Por Fábio A. Gomes
Contatados
Cláudio Tsuyoshi Suenaga
Biblioteca UFO, 2007
Cláudio Suenaga — infelizmente desaparecido do meio ufológico há anos — foi um dos precursores do uso do método científico aplicado às ciências humanas na Ufologia Brasileira. Formado em história e com mestrado abordando o tema ufológico, em Contatados ele traça um panorama das abduções com visão crítica e rara lucidez. Sua narrativa procura focar eventuais “explicações humanas” para os relatos dos abduzidos, tecendo comparações de visitas de civilizações extraterrenas com, por exemplo, literatura fantástica — muitas vezes encontrando semelhanças intrigantes.
Suenaga aborda desde os primeiros casos de contatados, como Adamski, Fry, Bethurum, Angelucci, Tassel, Monguzzi e Menger, que relatam ter se encontrado com ETs de Vênus, Marte e outras paragens do Sistema Solar preocupados com os rumos que nossa civilização estaria tomando. Outro episódio curioso tratado pelo autor é o de Aladino Félix, contatado brasileiro que estava convencido de que sua missão era governar o mundo — inclusive chegou a adotar a estratégia de praticar atentados em plena ditadura militar, confundindo o governo, que pensava serem de esquerda aquelas ações. Suenaga aponta que aproximadamente metade dos atentados realizados nos maiores centros urbanos era obra de Aladino Félix.
Outro acontecimento que requer atenção é o de João de Freitas Guimarães, figura pública paulista que admitiu um contato com extraterrestres — fato raríssimo, tratando-se de uma pessoa conhecida da sociedade. Já outro caso bastante intrigante é o de Artur Berlet, um gaúcho que só conseguiu se comunicar com alienígenas depois que iniciou o colóquio em alemão — um dos ETs teria dito “deutsch?” a ele e estabelecido contato nesse idioma. A desconfiança de Suenaga é de que, por ter sido uma história referendada por militares — como o irmão de Ernesto Geisel, ex-presidente durante o regime militar —, possa ter sido alvo de uma campanha de desinformação. Naquela época se valorizavam contos fantásticos e se zombava da Ufologia, propensa a elaborar argumentos sólidos para explicar a vinda de aliens ao nosso planeta. Pensava-se que, com o tempo, ao se adotar esse procedimento, o assunto cairia no descrédito da população — na prática, foi o que aconteceu.
Enfim, Contatados é leitura mais que obrigatória para quem quiser estudar Ufologia com visão crítica, sem cair na vala do senso comum e caminhando de forma segura na seara de informações contraditórias que caracterizam esse tão fascinante tema [O livro é código LIV-018 da Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br].
As Digitais dos Deuses
Graham Hancock
Record, 2001
Graham Hancock pode ser chamado de honesto: declara que não tem formação em arqueologia, mas estuda o assunto com afinco de fazer inveja até a acadêmicos da área. Como não é do ramo, suas teorias são pouco levadas em conta pelos arqueólogos profissionais. Também pudera: o autor aventa hipóteses muito além do que essa ciência imagina avançar — e afirma ter evidências da presença de uma civilização que habitou a Antártida há 15 mil anos.
Hancock vê indícios de pontos culturais em comum desde os toltecas até os chineses, passando pelos egípcios. Mas como uma civilização avançada pode ter existido justamente na Antártida? O autor baseia-se nos mapas do almirante turco Piri Reis, que, por sua vez, seriam cópias de outras cartas ainda mais antigas que retratariam a Terra de 10 mil anos atrás — inclusive com o contorno exato do continente, descoberto oficialmente apenas no século XIX.