por Marco Aurélio de Seixas
A Ufologia na era da banda larga
Em tempos de internet, tudo acontece em todos os lugares ao mesmo tempo. Embora sejam indissolúveis e considerados um continuum pela Teoria da Relatividade, podemos afirmar, sem exagero, que o tempo, em essência, triunfou sobre o espaço. A vertiginosa velocidade da informação determinou a adoção de novas ferramentas de avaliação de qualidade e credibilidade para as manchetes que nos chegam a cada segundo. A rapidez e o custo zero da comunicação oferecida pela internet favorecem a propagação viral de um infindável número de boatos e falsas notícias, que são repassados adiante pelos crédulos e aproveitadores.
É inegável que a rede mundial seja um caminho sem volta e terá uma participação cada vez mais ativa em nossas vidas. Estatísticas mostram que, em um dia comum, trafegam pela rede, em todo o mundo, mais de 12 terabytes de dados por segundo — um volume incalculável de informação. Se digitarmos o termo “disco voador” no Google, por exemplo, em menos de um segundo somos apresentados a mais de 560 mil páginas. Como papel e teclado aceitam tudo, na busca honesta por dados ufológicos de qualidade, iremos nos deparar com bizarrices e imbecilidades, como tiazinhas, bilus, comandantes galácticos de aparência nórdica e canalizações piegas, trafegando bit a bit com ciência pura.
Dispomos atualmente de modernos softwares de computação gráfica, ferramentas de edição de imagens facilmente disponíveis. O reverso da moeda se dá quando espertalhões delas se utilizam para publicar na rede mundial imagens e filmes de UFOs tão espetaculares quanto fraudulentos — esse ardil é desastroso para a Ufologia séria, que oferece ao ceticismo um lado vulnerável.
E diante de um fato novo, o que faz a mídia? Em seu afã pelo insólito, dá voz para charlatães e desqualificados, alguns dos quais portadores de sólidas credenciais acadêmicas — que se acreditam verdadeiros guardiões do conhecimento científico. Com queixo erguido e olhar de desdém, despejam opiniões definitivas sobre algo que minimamente viram ou estudaram. Julgam-se infalíveis e carecem de humildade para reconhecer a própria ignorância. Quando confrontados, perpetuam conceitos que, de tão velhos, criaram teia de aranha.
Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade. Então, o mundo terá uma geração de idiotas – Albert Einstein
Enfim, adquirir conhecimento através da internet é um campo minado, uma vez que a ciência se vale do método e da pesquisa formais. Porém, com bom senso, discernimento e uma densidade mínima de neurônios, é possível extrair informação relevante que permita traçar uma linha de raciocínio lógico, impedindo que uma bomba de sectarismo irracional estoure debaixo de nossos pés.