Por Renato Azevedo
Um novo cometa e as mesmas bobagens
Em 10 de dezembro passado, o astrônomo Leonid Elenin detectou pela primeira vez um novo cometa, imediatamente batizado com seu nome, como é tradição na astronomia. Para isso foi utilizado o telescópio de controle remoto ISON, localizado em Mayhill, no Novo México, operado por Elenin a partir de sua base em Lyubertsy, Rússia. Astrônomos de todo o mundo e a NASA mantêm o Elenin sob vigilância, e se sabe que ele cruzará o Sistema Solar Interior — entre o Sol e Júpiter — em um grande arco em sua trajetória parabólica, pois se trata de um cometa de grande período. Ele virá do espaço exterior e para lá retornará. Sua órbita deverá se completar em algumas dezenas de milhares de anos, segundo a NASA.
Contudo, o Elenin não deverá propiciar um grande espetáculo, pois não é dos cometas mais brilhantes. Em sua máxima aproximação da Terra, em 16 de outubro, estará a 35 milhões de quilômetros de distância, sendo visível somente com instrumentos e em locais escuros. Lamentavelmente, isso foi suficiente para que os mistificadores de sempre espalhassem pela internet novos absurdos — como o de que um suposto alinhamento entre o Elenin, a Terra e o Sol teria provocado o tsunami no Japão de 11 de março. Cometas são corpos de poucos quilômetros de diâmetro e compostos por rocha e gelo — “bolas de neve sujas”, como Carl Sagan os chamou. Ou seja, sua massa é ínfima se comparada com a de um corpo como a Terra, como também é desprezível qualquer influência que possa exercer sobre nosso planeta, ao contrário do que irresponsavelmente se espalha em fóruns virtuais.
Comunidade científica dividida quanto à pesquisa dos exoplanetas
Até 1995, Geoff Marcy era considerado maluco por insistir em um campo de estudo sem futuro: a pesquisa de planetas em outras estrelas. Mas com a descoberta, naquele ano, de um exoplaneta em 51 Pegasi — que ele foi o primeiro a confirmar —, a área rapidamente tornou-se a mais importante da astronomia. Já passamos de 500 exoplanetas confirmados e o telescópio Kepler detectou mais de 1.200 “candidatos” — Marcy foi responsável por encontrar 70 dos primeiros 100 desses mundos. O astrônomo, contudo, demonstrou sua insatisfação com os rumos da pesquisa de planetas extrassolares [Ao lado] no simpósio The Next 40 Years of Exoplanets [Os Próximos 40 Anos de Exoplanetas], realizado em 27 de maio no Instituto de Tecnologia de Massachussets. Ele criticou duramente o documento compilado pelo Conselho Nacional de Pesquisa, que traça o panorama de investimento científico para esta década e que não prevê nenhuma grande missão dedicada ao setor. Para Marcy, o sucesso do telescópio Kepler torna urgente rever o projeto Localizador de Planetas Terrestres (LPT), que sequer é mencionado no documento. Sua edição anterior, de 2001, recomendava o desenvolvimento do LPT pela NASA. Em 2004, o projeto foi transformado em dois, dividindo as opiniões da comunidade astronômica, até que em 2007 foram adiados indefinidamente.
Cortes de verba da NASA decepcionam
Outro alvo dos protestos de Geoff Marcy é o cancelamento da Missão de Interferometria Espacial (SIM), destinada a pesquisar as 100 estrelas mais próximas de nosso sistema. A NASA simplesmente desistiu dele após investir 600 milhões de dólares em projetos e pesquisas — e tampouco o SIM aparece no documento compilado pelo Conselho Nacional de Pesquisa. O cientista alerta que, sem uma missão de porte, os astrônomos caçadores de exoplanetas serão reduzidos à condição de meros compiladores de dados, sem poder pesquisar tais mundos. Sara Seager, a moderadora do simpósio, concordou que, em termos de pesquisa de exoplanetas, a comunidade astronômica se frustrou, ficando sem missões que seriam importantes para o futuro da pesquisa. Mas Marcy também apresentou propostas sugerindo que a busca por planetas habitáveis seja concentrada nas estrelas mais próximas, a até 25 anos-luz de distância. Nossos telescópios poderão brevemente fazer imagens desses mundos e estudá-los, e a próxima geração de sistemas de propulsão espacial pode tornar possível alcançá-los. O cientista também clamou para que a comunidade astronômica se una e cobre uma posição da NASA, para que os planos se tornem realidade.
VANT da Boeing começa fase de testes de vôo
Em 27 de abril e 05 de maio, a Boeing realizou os primeiros vôos de teste com o Phantom Ray, seu novo VANT [Veículo Aéreo Não Tripulado]. A aeronave, com 15 m de envergadura, voou a quase 330 km/h e a uma altitude de 2.300 m, realizando a seguir um pouso perfeito de forma totalmente autônoma na Base da Força Aérea de Edwards, na Califórnia. O Phantom Ray ainda demonstra a eficiência do programa de rápida prototipagem da Boeing, construído após dois anos e meio de projeto. Os testes devem continuar para avaliar as capacidades da aeronave em termos de carga útil e seu desempenho em diferentes missões, incluindo reconhecimento, reabastecimento em vôo autônomo e ataque eletrônico.
Super 8 estréia em agosto no Brasil
Alguns órgãos de imprensa tiveram a oportunidade de assistir, em meados de maio, a 20 minutos do aguardado filme Super 8, do diretor J. J. Abrams — que se realiza ao trabalhar ao lado de Steven Spielberg, atuando na trama como produtor executivo. No filme, que se passa em 1979, um grupo de amigos pré-adolescentes está gravando um filme caseiro quando testemunha um horrendo acidente de trem, seguido de estranhos acontecimentos que fazem a pequena cidade onde vivem ser tomada por militares, que querem a fita — o grupo consegue gravar de relance uma misteriosa criatura. As cenas mostram que o descarrilamento foi provocado por uma picape dirigida por um biólogo que tinha os mapas da linha férrea, e os garotos ainda apanham estranhos cubos de metal do chão. Destaque para a participação de Elle Fanning, irmã de Dakota — que também trabalhou com Spielberg em Taken [2002] e Guerra dos Mundos [2009]. Devemos lembrar que acidentes ferroviários foram o despistamento inventado pelos militares para encobrir os incidentes no filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau [1978], também de Spielberg. Super 8 estréia em 12 de agosto no Brasil.
Consultor de UFO é colunista da UFO Matrix
O consultor da Revista UFO Thiago Luiz Ticchetti, após publicar em recente edição da revista inglesa UFO Matrix um artigo sobre a casuística ufológica da região central do Brasil, foi convidado para assinar uma coluna na publicação. Ticchetti então realizou um pequeno concurso na comunidade da Revista UFO no Yahoogrupos, a Revista UFO Online [http://br.groups.yahoo.com/group/Revista_UFO], para escolher o nome do espaço que manterá, e o vencedor foi Leandro Guerra, de Anápolis (GO). O título sugerido é Insight From South America, e toda a Equipe UFO o parabeniza pelo sucesso. A UFO Matrix é editada pelo também consultor Philip Mantle [Veja entrevista com ele em UFO 161].
Um ambicioso projeto prevê viagem a Alfa Centauri
O astrônomo Marcelo Gleiser, em sua coluna para o jornal Folha de S. Paulo de 12 de junho, reciclou o argumento de que “é muito improvável que alienígenas estejam chegando à Terra, pois uma viagem a Alfa Centauri com nossa tecnologia atual levaria 100 mil anos”. Foi duramente criticado por esta e outras demonstrações de ceticismo. Ao mesmo tempo, o astrônomo Geoff Marcy pede que se façam planos para enviar uma nave ao tal sistema. Marcy fez um apelo ao presidente Barack Obama para que os Estados Unidos se comprometam a enviar uma sonda a Alfa Centauri antes do final deste século — o sistema triplo está a 4,3 anos-luz da Terra e espera-se que a sonda envie fotos e informações sobre ele, seus planetas, cometas e asteróides. De acordo com Marcy, o monumental projeto exigiria uma cooperação sem precedentes com outras nações, e poderia não somente reerguer a NASA como proporcionar valiosas experiências em diplomacia e desenvolvimento tecnológico. Ele afirma que tal empreendimento envolveria cada segmento da sociedade e também excitaria a imaginação das novas gerações, incentivando-as a seguir carreira na ciência.