Por A. J. Gevaerd
Recentemente recebemos uma carta que dizia o seguinte: “UFO até que enfim tomou rumo, parou De malhar o Trigueirinho e parece que quer ir pra frente. Mas tudo isso custou muito para a revista, desde a perda de leitores até sua paralisação por quase um ano”. Não vamos publicar aqui o nome de seu remetente, mas sua carta mostra duas coisas que não tínhamos visto antes: primeiro, que há leitores insatisfeitos com a conduta editorial de UFO (até o ano passado, pelo menos) e, em segundo lugar, que há leitores que acreditam que tal conduta resultou na paralisação da revista.
Já deveríamos ter observado tais tendências de nossos leitores antes, mas, em meio à confusão do segundo semestre de ano passado, com tamanha crise por que passamos, estávamos como que cegos para isso. E urgente, então, que esclareçamos agora alguns pontos que podem ainda estar sendo mal interpretados por nossos leitores. Um deles diz respeito ao Sr. Trigueirinho, sobre quem publicamos várias matérias apresentando-o como um mentiroso, aproveitador e farsante. A edição que veiculou tais matérias foi a de n° 16, que vendeu em bancas – acredito que justamente por isso – excepcionalmente bem. No entanto, a edição seguinte, de n° 17, já apresentou uma venda medíocre, quase que metade da anterior. Isso mostrou-nos claramente que, ao denunciarmos o Sr. Trigueirinho, estávamos tocando em muitas feridas, inclusive entre nossos leitores, que simplesmente deixaram de comprar a UFO no mês seguinte (e nos outros) por causa disso.
Oras, uma revista deve defender uma conduta editorial – e a nossa é a de mostrar todos os lados de alguma determinada questão. Como exemplo damos o artigo de Milton Cooper, que causou alvoroço em 91 e fez a edição n° 10 simplesmente esgotar-se. Fato inédito. Pois em edições seguintes, publicamos artigos mostrando os outros lados da história de Cooper, artigos de autores que viam as coisas diferentemente. Esperávamos que isso fosse acontecer também com o Sr. Trigueirinho (sobre quem, até hoje, os autores daqueles artigos têm a mesma opinião, documentada em fatos). Mas nada. Esperávamos que alguém, algum pesquisador de Ufologia ou não, apresentasse para publicação um ou mais artigos a favor ou defendendo o referido senhor. Mas isso não ocorreu. Ninguém fez sua defesa, ninguém mandou artigos. E UFO ficou com a imagem desgastada, perdeu leitores e espaço, unicamente por defender seu princípio editorial. Se tivéssemos recebido um único artigo que falasse bem dos eventuais feitos do Sr. Trigueirinho, o teríamos publicado, sem dúvidas, até para fomentar uma discussão sadia. É disso que vivemos, de eternos confrontos.
UFO não malhou o Sr. Trigueirinho por que seu editor quis assim. UFO não agrediu este senhor para satisfazer nenhum ego. E, sobretudo, UFO não foi paralisada pelos resultados de tais artigos. Esta revista simplesmente publicou artigos assinados por autores que se responsabilizam pelo que dizem, como em qualquer outra revista. E UFO publicou tais matérias por achar necessário que a mensagem daqueles autores fosse veiculada, já que eram denúncias graves. Em virtude disso, queremos enfatizar e deixar bem claro aos leitores e aos diversos segmentos da Ufologia Brasileira, que continua sendo nosso firme propósito, desde nosso recomeço em abril, continuarmos firmíssimos em nossos princípios. Se tivermos que publicar matérias denunciando algo ou alguém, nós o faremos, esperando com isso contribuir para o esclarecimento da Ufologia. E estaremos essencialmente abertos para quaisquer debates ou para revisões de conceitos emitidos.