por Rogério Chola
Uma Hiroshima ufológica no lugar do pretendido tsunami mexicano
Inicio este pequeno espaço de reflexão chamando a atenção dos leitores para o constante exagero na utilização de termos inadequados e sensacionalistas na Revista UFO, como “casuística” e “invasão alienígena”, entre outros, nos títulos de artigos e chamadas de capa de suas edições. Não dar margem a erros de interpretação deve ser uma constante no meio ufológico. Isso poder ser visto particularmente na seção Mensagem do Editor da edição 113 – Afinal, Faremos Contatos com ETs? –, onde a ênfase sobre a quantidade de casos ufológicos de um país dá ao leitor a idéia de que há uma “olimpíada ufológica” entre nações. Afinal, se esse ou aquele país se recicla na quantidade de casos, ou se as supostas abduções são raras, o que realmente se pode concluir?
Na referida Mensagem do Editor, embora ao longo do texto existam pensamentos lógicos e válidos, logo no início são colocadas perguntas e apresentadas incertezas para depois se fazer afirmações com convicção quase fanática. Quem duvida ou questiona as assertivas o faz porque desconhece os fatos. Lembro que, até o momento, não tivemos nenhum ser extraterrestre contatando algum ufólogo e lhe dando uma entrevista esclarecedora… Até que isto ocorra, o espaço para a dúvida e o questionamento sempre deverá existir. Também é irritante a constância com que a revista se refere às realizações tecnológicas humanas como “rudimentares”, “primitivas”, “limitadas” ou “insignificantes”, além de ainda afirmar que “só” conseguimos explorar algumas partes do Sistema Solar.
Ora, temos pouco mais de 200 anos de história tecnológica, apenas. O que não teremos em mais 200 anos? Também é perigoso tentar analisar os objetivos da provável inteligência extraterrestre com base em nossa lógica e nos nossos anseios. O Fenômeno UFO envolve duas vertentes de busca – uma de natureza científica e outra de inteligência, no sentido de confronto de informação versus contra-informação. Se vamos precisar reunir todos os dados a respeito “deles” para quando chegarem, isso somente dependerá “deles”.
Saída de emergência — A matéria Um Tsunami Ufológico no México, na realidade, é uma verdadeira “Hiroshima ufológica”. Entendo que o sentimento dos ufólogos é de que os UFOs que aparecem em várias filmagens feitas naquele país – e noutros – sejam realmente naves de origem extraterrestre. Mas até o momento não vimos nenhuma análise técnica por parte dos que defendem essa explicação. Não é porque um fenômeno acontece do outro lado do mundo ou na Lua que não possa ser analisado por qualquer pessoa, em qualquer local. Também, se nenhuma explicação razoável foi estabelecida até o momento, a “saída de emergência” da Ufologia é concluir que são mesmo naves extraterrestres tentando fazer contato?
Ainda sobre o cenário ufológico mexicano, apresentado em UFO 112, a entrevista concedida por Jaime Maussán esclarece vários pontos polêmicos sobre sua atuação. Quem tinha dúvidas ou desconhecia o jornalista deve agora estar mais esclarecido a seu respeito. Mas cito três afirmações que me parecem incorretas quanto ao Caso Campeche. Uma com relação aos ufólogos Claude Poher e James Smith, de como as hipotéticas chamas das refinarias do Golfo do México seriam visíveis. Elas não estariam, pois, obviamente, a distância não permitiria observá-las a olho nu. Os objetos sobre Yucatán somente foram registrados pela radiação térmica que emitiam, captada pelo equipamento Flir. Já sobre a calibragem do equipamento, o que Maussán alega não é um erro no funcionamento do mesmo, e sim sua relação com o plano horizontal – inclinação – da aeronave.
Também não é verdade que ninguém além de Bruce Maccabee analisou o material sobre o Caso Campeche, assim como a assertiva de que Maussán possui o maior arquivo de imagens de UFOs no mundo. E daí?
Crises de ego e preconceitos — Sobre a matéria Bastidores da Invasão Mexicana, de Santiago Yturria Garza, correspondente de UFO naquele país, é de extrema importância conhecer os detalhes apresentados pelo autor – embora, infelizmente, o tenha feito tardiamente. Não vou entrar em pormenores no momento sobre as acusações infundadas de Garza sobre meu trabalho e minha conduta, que extrapolaram o que poderia ser considerado como crítica literária. Apenas lamento que a Revista UFO ceda seu precioso espaço para divulgação de crises de ego e preconceitos emotivos. Espero que a publicação, fazendo isso, não se torne um palco para desabafos pessoais.
Fiquei surpreso com a declaração atribuída a Bruce Maccabee, na página 28 de UFO 112, que contrasta com outra que ele mesmo apresentou em listas especializadas em Ufologia na internet, como pode-se ver no endereço http://members.aol.com/tprinty2/Mexico04i.html. É bom tentar esclarecer no que de fato ele acredita. Por fim, a matéria sobre o polêmico Arturo Robles Gil [Foto abaixo] explica muitos pontos controversos que tenho observado em listas de discussão ufológicas de nosso próprio país. Porém, é importante lembrar mais uma vez que uma coisa é duvidar da realidade do Fenômeno UFO – algo que realmente não tem mais sentido – , e outra bem diferente é afirmar que sua origem é e somente pode ser extraterrestre. Nem mesmo os ufólogos podem permanecer céticos a outras possibilidades. Se todos os relatos apresentados por Gil na referida edição são mesmo de origem extraterrestre, esse homem é um abençoado. Finalizo com um comentário sobre a UFO Especial 34, cuja chamada de capa indica Toda a Verdade Sobre a Captura de ETs em Minas, o que não condiz com a realidade, já que nem o principal investigador do caso afirma isso.