A importância dos eventos sobre Ufologia
Uma das principais atividades dos ufólogos é a divulgação da existência dos discos voadores à sociedade. Tão importante quanto investigar o Fenômeno UFO é informar a população dos fatos obtidos, dos resultados encontrados, levando até as pessoas a mensagem de que não estamos sós no universo – aliás, que estamos muito bem acompanhados por outras raças. Num país de proporções gigantescas como o nosso, em que os meios de comunicação não atingem todas as camadas da sociedade e onde há muita desinformação sobre Ufologia, os eventos que são realizados a cada ano se tornam ferramentas indispensáveis no processo de popularizar a presença alienígena em nosso planeta – em especial os encontros que têm a capacidade de atrair o público e colocá-lo frente a frente com os estudiosos do assunto.
É exatamente isso que se vê há quatro anos em Araçatuba, no interior de São Paulo, onde o Instituto de Astronomia e Pesquisas Espaciais de Araçatuba (Inape) vem realizando com grande sucesso a série de eventos Cosmos, cuja última edição ocorreu entre 04 e 08 de julho passado. O conclave, no entanto, não trata apenas de Ufologia e tem pouco a ver com os eventos tradicionais onde o tema é abordado. “Nossa intenção é discutir Ufologia e astronomia em alto nível, junto à população”, definiu Gener Silva, consultor de UFO e um dos mentores do programa. Assim, contando com apoio do SESC local, da câmara e da prefeitura municipais, o Inape tem conseguido ineditamente aglutinar sob o mesmo teto experientes ufólogos e renomados astrônomos e astrofísicos – até mesmo o astronauta Marcos Pontes compareceu ao evento deste ano. Como se sabe, historicamente, essas são classes que pouco se misturam, exceto no congresso de Araçatuba.
Festa cósmica — O Cosmos é dividido em três partes. Na primeira, integrantes da comunidade astronômica do país se revezam na explicação técnica dos mistérios do universo. Não raro, apresentam temas de grande curiosidade e bem atuais – como fez o astronauta Pontes, descrevendo detalhes das missões espaciais tripuladas da Agencia Espacial Norte-Americana (NASA). Na segunda, ufólogos ocupam a tribuna para mostrar as novidades na pesquisa nacional e internacional dos discos voadores, com espaço até mesmo para assuntos menos ortodoxos, como espiritualidade e reintegração cósmica. Por fim, uma “festa cósmica” encerra as atividades, num clima de celebração por um trabalho bem feito. Esta é a estrutura básica do Cosmos, que o diferencia dos demais encontros realizados em nosso país.
A importância desse trabalho de divulgação e popularização da Ufologia é notória. Em geral, os organizadores de evento preferem realizá-los nas capitais, onde a certeza de uma boa audiência facilita as coisas. O Inape resolveu fazer diferente em Araçatuba e provou que se pode realizar bons congressos também em cidades do interior. “O mais impressionante no Cosmos é a presença de muitos jovens na platéia e o fato de que eles permanecem assistindo as palestras até quase a madrugada”, afirma o comerciante Wilson Balbo, presidente do Inape. De fato, ano após ano, nota-se que são na maioria jovens secundaristas e universitários que assistem às atividades realizadas em Araçatuba, ao contrário do que ocorre na maioria dos eventos, que têm públicos de maior idade.
No Cosmos de julho, os astrônomos convidados foram Max Faúndez-Abans, que proferiu a palestra Uma Aventura no Conhecimento do Nosso Universo, e Walmir Cardoso, que falou sobre A Astronomia do Zodíaco. Faúndez-Abans é dono de um dos mais sólidos currículos na área, pesquisador titular do Laboratório Nacional de Astrofísica e gerente brasileiro de projeto do consórcio Observatório Gemini. Cardoso é professor do Departamento de Física da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e presidente da Sociedade Brasileira para o Ensino da Astronomia (SBEA). Junto deles, na área de astronomia, esteve o astronauta Marcos Pontes, piloto militar, engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e doutor em sistemas ópticos.
Pontes foi o primeiro brasileiro selecionado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) para participar do treinamento para astronauta da NASA, realizado no Johnson Space Center, em Houston, Texas. Em agosto de 1998, ele passou a integrar a 17ª turma de astronautas da agência, com 32 candidatos e seis de fora dos Estados Unidos – dois são da Itália, um da Alemanha, um da França e um do Canadá, além dele. Em julho de 2004, Pontes recebeu o enviado da Revista UFO Wendell Stein para uma entrevista, na qual revelou seu interesse por Ufologia. Como resultado, acabou sendo convidado e aceitou ser consultor da publicação.
Espiritualidade e reencarnação — Na ala da Ufologia, os convidados deste ano foram Marco Petit, Wallacy Albino, Rafael Cury, Ataíde Ferreira, Nelson Vilhena Granado, A. J. Gevaerd e o próprio Gener Silva. Todos dispensam apresentações. Petit, que desde o ano passado vem editando o jornal Vimana, tratou de um tema polêmico dentro da Ufologia: a associação de extraterrestres com espiritualidade e reencarnação. “Se nossos visitantes são seres de uma natureza semelhante à nossa, é possível que sua evolução se dê através de meios que conhecemos, entre eles a reencarnação”, analisou. O conferencista, co-editor da Revista UFO, lançou recentemente seu quinto e mais controverso livro, homônimo de sua conferência [Veja como obtê-lo na seção Suprimentos de Ufologia]. Na seqüência, Albino, fundador do Grupo de Estudos Ufológicos da Baixada Santista (GEUBS), fez uma avaliação ilustrada dos 58 anos da era moderna da Ufologia.
A intenção do INAPE é discutir Astronomia e Ufologia no interior do Estado de São Paulo, com alto nível e participação da sociedade
Cury, presidente do Núcleo de Pesquisas Ufológicas (NPU), e Granado, autor do livro Dimensionais [Veja Suprimentos de Ufologia], falaram na mesma noite sobre temas opostos – “mas que se complementam”, segundo o último. Cury expôs a maneira como a ciência se comporta frente ao Fenômeno UFO e a manifestação de seres extraterrestres em nosso planeta, enquanto Granado abordou o tema partindo de conceitos do cristianismo e chegando a discutir uma eventual reintegração cósmica da humanidade terrestre. Em ambos os casos, ficou evidente que o entendimento da questão ufológica passa por muitas considerações, e que o fenômeno parece ser bem maior do que a soma de suas partes. “A busca de entendimento deve passar por uma grande reformulação de conceitos históricos, científicos e religiosos”, declarou Cury.
Continuando a jornada, Gener Silva, advogado e astrônomo amador, tratou do tema antropomorfismo universal, mostrando que o formato humanóide, que predomina na comunidade de seres pensantes de nosso planeta, também se espalha pelo universo. O psicólogo Ataíde Ferreira, presidente da Associação Matogrossense de Pesquisas Ufológicas e Psíquicas (AMPUP), apresentou a palestra Influência da Ufologia na Psique Humana, avaliando o impacto que experiências de contatos com aliens causam nas testemunhas, especialmente em circunstâncias – não raras – em que desenvolvem algum potencial paranormal. Gevaerd, encerrando as atividades do Cosmos IV, tratou do espantoso fenômeno das flotillas mexicanas, com a conferência A Definitiva Aproximação dos UFOs a Terra: Contagem Regressiva para o Contato.
Cidadania cósmica — Mais de 600 pessoas compareceram aos cinco dias do evento e receberam uma dose considerável de informação de alto nível sobre temas que têm tudo a ver com o atual estado de evolução da humanidade e dos desafios que ela enfrenta face ao seu próprio gigantismo. O resultado mais notório do Cosmos IV foi a constatação de que congressos no interior, longe dos grandes centros, como o que aconteceu em Araçatuba, estão se transformando em peças de grande importância na formação de uma cidadania cósmica na população. Esse é um processo inevitável pelo qual todos passaremos, e que tem na Ufologia uma etapa imprescindível.