
Íamos devagar pela estrada, à oeste de Trujillo, próximo da localidade de Iriona. De repente, saiu detrás de uma montanha uma enorme bola de fogo, soltando faíscas como uma serra quando corta ferro. Aquilo passou diante de nós e foi voando por cima do mar”. Quem narrou isso foi o eminente e respeitável folclorista hondurenho Jesús Humberto Muñoz Távora, numa entrevista que me concedeu em Tegucigalpa, a capital do país. Honduras, uma nação centro-americana praticamente desconhecida, é cenário de grande atividade ufológica, pela primeira vez investigada e publicada. Távora, estudioso e autor de diversos livros, acrescentou à sua narrativa que a cor da esfera era alaranjada.
No país, esferas e cilindros voadores, quedas de naves e apagões, humanóides e estranhas aparições que remontam ao século XVI são apenas alguns dos enigmas mais comuns. Entre eles está uma interessante lenda dos índios misquitos, que conta que a cada quatro anos acontece um fenômeno semelhante na região de Laguna de Caratasca. “Também se fala muito de bolas de fogo faiscantes que explodem no ar”, informou Távora. Os misquitos descendem das tribos Chibchas, que viveram nos bosques do norte da América do Sul, antes da chegada dos europeus. Seu nome possivelmente deriva da palavra mosquete, que era o fuzil introduzido pelos ingleses no país.
A cidade de Trujillo, no Estado de Colón, costa atlântica de Honduras, foi um importante porto espanhol onde ainda hoje se ergue uma esplêndida fortaleza. Talvez os soldados da velha Castilla e Andaluzia tenham visto, surpresos, as misteriosas esferas explosivas que os misquitos descrevem – que, para eles, eram considerados sinais de Deus ou do diabo. Ali, em paradisíacas praias, pescadores confirmaram a existência dos fenômenos luminosos, embora prefiram não falar no assunto, como se tratasse de uma maldição. No livro Curiosidades y Belezas de Honduras, seu autor, Eduardo Hernandez Chávez, nos conta sobre um estranho fenômeno que ocorre em um lugar chamado Quinito y Miranda, na mesma jurisdição de Trujillo. Ali existem enormes rochas salgadas, conhecidas como Farellones. As grandes ondas do mar se chocam contra esses penhascos produzindo ruídos enormes. Algo ainda mais insólito presenciou um religioso na cidade de Comayagua em 1603.
Aparência Metálica — “Asseguram os habitantes destes lugares que, no final das mesmas, existe um galo de ouro que foge apavorado quando sente a presença dos homens”, disse Chávez. Este curto relato nos obriga a comparar o fenômeno com outros que eu já havia investigado no Brasil, onde se fala do Carneiro de Ouro ou Burro de Ouro, lendas que registram, na realidade, objetos luminosos de cor amarela que costumam aparecer e desaparecer nas serras de lugares remotos. Colón parece ser pródigo em aparições ufológicas. Em fevereiro de 1992, na localidade de Bonito Oriental, vários trabalhadores agrícolas viram UFOs irradiando luzes multicoloridas e emitindo zunidos. Um dos aparelhos desceu ao solo. Teria a curiosa forma de uma esfera partida ao meio, sendo que os hemisférios, de aparência metálica, se encontravam separados um do outro. Era de um ponto entre eles que era emitida uma forte luminosidade, e de cada metade do corpo se saía uma espécie de antena.
Visitei Trujillo junto de Joaquim Muñoz, bom conhecedor do país, e após percorrer 300 km na direção noroeste, chegamos à cidade de Tela. A demorada viagem foi compensada por uma forte brisa marítima que varria as ruas empoeiradas da vila de 30 mil habitantes. Seus arredores foram utilizados, desde o início do século, pelas grandes companhias bananeiras norte-americanas para criar grandes plantações. Do porto de Tela saíam os barcos carregados de bananas com destino aos Estados Unidos. Hoje sua atividade diminuiu muito e podem-se ver muitos armazéns em ruínas. Os mercados competidores de outros países afundaram a produção bananeira em Honduras.
É nessa localidade que vivem os garífunas, uma etnia descendente de escravos africanos que primeiro estiveram nas Antilhas Inglesas. Essa gente ainda mantém rituais africanos e fala um idioma onde se misturam palavras do inglês com o de línguas afro. Lá conversei com Maria Muñoz, uma autêntica garífuna vendedora de tajaditas, rodelas de banana frita, comida típica da região. Ela havia sido testemunha de várias aparições de estranhas luzes na área. “Certa vez vi uma que tinha a forma de um redemoinho, que brilhava muito. De vez em quando chega ao porto algum pescador assustado, dizendo ter visto a luz”, me disse a vendedora.
Em novembro de 1994, durante 15 dias, um objeto luminoso apareceu regularmente nas primeiras horas da noite sobre o mar da região, a uma altura aproximada de 500 m do oceano. Miguel Angel Varela, um capitão aposentado do exército hondurenho, disse ao jornal local La Prensa que observou um “aparelho” quando dirigia seu veículo por uma das ruas do porto. “Vinha do Triunfo da Cruz sem produzir ruído algum, e ficou quieto por algum tempo no ar, logo tomando rumo ao Cerro de Punta Sal”, disse Varela. O UFO visto por ele era luminoso e lançava faíscas de cor vermelha, até que se perdeu de vista. Outras testemunhas puderam ver o mesmo ou outro objeto que emitia luzes verdes, vermelhas e azuis, sempre sem ruído.
Esplendor Rosado — Para minha pesquisa não havia muito o que fazer em Tela, por isso rumei com Muñoz para El Progreso, no interior do país, a caminho de San Pedro Sula, a cidade mais importante do país. Pelo caminho, passamos pela localidade de La Enseñada, onde, em suas proximidades, desembarcou o navegador espanhol Cristóbal de Olid, que fundou o primeiro assentamento de seu país em Honduras, em 1524. A ufóloga Emma Veja, residente em El Progreso, contou um estranho fato acontecido em 23 de outubro de 1993. Mais de 20 pessoas asseguram ter visto descer um UFO na cidade, nesta ocasião. O caso ocorreu às 20h30 no bairro Bendeck, localizado nas imediações da zona militar e ao pé de uma serra chamada San Antonio, onde já foram avistados UFOs em outras ocasiões.
“Eu vi uma espécie de resplendor rosado entre as nuvens, mas logo entrei em casa para fazer umas tarefas. Minha vizinha Silvia Liliana Bustillo disse que estava na sala de sua casa, falando com uns amigos, quando viu pela janela algo que a deixou perplexa e a seus acompanhantes”, disse Veja. Era um objeto que se assemelhava a uma bola de fogo com quatro pontas, e que irradiava um brilho de cor púrpura. “Movia-se com lentidão, a baixa altura e em forma vertical. Aquilo se aproximou de uma palmeira e esteve visível durante três minutos, mas logo disparou até desaparecer”, completou a ufóloga. Algumas folhas da Palmeira estavam cortadas e outras, murchas, segundo constatou logo após o ocorrido. Outra vizinha da estudiosa, Adela Sorto, que nesse momento se banhava, escutou um ruído similar ao que faz um liquidificador. Ela também sentiu que a porta do banheiro se movia como se alguém a tivesse aberto.
Chegando a San Pedro Sula, entramos em contato com o único grupo ufológico em plena atividade em Honduras. Marco Antonio Mesa Calix, ex-presidente da Missão Rama em San Pedro, nos informou que, após a dissolução do grupo, ele se reorganizou de forma independente. A missão foi criada pelos irmãos Sixto e Carlos Paz Wells, em Lima, Peru, e se espalhou por muitos países da América Latina, difundindo uma forma não comprovada de contatismo com alienígenas. Calix fala de “guias” ou “irmãos maiores”, como os quais alega manter contato em seções de meditação semanais. “De vez em quando observamos luzes de origem desconhecida nos céus de nossa região, como ocorreu em 22 de agosto de 1998. Inclusive as gravamos com câmeras de vídeo”, informou.
Outro membro do grupo, o médico-cirurgião Juan José Múrcia, afirma haver visto UFOs sobre Costa Rica, país vizinho, em 08 de agosto de 1997, e várias vezes sobre o Cerro Merendón, nos arredores de San Pedro. O local é considerado pelos contatados como um importante cenário de freqüentes aparições de veículos extraterrestres. “Em julho de 1998, vi uma esfera disparando faíscas de luz branco-prateada. Ela fez um movimento em forma de triângulo e depois um círculo. Em seguida, esfumaçou e acelerou tanto que se apagou”, declarou o médico Múrcia. No mesmo mês, ele e outros membros do grupo se dirigiram à localidade de El Zapotal, nas imediações do Cerro El Merendón, quando viram um objeto voador cilíndrico, muito brilhante e de cor alaranjada.
Não foi uma total surpresa, mas algo incomum encontrar num país sem tradição ufológica um grupo dedicado ao contatismo pregado pelos irmãos Paz Wells. Múrcia também informa que avistou um UFO na rodovia que dá acesso a Santa Rosa de Copán. O objeto teria seguido seu veículo durante quase 20 minutos. “Quando chegamos ao lugar onde íamos dar uma conferência, varias pessoas da rua nos alertaram que havia um objeto cilíndrico flutuando no ar, do tamanho de uma lua média e exatamente igual a que no seguiu pela estrada. Isso foi lá pelas 16h30, com o dia ensolarado”, me disse o ufólogo. Outro médico do grupo, Francisco Galván, também observou UFOs em várias ocasiões nas imediações de São Pedro, confirmando a existência de uma intensa atividade ufológica na região.
Manobra Suicida — Alguns dos incidentes ufológicos mais importantes de Honduras ocorreram em 14 e 27 de outubro de 1978. No dia 14, a partir das 18h10, houve um apagão em quase todo o país, que durou 10 minutos na região central e quase 25 na região Sul. O jornal La Tribuna de Tegucigalpa divulgou o testemunho de Rogelio Bercían, de 24 anos, coordenador de publicidade do diário: “Eram exatamente às 18h06 quando me encontrava nas imediações do Cerro El Picacho revisando meu automóvel, quando divisei a certa distância um estranho objeto que se movia a grande velocidade de sul para o norte. Imediatamente, o objeto descreveu uma rapidíssima manobra quase suicida em forma de oito e pude ver então sua forma e configuração, que se parecia com um gigantesco bumerangue ou a letra grega delta com uma luz muito brilhante ao centro”.
Bercían declarou que, no momento em que o UFO baixou e aproximou-se mais da cidade, quase sobre o aeroporto de Tocontín, imediatamente cessou a corrente elétrica de toda a vasta região. “Vi como foram apagando todas as luzes das ruas, até a cidade ficar totalmente às escuras. O estranho objeto voador subiu rapidamente ao céu, levando consigo uma cauda de luz, depois de descrever uma manobra inacreditável e lançar-se quase em linha vertical para cima”, concluiu a testemunha. Muitas outras pessoas de Tegucigalpa corroboraram esse relato anterior, afirmando que o UFO sobrevoava a subestação de energia elétrica de La Leona, ao norte da capital, no mesmo momento em que na unidade geradora de El Cañaveral, longe da capital, se observava um estranho resplendor. Nesse instante, também ali se produziu um apagão que afetou quase todo o país e a região de Leon, na Nicarágua, que está ligada a rede de Honduras.
Também foram vistos outros objetos não identificados ao sul da capital, como uma bola alaranjada de uns dois metros de diâmetro e um objeto cilíndrico que desapareceu fazendo um estranho silvado. Detalhes desse avistamento foram dados pelo engenheiro e ufólogo venezuelano Enrique Castillo Rincón e publicado pelo escritor espanhol Salvador Freixedo, em seu livro Elos: Los Dueños Invisibles de Ese Mundo [Eles: Os Donos Invisíveis Desse Mundo]. No dia seguinte ao apagão se viu uma esquadrilha de UFOs voando muito alto. Dois dias mais tarde, um professor do Instituto Central Vicente Cáceres descobriu estranhas marcas no gramado de entrada da instituição. As autoridades não deram nenhuma explicação para o blecaute, apesar da estação geradora de El Cañaveral, de Tegucigalpa, e as de San Lorenzo e Choluteca, à 200 km da capital, estarem envolvidas.
O apagão de 27 de outubro foi ainda mais espetacular em relação aos avistamentos ufológicos. Em Choluteca, testemunhas contaram que começou a chover depois das 18h00 e pôde-se observar um objeto em forma de uma gigantesca e luminosa bacia, semi camuflada em meio a uma nuvem. Alguns calcularam em cerca de 100 m o seu diâmetro. Estático durante mais de 10 minutos, a mais de 800 m de altura, o objeto aparentava ter janelas em toda sua volta. Dele saíam relâmpagos que não produziam trovões, e quando o objeto desapareceu, parou de chover imediatamente. Sua luz trocou de vermelho-amarelado para o rosa pálido e desapareceu. Durante sua permanência, a eletricidade da cidade foi cortada e as pessoas que tentaram dar partida em seus automóveis não conseguiram. A estação central de Pavana também havia sido inexplicavelmente afetada, fato que se repetia numa ampla região da Nicarágua, abastecida de energia elétrica pela mesma central.
Duas horas depois desse fato, ocorreu outro apagão em Tegucigalpa, afetando a e
stação de La Leona. Ali, o técnico Miguel Herrero ouviu uma explosão no pátio dos transformadores e da distribuição de saída. A testemunha perdeu a visão momentaneamente e, ao recuperar-se, viu que saíam faíscas da torre onde se situavam os isoladores de energia. De repente, o técnico viu uma luz extremamente brilhante que se elevava com um zumbido até o céu, o que o obrigou a fechar os olhos, que estavam lacrimejando. Herrero usou lentes escuras durante vários dias e teve os olhos muito vermelhos e irritados. Segundo ele, os circuitos estavam desconectados durante o apagão e não havia explicação para o corte total de energia. Igual ao que ocorreu no dia 14, foram vistos não apenas um, mas vários UFOs sobre a cidade. Um deles tinha uma forma de polvo com tentáculos que se moviam girando. Outros eram esféricos com caudas apontando para o solo. Uma luz com dois metros de diâmetro sobrevoou alguns cabos de alta tensão e passou a poucos metros de distância do zelador de um edifício.
UFO em Forma de Polvo — Pude localizar uma testemunha daquele avistamento em Tegucigalpa. Era o dono de uma banca de revistas chamado José Luis Matas, que contou os acontecimentos. “Lembro-me de ter visto aquele prato voador em forma de polvo. Não era muito grande, mas tinha uns dois metros de diâmetro e não mais que um de altura”, disse Matas. Ele declarou que o objeto em forma de disco era muito luminoso e tinha cor verde, apesar de que, quando se distanciou, ele o viu azulado. “Em volta do disco havia um monte de braços, como cordas, mas soltando várias cores que giravam em volta do disco bem devagar”, finalizou.
A dona de casa Donatila Hernandez de Elvir também viu o objeto sobre um pé de manga, próximo a La Leona. Assustada, Donatila gritou e tampou a vista com as mãos, devido a intensa luz que quase lhe cegava. De repente, um brilho violeta invadiu sua cozinha, acompanhada de um zumbido que durou vários segundos. A dona de casa disse que se manteve grudada na parede o tempo todo, até desmaiar. Sua filha, Elizabeth, pôde ver o objeto à distância, até que se aproximou da árvore, a menos de 7 m de distância de onde se encontrava. A jovem perdeu a visão durante vários minutos e teve um ataque de histeria, durante dois dias. Também se queixou de enxaqueca e mal-estar físico. Um ano antes, em 1977, também foram registrados vários apagões no sistema elétrico hondurense, embora nunca tenham sido encontradas falhas. Também se registrou em Honduras pelo menos dois casos de acidentes que possivelmente envolveram UFOs.
Em 1978, sobre o Estado de Santa Rosa de Copán, várias testemunhas viram um objeto não identificado de forma ovalada, que aparentava o tamanho da Lua cheia, explodir em milhares de pequenas luzes. Entre os observadores desse fato estava Ezequiel Tábota, de San Francisco de Ojuera. Em 22 de novembro de 1996, habitantes da região de San Luis, 200 km a oeste de Tegucigalpa, viram uma enorme bola de fogo que caiu numa fazenda de café. O objeto abriu uma cratera de uns 50 m de diâmetro e destruiu seis hectares cultivados, além de manter incomunicáveis durante uma semana sete aldeias próximas.
Luta de Esferas — A zona do impacto desse caso é conhecida como Cerro Negro e fica na zona fronteiriça com a Guatemala. A chefe do Observatório Meteorológico da Universidade Nacional de Honduras, Maria Cristina Piñeda, disse à imprensa que o objeto possuía cores amarela e roxa, e caiu entre as 21h00 e 22h00 em um local despovoado. Piñeda advertiu aos 20 mil habitantes das aldeias vizinhas a manterem-se longes do lugar, “ainda que não exista perigo radioativo ou de contaminação espacial”, assegurou. Tentei entrevistar com a astrônoma para obter maiores detalhes, sem resultado. Mas não entendi como ela pôde afirmar que o objeto não era radioativo, nem lixo espacial, sem ter enviado uma expedição científica à zona da cratera. O caso continua, portanto, em aberto.
Em Tegucigalpa, nesta pequena mas movimentada capital, visitei o antigo palácio do governo. Dali se pode visualizar o Cerro El Picacho, rodeado de intrigantes histórias. O folclorista Jesús Aguilar Paz, falecido em 1974, contava em sua clássica obra Tradiciones y Leyendas de Honduras [Tradições e Lendas de Honduras] que desde jovem observava sobre a montanha uma “batalha de fogos fátuos, que se ocorria entre desconhecidos combatentes e guerreiros de outro mundo”. Aguilar Paz cita a crença popular de que “parecia que os choques elétricos não eram algo senão o acender e apagar de lâmpadas elétricas, pela poderosa mão de Deus”. O mais célebre folclorista hondurenho descrevia o fenômeno como bolas de luz fosforescentes que se levantam de cima das serras, percorrendo grandes altitudes e terminando por se apagarem ou fundirem com outras bolas semelhantes.
“A crença popular é que se tratavam de amigos que em vida, aqui neste vale de lágrimas, profanaram o grau espiritual que os unia, com brigas e desgostos. Seriam almas que penosamente andam pelos campos, chocando e imitando que sustenta uma luta pesarosa em vida”, contava poeticamente Aguilar Paz. Mas a poesia tem um fundo de realidade. E muita. “O que disse o folclorista é certo, pois eu mesmo vi estas bolas de luz no El Picacho. Mas não creio que sejam fogos fátuos, pois os conheço bem e são muito diferentes”, disse Salvador Echigoyen, estudioso de culturas pré-colombianas e ex-funcionário do Instituto Hondurenho de Antropologia.
No Brasil, na localidade de Araçariguama (SP), o fenômeno da “luta de esferas luminosas” também já era conhecido pelo menos desde o princípio do século. É um fato semelhante a lendas de vários outros países, como Farolito, na Argentina, ou a Mãe de Ouro, do Brasil. Elas também ocorrem em Concepción del Norte, no Estado de Santa Bárbara, ainda em Honduras. Ali, contam os nativos, numa determinada época do ano, todas as noites se desprende das matas do Cerro La Rabona uma bol
a de fogo que cruza os céus e desaparece noutras montanhas, percorrendo sempre o mesmo caminho. Outro possível fenômeno ufológico semelhante ocorre num local situado na Quebrada Seca, no Estado de Choluteca. Ali existe uma preciosa catarata, de aproximadamente 15 m, que dá origem a Poza del Viejo, uma lagoa larga e profunda, cujas águas são cristalinas e povoadas de peixes.
Rezam as tradições locais que nas ribeiras da Poza e numa de suas paradas solitárias viveu um velho arcado, meio bruxo, que com seus poderes controlava os peixes nas profundidades das águas, para que os homens não desfrutassem desse alimento. Os que queriam pescar deviam oferecer ao velho uma planta – a guacal de pozol – com a qual se prepara uma bebida chamada Machigua. Os interessados jogavam a planta na água e o velho aparecia de um lugar desconhecido, “nadando em um feixe de ouro”, segundo a lenda. Ao observar a oferenda, produzia acrobacias e com rapidez assombrosa levava a planta para as profundezas. Nesse momento, apareciam milhares de peixes que serviam de alimento aos nativos. O que poderia ser o feixe de ouro? Ao que parece, o objeto podia desenvolver movimentos acrobáticos com seu ocupante.
Chuva de Peixes — Curiosamente, em vários países centro e sul-americanos existem relatos de misteriosas entidades protetoras dos animais, que surgem desde que se ofereça a elas algum objeto de seu gosto, como tabaco e certos alimentos. Quase sempre estas criaturas são descritas como velhos ou anões assustadores, capazes de pôr para correr os mais corajosos caçadores. Feixes dourados ou cilindros voadores luminosos também foram vistos nos anos 70 e 80, na Amazônia, especificamente nos Estados do Maranhão e Pará. Realizavam acrobacias aéreas e alguns eram tripulados por humanóides. Às vezes eram vistos saindo do fundo de rios ou do mar, segundo o relato de algumas testemunhas.
Um dos fenômenos forteanos [Assim batizados em homenagem a Charles Fort, pesquisador de fatos insólitos] mais incríveis de Honduras é a chuva de peixes da localidade de Yoro. O fenômeno ocorre todos os anos no bairro de El Pântano, naquela cidade, sempre entre os dias 14 e 25 de junho, segundo alguns repórteres, e entre os dias 10 e 18, segundo o mencionado folclorista Jesús Aguilar Paz. O fato se inicia com a presença de grandes cortinas negras de nuvens que cobrem o céu, acompanhadas de fortes ventos e uma sucessão de descargas elétricas. “Nesses precisos momentos, começa a forte tormenta portadora de grandes quantidades de peixes pequenos, chamados olominas ou sardinhas”, disse Aguilar Paz.
Tormentas de Primavera — Foram procuradas várias explicações para o estranho fenômeno e alguns meteorologistas dizem que se deve a uma tromba marinha, que levantando-se do Mar do Caribe por força de um furacão ou tornado, e empurra os peixes envoltos em água e uma densa nuvem, até Yoro. De fato, os peixes aparecem anualmente, sempre depois de que caem as primeiras tormentas mais fortes da primavera. Para Aguilar Paz, a explicação podia ser outra. Ele acredita que as primeiras chuvas da estação produziriam infiltrações na terra e alimentariam de água o Llano del Pântano, que é afluente de vários riachos. A água impulsionaria as olominas que habitam em rios subterrâneos até a superfície e às vezes as expõe em locais mais secos, onde são recolhidas pelas crianças, que costuma vendê-las aos habitantes de Yoro.
O folclorista vê neste “brotar de peixes” mais lógica do que em uma “chuva de peixes”. No entanto o fenômeno não se dá só em Yoro, mas também nos pântanos de Tepanguara, ainda que não anualmente. De qualquer forma, ainda está pendente uma explicação para o fenômeno, assim como para muitos outros fatos misteriosos que transformam a pacata Honduras num dos países mais interessantes para estudiosos da Ufologia e o insólito em geral.