Internet leva Ufologia à Idade Média
O título dessa mensagem pode soar estranho, especialmente quando se tem em mente que a rede mundial de computadores tem promovido um encurtamento efetivo e drástico das distâncias que antes separavam as pessoas. Mas na área da Ufologia, a internet parece ter tido uma função oposta nos últimos tempos – a de afastar as pessoas. A impessoalidade que caracteriza o uso da rede, que não requer que o usuário mostre seu rosto e muitas vezes sequer seu nome, é um empecilho para uma prática ufológica mais saudável. As pessoas que atuam na área, dentro da rede, tendem a usar tal impessoalidade como uma desculpa para falta de educação e ignorância. Isso ocorre principalmente nas listas de discussão, os chamados fóruns virtuais, freqüentados por todo tipo de gente que se interessa pelo Fenômeno UFO – desde veteranos ufólogos a jovens entusiastas recém chegados à área.
A internet favorece o convívio entre pessoas que lidam com o assunto há décadas e aquelas que mal sabem o que significa a expressão UFO. E nem sempre essa convivência é pacífica e ordeira. Um episódio recente envolveu uma das mais espetaculares peças de informação ufológica dos últimos tempos – as filmagens de frotas de dezenas e até centenas de naves no México, que a Revista UFO trouxe do 14º International UFO Congress, realizado em Laughlin (EUA), em março. As imagens são impressionantes e foram imediatamente publicadas no site da revista e propagadas nas listas de discussão, numa tentativa da revista de repartir com a Comunidade Ufológica Brasileira fatos aos quais ela só terá acesso em condições especiais.
As reações observadas após a divulgação das imagens foram surpreendentes. Embora a maioria das pessoas tenha mostrado uma posição de interesse quanto ao assunto, uma minoria de ufólogos – sim, vamos considerá-los assim, por hora – condenou de imediato as imagens e os fatos. Numa atitude semelhante àquela praticada por sacerdotes inquisidores medievais, esses indivíduos atacaram as imagens antes sequer de conhecê-las, visto que o material na íntegra ainda não se encontra na internet e apenas parte dele – por razões óbvias – pôde ser publicado nesta edição. A atitude desses ufólogos foi a mesma dos céticos de plantão: condenar antes de analisar os fatos. Ou melhor, antes mesmo de conhecê-los. Nesse ponto, lamentavelmente, a internet – ou alguns de seus usuários – parece ter saído da Idade Média.