Pesquisadores estão mais convictos do que nunca de que os extraterrestres existem, sejam eles micróbios sobrevivendo penosamente em um planeta gelado ou seres inteligentes em um mundo aquático azulado a 5.000 anos-luz da Terra. “Com certeza devem existir outras estrelas como o nosso Sol e outros planetas como a Terra. A vida primitiva, pelo menos, pode ser comum no universo”, afirmou Geoff Marcy, cientista planetário da Universidade da Califórnia em Berkeley, durante uma conferência sobre ciência planetária que ocorreu na semana passada em Aspen, Colorado (EUA). Os caçadores de planetas se congregaram para comemorarem a descoberta dos quase 150 planetas “extra-solares” nos últimos dez anos e também para discutirem novas maneiras de observar o céu. O estado do Colorado, na região central dos Estados Unidos, se tornou um centro para a pesquisa planetária. A Universidade do Colorado, por exemplo, é uma das principais instituições do país neste campo e a Ball Aerospace, em Boulder, fabricou a maior parte dos instrumentos usados no Telescópio Espacial Hubble.
O valor das pesquisas na área mostrou ser incalculável. Vários dos planetas descobertos são “Júpiteres quentes” — planetas grandes e gasosos tão próximos às suas estrelas que neles a vida parece ser impossível. Mas, nos últimos meses, os astrônomos aperfeiçoaram os seus instrumentos para detectarem mundos menores. Eles têm encontrado planetas que estão suficientemente distantes de suas estrelas para possibilitar a existência de água no estado líquido, algo que se acredita ser uma condição para a existência de seres vivos. Os cientistas dizem que dentro de poucas décadas talvez sejam capazes de detectar os sinais químicos da vida na atmosfera de um planeta semelhante à Terra. “Escritores de ficção científica previram isso décadas atrás, e agora os cientistas percebem que provavelmente trata-se de uma realidade. Estamos percebendo que a vida na Terra não parece ser algo de especial”, disse Bruce Jakosky, cientista planetário da Universidade de Boulder.
Segundo Jakosky a vida no nosso planeta surgiu tão logo isso se tornou possível após os meteoritos terem deixado de bombardear furiosamente o jovem planeta. A principal mensagem obtida após uma década de descobertas de planetas é que há sistemas planetários por toda a Via-Láctea, em pelo menos 3% das estrelas. Existem cerca de 200 bilhões de estrelas na nossa galáxia. Os cientistas jamais puderam prever as descobertas que seriam feitas nos últimos dez anos. No início de 1995, duas equipes de cientistas anunciaram que havia falhas enormes nas pesquisas planetárias. Vários pesquisadores começaram a concluir que o nosso Sistema Solar estava sozinho na galáxia, revela Michel Mayor, do Observatório de Genebra. Mas, a seguir, a sua equipe chegou à conclusão de que a discreta oscilação de uma estrela semelhante ao sol seria causada por um planeta gigante girando velozmente à sua volta. O grupo de Marcy confirmou o fato: a atração gravitacional era causada por um planeta com metade da massa de Júpiter que orbitava a sua estrela a cada quatro dias.
Desde então, as técnicas utilizadas para detectar tais oscilações foram aperfeiçoadas. Os pesquisadores têm feito experiências por meio de outras técnicas telescópicas. Mas o próximo grande salto em detecção planetária, a descoberta de outros planetas semelhantes à Terra, provavelmente não será dado até pelo menos 2007, dizem os cientistas, quando a Nasa planeja lançar o telescópio espacial Kepler.”Atualmente, os engenheiros da Ball Aerospace estão construindo esse instrumento”, diz Harold Reitsema, diretor de programas avançados de ciência espacial da companhia. A NASA e a Agência Espacial Européia também começam a planejar outras missões a serem lançadas depois do Kepler como a Missão de Interferometria Espacial, o Descobridor de Planetas Terrestres e o interferômetro espacial de infravermelho Darwin. Não se sabe o que acontecerá a seguir, embora uma coisa seja certa: não haverá tão cedo visitas tripuladas a esses planetas, já que eles estarão provavelmente a dezenas ou milhares de anos-luz da Terra. Marcy fez uma série de cálculos que sugerem ser possível a existência de milhares de civilizações avançadas na Via-Láctea. “Só existe um problema: Onde estão elas? Por que não as vimos?”, questiona o pesquisador. Os cientistas não encontraram inscrições na Lua, espaçonaves acidentadas em Marte, ou mensagens à deriva no espaço.
Marcy sugere que talvez as civilizações simplesmente não durem tempo suficiente para que se comunicarem umas com as outras. E quem sabe a evolução darwiniana, algo que geralmente se acredita ser uma conseqüência inevitável da vida, não produza necessariamente inteligência. “Talvez existam outras maneiras de os organismos sobreviverem e se tornarem os mais aptos”, afirma.