Desde seu aparecimento na época contemporânea, durante a Primeira Guerra Mundial aproximadamente, os UFOs parecem estar jogando um jogo intelectual com a Humanidade. Fazem rápidas e fugazes manifestações, deixam pistas paradoxais e não raro contraditórias, para voltarem a desaparecer. Eles estão brincando de Édipo e a esfinge – eles, a esfinge e nós Édipo.
As pessoas se perguntam por que motivo os UFOs não entram em contato conosco sem darem-se conta de que o motivo é simples: eles esperam que nós entremos em contato primeiro com eles, ou seja, que aprendamos as pistas que estão sendo jogadas aparentemente ao acaso e construamos com elas um quadro coerente. O motivo desse exercício parece ser que, dessa forma, serão desenvolvidas nossas capacidades intelectivas e sensitivas de modo a nos colocar em nível de igualdade com nossos visitantes, podendo dialogar com eles face-a-face.
Porém, se estou certo, nós não estamos desempenhando a contento nosso papel nesse exercício, e quando digo “nós” refiro-me especificamente aos ufólogos, pois é a nós que cabe dar uma solução ao enigma UFO. Sei que muitos de meus colegas discordarão de mim. Entretanto, é um fato indubitável que, após esses tão festejados quarenta anos de pesquisa ufológica, continuamos quase exatamente no mesmo ponto em que estávamos no começo, com a diferença que conseguimos demonstrar a realidade dos discos voadores a nível objetivo. Um mérito que nem chega a ser tão grande se nos lembrarmos que foram eles mesmos quem deram a prova material, em Ubatuba, por exemplo, e entre outros lugares do mundo. Quanto aos ufonautas, continuamos sem saber se eles vêm de outro planeta, de um universo paralelo ou se são viajantes do tempo, ou ainda se seus pilotos são procedentes do Hades. Perdemos tempo em análises estatísticas e querelas pessoais e, massificando os casos à procura de um denominador comum, nos esquecemos de que as informações mais importantes de cada caso só podem ser extraídas a nível individual – pois cada caso é um caso!
Justamente por isso, deixamos passar uma série de contradições em relação aos UFOs que deixam bem claro que o fenômeno não é bem o que aparenta ser e que pecamos por excesso de ingenuidade quando o tomamos ao pé da letra.
UTOPIAS – Desde que se estabeleceu a origem não humana dos discos voadores, os ufólogos vêm insistindo na inutilidade de procurar entender a psicologia dos ufonautas tomando um antropomorfismo grosseiro como metro. Entretanto, quando os ufonautas desembarcam vestidos a Buck Rogers, agindo e falando como seres humanos, ninguém se surpreende. Quando raras testemunhas visitam as sociedades alienígenas e se deparam ou com utopias perfeitas ou com grupamento de eficiência mecanizada, exatamente como os futuristas esperam que seja a humanidade no futuro, ninguém se surpreende. Quando os ufonautas nos contam histórias que poderiam receber o Prêmio Hugo de ficção cientifica, ninguém se surpreende com o antropomorfismo dessas histórias. Ninguém nota o óbvio: que os ufonautas se comportam como esperamos que eles se comportem, mesmo quando são agressivos, e que cada detalhe do que eles nos deixam ver foi retirado da nossa própria ficção científica.
DURANTE QUARENTA ANOS FOMOS CONFRONTADOS COM NOSSA PRÓPRIA IMAGEM REFLETIDA NO ESPELHO DO FUTURO E NOS MOSTRAMOS INCAPAZES DE RECONHECER ESSA VERDADE TÃO SIMPLES!
É óbvio ululante que um cérebro não-humano deve necessariamente assumir um comportamento não-humano. No entanto, quando vemos os seres reptilianos, que são os humanóides tipo alfa, por exemplo, agirem como Flash Gordon no planeta Mongo, não conseguimos ver nisso a menor incoerência. Ora, trata-se de uma contradição berrante!
Hoje já não acreditamos em deuses, anjos e fadas. Então, os seres que outrora se nos apareciam como anjos, deuses e fadas precisariam de uma nova forma de expressão se quisessem manter o contato conosco. Se não acreditamos que possam descer espíritos do céu, o que esperamos que desça de lá? Astronautas que façam experiências com os seres da Terra? Pois que assim seja.
Foi uma coincidência realmente significativa demais que as espaçonaves extraterrestres tenham surgido precisamente quando psicologicamente ingressamos na era espacial. Em nossa arrogância cientificista, julgamos correta NOSSA visão do fenômeno, enquanto que as explicações de nossos ancestrais eram ingênuos erros de interpretação. Ingênuos somos nós que, vítimas de nossa própria vaidade, somos incapazes de reconhecer a projeção de nossa própria imagem especular, sem notar que os discos voadores não são nada disso e que estamos brincando de seguir o canto da sereia, com resultados que podem ser bem mais desastrosos do que pensamos, pois nosso antropomorfismo só nos permite ver os ufonautas de duas formas: ou eles são invasores que querem nos dominar e por isso precisam ser destruídos pelos valorosos terrestres, ou são bondosos seres eticamente evoluídos que podem salvar estes tresloucados seres humanos do suicídio nuclear.
Note-se que a maneira como vemos os presumíveis extraterrestres está inevitavelmente condicionada è maneira como vemos a nós mesmos: se somos maus, eles são bons, se somos bons, eles são maus, afinal, alguém tem de ser o vilão da história. Mas o homem não é bom nem mau, é ambas as coisas ao mesmo tempo. De igual forma, não podemos ter uma visão unilateral de nossos visitantes, ao menos se aspirarmos a um entendimento objetivo com os mesmos. Não será possível compreendê-los enquanto os considerarmos sob uma ótica distorcida.
DIVERGÊNCIAS INÚTEIS – Para algumas pessoas, os discos voadores são espíritos, anjos ou demônios disfarçados para causar a perdição do homem. Inversamente, nosso colega Antonio Huneeus amavelmente colocou à nossa disposição um opúsculo de autoria de um reverendo norte-americano, o qual defende que, de fato, os discos voadores são realmente anjos – porém mandados por Deus para nos alertar do advento do Juízo Final. Do outro lado do campo, o Major Colman VonKeviczky revela os planos secretos dos Estados Unidos e da União Soviética para enfrentarem – se acham que podem – uma guerra com os ufonautas. De outra parte, a roqueira Nina Hagen, que se diz contatada, não está nem um pouco preocupada com a guerra nuclear, porque os ufonautas lhe disseram que vão salvar os humanos que merecerem, levando-os para outro planeta.
Bastam esses exemplos para termos uma idéia de como está o assunto UFO fora dos campos especializados. E quem espera que dentro da Ufologia a situação esteja melhor, engana-se redondamente! Entre os ufólogos, reina a mesma babélica confusão que lá fora. A impressão que se tem é que estamos soterrados num mar de dados técnicos, estatísticas, análises de computador, fotos falsas e verdadeiras, contatado
s e pseudo-contatados, e que não conseguimos mais encontrar a saída. Então, sentamos e esperamos que os ufonautas venham nos dar uma pista qualquer que nos mostre a luz no fim do túnel. Mas eles já fizeram isso. Basta abstrairmo-nos de nosso reflexo no espelho e encontraremos a imagem real dos ufonautas, que, penso, até podem ser realmente extraterrestres.
Mas, poder-se-ia perguntar: qual a finalidade desse baile de máscaras espacial? Até onde me é dado ver, trata-se de um fim prático e objetivo. Personalidades eminentes como Carl Sagan, Arthur C. Clarke e o falecido Jacques Bergier defendem a opinião de que os extraterrestres são tão evoluídos que os antigos não estavam muito longe da verdade quando os chamaram de deuses, julgando-os dotados de poderes sobrenaturais. Um diálogo entre deuses e os seres humanos é, como bem se pode imaginar, mais difícil do que entre nós e os chimpanzés de laboratório, a não ser que nós também nos transformemos em deuses. Jacques Bergier pensava, inclusive, que os extraterrestres haviam programado a evolução do homem para que este se convertesse em deus. Pelo menos a nível de promessa, isso foi dito a nossos antepassados (Gn; III): “Eritsicut dii (Vás sereis mm o os deuses”). Segundo nossa reconstituição dos mitos, um deus é alguém que desenvolveu tod seu potencial psíquico, transcendendo-se a si mesmo.
Para o homem tornar-se um deus, portanto, são necessárias basicamente duas coisas:
a) assimilação pela consciência de todo o inconsciente, inclusive o inconsciente coletivo;
b) o igual desenvolvimento das quatro funções de adaptação (pensamento, sentimento, intuição e sensação). Note-se que ambas as possibilidades são tidas como empiricamente impossíveis pela Psicologia Analítica. Empiricamente impossível significa apenas que nada parecido ainda se verificou, o que não impede que possa se verificar no futuro.
ACHANDO UMA SAÍDA – Um estudo das pistas fornecidas pelos extraterrestres por trás das simulações deixa bem claro que eles pretendem realizar ambas as condições no homem. Se analisarmos os avistamentos e contatos sob a perspectiva da simbologia, veremos que os ufonautas estão usando a linguagem do inconsciente para transmitir ordens e informações à psique objetiva para que esta seja integrada ao consciente. E já se notou que a tentativa de se compreender os UFOs requisita do ufólogo o raciocínio lógico, a intuição, o sentimento e a sensação; portanto, parece estar a todo curso o processo de canonização do ser humano. Ou, se preferirmos, sua deificação.
Esse processo encontra-se minuciosamente preconizado nos antigos sistemas míticos e proféticos. A Astrologia tradicional diz que ele culminará na Era de Aquário, na qual nós já estamos desde 1950. A profecia judaica afirma que o homem se igualaria aos deuses e renovaria os atos descritos no início do “Gênesis”, quando chegassem os tempos messiânicos, no sétimo dia, ao crepúsculo. Em linguagem cabalística, isso significa o ano de 1968. O Budismo diz que isso ocorrerá quando for comemorado o 2500″ aniversário dc Buda.e ele foi comemorado pelos budistas do mundo inteiro em 1964. Embora discordem quanto à data exata, todos os sistemas são concordes, porém, em que nós já estamos nela, na época em que o homem seria transformado em deus.
Resta analisar um quarto sistema profético: o do cristianismo. Cristo disse que o advento do Filho do Homem dar-se-ia com o sinal de Jonas. O Filho do Homem pode ser a criatura que sucederá o honrem na escalada evolutiva, ou seja, o super-homem de Nietzsche e o nosso deus. Quanto ao sinal de Jonas, para compreendê-lo é necessário lembrar que esse profeta, segundo a lenda bíblica, foi tragado por um grande peixe, o qual levou-o cm viagem até o inferno, seja lá o que for isso. O “Talmud” diz que o interior do peixe era tão vasto que Jonas podia ficar de pé como se estivesse num salão. Seus olhos eram grandes e transparentes e, através deles, Jonas via o que se passava no mar. Além disso, havia uma pérola pendurada no teto, que iluminava tudo. Não é preciso muita imaginação para concluir que a lenda está descrevendo algo como um disco voador. O “sinal dc Jonas” refere-se, portanto, à entrada de seres humanos no interior de discos voadores, ou, no jargão ufológico, contatos imediatos de quinto grau. Não foi sem alguma surpresa que nos demos conta de que, falsas ou verdadeiras, as primeiras noticias dc contatos de quinto grau em nosso século datam todas da década de 50, exatamente quando, astrologicamente, entramos na mítica Era de Aquário. Coincidência?