A Ufologia perde dois homens que a ajudaram a se transformar no que é hoje
O luto tem rondado a Ufologia, levando de nosso convívio homens e mulheres que a ajudaram a construir com sólidos alicerces. Recentemente, a perda irreparável dos norte-americanos Wendelle Stevens e Zecharia Sitchin e dos brasileiros Irene Granchi e José Victor Soares causou imensa dor à Comunidade Ufológica Mundial. Sensação idêntica de vazio voltou em agosto com a notícia do falecimento, dia 11, de Paulo Fernando Kronemberger, e dia 21, de Budd Hopkins — homens que, de maneiras distintas, mudaram a forma como praticamos e entendemos a Ufologia. Graças a eles, a presença alienígena na Terra passou a ser mais conhecida, assim como as intenções de nossos visitantes se tornaram um enigma menos hermético.
Kronemberger faleceu de infarto aos 71 anos em São Paulo. Ele era da segunda geração da Ufologia Brasileira, da qual se destacou por ter dado a ela um novo impulso nos anos 80 e principalmente 90. Controlador de voo aposentado, artista plástico, poeta e escritor, ele nunca foi exatamente um pesquisador do Fenômeno UFO. No entanto, o incremento que proporcionou ao tema foi algo que nunca se vira antes e poucas vezes se viu depois dele em nosso país. Fascinado por Ufologia e tendo vivido experiências pessoais, ao se aposentar Kronemberger se lançou na aventura obstinada de transformar o assunto em algo de conhecimento das massas. E assim realizou uma série de eventos de Ufologia por todo o Brasil que mudaram decisivamente a maneira como o tema era encarado.
Público superior a mil pessoas
Chamada de Semana do Realismo Fantástico, a série teve pelo menos 30 eventos que chegaram a atrair públicos superiores a mil pessoas em capitais de norte a sul. Foi dele também a organização da segunda e da terceira edições do Congresso Internacional de Ufologia, em 1983 em Brasília e 1986 em São Paulo, repetindo o extraordinário sucesso da primeira edição, de 1979, produzida pelo também saudoso general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa. Ele trouxe ao Brasil nomes como J. A. Hynek, Richard Haines, J. J. Hurtak, Leo Sprinkle, Fábio Zerpa, Joaquim Fernandes, Virgílio Sanchéz-Ocejo e muitos outros.
Faleceram em agosto dois integrantes da Ufologia, um no Brasil e outro no exterior, que mudaram a forma como a praticamos e entendemos a presença alienígena na Terra. Graças a eles, trabalhando de maneiras distintas, o Fenômeno UFO passou a ser mais popular e as intenções de nossos visitantes, mais sondáveis.
Mas talvez um de seus maiores méritos, entre tantos, foi o de reconhecer e valorizar velhos talentos da Ufologia Brasileira, assim como descobrir e lançar novos nomes, ainda anônimos. Foi graças às suas ações que surgiram inúmeros ufólogos hoje conhecidos por seu trabalho no Brasil e exterior. Esse editor e o coeditor Marco Petit são bons exemplos. Nossas primeiras oportunidades de mostrar o que vínhamos fazendo, ainda em nossa pós-adolescência, nos foram dadas por Paulo Fernando Kronemberger em várias cidades do Brasil. Chegamos a fazer palestras, ainda com menos de 20 anos, para públicos imensos em Belo Horizonte e São Paulo — naquela época, apesar das atuais facilidades proporcionadas pela internet, os eventos tinham audiência consideravelmente maior do que os de hoje.
Kronemberger fez justamente aquilo que faltou aos pioneiros da primeira geração da Ufologia Brasileira: levar o assunto, já tão desenvolvido no país graças à qualidade do trabalho destes últimos, para o grande público, abrindo mentes e acordando a sociedade para a importância da presença alienígena na Terra. Ele teve uma de suas inúmeras poesias — escritas com inspiração espiritual ou alienígena, como acreditava — encerrando a novela Além da Vida, da Rede Globo, e seu marcante exemplo de vida seguirá inspirando os ufólogos brasileiros.
Mais do que a ponta do iceberg
Budd Hopkins faleceu em um leito de hospital de Nova York aos 81 anos, em decorrência de um câncer de fígado e suas complicações. Ele já vinha enfrentando problemas de saúde há anos — o que, no entanto, não o impediu de continuar seu trabalho de investigação das abduções alienígenas, que ele perscrutou como ninguém desde os anos 80. É graças a ele que hoje sabemos um pouco mais do que apenas a ponta do gigantesco iceberg que se esconde por trás desse mistério. Hopkins foi um dos primeiros a se dedicar à pesquisa dos sequestros e a nos mostrar o que representavam, quando ainda eram objetos de suspeita até mesmo por parte de ufólogos reconhecidos.
Não há a menor dúvida de que as abduções alienígenas não são uma simples experiência de raças curiosas, assim como é certo que os abduzidos são escolhidos por alguma razão específica, que ainda nos resta conhecer. Há um plano meticuloso por trás desse processo
— Budd Hopkins
Vencendo obstáculos naturalmente difíceis, especialmente o ceticismo, levou-nos a compreender que está em andamento um plano extremamente bem definido de aproximação de outras espécies cósmicas da Terra, e que o principal “sinal” desse processo são as abduções. Sua obra é enorme, porém dela se extrai, com destaque, os livros Testemunho Oficial [Educare, 1996] e Intrusos [Record, 1991] — este que serviu de base para a produção do filme homônimo Intruders [1992], popularizando as abduções clássicas e também as visitas de dormitório [Veja artigo nesta edição].
“Operário da Ufologia”
Fundador da Intruders Foundation, Hopkins também era artista plástico, hipnólogo, conferencista e escritor. Mas era, antes de tudo, um pensador que parecia sintonizado com o pensamento de nossos visitantes extraterrestres, porque suas conclusões sempre se provavam corretas. Ele esteve várias vezes no Brasil apresentando seu trabalho e demonstrando que progredia incessantemente em suas pesquisas, ano após ano. Era um homem que conhecia as abduções a fundo — e não apenas sua parte técnica, mas também, e principalmente, a humana. Hopkins tinha conexão com as testemunhas e sabia como ninguém interpretar aquilo que surgia nas hipnoses e em casos pesquisados sem ela. E quando expunha seu conhecimento sobre o assunto, o fazia com humildade e didática. Ele era um verdadeiro “operário da Ufologia”. A Revista UFO faz uma homenagem a Budd Hopkins ainda nesta edição.