Dia após dia, mês após mês, a Ufologia ganha mais espaço no Brasil, ao contrário do que vem ocorrendo noutros países. Aqui, por própria natureza, o Fenômeno UFO parece não só estar “mais presente”, mas também parece influenciar diretamente a população, mística de natureza, a aceitá-los com menos reservas.
Hoje, vemos ressurgir no país uma Ufologia séria, compenetrada de seu papel junto à sociedade e, mais ainda, atenta às suas movimentações. Isso ocorre agora diferentemente de como ocorreu há 10, 20 ou 30 anos atrás. Por volta dos anos 50, quando a disciplina que estuda os UFOs foi “trazida” ao Brasil, seus pioneiros passaram a fazer pesquisas sérias e objetivas sobre o assunto, onde não havia espaço algum para sensacionalismo. Muitas organizações pioneiras surgiram, de 1954 até 1965, entre elas o CICOANI (Centro de Investigação Civil de OANIs), pioneiro absoluto no Brasil, a SBEDV (Sociedade Brasileira de Estudos sobre Discos Voadores), a ICCS (Irmandade Cósmica Cruz do Sul), CBPCOANI (Centro Brasileiro de Pesquisas Confidenciais sobre OANIs), ABECE (Associação Brasileira de Estudos das Civilizações Espaciais) e o CPDV (isso mesmo: o Centro de Pesquisas de Discos Voadores, que nada tem a ver com o CPDV de hoje – o Centro para Pesquisas de Discos Voadores).
Mas, por mais sérias e dedicadas que fossem, tais organizações e seus dirigentes pioneiros falharam em algo imprescindível: a criação de novos talentos para continuar seus trabalhos. Assim, aos poucos, tais entidades iam tornando-se caducas (com raras exceções), ora por faltar assunto, ora por diminuírem suas atividades ao mínimo, ora por distanciarem-se de seus propósitos iniciais. Como seus dirigentes não criaram ou cultivaram outras pessoas para prosseguir seus trabalhos, tais entidades fecharam ou continuam até hoje só no papel, pois nenhum tipo de atividades reais desempenham no momento – também com duas honrosas exceções, uma para a SBEDV e outra para a ICCS.
MUDANÇA DE RUMO – Já a partir do fim da década de 60 e início da de 70, as coisas mudaram no Brasil. Em parte acompanhando o movimento de outros países, mas principalmente trilhando seus próprios rumos (ao contrário do que havia até então), a Ufologia Brasileira passou a ser algo mais dinâmico e participativo. Talvez isso tenha ocorrido devido à verdadeira avalanche de informações sobre contatos ufológicos que começavam a assolar o país. Mas é certo que, seja o que for, algo fez com que os adeptos desta disciplina se multiplicassem, já em pleno fim da etapa mais rígida da ditadura militar.
Foi nesta ocasião, por volta de 1972, que foram publicados os principais livros de Ufologia que existem até hoje em nossa parca literatura, todos traduções de mais de 15 ou 20 anos, e talvez tenha sido esse o elemento incentivador do surgimento de mais grupos de pesquisas e de estudiosos individuais. A situação favoreceu o surgimento também de um tipo peculiar de organização ufológica: o dós estudantes de 2- grau e universitários. Ao contrário de como aconteceu no período anterior, quando os organismos eram formados em sua maioria por engenheiros, professores, médicos e outros profissionais já de idade madura, a partir de 1972 os grupos eram de estudantes aficcionados por Ufologia, geralmente jovens talentosos, embora sem muita metodologia de pesquisa ou conhecimento mais profundo.
Naturalmente, esse tipo de pesquisa ocasionou uma “virada” na Ufologia: embora mais democrática e espalhada, esta era menos consistente e científica.
MAIS LIBERDADE – Com o desenvolvimento cada vez mais crescente “deste tipo de Ufologia”, as noções de técnicas de pesquisa, metodologia e a consistência do assunto UFO foram cada vez mais substituídas por estudos entusiásticos, sem embasamento profundo, e por uma divulgação mimeografada. Era crescente, já perto dos anos 80 e nos primeiros anos desta nova década, o número de pequenos grupos de adolescentes que se dedicavam ao assunto nos fins de semana, e que imprimiam seus resultados em boletins e outros folhetins mimeografados — alguns excelentes, mas a maioria péssimos…
Como resultado desse processo, no princípio dos anos 80 a Ufologia tinha muito pouco ou quase nada daquilo que era há 20 ou 30 anos atrás. Principalmente por falta de treinamento de jovens talentos, que prosseguiriam o trabalho sério dos pioneiros, mas também pela excessiva popularização da Ufologia, esta disciplina chegou ao seu auge de inconsistência como área de estudo metodológico e sério — e por que não dizer “científico”? — nestes gloriosos anos que iniciaram a década.
Some-se a isso o surgimento de dezenas de movimentos por todos os cantos do Brasil, propalando idéias confusas sobre contatos premeditados com extraterrestres – tidos para seus líderes como verdadeiros “irmãos espaciais” e coisas do gênero.
Estes movimentos fizeram ainda mais estragos a Ufologia, que mesmo assim ampliava sua penetração na Sociedade – só que, desta vez, dentro de um processo errôneo de conscientização popular, que levou muita gente (e ainda leva) a crer que os alienígenas que nos visitam sejam “salvadores” ou entes preocupados com nosso bem-estar e coisas do gênero.
RECUPERAÇÃO – Crescia assustadoramente o número de “contatados” no Brasil, pessoas que, segundo afirmam e quase nunca provam (há algumas honrosas exceções), podiam manter contatos com ETs a qualquer hora do dia e da noite, e onde bem entendessem. Alguns desses senhores – e haviam (como ainda há) senhoras também – chegaram a passear com alienígenas nas praças das grandes capitais, ou mesmo a tomar cerveja em bares, em sua companhia… As estórias contadas, inclusive na TV, o que fez a Ufologia ser mais desprestigiada ainda, eram incríveis e arrastaram pequenas multidões até há bem pouco tempo atrás.
Por alguma razão, também ainda não de todo explicada, as mesmas multidões que se embebedavam com estórias maravilhosas de seres iluminados que estariam dispostos a ajudá-las em seus conflitos sociais (razões centrais desta fuga que direcionava tais pessoas a encontrar na Ufologia sua salvação), passaram a ver a coisa de modo diferente. Muitas encontraram conforto noutros endereços, outras da Ufologia que seguiam por ver que a estória não estava lhes sendo bem contada… Um ritmo de maior conscientização voltou a aflorar, e este processo foi por si só causando um peneiramento sem precedentes no Brasil, ao ponto de hoje (já quase no início da década de 90 e apenas há uns poucos 6 ou 7 anos do “pico” do movimento de contatados) estarmos vivendo um dos momentos de maior seriedade da Ufologia Brasileira – e certamente uma das ocasiões em que sua divulgação atingiu níveis mais elevados e abrangentes.
NOVA ERA – Estamos vivendo, de fato, uma “nova era” para a Ufologia. Hoje, fins de 1989, estamos retomando a seriedade perdida, mas continuando a manter um nível desejável de abrangência e democracia na prática da Ufologia. Os grupos ufológicos existentes – e são quase duas centenas, dos quais 3 ou 4 têm alto nível de especialização – estão desenvolvendo um trabalho sério e conseqüente, e sua distribuição geográfica atinge quase todos os estados da União.
Paralelamente a isso, simpósios, congressos e eventos cada vez. mais profundos e conscientizados, com públicos igualmente avançados, estão ocorrendo mês-a-mês no país, dando oportunidade a discussões cada vez mais produtivas sobre os UFOs. E nessa esteira, novos e jovens talentos estão surgindo em palcos de congressos ou por traz de artigos que vêm sendo publicados pelo país afora.
Também a divulgação ufológica cresceu perto de 300% nestes últimos anos; desde 1985 quase tudo o que se publicou sobre UFO no país tenha saído do escritório do CPDV ou das canetas de seus colaboradores e associados em todo o Brasil, através de revistas como Ufologia Nacional & Internacional e PSI-UFO, de nossa responsabilidade editorial, foi a partir da instalação das revistas UFO que a Ufologia ganhou um fôlego maior, dando vazão a enorme quantidade de informações existentes no Brasil e exterior.
Hoje, ao lançarmos UFO n- 8, damos ainda mais um passo para consolidarmos tal posição: acabamos de fechar o primeiro ciclo de nossas publicações, que prevê o lançamento de uma edição de UFO alternada com uma de UFO ESPECIAL e uma de UFO DOCUMENTO. Pois bem, UFO nº 7 circulou nos meses de abril, maio e junho, sendo seguida por UFO ESPECIAL nº 3, que circulou nos meses de maio, junho e julho, e por uma nova estreante, a revista UFO DOCUMENTO nº 1, que acaba de ser lançada e teve circulação nos últimos três meses. Assim, fechamos nosso primeiro ciclo, tendo cada edição atingido a cerca de 21 mil pessoas, somando mais um recorde à Ufologia e ao trabalho editorial do Centro para Pesquisa de Discos Voadores (CPDV) e Grupo Editorial Paracientífico (GEP).
Doravante, nosso esforço será concentrado no sentido de lançarmos todas as publicações – UFO, UFO ESPECIAL e UFO DOCUMENTO – juntas, no mesmo mês. Só assim poderemos elevar ainda mais o nível de discussão do assunto e atingirmos um estágio mais produtivo para divulgar a problemática ufológica. E será o leitor – você – que verá a importância disso em bem pouco tempo, pois cada leitor é um ufólogo potencial, e mais que isso: uma pessoa consciente da importância do Fenômeno UFO para toda a nossa Sociedade planetária.