Grupo de especialistas no assunto apresentou relatório com sugestões à ONU. Pesquisadores pedem ação concreta para que temperaturas não subam mais que 2,5 ºC.
Um grupo de cientistas apresentou nesta terça (27) o seu “Mapa do Caminho” para enfrentar os riscos da mudança climática, com recomendações específicas para enfrentar o aumento das temperaturas e diminuir os efeitos nos meios de subsistência da população humana.
O relatório foi elaborado por membros da Sociedade de Pesquisa Científica Sigma Xi e da Fundação das Nações Unidas por incumbência da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.
“A mudança climática é real. Está acontecendo e já está produzindo seus efeitos, o que nos leva a fazer algo sobre o assunto”, disse em entrevista coletiva John Holdren, professor da Universidade de Harvard e um dos autores do trabalho.
“Caso as temperaturas aumentem entre dois e quatro graus centígrados até 2100, como se projeta, os efeitos serão intoleráveis”, declarou. O dossiê recomenda tomar medidas concretas para que a temperatura média não aumente no final do século mais de 2 a 2,5 graus centígrados acima do nível que existia na era pré-industrial.
Para evitar isto, é proposta a estabilização das emissões de gases poluentes com novas tecnologias que permitam não apenas a redução destas emissões, mas que também proporcionem lucros econômicos, ambientais e sociais.
“Não deve existir esta sensação de desespero e de que o mundo vá acabar. Os desafios da mudança climática abrem novas oportunidades”, declarou o senador Timothy Wirth, presidente da Fundação das Nações Unidas.
O estudo concentra suas recomendações no uso da energia no setor dos transportes, com a padronização dos biocombustíveis, assim como na melhora dos equipamentos de edifícios comerciais e residenciais para a economia de energia. Além disso, sugere a melhora das estratégias e gestão dos recursos naturais, especialmente nos países em desenvolvimento.
“O mundo está experimentando um transtorno climático com o aumento das secas, das inundações e do nível do mar que causará nas próximas décadas um enorme sofrimento humano e prejuízos econômicos”, declarou Rosina Bierbaum, especialista da Universidade de Michigan.
“Para enfrentar estes desafios devemos gerir melhor a água, estar mais preparados para os desastres e para atender os refugiados ambientais, elaborar cultivos tolerantes à seca e usar os recursos naturais de forma mais sustentável, entre outras ações”, declarou.
O grupo de especialistas recomendou que a ONU e as instituições multilaterais tenham um papel crucial nas estratégias para gerir a mudança climática, e para conscientizar da necessidade de investir na pesquisa e financiamento de novas tecnologias.
“É necessário também acelerar as negociações para um novo marco internacional que aborde a mudança climática e o desenvolvimento sustentável”, declarou Wirth. Neste sentido, afirmou que será decisiva a agenda na próxima conferência mundial sobre o clima que acontecerá na ilha de Bali (Indonésia), e na qual devem ser estabelecidas as bases para um novo protocolo após Kyoto.
“Esperamos que em 2009 possamos alcançar um acordo internacional com um pacote de medidas para aplicar”, concluiu.