O Brasil esteve muito perto de ser uma nação que, pelo menos sob o ponto de vista ufológico, poderia ser considerada vanguardista. Perdeu esta chance ao ver o deputado paraense Vic Pires Franco rejeitar o Projeto de Lei número 2324, de seu colega alagoense João Caldas. A proposta visava imprimir seriedade às discussões ufológicas que ocorrem no país, e foi descrita na edição passada de UFO. Pessoalmente, fiquei profundamente decepcionado com a maneira irresponsável e tola com que o deputado do Pará tratou a Ufologia. Quando deu parecer contrário à aprovação do projeto de Caldas, Pires demonstrou total ignorância sobre um assunto de gigantesca envergadura, capaz de mobilizar grandes potências do mundo, ser tema de imensa literatura e de inúmeros congressos internacionais, além de mobilizar líderes religiosos, cientistas e militares como raramente se vê com outros temas.
Os discos voadores, todos sabemos, já foram a causa de grandes projetos governamentais de investigação que envolveram especialistas de todas as áreas e promoveram acirradas discussões, que vão desde a Física avançada até interesses de segurança nacional e outras abordagens. Ora, é ridículo que um representante do povo, tal como Pires, ignore um assunto que nos últimos 50 anos tem mobilizado todo o planeta na busca de uma compreensão para nossa origem e existência. A Ufologia, não vê o deputado, é capaz de dar resposta a tão vastos e inquietantes mistérios. Infelizmente, atitudes como essa desacreditam totalmente nossos políticos. Uma alienação de tal porte compromete seriamente a inteligência e lucidez de alguém que deveria zelar pelos interesses maiores do povo. E não apenas no sentido das necessidades básicas da vida (alimentação, saúde, segurança e educação), mas também – e até com certa ênfase – para uma dignidade cultural que, em última análise, é o fator decisivo do progresso e civilização de um povo.
Portanto, é sob todos os aspectos lastimável e digna de pena a visão do ilustre deputado paraense acerca da transcendente questão extraterrestre. A menos que sua excelência esteja fazendo um certo jogo obscuro, atendendo a interesses estranhos à sua nobre missão, como encobrir certas realidades a fim de manter o povo encabrestado, servil e submisso a certos padrões de cultura que só servem a escusos interesses, nem sempre patrióticos. Seria Vic Pires um agente do famigerado acobertamento ufológico? Atitudes como a desse deputado causam-nos profundo desalento quanto à capacidade, inclusive intelectual, de nossa classe dirigente. Especialmente no sentido de que possam cumprir a missão de gerir o progresso e desenvolvimento, sobretudo cultural, de um povo já tradicionalmente subculturado, como é o nosso.
Afora a extrema corrupção que enlameia nossa política, ainda somos obrigados a suportar essas atitudes obscuras, com sabor de ignorância e alienação, justamente por parte daqueles a quem caberia o papel de criar condições favoráveis para se mobilizar os recursos oficiais do Estado no sentido de se investigar um fenômeno de tão profundo e abrangente interesse para toda a Humanidade, tal como se afigura a questão ufológica. Em apoio ao protesto que move a Comunidade Ufológica Brasileira contra esse estúpido boicote do nobre deputado, quero deixar registrado neste espaço meu repúdio à sua atitude retrógrada e, até certo ponto, suspeita. Menosprezar um assunto que vem despertando tamanha celeuma em governos como o da França, Itália, Chile, Rússia, Argentina, etc, é no mínimo falta de informação e bom senso.