Os mais interessantes casos de avistamento de UFOs e contato com seus tripulantes são aqueles que têm militares como testemunhas. Eles são, também, os mais difíceis de ser investigados, já que as forças armadas costumam fazer o possível, e geralmente também o impossível, para abafar os acontecimentos. O maior e mais emblemático exemplo desse tipo de procedimento é o Caso Roswell, acontecido poucos dias depois do início do que se convencionou chamar de Era Moderna dos Discos Voadores.
O fato é que, gostem ou não as forças armadas, os UFOs parecem ter uma excepcional predileção por instalações militares — principalmente aquelas que contêm arsenal nuclear, pois não são raros os relatos do gênero que vazam, contando sobre avistamentos e até pousos de naves nestes locais. Por outro lado, embora os pesquisadores recebam informações sobre acontecimentos envolvendo militares, raramente as testemunhas vêm a público detalhar suas experiências ou apresentam provas materiais de suas alegações, com medo de represálias.
Ao longo das décadas, os pesquisadores se aproximaram de testemunhas militares e aos poucos conseguiram ganhar a confiança de muitas delas, o que lhes abriu importantes portas para conhecer o modus operandi oficial utilizado nos trabalhos de acobertamento ufológico. Muitas das histórias contadas por tais pessoas mais parecem saídas de contos de terror, e o que choca os pesquisadores, e a todos que se interessam pelo assunto, é o fato de elas serem dolorosamente reais. Em muitos casos parece não haver limites para se sufocar a verdade.
Um UFO no Natal
O entrevistado desta edição da Revista UFO foi um dos protagonistas de um dos mais incríveis casos ufológicos envolvendo militares de todos os tempos, o Caso Rendlesham, também conhecido como Caso Bentwaters. Coronel aposentado da Força Aérea Norte-Americana (USAF), Charles I. Halt nasceu em 1939 e ingressou na Arma na década de 50. Após servir no Vietnã, Japão e Coreia do Sul, Halt foi transferido para a Base Aérea de Bentwaters, em Suffolk, Inglaterra, no início da década de 80.
O Caso Rendlesham ocorreu nas noites de 24 a 27 de dezembro daquele ano. O então tenente-coronel Halt liderou uma patrulha para investigar o suposto pouso de um UFO no canto oeste da Floresta Rendlesham, que ficava dentro da base aérea, a mais importante dos Estados Unidos fora de seu território, no dia 27 de dezembro. Durante a investigação, comandando um grupo de militares, todos testemunharam várias luzes não identificadas fazendo evoluções no céu por algumas horas, até que explodiram como se fossem fogos de artifício.
“Eu tinha certeza de que aquilo não era uma arma soviética. Era algo de outro mundo”, disse Halt. É preciso lembrar que aqueles eram tempos de Guerra Fria e a tensão entre o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos e o comunista encabeçado pela antiga União Soviética deixavam o mundo à beira de um conflito nuclear e consequente extermínio da raça humana. Devido a isso, muitos teóricos afirmam que os avistamentos foram, na verdade, manobras de treinamentos antinucleares. Ao ser questionado sobre esse fato, o coronel Halt foi direto, “sobre isso eu não posso dizer nada”.
Como oficial no comando, Halt deveria relatar os acontecimentos a seus superiores. No dia 13 de janeiro de 1981, a pedido do líder de esquadrão Donald Moreland, que era uma espécie de ligação entre o Ministério da Defesa Britânico (MoD) e a Força Aérea Norte-Americana (USAF), ele escreveu um memorando com o título Luzes Inexplicadas, esperando colocar um ponto final na questão. “Ninguém queria ser o responsável para investigar o caso. O general Gordon Willians disse que aquilo era problema dos ingleses e acabou”, declarou nosso entrevistado.
As provas desaparecem
No final de 2002, o MoD liberou todos os documentos oficiais sobre Rendlesham, 150 páginas que só deveriam se tornar públicas em 2014 — a maior parte dos documentos é apenas correspondência pública. Oficiais de alta patente respondiam às cartas de pesquisadores, e algumas vezes de superiores ou outros órgãos militares, remetendo o memorando Halt e o comentário de que não houve fatos que devessem ser encarados como ameaças à segurança nacional. “A minha gravação de áudio, os testemunhos de vários militares e as leituras de radioatividade já seriam motivo para que uma investigação mais abrangente fosse feita”, reclamou o coronel Halt. “Enquanto a burocracia reinava entre as instituições, com as réplicas demorando semanas e os especialistas de mãos atadas, moradores andavam pelos locais que podiam ter radioatividade”.
O caso reuniu várias evidências, desde fotografias de luzes em posição triangular tiradas pelo sargento Monroe Nevells do local de pouso e gravações de áudio, até molde em gesso das marcas deixadas pelo objeto no solo — mas Halt afirma que muitas dessas provas simplesmente sumiram. “Hoje, o que se tem é a minha gravação, as cópias das fotos de Nevells e dos militares no local do suposto pouso”.
Nesta entrevista, o coronel Halt também fala de assuntos que ele preferiria esquecer, tais como as afirmações de Larry Warren — que disse ter sido testemunha não somente do UFO, mas também de um suposto encontro entre o general Gordon Willians e três seres alienígenas. “Isso jamais ocorreu. Larry foi testemunha secundária”. Em junho de 2010, já coronel aposentado, Halt assinou um depoimento juramentado reconhecido oficialmente, onde contou os acontecimentos e declarou que acreditava na natureza extraterrestre e no acobertamento do caso pelos Estados Unidos e Inglaterra.
Acobertamento e mentiras
“Acredito que os objetos que vi próximo ao quartel eram de origem extraterrestre e que os serviços de segurança dos Estados Unidos e da Inglaterra tentaram — tanto na época quanto agora — subverter o significado do que ocorreu na Floresta Rendlesham e em Bentwaters por meio uso de métodos de desinformação bem praticados”. Também desmentiu alegações de que ele e seus homens teriam confundido um UFO com a luz de um farol. “Enquanto estávamos na Floresta Rendlesham, nossa equipe de segurança observou uma luz que parecia um grande olho, de cor vermelha, movendo-se entre as árvores. Após poucos minutos, o objeto começou a gotejar algo que se parecia com metal fundido. Pouco tempo depois, ele se partiu em vários objetos menores de cor branca que voaram para longe em todas as direções”, declarou à Revista UFO.
O militar é particularmente irado com as manifestações de céticos a respeito. “Alegações de céticos de que aquilo era meramente a luz giratória de um farol distante são infundadas. Podíamos ver a luz desconhecida e o farol simultaneamente. A última estava entre 35 graus e 40 graus fora de onde tudo isso estava acontecendo”. Em 2010, o coronel Halt foi publicamente criticado por Ted Conrado, coronel e subcomandante da Base de Bentwaters na época, que disse “ele deveria sentir vergonha e humilhação pela sua alegação de que seu país e a Inglaterra conspiraram para enganar seus cidadãos sobre esta questão.Halt respondeu que “Ted Conrad está tendo problemas de memória ou continua o acobertamento. Aparentemente ele não se lembra de ter falado comigo pelo rádio sobre estar vendo um UFO disparando feixes de luz para a base. Ou se esqueceu de seu artigo publicado na revista Omni, de março de 1983, onde escreve que ‘aqueles jovens viram algo, mas não sei o que era’. Agora ele está sujando os envolvidos”. Ainda há muito a ser revelado, como veremos na entrevista a seguir. Mas podemos afirmar com certeza que o Roswell Inglês ainda aguarda solução.
Eu tinha certeza de que aquilo não era uma arma soviética. Era algo de outro mundo (…) A minha gravação de áudio, os testemunhos de vários militares e as leituras de radioatividade já seriam motivo para que uma investigação mais abrangente fosse feita.
O senhor poderia nos dizer quais eram suas funções na Base de Bentwaters?
Claro. Eu era responsável por todo o funcionamento da instalação e pelos assuntos com os quais o comandante não tinha tempo para lidar, pois na maioria das vezes ele estava apertando mãos, cortando gastos e fazendo discursos que, diga-se, era eu quem escrevia. Eu tinha que mantê-lo informado.
E depois do evento, o que mudou em sua vida?
Bem, minha vida não mudou em nada, mas a minha perspectiva dela sim, pois percebi que provavelmente não estamos sós no universo. Claro que após minha aposentadoria eu fiquei mais conhecido devido ao caso, pude viajar para relatar o que tinha visto, mas na época dos fatos minha rotina de vida permaneceu a mesma. As minhas convicções é que mudaram.
Quando o senhor recebeu a primeira notícia sobre o avistamento de luzes sobre a base, o que pensou?
Isso aconteceu por três noites. Na manhã seguinte ao primeiro avistamento, pensei que houvesse uma explicação lógica — inicialmente, ninguém me falou nada sobre a queda de uma aeronave, só nos outros dias é que eu comecei a ver que algo estava acontecendo.
Vamos falar sobre o Caso Rendlesham? Imagino que o senhor já tenha contado a história milhares de vezes, mas poderia fazê-lo mais uma vez e nos contar o que aconteceu naquela noite?
Claro, vamos começar pela importância do local, para que as pessoas entendam bem a relevância do Caso Rendlesham, que é, sem dúvida, um dos mais significantes e mais bem documentados encontros com UFOs que conhecemos. A Floresta Rendlesham é uma grande mata de pinheiros, a leste de Ipswich, em Suffolk, Inglaterra. Nos limites da floresta, há duas das mais importantes bases aéreas da Força Aérea Real Britânica (RAF), a Bentwaters e Woodbridge. Desde a Segunda Guerra Mundial, ambas eram utilizadas pela Força Aérea Norte-Americana (USAF) e, na época do ocorrido, estavam sob supervisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mas sob o comando do Ministério de Defesa Britânico (MoD). Aproximadamente 12.000 homens serviam nas bases, que contavam com aeronaves A-10 Thunderbolt II. Havia armas nucleares lá, o que só foi admitido pelo governo mais de 10 anos depois. Com o fim da Guerra Fria, as bases Bentwaters e Woodbridge foram fechadas.
Realmente eram locais de extrema importância tanto para os britânicos quanto para os norte-americanos.
Ah, sim. A história ufológica em si começou aproximadamente quando dois soldados avistaram o que pensaram ser uma aeronave em queda na Floresta Rendlesham, em uma área localizada entre as duas bases aéreas — eles faziam o policiamento dos portões no lado leste da base de Woodbridge quando observaram o fenômeno luminoso, que riscou o céu em alta velocidade e pareceu cair entre as árvores.
E o que eles fizeram?
Curiosos sobre o inusitado acontecimento — e em cumprimento de seu dever — pediram permissão ao comando para irem aolocalda suposta queda verificar o que tinha ocorrido. Em seguida, receberam a autorização para que três soldados fossem ao local a pé. Já próximos do que acreditavam ser o ponto da queda, o sargento Jim Penniston, o aviador de primeira classe John Burroughs e o aviador Ed Cabansag, todos do 81º Esquadrão da Polícia de Segurança, teriam se deparado com uma cena impressionante: pouco acima do solo flutuava um objeto luminoso. A descrição desse objeto, reproduzida diversas vezes no decorrer dos últimos anos, foi dada por Penniston: tinha forma triangular, aparência metálica, com uma base de cerca de 2 m a 3 m de comprimento, por aproximadamente 2 m de altura. No topo do artefato pulsava uma luz vermelha, enquanto à sua volta e em sua base havia uma luz azul contínua. Na medida em que os soldados se aproximaram, o objeto partiu, movimentando-se entre as árvores.
O senhor não participou diretamente desta ocorrência, correto?
Isso mesmo. Eu comecei a averiguar o registro da ocorrência no diário militar, que dizia que os soldados teriam visto luzes não identificadas e um estranho objeto triangular pousado na floresta na noite anterior.
Essas informações eram secretas?
De forma alguma. Esse era o assunto do dia nas conversas da base. Eu cheguei a tentar ignorar o caso e me livrar do problema, pois acreditava em uma explicação lógica para a situação. Então, simplesmente anotei que eles haviam visto algumas luzes. Mas duas noites depois dos primeiros avistamentos, aviadores estavam observando o céu informalmente na floresta quando relataram novamente estranhas luzes. Aquelas bases tinham armamentos nucleares. Era um espaço aéreo muito protegido e monitorado.
Como o senhor se envolveu diretamente na história?
Bem, na noite de Natal de 1980, estávamos todos na festa dos oficiais quando o tenente Bruce Englund, chefe de segurança da base, interrompeu a ocasião para dar a notícia de que as luzes haviam voltado e estavam circulando os hangares. O coronel Ted Conrad, comandante da base, me encarregou de reunir um grupo e resolver o assunto de uma vez.
Havia aeronaves do ar naquele momento? A base estava ativa?
Havia vários aviões em terra, mas nenhum no ar. Mesmo a equipe de resgate estava em funcionamento padrão. Era Natal e muitos soldados estavam fora da base. Até mesmo a torre de Bentwaters estava desligada.
O que o senhor imaginou naquele exato momento?
Eu acreditava que acabaria com aquela situação rapidamente. Peguei meu gravador de bolso, já que fazer anotações na escuridão da floresta seria impossível, e fui para lá. Além disso, levei um contador Geiger. Cheguei à floresta por volta das 23h00 com mais alguns militares, incluindo o comandante Gordon E. Williams, o tenente Englund, que era da equipe de prontidão a desastres, e Ray Gulyas, fotógrafo da base. Eles também levavam holofotes — que falharam frequentemente próximo ao suposto local do pouso. Ao entrarmos na floresta, o rádio também começou a apresentar falhas e as poucas comunicações possíveis tinham muita estática.
Eu comecei a averiguar o registro da ocorrência no diário militar, que dizia que os soldados teriam visto luzes não identificadas e um estranho objeto triangular pousado na floresta na noite anterior. Mas eram mais do que luzes não identificadas, eram naves.
Qual foi o cenário encontrado por vocês no local dos acontecimentos?
Não era de pânico, mas de muito assombramento e dúvidas. Metade da força de segurança estava lá, com sete veículos militares tentando iluminar a floresta. No momento, pensei que aquilo poderia ser um prato cheio para a mídia e mandei que a maioria dos militares voltasse para seus postos — somente uma pequena equipe seguiu para o suposto local de aterrissagem. Encontramos uma clareira com os arredores devastados. As medições de radiação mostravam leituras até 10 vezes acima do normal. Havia três marcas no chão, a cerca de 3 m uma da outra e formando um triângulo. Elas tinham 4 cm de profundidade e 18 cm de diâmetro e os índices de radiação beta e gama eram ainda mais acentuados nelas.
O que mais o senhor e seus homens viram?
Os galhos ao redor das marcas estavam quebrados, assim como as copas das árvores. Algo parecia ter descido e subido por ali. Enquanto investigávamos o local, ouvimos os animais ao redor em agitação por algum tempo. A área foi fotografada e eu registrei o andamento da investigação em tempo real com meu gravador. Àquela altura, eu já tinha certeza de que de comum aquilo não tinha nada. E pouco tempo depois, se alguma dúvida ainda restava, ela foi por água abaixo.
O que aconteceu?
Bem, à 01h48, começamos a ouvir barulhos e eu avisei a meus homens para prosseguirem com cuidado. Um dos militares do grupo percebeu um objeto vermelho brilhante ao longe, na floresta. Imediatamente, liguei meu gravador. Corremos para nos aproximarmos e os detalhes do artefato ficaram visíveis — ele era oval, de cor laranja avermelhado e tinha o centro preto, bem sólido, que piscava quase como um olho. Movia-se entre as árvores a aproximadamente 1,5 m do solo, ziguezagueando, subindo e descendo. Havia algo parecido com pedaços de metal derretido pingando dele e caindo pelo chão. “Aquilo” parecia procurar alguma coisa e estar sob controle inteligente. O sargento Adrian Bustinza disse que a luz brilhante estava como que apoiada sobre uma névoa amarela e dividida no meio como o arco-íris produzido por um prisma.
E o que vocês fizeram?
Seguimos o objeto pela floresta por cerca de uma hora, atravessando o campo de um fazendeiro e um pequeno riacho. O UFO pareceu mudar de atitude, aumentou seu brilho e começou a se deslocar em direção ao grupo. Repentinamente, o objeto explodiu em silêncio em cinco menores e brancos e tudo desapareceu. Enquanto eu pensava que jamais conseguiria explicar aquilo a qualquer pessoa, alguém do grupo, que olhava para o norte, gritou: “Olhem! O que é aquilo?” Vimos então cinco artefatos elípticos em formação, com luzes multicoloridas e a uma altitude de 800 m a 1.200 m, vindo em nossa direção. Moviam-se em altíssima velocidade, silenciosamente, com movimentos precisos e angulares. Dois dos objetos se afastaram, um deles rumo ao norte. Ao mesmo tempo, outro se aproximou vindo do sul, reduziu a velocidade, ficou sobrevoando as nossas cabeças e depois parou. Naquele momento ele disparou um feixe de luz próximo aos nossos pés. Ninguém se mexeu. Estávamos muito abalados. Da mesma forma que apareceu, ele sumiu.
Quais foram os procedimentos?
Bem, eu, como oficial no comando, deveria relatar os acontecimentos a meus superiores. No dia 13 de janeiro de 1981, a pedido do líder de esquadrão Donald Moreland, redigi um memorando com o título Luzes Inexplicadas, esperando colocar um ponto final na questão. Embora Moreland não tenha visto nada pessoalmente, ele tinha muita confiança em nós e enviou uma nota endossando o memorando. Para a quantidade de detalhes que a ocorrência teve, o documento foi bem resumido, não mencionando fitas gravadas, moldes de gesso e supostas amostras de solo colhidas na floresta — essas informações seriam disponibilizadas para o Ministério da Defesa (MoD) caso houvesse uma investigação, o que não aconteceu. Como a base ficava na Inglaterra, o memorando foi direcionado ao MoD, que fez verificações rápidas e concluiu que o documento não tinha importância para fins de Defesa e encerrou o caso.
Depois de tudo o que o senhor viu em companhia de outros militares, o que diz das pessoas que alegam que o que vocês viram eram estrelas ou luzes de um farol?
Não eram. Eu não posso afirmar categoricamente o que eram aqueles objetos, mas eu sei o que eles não eram. E eles não eram estrelas e nem faróis. As pessoas inventam todo tipo de histórias para tentar desqualificar aquilo que não conseguem explicar.
Em 1994, o pesquisador inglês Nick Pope, trabalhando no Ministério da Defesa (MoD) como o responsável pelas investigações de UFOs na Inglaterra, reabriu o caso devido à falta de resposta para um evento de tal importância. Foi a partir daí que o caso ganhou notoriedade?
Não, o caso já era famoso. O que Pope descobriu é que muita coisa deixou de ser feita e que a investigação foi muito superficial e malconduzida. Por exemplo, o incidente envolvia duas bases gêmeas da Força Aérea Norte-Americana (USAF) em solo britânico. Outro problema foi que o local de aterrissagem não foi prontamente isolado — pessoas iam e vinham contaminando a área. Amostras do solo deveriam ter sido retiradas. Anos após a revisão dos documentos, Pope descobriu uma das falhas mais críticas da investigação: alvos desconhecidos nos radares. Uma das testemunhas alegou que um alvo não identificado apareceu na tela, sobrevoou as bases por duas ou três passagens do radar e desapareceu.
O UFO era oval, de cor laranja avermelhado e tinha um centro preto que piscava quase como um olho. Movia-se entre as árvores a 1,5 m do solo, subindo e descendo. Havia algo parecido com pedaços de metal derretido pingando dele e caindo pelo chão.
Quer dizer que um objeto foi detectado?
Sim. A região da East Anglia, que fica entre Norfolk e Suffolk, sempre teve uma cobertura extensa de radar e alertas no caso de uma possível invasão pelo Mar do Norte. E o objeto do dia 26 foi detectado. Na base britânica de Neatishead, um UFO apareceu no radar e gerou pânico na sala de controle. Não retornava sinal e tinha performance melhor do que as melhores aeronaves da Força Aérea Real Britânica (RAF), deixando a tela a uma velocidade incrível. O UFO foi alvo de uma investigação mais profunda. As fitas de radar das bases de Neatishead e Watton foram requisitadas três dias depois. Notavelmente, quando oficiais de inteligência da USAF visitaram a base para coletar o filme, eles alegaram que um UFO havia caído na floresta. Disseram que oficiais sêniores e uma base aérea da USAF próxima testemunharam o acontecimento e tinham até visto alienígenas flutuando em feixes de luz sob a espaçonave. Inacreditavelmente, ninguém disse aos oficiais de radar para manterem a informação em segredo.
Recentemente o senhor revelou novas informações sobre o episódio, dizendo que outros operadores de radar teriam detectado o UFO. Pode nos contar mais sobre isso?
Sim, apesar das negativas do MoD aos pedidos de liberação de documentos, eu possuo os depoimentos de dois operadores de radar que observaram em suas telas o UFO se mover a milhares de quilômetros por hora, objeto que foi captado também pela base vizinha, Wattisham. James Carey e Ivan Barker estavam de serviço naquelas noites e confirmaram que os intrusos foram captados pelo radar. Carey disse que o “zoom do equipamento era de cerca de 96 km quando o artefato apareceu. Ele veio do leste, rumou para oeste, conforme a indicação na tela, e desapareceu pelo lado esquerdo. Levou cerca de quatro varreduras do radar, durando cada uma delas entre 2 segundos e 3 segundos”.
O que se conclui disso?
A indicação é de que o UFO percorreu cerca de 190 km em aproximadamente 8 a 12 segundos. Nos 15 anos em que Carey foi controlador de tráfego aéreo, nunca viu nada cruzar a tela do radar tão rápido. E mais, ainda segundo Carey, “alguns segundos depois a coisa retornou no sentido contrário, oeste para leste, na mesma velocidade. Em certo ponto, o artefato fez uma curva em ângulo reto e rumou para o sul, desaparecendo na parte de baixo da tela. Eu não conseguia acreditar e pensei que sem dúvida esse não era um dos nossos”.
E o que disse Ivan Barker?
Ike Barker, por sua vez, afirmou que eles observaram o UFO visualmente no momento em que pairava — tinha o formato similar ao de uma bola de basquete, cor laranja pálida e uma série de luzes fixas alinhadas que se pareciam com janelas. Barker estimou que o UFO fosse duas vezes maior do que um avião de ataque F-111, algo perto dos 40 m de comprimento. Além disso, comentou que eles ligaram para uma base britânica próxima e Nigel Kerr, operador de radar daquela base, disse ter momentaneamente captado um objeto desconhecido na direção apontada pelos oficiais de Bentwaters. Portanto, são contundentes evidências que se somam àquelas já conhecidas a respeito desse importante caso.
Por que eles demoraram tanto para contar o que sabiam?
Eles não quiseram se envolver até se aposentarem. Não queriam complicar suas carreiras — ninguém quer. Portanto, quando pedi a eles que viessem a público para falarem do que viram nos radares, disseram que dariam as declarações por escrito, mas só depois que estivessem fora da Força Aérea.
É verdade que o seu relatório estava com as datas erradas?
É verdade. Eu escrevi o relatório três semanas após os acontecimentos e foi por isso que o Ministério da Defesa verificou a noite errada. Os eventos aconteceram nas noitesde 24, 25, 26 e 27 de dezembro, mas o documento coloca os primeiros eventos na noite de 26 para 27. Quando o erro foi percebido, Pope constatou que a fita do radar havia sido destruída. A investigação original estava irremediavelmente errada e comprometida.
O senhor teve algum problema em sua carreira por causa do incidente?
Não. Felizmente, meus superiores me conheciam e todo o caso foi muito bem documentado, tanto em fotos como em áudio. Além disso, o episódio só veio à tona em 1983, e não foi por mim. O fato surgiu em um tabloide inglês por meio de uma pessoa que dizia se chamar Art Wallace, mas que na verdade era Larry Warren. Warren era da polícia da USAF e foi enviado à Inglaterra em 01 de dezembro de 1980.
Warren revelou uma história fantástica, que incluía a presença do general Gordon Willians e outros militares em um encontro com três seres alienígenas. O que o senhor pode nos dizer sobre isso?
Larry Warren quer ser famoso. Se ele estivesse perto do que aconteceu, aí sim poderia dizer algo. O livro que ele e Peter Robbins escreveram, Left at East Gate: A First-Hand Account of the Rendlesham Incident [À Esquerda do Portão Leste: Relato de Primeira-Mão do Incidente Rendlesham, Cosimo Books, 2005], deveria ser classificado como ficção — na publicação eles mostram fatos interessantes e que estão corretos, mas não há uma nave física e Gordon Williams não estava no local. E também não houve avistamento de três seres extraterrestres.
Dias após os acontecimentos, vários oficiais de Inteligência conduziram investigações e interrogatórios. As testemunhas lembravam-se pouco dos interrogatórios e não descartaram a possibilidade de terem tido suas memórias sobre aquelas noites embaralhadas.
Mas então de onde ele tirou essa ideia?
Da cabeça dele. O que realmente ocorreu é que o sargento Adrian Bustinza esteve comigo o tempo todo na floresta e quando retornou ao seu dormitório contou a Warren o que ocorrera. Bustinza daria baixa no serviço militar em breve e não gostaria de ter seu nome envolvido em algo assim, pois estava interessado em um trabalho que exigia uma reputação sem mancha alguma. Ele, então, fez um acordo com Warren para que este contasse a história. Todos os outros envolvidos não gostaram nem um pouco do que Warren disse.
Falando em envolvidos, quem foram as testemunhas principais desse caso?
Além de mim, os principais envolvidos foram o sargento Monroe Nevells, o sargento James Penniston, os cabos John Burroughs e Edward Cabansag, o sargento Adrian Bustinza, além de várias testemunhas civis e policiais.
É verdade que o sargento Nevells fotografou o objeto?
Sim. Ele fotografou os objetos na primeira noite e revelou as fotos em sua própria casa, mas elas estavam um tanto quanto embaçadas. Era ele quem estava fazendo as medições de radiação com o aparelho Geiger que indicou um nível de radiação muito além do normal. As fotografias foram afetadas por esta radiação, por isso não saíram claras.
E quanto às afirmações do sargento James Penniston?
O sargento Penniston foi o militar que, juntamente com os cabos Burroughs e Cabansag, viu o objeto triangular. Penniston desenhou as inscrições que viu no UFO e além disso o sargento tocou no objeto, recebendo, digamos, uma “descarga” de combinações binárias diretamente em seu cérebro.
Coronel, mesmo o senhor dizendo que sua carreira militar não foi afetada pelo episódio, em 2010, o coronel Ted Conrad deu uma declaração sobre o incidente ao doutor David Clarke dizendo: “Não vimos nada que lembre a descrição do tenente-coronel Halt no céu ou no chão. Tínhamos pessoas em posição de validar a narrativa de Halt, mas nenhuma pôde fazê-lo”. Como o senhor reagiu a isso?
Na entrevista, ele me criticou pelas alegações que fiz em minha declaração juramentada. Ele disse que eu deveria sentir vergonha por dizer que meu país e a Inglaterra conspiraram para enganar seus cidadãos sobre a questão. Conrad também contestou o testemunho de Penniston dizendo que o entrevistou na época e o sargento não mencionou ter tocado o objeto, e sugeriu que todo o incidente pode ter sido uma farsa. Pois bem, Conrad está tendo problemas de memória, está com a cabeça nas nuvens ou continua acobertando a verdade — até o filho dele admitiu uma conversa familiar sobre o incidente. Ele tem muitas afirmações controversas. Primeiro disse nunca ter saído para olhar o céu. Então, afirmou que nunca viu nada. Aparentemente, ele não se lembra de ter falado comigo pelo rádio sobre ver um UFO enviando feixes de luz para a base.
Se não me engano, ele deu uma declaração sobre o caso à revista Omni, certo?
Exatamente. Em março de 1983. No artigo, ele descreve o primeiro incidente em detalhes e conclui que “aqueles jovens viram algo, mas não sei o que era”. Agora ele está sujando os envolvidos. Está bem claro que houve uma confrontação muito intensa com algo na floresta. Conrad quer falar sobre como os aviadores foram submetidos a uma lavagem cerebral por meio de drogas e hipnose por autoridades britânicas e norte-americanas? Sim, Burroughs e Penniston foram!
O senhor está afirmando que durante o interrogatório os militares foram drogados? Com qual intuito?
Dias após os acontecimentos, vários oficiais de Inteligência conduziram investigações e interrogatórios na base. As testemunhas lembravam-se pouco dos interrogatórios e não descartaram a possibilidade de terem tido suas memórias sobre aquelas noites embaralhadas. Penniston diz que usaram sódio pentatol, o soro da verdade. Ele não se lembra de ter concordado com isso, mas acredita que concordou, já que não tinha nada a esconder — o intuito era de primeiro descobrir o que aconteceu naquelas noites e depois apagar suas memórias ou misturá-las para confundi-los.
Algumas pessoas afirmam que o caso foi, na verdade, algum tipo de treinamento militar contra um ataque nuclear. O que o senhor tem a dizer sobre esta versão?
Não posso comentar absolutamente nada sobre isso. Certas coisas precisam permanecer em segredo…
Mas o senhor teve treinamento especial para casos assim?
Sim, é claro. Como militar, eu recebi todos os treinamentos possíveis. Estávamos preparados para qualquer coisa, menos algo daquele tipo. Mesmo assim, seguimos todos os protocolos de segurança. Não podemos esquecer que era época da Guerra Fria e estávamos atravessando um momento de grande tensão. Tínhamos exercícios o tempo todo. Nosso lema era “mantenha a cabeça na missão e o dedo no gatilho”.
Como militar, eu recebi todos os treinamentos possíveis. Estávamos preparados para qualquer coisa, menos para algo daquele tipo. Seguimos todos os protocolos de segurança. Não podemos esquecer que era a Guerra Fria e num momento de grande tensão.
Quando o senhor viu aquelas luzes que depois explodiram sobre suas cabeças, pensou que aquilo pudesse ser alguma arma soviética?
De forma alguma, eu tinha a certeza de que aquilo não era nada convencional, nada conhecido. Os soviéticos não tinham tecnologia para fazer algo daquele porte.
Vamos voltar ao seu memorando, que é a peça fundamental para provar que o evento foi real e que foi levado ao conhecimento dos seus superiores. Houve alguma investigação por parte do Governo dos Estados Unidos sobre o caso?
Não. Eu fiz apenas um memorando bem resumido sobre as ocorrências, enviei ao meu superior e ele enviou para o Ministério da Defesa da Inglaterra. Hoje sabemos que isso realmente aconteceu, mas o fato era negado até então.
Mesmo as testemunhas sendo militares norte-americanos, não houve uma investigação por parte dos Estados Unidos?
Não. Uma vez que o general Willians me disse: “Isso é problema dos ingleses”. Ninguém queria se envolver nisso. Ninguém gosta de se envolver em investigações que de alguma forma estejam ligadas a UFOs ou coisas desse tipo. Por isso o general deixou a batata quente para os ingleses.
É compreensível. O senhor chegou a pensar em regressão hipnótica para saber se algo mais lhe aconteceu? Teve alguma quantidade de tempo perdido ou missing time?
Não. Havia cinco de nós e estávamos em três rádios diferentes, falando em três sintonias diferentes, portanto ninguém experimentou nada neste sentido. Entretanto, na primeira noite, nós perdemos contato de rádio por aproximadamente 45 minutos com o pessoal que saiu para investigar. Edward Cabansag, John Burroughs e Jim Penniston. Não temos certeza do que aconteceu. Como já disse, eles foram submetidos a sessões de regressão hipnótica durante seu interrogatório por spookers [Gíria inglesa para espiões].
Quem eram esses tão falados spookers?
Homens vestidos com ternos e óculos pretos e camisas brancas. Vocês os conhecem como “homens de preto”. Mas, voltando ao que eu estava falando, somente três dias depois do interrogatório com eles é que fiquei sabendo que isso tinha acontecido.
E após o interrogatório, a versão deles mudou?
Sim. Após eu ter o avistamento, chamei um por um e pedi que me relatassem o que tinham presenciado naquela noite e eles contaram. Depois do encontro deles com os agentes do governo, as histórias mudaram um pouco — talvez porque algumas memórias tenham sido trazidas à tona, eu não sei.
Em sua opinião, por que os governos escondem a verdade sobre os UFOs da população?
Talvez por medo de admitirem que não conseguem manter estes intrusos longe do planeta ou por temerem toda a desestabilização do sistema social. Como militar, eu apostaria mais na primeira hipótese de trabalho.
O senhor acredita que os governos estejam investigando o assunto de forma secreta?
Eu creio que exista uma agência muito secreta que não quer que isso seja de conhecimento das pessoas por temer uma reação incontrolável. Ou talvez eles estejam em contato com “alguém” ou “alguma coisa” e não querem que isso seja sabido. Eu creio que é bem possível que militares do alto escalão, o mais alto possível, possam ter tido contato com seres e material extraterrestre.
Por que o senhor diz isso?
Veja bem, há anos que muitos militares vêm denunciando o avistamento de naves nas proximidades de bases aéreas. É impossível que nenhum contato tenha sido feito durante todo esse tempo. Eu não posso provar, mas lhe garanto que já ocorreu.
E sobre a teoria que se diz de que é melhor mentir para o presidente sobre a verdade do Fenômeno UFO para que ele não precise enganar o povo?
Vou lhe contar uma história. Quando Bill Clinton foi eleito presidente, ele disse ao seu pessoal que queria saber quem matou o presidente Kennedy e se os UFOs eram reais. Ele não conseguiu nenhuma das suas respostas — e era o homem mais poderoso do planeta naquela época. Eu não tenho dúvida de que não estamos sozinhos e que há pessoas muito poderosas que conhecem a verdade. Pessoas até mais poderosas do que o presidente dos Estados Unidos.
Mas o senhor acredita que o presidente não saiba ou em sua opinião ele sabe, mas não pode revelar a verdade?
Bem, há algo chamado de negativa plausível. Talvez o presidente seja mantido na ignorância sobre o assunto para que ele, ao negar a existência de contatos com extraterrestres, não esteja deliberadamente mentindo para a nação, como você citou. É uma possibilidade bem real.
E neste caso quem, então, conheceria a verdade?
Eu não posso lhe dar nomes porque não os tenho, mas como já disse, aposto que existe uma agência secreta que cuida do assunto extraterrestres. Não sei de que forma esse pessoal lida com a questão ou mesmo se há algum entendimento conjunto, mas por tudo que conheço sobre procedimentos de segurança nacional, tenho certeza que tal agência existe.
Após tantos anos, o que o senhor espera que aconteça em relação ao Caso Rendlesham?
O que eu gostaria que acontecesse é que alguém contasse a verdade. Há muitas discrepâncias e, sem querer ser repetitivo, eu sei que existem pessoas que conhecem a verdade. Eu gostaria de saber o que eram aqueles objetos e quais eram suas intenções. Mais testemunhas do Fenômeno UFO deveriam vir a público revelar o que sabem à toda a sociedade deste planeta.
E o senhor acredita que isso acontecerá algum dia?
Um dia talvez, pois não se pode esconder a verdade para sempre. Se será em breve, infelizmente, não sei dizer. Eu gostaria que fosse…
O senhor faz palestras sobre o assunto em vários países. O que o senhor espera alcançar com suas apresentações?
Essa é uma boa pergunta. Eu quero que as pessoas saibam o que aconteceu, quero que tomem ciência de que nós não estamos sós e de que os governos mentem sobre o assunto. É importante alertar a população, pois, da mesma forma que nós fomos testemunhas aquela noite, outras pessoas também são. Normalmente, quem alega ter tido avistamentos é desmentido e passa por muitos aborrecimentos. Isso precisa acabar. As pessoas têm que saber a verdade.
O senhor acha que por vir a público pode incentivar outros a fazê-lo?
Eu não sei, porque militares são muito bem treinados e fiéis a seus juramentos. Mas se minhas apresentações servirem como estímulo para que outros relatem o que sabem, será ótimo. Eu só posso falar do que presenciei, não posso validar outras experiências, mas é bem provável que muitas pessoas tenham histórias sólidas para contar — apenas não se sentem confortáveis o suficiente para vir a público. Isso é compreensível, visto que a fenomenologia ufológica ainda é algo novo para todos nós
Muitas pessoas comparam o Caso Rendlesham com o Caso Roswell. O que o senhor diz sobre isso?
Talvez pela importância das duas ocorrências e por terem envolvido militares. Em Roswell, segundo dizem, houve resgate de um UFO e de corpos de alienígenas. Isso não aconteceu em Rendlesham, apesar do que muitas pessoas alegam. Mas se pensarmos na importância dos dois casos e também na notoriedade deles, creio que podemos fazer um paralelo.
O senhor palestrou em 2014 no III Fórum Mundial de Contatados, que a Revista UFO organizou em Porto Alegre. Quais recordações tem daquela experiência?
Tenho as melhores recordações possíveis do Fórum Mundial de Contatados de que participei. Vi um público enorme e muito interessado na presença alienígena na Terra e constatei como está forte e firme a pesquisa no Brasil. Isso só comprova que vocês estão entre os melhores do mundo quando se fala em Ufologia. Por isso, quero dar meus parabéns a todos!
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