por Carlos Reis
UFOs, panis et circences…
Sai mês, entra mês e a discussão que já começa a me aborrecer continua: a Ufologia está-não-está estagnada! Vamos deixar claro que a Ufologia, quando aparece na tevê, no rádio, na imprensa, na mídia, enfim, não significa que esteja evoluindo, apenas que está em alta. Isso que é muito diferente! E diante das circunstâncias, é também muito perigoso, porque os meios de comunicação são a armadilha perfeita para derrubar qualquer tentativa de dar à Ufologia a condição que ela tanto busca, a de um estudo com status de ciência. Não foi na tevê que perguntaram ao entrevistado, não por coincidência o editor de Ufo, qual era o grau de lucidez de um ufólogo? A Ufologia se presta muito bem a esse tipo de prática carniceira por parte de um determinado segmento da imprensa, escrita ou falada. Por mais credibilidade e respeito que se queira passar, do outro lado está um poder que derruba governos. E pulverizar o tema é questão de minutos.
Faço esse comentário inicial porque tenho recebido correspondências indelicadas. São comentários jocosos, debochados, tanto em relação à própria Ufologia como à postura de determinados pesquisadores. Estar em evidência significa estar vulnerável a toda sorte de ataques. Um exemplo que dou é a carta enviada pelo leitor Fernando Luiz, a respeito daquele – exorbitante – número de 570 milhões de abduzidos [Matéria Tratamento para Abduzidos, de Ufo 88], sugerindo que a revista patrocinasse um desfile GBS, de grays, blues e simpatizantes. Gracejos à parte, certas matérias dão mesmo margem a este tipo de piada. E do outro exemplo nem vou divulgar o nome do leitor, mas a tônica de sua mensagem é a mesma: piadas sem graça, gozação, falta de educação e muita ignorância. Deveria ter continuado quieto no seu canto. Então aqui vai um recado final: o leitor tem o direito de escrever o que quiser, mas não vou mais usar este espaço para responder a cartas que forem de tão baixo nível.
Alto Nível — Mas pelo menos baixo nível não é o que temos na Ufo 90. A entrevista com Royce Myers [Diálogo Aberto] foi esclarecedora em muitos aspectos e reforça a preocupação exposta acima. A matéria de J. J. Hurtak e sua esposa Desiree, A Origem e Trajetória do Homem, foi de ótima qualidade. Mas faço uma ressalva: em nenhum momento o texto fez vínculo direto da história do homem com a existência de ETs, deixando apenas uma possibilidade quanto a isso. A rigor, seu tema é para a antropologia, e não Ufologia. Mas vale como apêndice cultural. A inserção do box A Ufologia Ainda Não Agrega Espírito e Razão, de Roberto Herrera, na matéria que assino na edição, foi feliz e muito oportuna. Uma colocação lúcida que merece ser trabalhada e discutida futuramente.
Infelizmente, entretanto, já não posso dizer o mesmo para a matéria Paraná, Observações de UFOs se Espalham pelo Estado, de Júlio César Goudard. Não sei a quem responsabilizar, se ao autor que não sabe escrever ou à Redação que fez vistas grossas, o que acho improvável. Mas o que há de erros de concordância, ortografia, gramática e diagramação é impressionante. Se o autor está preparando um livro, como diz a nota ao final da matéria, é bom ter à mão um time competente de revisores. A crase continua dando um verdadeiro baile na Redação, que insiste em deixá-la ausente onde é necessária para colocá-la em lugares errados! Isto não é mais um puxão de orelha, é bronca pesada. Em Mundo Ufológico, a nota sobre mutilações cometeu um erro: “…comunidade ufológica norte-americana acerca…” E há mais um corte na coluna Ombudsman, que prejudica o entendimento. Na página 40, no Pseudo Esclarecimento, a frase correta era “não dispunha de elementos suficientes para apresentar uma conclusão definitiva”.