O pedido da Comunidade Ufológica Brasileira pela liberação de documentos sigilosos da Aeronáutica, justificado pelos relatos de aparição de UFOs, foi o primeiro tema a ser tratado no XII encontro da série Diálogo com o Universo, ocorrido de 05 a 07 de setembro, em Botucatu. A platéia, entusiasmada, de cerca de 300 pessoas ouviu com atenção a primeira palestra do ufólogo e editor da Revista UFO A. J. Gevaerd. “Estamos sendo visitados por várias civilizações provenientes de outros planetas”, disse. “Tenho como intuição que caminhamos para uma resposta que todos buscamos”. O requerimento tramita na Comissão de Averiguação e Análise de Assuntos Sigilosos (CAAIS) da Presidência da República. Os membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), responsáveis pela campanha UFOs: Liberdade de Informação Já acreditam que os documentos sejam liberados o mais rápido possível.
Experiências diferentes – A opinião do público presente é muito divergente em relação à existência de vida extraterrestre. O operador de plataformas navais, Carlos Renato Vitali, começou a ler livros de Ufologia apresentados pelo pai aos seis anos de idade. “Todo dia vejo algo relacionado à ufologia”, disse Vitali que acredita na existência de uma civilização avançada em outro planeta distante da Terra. O artista plástico Rodrigo Prieto Mariano diz ter se aproximado de contatos extraterrestres com estudos do xamanismo (práticas indígenas para entrar em transe). Ele afirmou que em uma meditação já viu luzes que poderiam ser de uma nave espacial. “Naves aparecem em todos os instantes, mas em outros planos”, justificou. Há também participantes como o investidor José Carlos Olivieri que diz não acreditar definitivamente em sinais de vida extraterrestre, mas ainda assim acompanha tudo sobre o tema. “Não se tem provas de absolutamente nada, esse assunto é tão carente de fatos que pode se tornar uma coisa brincalhona”. Para Olivieri, depois de anos indo a congressos de Ufologia, as histórias se tornaram repetitivas. “É muito repetitivo, mas sempre aparece alguma coisa nova”, disse o participante ao explicar por que é freqüentador dos encontros.
Pseudociência – A Ufologia é criticada nas universidades brasileiras. É chamada de pseudociência por intelectuais. O astrônomo Cássio Barbosa, professor da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), acha cientificamente inaceitável tentar evidenciar a existência de UFOs ou naves extraterrestres usando um binóculo para procurar sinais ao acaso. “Para que alguma coisa fosse viável, teriam que fazer o dever de casa no método científico com uma hipótese, um problema, verificável em laboratório”, disse. O presidente da Sociedade Brasileira dos Céticos e Racionalistas, Renato Sabbatini, também considera pseudociência o que se convencionou chamar de Ufologia. “É uma sub-cultura de crédulos que desenvolvem uma pseudociência, que não tem base cientifica séria, mas chavões e métodos, que parecem ser sérios”, disse Sabbatini, professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).