Caminho irresponsável?
Inicio esta coluna respondendo às duras críticas do leitor Lauro Nascimento, endereçadas à revista. Reconheço que ele possa ter razão em alguns pontos, porém, as bases de sua argumentação se fundamentaram em premissas equivocadas. Não se bate um prego com martelo de borracha. A Revista Ufo não percorre “caminhos irresponsáveis” nem trata o assunto de forma “criminosa”, como alegou o leitor. Sua função é publicar tudo aquilo que diga respeito ao tema, se não como fatos, ao menos como informação, mesmo não concordando com as opiniões e textos dos autores. É por isso que ela está há 20 anos no mercado.
Nesse papel, a revista pode cometer seus pecados, é verdade, mas para isso foi criado o cargo de ombudsman, um permanente exercício de autocrítica e reavaliação. Ao leitor, cabe desenvolver o senso de discernimento para estabelecer as suas próprias convicções. Mas pode estar certo de que nos bastidores da revista trava-se uma acalorada e persistente discussão sobre os rumos da Ufologia e da própria Ufo. As divergências são pontuais, tratadas com respeito e dentro dos princípios éticos de direito de opinião. Pode ter certeza também de que todas as críticas, desde que construtivas e bem fundamentadas, são levadas em consideração. Ocorre que – e o leitor inteligente sabe disso – a Ufologia é um autêntico teatro non sense com um cenário surrealista, onde os sentidos são postos à prova e a consciência lançada a dimensões metafísicas. Nela, nada é mensurável ou conclusivo, exceto nossa ignorância diante desse universo desconhecido. O leitor reclamante, portanto, tem o direito de expressar sua insatisfação, porém não pode fazê-la de forma ofensiva.
Turismo ufológico?
Quanto à Ufo 98, minhas observações estão contundentes. Em Mundo Ufológico, a nota Novidade nos Confins do Sistema Solar comete um erro. O nome Sedna é uma homenagem a uma deusa do povo Inuit, e não de uma divindade grega. Ao final dessa mesma nota, o comentário sobre a “leviandade dos astrônomos de falar na impossibilidade da existência de discos voadores provenientes de outras civilizações”, além de descabido, foi de uma infelicidade extrema. Um assunto não tem nada a ver com outro. Para fechar, Fim dos Dinossauros Traz Revolução Científica é outra daquelas notinhas insossas, fora de propósito e sem conteúdo útil.
A chamada da entrevista com o físico Tony Taylor é inconclusiva, pois não há provas de vida em Marte, mas sim indícios de que, no passado, pode ter havido algum tipo de vida. E se ela chegou à Terra, como pressupõe o entrevistado, isso não tem nada a ver com panspermia, que é o desenvolvimento da vida microscópica a partir de condições favoráveis à sua reprodução. A matéria Edgar Mitchell Revela o que Sabe não revelou nada, já que ele apenas emitiu suas opiniões a respeito da vida e dos programas espaciais. Seu interesse pela Ufologia não é novidade e sobre isso nada foi acrescentado ao que já é do conhecimento de todos.
E não é que Ufologia virou atração turística? Já não basta o episódio de Varginha para estimular a prefeitura local em difundir o turismo na cidade, agora é a vez de Conservatória (RJ) levar o título de “uma das cidades com maior intensidade ufológica do país”. E, não por coincidência, a cidade é próxima da Serra da Beleza, principal palco de observações do co-editor Marco Petit, que acaba de lançar o Projeto Contato, rebatizado de UFO Turismo. Estou pensando seriamente em abrir uma agência de turismo ufológico…
Forças invísiveis?
O relato contido na matéria O Caminho do Skinwalker, à página 43, é hilário. Uma figura invisível que “deixa marcas na água e faz barulho por onde pisa?” Depois se lê: “Os Sherman dizem que algo invisível podia ser visto se movendo no meio dos animais”. E tem mais: o tal do Terry disparou em duas criaturas mesmo tendo visto apenas uma, mas ouviu o barulho da queda da que estava na árvore quando ela caiu! E depois os três homens perseguiram o que não viram, achando estranho não terem encontrado qualquer traço de sangue! Dá para acreditar numa coisa dessas?
Em Busca de Respostas, o leitor Francisco Baqueiro acredita que certos contatos telepáticos ocorrem não com os ETs, mas com as próprias naves, que seriam como seres vivos. Não satisfeito, acredita também que, dependendo da intensidade do sinal telepático, nós podemos interferir na rota dessas naves. Sem comentários. E depois tem leitor achando que sou crítico demais, que pego pesado…