Por Thiago L. Ticchetti,
coeditor da Revista UFO
Há 30 anos a Revista UFO dava seus primeiros passos, em uma época em que a Ufologia já despertava muito interesse na sociedade e em vários governos. Já tínhamos conhecimento do Caso Roswell, da Operação Prato, da Noite Oficial dos UFOs no Brasil e de muitos outros clássicos da Ufologia Brasileira e Mundial. Mas ao passo que os casos ufológicos se multiplicavam, a situação para os militares, que insistiam em negar o fenômeno, se tornava cada vez mais difícil. Como alegar ignorância de algo que estava ocorrendo em todo o mundo? Como explicar tais acontecimentos? O acobertamento militar da presença alienígena na Terra era uma solução já utilizada pelos governos de todo o planeta há décadas, mas a máscara uma hora iria cair.
Aqui no Brasil, a Revista UFO teve papel fundamental nesse momento. Ela estampou em suas capas revelações e eventos fantásticos, muitas vezes desconhecidos do grande público, sobre a ação de outras inteligências em nosso meio. Mas faltava algo que poucas publicações haviam conseguido antes e que atualmente só a UFO mantém — revelações de militares sobre suas experiências com discos voadores. Isso ocorreu já em sua terceira edição, em meados dos anos 80, quando a revista saiu com informações inéditas sobre o Caso Roswell. Anos depois, em UFO 10 — a mais vendida até hoje —, o norte-americano Milton William Cooper causava estupor ao afirmar que o governo norte-americano trabalhava lado a lado com alienígenas.
Com o passar dos anos os países começaram a abrir os seus arquivos, tais como França, Bélgica e Inglaterra, ao passo que os Estados Unidos estavam sendo forçados a mostrar seus documentos secretos através da Lei de Liberdade de Informação — mas do jeito deles, isto é, liberando páginas e mais páginas totalmente riscadas de preto, impedindo que se conhecesse seu conteúdo. Mesmo sem termos aqui uma lei como àquela, na época, UFO continuava a desbravar esta seara de segredos e a mostrar ao mundo que os militares tinham muito a dizer, apesar do medo de alguma punição.
Se hoje são numerosos os militares que vieram a público revelar suas experiências com discos voadores, isso devemos à Revista UFO, que com sua credibilidade os fez se apresentar. A publicação está escrevendo a história da Ufologia Brasileira
O primeiro a vir a público nesta revista para contar suas fantásticas experiências foi o coronel Uyrangê Hollanda, responsável pela maior investigação oficial do Fenômeno UFO de que se tem notícia até hoje, a Operação Prato. Com seus relatos publicados em diversas edições, a revista alçou um patamar internacional e se situou entre as mais consagradas do mundo. Atrevo-me a dizer que foi a UFO quem encorajou muitos outros oficiais das nossas Forças Armadas a também revelarem seus casos sem temer serem ridicularizados.
O que antes era algo impensável se tornou realidade e cada vez mais militares davam seu depoimento à revista. Estamos falando de coronéis, generais e brigadeiros da Aeronáutica, por exemplo, que revelaram o que sabiam à UFO — como na entrevista desta edição. Tivemos publicadas nas páginas da revista revelações feitas, entre outros, pelos ex-ministros Octávio Moreira Lima e Sócrates Monteiro, além de declarações bombásticas do coronel Antonio Celente Videira (“As observações vivenciadas por aeronautas do mundo todo são suficientes para constatar a presença de ETs em nosso espaço aéreo”) e do brigadeiro José Carlos Pereira, que presidiu a Infraero (“É hora de encerrar o segredo aos UFOs e mostrar a verdade à sociedade”). Isso tudo ocorreu na Revista UFO.
Também não posso deixar de citar meu próprio pai, o coronel Luiz Mauro Ticchetti, grande entusiasta da Ufologia, e mais recentemente o meu sogro, coronel Marcelo Hecksher, que relatou pela primeira vez o contato que teve com um objeto voador não identificado a bordo de um caça Xavante — ambos reconhecem nesta publicação o veículo ideal para virem a público. Foi por meio da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, outro marco na trajetória da publicação, que esses militares e tantos outros se engajaram na causa máxima da Ufologia Brasileira, a abertura.
Peço aos leitores que façam um exercício de memória e tentem se lembrar se há 10 ou 15 anos havia por aí militares como os que hoje falam abertamente sobre o Fenômeno UFO e até participando de congressos ufológicos? Pois é. Não é nenhum exagero dizer que a Revista UFO foi a grande responsável por sua vinda a público, causando grande desenvolvimento à Ufologia Brasileira e levando-a a ser reconhecida globalmente. A seriedade e o comprometimento desta publicação com seus leitores, e principalmente com aqueles que fazem parte de seu dia a dia, é responsável por tudo isso — só uma grande publicação teria esse respaldo. São 30 anos de muita luta, milhares de textos, entrevistas e investigações publicadas. Que venham mais 30, mas que todos saibam que não estamos apenas vendo a história.