera um espaço único para o entendimento.
Para finalizar, você gostaria de deixar alguma mensagem para os leitores da UFO? Gostaria de parabenizar os leitores da UFO por apoiarem esse importante meio de difusão da realidade ufológica, pois sabem que é vital fornecer informações de qualidade sobre ela, como a UFO faz. A publicação é um espaço único para debater e redescobrir esse importante fenômeno.