Um dos mais respeitados estudiosos de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs) do planeta, o químico Ademar José Gevaerd, 50, tem na Ufologia uma paixão. Em 1983, com 21 anos, fundou – e até hoje é presidente – do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), a maior entidade do gênero no mundo, baseada em Campo Grande (MS). Em 1985, fundou a Revista UFO, da qual é editor desde então. A publicação é a única sobre Ufologia existente no país, com 28 anos de duração, e a mais antiga em circulação entre suas congêneres, recordista em longevidade e tiragem. Nesta entrevista à Semana Online, Gevaerd fala do preconceito com que o tema ainda é tratado pelo mainstream da ciência, da seriedade com que é analisado por governos e militares e da necessidade de expandi-lo para toda a sociedade.
Um setor da sociedade ridiculariza a Ufologia. O que o senhor diria para essas pessoas? Digo que elas devem buscar urgentemente se informar a respeito do tema. Não é mais cabível que uma pessoa se manifeste dessa maneira. No passado quem falava de discos voadores eram apenas os ufólogos, muitas vezes vistos como excêntricos. No entanto, há anos governos, setores científicos e militares tem se manifestado admitindo e, às vezes, até defendendo a origem extraterrestre do Fenômeno UFO.
Que governos admitem abertamente este fenômeno? Existem vários países que investigam os discos voadores oficialmente. No nosso continente, o Uruguai, desde 1979; o Chile, desde 1997; o Peru, desde 2002; o Equador, desde 2004; a Argentina, desde o ano passado. Estive em todos estes países entrevistando militares que estão à frente dos programas ufológicos.
Como fica o Brasil neste cenário? No Brasil as investigações oficiais tiveram inicio em 1954. O Brasil é um dos primeiros países a se pronunciar oficialmente sobre a questão. As pessoas não têm informação e por isso falam que este é um assunto de louco. Em 1954 a elite militar brasileira criou o primeiro inquérito oficial de investigação de OVNIs. Em 1969 o Brasil voltou a tratar do assunto oficialmente com a criação do Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani), organismo de atuou até 1972 com dezenas de investigadores civis e militares e que produziu milhares de páginas de documentação registrando ocorrências ufológicas, inclusive pousos de discos voadores observados com testemunhas. Essa documentação está desclassificada, liberada para a população graças a uma manifestação que a Revista UFO fez em 2004 para pedir que o governo agisse de maneira transparente em relação ao tema.
Ainda assim, o mainstream científico rejeita a ideia da origem extraterrestre dos OVNIs. A ciência rejeita corporativamente a Ufologia. Mas há indivíduos altamente qualificados que admitem estarmos sendo visitados por outras espécies cósmicas. Por exemplo, o astrofísico norte-americano Michio Kaku – um dos mais notórios defensores da pluralidade dos mundos habitados – tem feito declarações bombásticas. O fato é que este preconceito cientifico não é recente e não vai acabar tão cedo. Campo Grande é um exemplo.
Por que? Em 06 de março de 1982 houve um caso de observação coletiva de disco voador sob o estádio Morenão, em Campo Grande (MS). Havia 23.500 pessoas naquele jogo entre Operário e Vasco. Todas viram um objeto cilíndrico, com quatro luzes nas laterais pairando a algumas dezenas de metros sobre o estádio. Quem estava nas arquibancadas mais elevadas pode ver o objeto quase de frente. Metade da cidade viu, pois era uma noite calorenta de sábado. O objeto atravessou Campo Grande de norte a sul. Milhares de pessoas viram o que aconteceu dentro do estádio de futebol Pedro Pedrossian, que nós sabemos pertencer a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Eu pergunto: quantos professores ou alunos da UFMS pesquisaram esse caso? Nenhum integrante daquela comunidade acadêmica se interessou. Esse é o tipo de atitude que a gente denuncia. Há um preconceito, completamente ignorante, que não faz nenhum bem à sociedade e que a distancia da verdade sobre esse tema. Isso tem que acabar. E está acabando. Até o Vaticano tem falado abertamente a respeito de vida em outros planetas.
O que o Vaticano tem dito? O Vaticano é a entidade que mais tem informação sobre UFOs. Hoje o Vaticano está entre as instituições que mais abertamente fala sobre o assunto. O astrônomo oficial do Vaticano, um padre com pós-doutorado em estrelas binárias (José Funes), disse há dois ou três anos que é evidente que os extraterrestres existem, que eles são nossos irmãos e que não reconhecer a existência de outras espécies mais avançadas no universo é menosprezar a capacidade criativa de Deus.
Por que – em uma época em que qualquer celular é uma máquina fotográfica – há tanta dificuldade em se obter provas cabais da existência dos discos voadores? A Revista UFO recebe cerca de 100 fotos por mês. As pessoas fotografam qualquer coisa achando que são discos voadores. Uma gotícula de ar ou de água próxima da lente resulta em um falso efeito. Há certos fenômenos naturais que também geram enganos. De cada 100 relatos que recebemos, 90 descartamos de imediato. Os outro
s 10 exigem investigação com método, a partir do que acabamos excluindo mais sete ou 8. Restam de dois a 3 casos inexplicáveis. Cabe ao ufólogo o imenso trabalho de separar o joio do trigo.
Há muita fraude também não é? A cada dia que passa recebemos coisas mais aperfeiçoadas. Mas, ao mesmo tempo em que essas técnicas são aperfeiçoadas, também se aperfeiçoam as nossas técnicas para identificaras fraudes. Temos na Revista UFO um grupo de análise de imagens bem estruturado, com cerca de 20 pessoas. São técnicos, peritos, professores, astrônomos, pilotos, gente que se especializou em analisar fotografias de UFOs. Tudo que é publicado na UFO atualmente é analisado por esse pessoal. Os 2 a 3% de imagens que não conseguimos explicar sempre nos surpreendem. As pessoas registram nas suas câmeras objetos estruturais, discos, naves grandes.
O senhor pode citar um caso recente que lhe impressionou? Estamos lidando neste momento com uma fotografia feita por um copiloto da TAM que registrou um objeto em alta velocidade que parou ao lado de sua aeronave por alguns segundos. São imagens de altíssima credibilidade. No entanto, é importante que as pessoas saibam que em Ufologia uma foto não vale mais do que mil palavras. Você pode me apresentar uma fotografia de um UFO legítimo, mas desfocada, feia. No entanto, o seu relato pode ser mais importante. Na Ufologia é mais importante o número de testemunhas e o tempo da observação do que uma imagem.
Ainda há dificuldades em obter relatos de tripulações comerciais? Sim, pois muitas delas não têm ideia do que está acontecendo. Há dois anos o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito publicou no Diário Oficial da União uma resolução determinando que os registros de discos voadores feitos por tripulações aéreas e pelo pessoal de controle de tráfego aéreo devem ser centralizados no Comando Brasileiro de Defesa Espacial e, depois de uma análise, enviados ao Arquivo Nacional para conhecimento público. Isso quer dizer que se um piloto tiver uma observação ele pode registrar, pois tem amparo de uma resolução do comando da Aeronáutica. Milhares de registros de ocorrências surgiram assim.
Em todos os seus anos de Ufologia, que caso mais lhe intrigou? Indiscutivelmente o Caso Varginha. Apesar do que muita gente imagina é um dos casos mais sérios e, muito provavelmente, um dos mais bem documentados. Aconteceu na madrugada de 19 para 20 de janeiro de 1996, quando um grupo de testemunhas em alguns pontos da área rural da cidade viu um UFO em processo de queda. Na manhã seguinte mais de 100 pessoas avistaram as criaturas nos arredores da cidade, pensando se tratar de algum animal selvagem. Algumas chegaram a apedrejar as criaturas, que exalavam um cheiro muito forte, tinham um metro e pouco de altura, estavam com os corpos nus, tinham uma pele viscosa, marrom escura, com as veias do pescoço, do ombro e da parte superior dos braços muito saltadas. Essas criaturas foram perseguidas por bombeiros e por soldados do exército. Dezenas de pessoas viram os bombeiros capturarem uma delas com uma rede. Outra foi capturada com as próprias mãos pelo soldado Marco Eli Chereze que, vinte dias depois, morreu inexplicavelmente de infecção generalizada. Esta criatura foi levada a um Posto de Saúde e, posteriormente, ao Hospital de Varginha, fato presenciado por inúmeras testemunhas. Mesmo assim o Exército diz que nada aconteceu.
Há uma diferença grande entre acreditar em vida em outros planetas e em OVNIs não é? Sim, há uma diferença. Para entender bem isso é preciso analisar o próprio estado em que a humanidade está hoje. Faz uns 60 anos que nós exploramos o espaço. Em 1969 nós colocamos astronautas na Lua. Há milhares de satélites orbitando a Terra e outras centenas viajando pelo espaço e registrando dados universo afora. Fazendo exploração espacial. Ora, se nós somos capazes de fazer isso é evidente que outras espécies mais avançadas sejam. Estamos limitados ao nosso quintal espacial. Quantas civilizações existem no universo? Não sabemos. A chave desta questão é pensar que a humanidade está espalhada por inúmeros planetas, como se alguém tivesse semeado vida ali. Em alguns planetas a vida floresceu mais rápido. Há inúmeras civilizações mais avançadas e menos avançadas que a nossa.
Via de regra o cinema tem retratado os alienígenas como uma ameaça. Por que? Os Estados Unidos sempre viram o fenômeno como uma ameaça. Foram eles que deram início à política de acobertamento de informações. Desde que eles puseram as mãos em um disco voador – em Roswell – eles pensaram: “Opa, tem coisa séria aqui. Tem uma tecnologia avançadíssima. Se esse troço se voltar contra nós, nós não temos defesa. A população não pode saber\’\’. Tratar o tema de maneira jocosa é uma estratégia desde então.
Ouça o áudio completo da entrevista, na parte inferior esquerda da página da Revista Online, clicando aqui.
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