Os contatados são pessoas realmente interessantes, pois não somente alegam ter tido avistamentos de UFOs, como também mantido contato próximo com seus supostos tripulantes, tornando-se estes muitas vezes mais amigos do que extraterrestres. Um dos supostos alienígenas mais famosos no cenário ufológico seria justamente Ashtar Sheran, que é o tema desta edição. As inúmeras narrativas de alguns contatados demonstram que eles acreditam ouvir e perceber imagens, vozes e sons dentro de suas mentes, como se estivessem submetidos a uma fonte externa que parece dominar o conhecimento parapsicológico e manipular a pessoa em foco, através de uma espécie de telepatia. Para o leigo, pode parecer que esses tipos de contatos se enquadram perfeitamente à doutrina espírita, na qual os médiuns dizem receber espíritos de pessoas mortas e, ocasionalmente, até de entidades que se dizem ETs. Porém, como foi demonstrado através de várias pesquisas e trabalhos – principalmente os conduzidos pela pesquisadora brasileira Gilda Moura –, os contatados demonstram diferenças marcantes na maneira como recebem as informações, o que os distancia de qualquer associação com as práticas espíritas.
Em 1952, George Van Tassel publicou seu primeiro livro, intitulado I Rode a Flying Saucer [Viajei num Disco Voador]. Nele, baseado praticamente nas comunicações que teria recebido, Tassel descreve que o comandante Ashtar Sheran anunciava sua presença e chegada oficial à Terra em 18 de julho de 1952. Segundo as descrições do contatado, Ashtar seria um extraterrestre de “nível etéreo”, ou seja, de consistência puramente energética, devido a sua “escala vibratória superior”. Também é descrito que o comandante teria aspecto andrógeno, estatura entre 1,90 e 2,20 m, cabelos longos e loiros claros ou branco azulado. Sua roupa seria formada por uma espécie de macacão com botas de aspecto dourado. No peito ostentaria um símbolo formado por sete estrelas e, na cintura, uma espécie de cinto com uma pedra ou objeto em alto-relevo à mostra.
Na verdade, as descrições atribuídas a esse ser são várias, já que sua forma aparentemente física variaria de acordo com a galáxia ou o planeta onde ele estivesse atuando. Ashtar também se apresenta dizendo estar a serviço de Sananda, que seria o Jesus Cristo que os católicos e cristãos conhecem – os judeus não reconhecem um Jesus Cristo, somente uma pessoa conhecida por Ieshu ou Jesus [O termo Cristo é criação do polêmico apóstolo Paulo ou Saulo de Tarso]. Voltando a Ashtar Sheran, esse ser também costuma informar a seus interlocutores que seria o representante de civilizações extraplanetárias, como comandante de uma suposta frota de espaçonaves confederadas, entidade que seria constituída por inúmeras formas de vida, provenientes de diferentes civilizações e com as mais variadas aparências e formas. Tais seres teriam decidido atuar no planeta Terra a partir do momento em que seus habitantes começaram a fazer testes com artefatos atômicos e termonucleares.
Dimensão superior e resgate
Algumas das funções míticas atribuídas a tal ser seriam enviar mensagens aos habitantes da Terra, para que tomassem consciência de suas ações, orientá-los e ajudá-los durante os períodos de transição que o planeta passaria para chegar a uma “dimensão superior”, e resgatar os seres humanos que estivessem preparados ou em perigo, para então serem novamente recolocados na Terra, após um inevitável cataclismo que estaria se aproximando. Tassel acreditava que esse ser procedia de Vênus, embora, em algumas passagens e comunicações, exista a menção de que Ashtar Sheran viria de um planeta com o nome Methária, que orbitaria o sistema trinário de Alfa Centauro. Há alegações de que em tal planeta existiria, esotericamente, um tipo de forma de vida de natureza dimensional e distinta da humana. Mesmo assim, as supostas entidades dimensionais necessitariam de um planeta sólido e físico para habitar.
Mais uma vez, podemos observar a ligação entre a suposta origem de Ashtar – Vênus – e o nome Ishtar, que era a antiga menção ao referido planeta. Segundo as comunicações de Tassel, os venusianos teriam vindo à Terra em um passado distante e encontrado espécies de hominóides primitivos – uma classe de macacos pré-humanos – e assim iniciado procedimentos e estudos, além de realizar experiências de acasalamento com tais animais, criando assim uma nova forma de vida: o homem moderno. Em 1954, sob orientação das entidades que o contatavam, Tassel promoveu um evento no Deserto de Mojave, na Califórnia, num local denominado Giant Rock, perto do Vale Yucca. Lá reuniu milhares de simpatizantes, místicos, curiosos, contatados, agentes do FBI e fanáticos pelo tema. Em 1956, chegou a publicar outro livro, chamado Into this World and Out Again [Dentro desse Mundo e Fora dele Novamente], no qual forneceu mais informações canalizadas sobre vários aspectos filosóficos do mundo.
Como a maioria dos contatados, Van Tassel também parece ter sofrido da chamada síndrome do contatado e passou a se dedicar à criação de movimentos cósmicos e ao desenvolvimento de aparelhos e instrumentos que teriam a finalidade de ampliar as capacidades mentais e adormecidas dos seres humanos – essa, aliás, tornou-se uma prática constante em pessoas que dizem manter contatos com extraterrestres, que os induziriam à construção de aparelhos estranhos, que jamais funcionam ou que empregam conceitos teóricos distorcidos. Um desses aparelhos, denominado Integratron, é descrito por Tassel como tendo o propósito “de recarregar energia em estruturas celulares vivas, para proporcionar vida mais longa e produtiva”. Infelizmente, essa sua invenção jamais chegou a ser finalizada.
Ele fundou também um movimento denominado Universidade do Conhecimento Universal e passou a publicar mensalmente uma revista. Sua família participava ativamente dela escrevendo artigos e fazendo ilustrações. Essa publicação era enviada por correio para milhares de assinantes espalhados pelo mundo, inclusive para o FBI. Ela também veiculava os conselhos e as últimas mensagens dos “irmãos do espaço”. Antes de falecer, em 09 de fevereiro de 1978, o suposto contatado havia participado de 409 programas de rádio e televisão, realizado 297 palestras nos Estados Unidos e Canadá e ainda escreveu três livros, o &ua
cute;ltimo sendo The Council of Seven Lights [O Conselho das Sete Luzes, 1999], no qual relatou e discutiu suas experiências e o modo de vida em outros mundos. Ele acreditava ser um “intermediário entre a Terra e o povo do espaço”. Mas, para seu total desapontamento e de seus seguidores, os supostos alienígenas, juntamente com Ashtar Sheran, jamais compareceram às suas convenções.
Contato com venusianos
Mas, as funções atribuídas a Ashtar não terminaram por aí. Existe muita similaridade entre os contatos de George Van Tassel e um outro famoso contatado, o polonês naturalizado norte-americano George Adamski, que também dizia manter contatos com seres de Vênus, Marte e Saturno. Algumas descrições de Ashtar Sheran dadas por Van Tassel se assemelham às de Adamski. Curiosamente, este também morava na Califórnia e teria começado a ter algumas experiências em 1946. Após seu suposto contato com venusianos, ocorrido em 20 de novembro de 1952, também no Deserto da Califórnia, uma entidade teria se apresentado a ele como Orthon e dito ter vindo de Vênus – mais uma vez a ligação com o planeta e os nomes Ishtar e Ashtar surgem. Adamski passou a divulgar uma “filosofia messiânica e cósmica”, segundo ele, baseada no que os seres lhe transmitiam, chegando a fundar uma organização denominada International Get Acquainted Program [Programa de Familiarização Internacional, IGAP], e outro culto denominado A Ordem Real do Tibete.
Chegou a escrever três livros sobre suas aventuras: Flying Saucers Have Landed [Os Discos Voadores Pousaram, 1953], Inside the Space Ships [Dentro das Naves Espaciais, 1955] e Flying Saucers Farewell [A Despedida dos Discos Voadores, 1961]. Segundo Orthon, sua missão seria a de tentar pacificar as nações da Terra e fazer com que interrompessem seus testes com armas atômicas. De acordo com seus “ensinamentos”, a radiação oriunda de testes nucleares estaria interferindo no delicado equilíbrio ecológico de outros planetas do Sistema Solar. O suposto viajante venusiano informou ainda a Adamski que este poderia tirar fotos de sua nave espacial, mas não dele, pois desejava permanecer incógnito. Adamski faleceu em 26 de fevereiro de 1965.
Nos EUA, outro famoso contatado fundou a chamada Sociedade Aetherius, em 1955, baseado em informações transmitidas por supostos alienígenas – entre eles, novamente, Ashtar Sheran. Coincidência ou não, o nome desse contatado era George King, que faleceu em 1997. Vale observar que, logo após a produção do clássico filme O Dia em que a Terra Parou [1951], a era do contatismo – na qual figuravam seres de aspecto humanóide e com mensagens de alerta para a humanidade – iniciou-se de forma contundente e evidente. Antes disso, um filme francês produzido em 1902, por George Mélies – outro George! –, chamado La Voyage dans la Lune [Viagem à Lua], deve ter sido o primeiro a descrever contatos entre seres humanos e extraterrestres.
Ashtar é um mensageiro enviado por Sananda para auxiliar nos difíceis momentos por que a Terra vai passar
— Thelma “Tuella” Terrel, em seu livro On Earth Assignment
Uma outra famosa contatada foi a pessoa que teria recebido “autorização” da própria entidade Ashtar Sheran para ser sua biógrafa oficial na Terra. Era Thelma B. Terrel, falecida em 1993, aos 78 anos, e conhecida nos meios esotéricos e místicos pelo codinome Tuella. Segundo ela mesma relatou, em sua autobiografia On Earth Assignment [Destacada para a Terra, Guardian Action Publications, 1988], sua missão em nosso planeta seria atuar como “mensageira da luz”, para o Comando Ashtar Sheran e outros membros da hierarquia espiritual na Terra. Também dizia conhecer as outras encarnações que teria vivido e de ter pertencido à frota de espaçonaves do comandante numa de suas existências pregressas. Tuella também afirmava que, entre uma encarnação e outra, atuava diretamente com o referido comando e, como muitos outros contatados, se descrevia uma pessoa de origem extraterrestre – o que, aliás, do ponto de vista cosmológico, é perfeitamente factível, já que todo o material que originou a vida na Terra, inclusive ela própria, é de origem cósmica.
Arcanjo Michael e governos cósmicos
Tuella ainda acreditava ser uma entrante ou walk-in. Um de seus livros, Ashtar – Brotherhood of Light [Ashtar, Irmandade de Luz], totalmente canalizado, segundo ela, como todas as suas obras, descreve que Ashtar é o comandante de uma colossal astronave que estaria próxima à atmosfera da Terra. Na história de nosso planeta, ele era conhecido como o arcanjo Michael ou Miguel, citado nos livros bíblicos, e estando a serviço do “Governo do Grande Sol Central desta Galáxia”.
É importante destacar, nesse ponto do trabalho, que toda ação que envolva algum tipo de processamento mental por parte do contatado, como se vê com Tuella, Van Tassel e Adamski, está sujeito a inúmeras interferências advindas de filtros pessoais, paradigmas, formações morais e culturais originadas da pessoa que diz estar recebendo a mensagem. Até hoje é difícil saber com certeza até que ponto um indivíduo pode forjar, de forma inconsciente, toda uma experiência transcendental ou ufológica. Mesmo com a hipnose, capaz de resgatar dados que não são de conhecimento da pessoa, não há garantias de que a mesma não tenha inventado ou que esteja mentindo. Sendo assim, é possível que os nomes dos supostos extraterrestres possam estar sendo interpretados de forma errada. E, contato após contato, a confusão se perpetua.
Em seu livro Ashtar: A Tribute [Um Tributo a Ashtar, Guardian Action Publications, 1985], lançado por uma empresa fundada pela própria Tuella, e posteriormente reeditado com o nome Ashtar: Revealing the Secret Program of the Forces of Light & Their Spiritual Program of Earth [Ashtar: Revelando O Programa Secreto das Forças de sua Ação sobre a Terra, Inner Light Global Communications, 1994]. Na obra, a autora dá várias informações sobre o Comando Ashtar e seu controverso programa de preparação para as mudanças que supostamente ocorrerão no planeta. A publicação também traz diversas mensagens canalizadas de interesse geral, transmitidas por supostos dirigentes, do que Tuella chama de Forças da Luz, que estariam a serviço do comando.
Ainda sob orientação de Ashtar Sheran, Tuella publicou, em 1982, Project: World Evacuation [Projeto Evacuação Mundial, Guardian Action Publications], republicado em 1994, pela editora Inner Light, que descreve com detalhes as futuras mudanças pelas quais a Terra passaria e os procedimentos que estariam sendo planejados e que seriam executados para cumprir cada uma das três fases da evacuação planetária pelas forças galácticas sob comando de Ashtar. É interessante notar a semelhança desses planos com o suposto acordo científico-militar entre EUA e ex-URSS, já mencionado, que teria sido efetuado no final dos anos 50 e gerado, como resultado, o controverso
programa Alternativa 3. Ele também tinha três fases principais como objetivo para a evacuação do planeta Terra, numa eventual catástrofe. Mas nele estariam incluídas somente algumas pessoas especialmente selecionadas. Veja as fases da operação sobre comando de Ashtar:
Fase 1 — Seria uma evacuação ou resgate, executados de forma secreta, com líderes espirituais e mestres pertencentes ao corpo de voluntários dos “trabalhadores da luz”.
Fase 2 — Este viria a ser o resgate de todos os voluntários ou “seguidores da luz” e crianças especialmente selecionadas.
Fase 3 — Finalmente, a evacuação em massa da Terra em naves espaciais, até o último momento possível antes da catástrofe planetária que acabaria com toda a vida aqui.
Segundo alguns seguidores, o melhor canal da entidade Ashtar Sheran teria sido o alemão Hermann Ilg, de Reutlingen, Alemanha, que faleceu em 1999, com 80 anos. Essa fonte acreditava estar em contato com os chamados Santinians, uma raça da qual Ashtar faria parte. Para Ilg, o ser habitaria o terceiro planeta em órbita da estrela Alfa Centauro A – que outros autores chamam de Methária. Segundo o próprio Ashtar, tal planeta teria um clima equilibrado e fauna e flora mais diversas do que a da Terra. Seus habitantes passariam a maior parte de suas vidas no espaço, como pesquisadores. A função deles seria algo parecido com a missão protagonizada pelos tripulantes da espaçonave Enterprise da série Jornada nas Estrelas: buscar, reconhecer, estudar – e interferir – em outras formas de vida. Essa civilização teria o desejo de ajudar a humanidade da Terra, supostamente respeitando nosso livre-arbítrio e jamais nos forçando a algo – como, segundo esses mesmos seres, fazem as entidades extraterrestres de Órion, conhecidas na Terra como grays [Cinzas]. Ashtar Sheran também teria contatado o alemão Ethel P. Hill e o suíço Karl Schönenberger.
Formando uma “elite espiritual”
É interessante observar que grande parte dos contatados aqui citados e seus seguidores sempre deixaram claro que nada têm a ver com uma organização conhecida por Comando Ashtar ou com a personificação que fazem do referido ser. Essa entidade teria sido iniciada por um homem chamado Robert Short, também conhecido por Bill Rose, que era o editor de uma revista veiculada nos anos 50, chamada Interplanetary News [Notícias Interplanetárias]. Short chegou a ser amigo de George Van Tassel, com quem insistia para que as comunicações de Ashtar Sheran se tornassem populares e comerciais, para que ambos ficassem famosos. Ele não estava preocupado em trazer alguma verdade ao público, uma vez que seu foco era lucro.
Como Tassel parecia não concordar com tais termos, Short criou o seu próprio modelo de Ashtar Sheran, através da organização do Comando Ashtar – o que, segundo pessoas incumbidas de preservar o trabalho de Tassel, acabou por criar uma aura de misticismo e fanatismo em torno da figura clonada da entidade interplanetária, transformando-o num filósofo metafísico. Para Short, alguns poucos escolhidos, aqui na Terra, fariam parte de uma “elite espiritual”, com que Tassel não concordava. Segundo ele, o único e verdadeiro Ashtar Sheran seria o que teria contatado ele. Os demais seriam clones ou movimentos criados com o objetivo de confundir e desinformar.
A síndrome do contatado
Diz-se que a síndrome do contatado é um distúrbio psicossocial que é evidenciado pela abrupta mudança do modo de vida de alguns contatados e abduzidos. Ocorre que, com certa freqüência, o contato ou a abdução transformam o protagonista do caso em celebridade. Pessoas que antes levavam uma vida pacata, passam a ser o foco de atenção dos meios de comunicação, que somente estão interessados em audiência. Esse é o problema que a pesquisa séria enfrenta, pois pessoas que tiveram algum tipo de contato com o Fenômeno UFO e que estavam sendo sinceras em suas alegações, acabam virando “estrelas” e achando-se pessoas especiais e queridas pelos extraterrestres.
O esquema da “matrix social” pouco ajuda e tais pessoas passam a ser convidadas para participar de eventos nacionais e internacionais, nos quais se transformam em lendas vivas e acabam sendo assediadas por uma legião de simpatizantes, curiosos e fanáticos, que as vêem como gurus e se posicionam como sendo amigos das mesmas. Assim começa um vicioso ciclo no qual as relações sociais são ampliadas e a experiência de contato ou abdução pode render ganhos financeiros surpreendentes, através da publicação de livros, filmes, cursos de auto-ajuda, palestras etc. Pouco se pode fazer se uma pessoa chega a esse ponto, pois a legião de fiéis que se forma em torno dela é enorme, havendo muitas vezes casos de agressões, mortes e verdadeiras tragédias contra quem contesta a veracidade das informações. Temos como exemplo recente a tragédia ocorrida na seita ufolátrica Heaven´s Gate [Portão do Céu], comandada pela dupla Marshall Herf Applewhite e Bonnie Lu Nettles, que se intitulavam “Os Dois”.
Infiltrados entre nós
O termo entrante ou walk-in é utilizado por alguns pesquisadores que acreditam que entidades extraterrestres possam tomar o controle de corpos de seres humanos que teriam morrido clinicamente ou que perdem o direito de continuarem vivos. Na verdade, a expressão seria similar e importada de certas culturas e religiões, nas quais é conhecida por transmigração ou na parapsicologia, pelos termos metempsicose e palingenesia. Transmigração significa o transporte da alma de um corpo para outro. A expressão é baseada em doutrinas filosóficas de origem indiana, transportada para o Egito, de onde mais tarde Pitágoras as importou para a Grécia. Os discípulos desse filósofo ensinavam ser possível uma mesma alma, depois de um período mais ou menos longo no império dos mortos, voltar a animar outros corpos de homens ou de animais, até que transcorra o tempo de sua purificação, permitindo o retorno à fonte da vida.
Existiria uma diferença capital entre a metempsicose e a doutrina da reencarnação. Em primeiro lugar, a metempsicose admite a transmigração da alma para o corpo de animais, o que seria uma degradação. Em segundo, essa transmigração não se opera senão na Terra. A doutrina espírita leciona o contrário, que a reencarnação é um progresso constante, que o homem é um ser cuja alma nada tem em comum com a dos animais, e as diferentes existências podem realizar-se, quer na Terra, quer por uma lei progressiva, em mundos do que chama “de ordem superior”, até que se torne um “espírito purificado”.