Os ufólogos brasileiros voltam a fazer história durante o V Fórum Mundial de Ufologia (II UFOZ 2013), quando um grupo civil pedirá formalmente ao Governo Federal que seja o país membro a propor à Organização das Nações Unidas (ONU) a reabertura do debate sobre o Fenômeno UFO em escala global. O ato se dará por meio de um documento assinado por todos os presentes ao evento, intitulado Carta de Foz do Iguaçu 2013, que será endereçado ao Ministério das Relações Exteriores e, consequentemente, à Administração Dilma Rousseff.
A ação é coordenada pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e mais uma vez é lançada pela Revista UFO, constituindo uma nova etapa da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que, desde que foi lançada, em 2004, já conseguiu inúmeras vitórias para o meio — entre elas a liberação de 4,5 mil páginas de documentos ufológicos sigilosos e a realização da primeira reunião entre os membros da Comissão e representantes das Forças Armadas, que ocorreu a convite do Ministério da Defesa em 18 de abril passado [Veja edição UFO 202, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
Os UFOs nas Nações Unidas
A primeira vez que se levou o tema UFO à ONU ocorreu em 1965, quando o então secretário-geral U Thant recebeu um documento do ufólogo húngaro naturalizado norte-americano Colman VonKeviczky, na época diretor da Rede Analítica e Internacional de Pesquisa de UFOs, expondo suas preocupações quanto a uma possível ameaça extraterrestre. “Membros de uma sociedade extraterrestre estão conduzindo operações coordenadas de reconhecimento do nosso planeta. Até o momento, o comportamento dessas inteligências parece ser neutro, mas o nosso desconhecimento de suas reais intenções deve nos fazer ficar alertas. O assunto UFO é mais perigoso do que parece”.
Durante o V Fórum Mundial de Ufologia, de 21 a 24 de novembro, em Foz do Iguaçu, a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) lança nova investida pela abertura ufológica, agora pedindo que o Brasil seja a nação a propor a reabertura das discussões sobre UFOs nas Nações Unidas.
Mas foi em meados dos anos 70 que o primeiro ministro de Granada, um dos menores países do mundo, sir Eric Gairy, iniciou um lobby para levar o Fenômeno UFO para a agenda de discussões da ONU. A audiência oficial sobre o tema acabou sendo realizada no Comitê Político Especial do órgão em 28 de novembro de 1978, durante a 32ª Assembleia Geral. Granada propunha a criação de uma agência ou departamento da ONU para tratar formalmente da presença alienígena na Terra. Cerca de um ano antes, em discursos feitos em 30 de novembro e 06 de dezembro de 1977, Granada já demonstrava seu interesse pelo assunto — e isso culminou com a Decisão 32/424 das Nações Unidas, que aceitava a solicitação do país caribenho para a discussão do tema.
Desinteresse global
Na ocasião, o secretário-geral Kurt Waldheim levou a proposta ao plenário e convidou países e agências especializadas com interesse na questão ufológica a participarem do painel. Infelizmente, no entanto, apenas três governos — Índia, Luxemburgo e Seychelles — e duas agências internacionais — a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) — responderam ao convite, e mesmo assim de forma neutra.
Mas em uma nova investida, agora durante a 33ª Assembleia Geral, um grupo de reconhecidos cientistas e militares foi levado pela delegação de Granada para dar seu testemunho antes do início da audiência do Comitê Político Especial. Entre os convidados estavam J. Allen Hynek, Jacques Vallée e o tenente-coronel da Força Aérea Norte-Americana (USAF) Lawrence Coyne, protagonista de um caso de quase colisão entre um UFO e seu helicóptero, em 1973. Também foi apresentada uma carta escrita pelo astronauta norte-americano Gordon Cooper. Com o sucesso da empreitada, na 87ª Reunião Plenária da Assembléia Geral, em 19 de dezembro de 1978, a Decisão 33/426 foi adotada e pretendia “estabelecer uma agência ou departamento dentro das Nações Unidas para investigar, coordenar e disseminar os resultados das pesquisas sobre os UFOs e seu fenômeno”.
A Assembleia Geral da ONU convidou os países membros a tomarem as ações apropriadas para realizar a pesquisa do tema, além de informar ao órgão sobre os resultados obtidos. Ficou decidido que o Comitê para Uso Pacífico do Espaço Exterior do órgão permitiria que Granada apresentasse suas propostas em 1979, e que seu relatório fosse acolhido na 39ª Assembleia Geral — a iniciativa daquele país estava gradualmente abrindo as portas para uma investigação internacional do Fenômeno UFO. Mas, infelizmente, o esforço caiu abruptamente por terra quando o governo de sir Eric Gairy foi tirado do poder pela revolução marxista de Maurice Bishop. E o novo governo de Granada ainda lançou uma campanha de descrédito contra Gairy, afirmando que ele era adorador de vodu. Desta forma, a Decisão 33/426 da ONU nunca foi implementada.
Agora uma nova iniciativa
A ideia de levar a questão ufológica às Nações Unidas ficou estacionada por mais de 30 anos, até que uma nova tentativa será feita agora pela Comissão Brasileira dos Ufólogos (CBU), esperando o apoio do Governo Federal. A Carta de Foz do Iguaçu 2013, a ser enviada ao Ministério das Relações Exteriores, sugerirá que o Brasil requeira formalmente à ONU que retome o debate. O editor A. J Gevaerd disse que, “ainda que seja remota a possibilidade, a ideia é buscar firmemente que a ONU reinicie as discussões e também abrir os olhos da sociedade para o tema”. A Carta será protocolada no Ministério das Relações Exteriores ainda neste mês.
A última iniciativa de algo assim ocorreu em 1992, quando um grupo de pesquisadores — entre eles o físico nuclear canadense Stanton Friedman, correspondente internacional da UFO em seu país — pediu que as Nações Unidas implementassem a resolução de 1978, que pretendia criar um agência dentro da ONU para tratar dos discos voadores. A tentativa novamente foi em vão. “Quando o contato entre nós e as civilizações extraterrestres ocorrer, a primeira pergunta a ser feita será: quem vai falar pelo planeta Terra? A resposta tem que ser: as Nações Unidas”, declarou Friedman.
E foi neste sentido que, em 1980, durante seu pronunciamento de abertura da 42ª Assembleia Geral, o presidente norte-americano Ronald Reagan disse com todas as letras: “Às vezes eu me pergunto como ficariam as diferenças entre as nações terrestres se nos víssemos diante de uma ameaça extraterrestre? E ainda: será que essa ameaça já não está entre nós?” Bem, a Ufologia Brasileira, por meio da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), agora dá mais um grande passo em direção à liberdade de informações, dessa vez extrapolando os limites nacionais e deixando claro que não vemos a presença alienígena na Terra como ameaça, mas como esperança.