O estudo das confissões íntimas dos astronautas ajudarão a Nasa e outras agências espaciais a planejar expedições mais longas, rumo à Lua ou Marte
Eles talvez não usem a expressão “querido diário”, mas três vezes por semana os dois astronautas americanos a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) anotam seus pensamentos particulares em diários pessoais. Eles escrevem sobre o humor, do que sentem falta, se a comida lhes agrada, se estão se dando bem com os demais membros da tripulação.
Pode soar como coisa de colegial, mas é feito em nome da ciência.
Os diários serão revisados por um cientista que quer avaliar como seis meses passados no espaço, ao lado de duas outras pessoas, pode afetar a visão de vida e o moral.
“Vai ficar parecendo uma coluna social, garanto”, disse a astronauta Sunita Williams, pouco antes de chegar à ISS, em dezembro. “Mas o importante é detectar características que criarão missões bem-sucedidas”.
Williams e Michael Lopez-Alegria, o outro americano atualmente a bordo da ISS, têm instruções para ser brutalmente honestos. Astronautas geralmente mantêm diários públicos, acessíveis a partir do website da Nasa, mas os diários particulares só serão lidos por Jack Stuster, um pesquisador californiano.
Os resultados do estudo de Stuster ajudarão a Nasa e outras agências espaciais a planejar expedições mais longas, rumo à Lua ou Marte.
De acordo como Mapa da Bioastronáutica, o documento que a Nasa usa para identificar e reduzir riscos no espaço, alguns integrantes de missões espaciais mostram-se incapazes, às vezes, de trabalhar bem juntos.
“Desconfiança interpessoal, desgosto, desentendimentos e comunicação ruim já levaram a situações de perigo em potencial, como tripulantes recusando-se a falar uns com os outros durante operações críticas, ou retirando-se da comunicação com os controladores de vôo”, diz o documento.