Cientistas afirmam ter descoberto evidências de que Marte contou com um sistema aquático subterrâneo, provando que o planeta vermelho teve uma ligação longa e complexa com um dos potenciais ingredientes da vida. Em artigo publicado na edição de quinta-feira da revista científica britânica Nature, os cientistas se concentraram em questões lançadas pela sonda Opportunity, da Nasa.
Em sua exploração de uma vasta planície chamada Meridiani Planum, a Opportunity descobriu sedimentos ricos em sulfato que alguns especialistas alegam ser os vestígios de mares que teriam existido no planeta. Para outros, no entanto, a área do Meridiani Planum não era uma bacia e, portanto, não poderia conter uma grande quantidade de água.
Segundo o especialista Jeffrey Andrews-Hanna e seus colegas do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), a resposta está enterrada no passado de Marte e abaixo de sua superfície. Eles acreditam que a água brotou do subsolo.
O sítio geológico em questão “está, de fato, exatamente onde um modelo de simulação de água subterrânea global para Marte primitivo previu a nascente de água na superfície do planeta vermelho”, disse Victor Baker, um especialista em geomorfologista, em um comentário também publicado na Nature. O modelo de computador desenvolvido por Andrews-Hanna e seus colegas se estende muito além do local onde a Opportunity encontrou os minerais de sulfato hidratado.
Com base em outras evidências no fluxo de água abaixo da superfície, especialmente fotos da sonda Mars Orbiter mostrando que rochas que antes estavam abaixo da superfície foram alteradas pelo curso de água, os cientistas postulam o que Baker chama de um “sistema subterrâneo conectado globalmente” por todo o planeta.
Hoje, Marte é seco e sua atmosfera é quase totalmente privada de água. Mas a maioria dos especialistas agora concorda que o planeta foi coberto no passado por mares e uma atmosfera semelhante à da Terra, dando mais força às especulações de que possa ter abrigado alguma forma de vida, ainda que bacteriana.