Num gesto de honestidade profissional, Ricardo Varela Corrêa, cientista-chefe do Departamento de Balões do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), reconheceu que as luzes que vêm sendo vistas há meses em Aparecida do Norte (SP), são mesmo objetos voadores não identificados.
A conclusão foi transmitida por Corrêa a Júlio Ottoboni, repórter do jornal O Estado de São Paulo, no dia 25 de setembro passado. Os dois focos luminosos observados na Serra do Mar, segundo o cientista do INPE, que foram registrados por um aparelho de alta precisão chamado posicionador global por satélites (GPS), multiplicavam-se misteriosamente e se deslocavam em velocidades acima de mil quilômetros horários. “Seus deslocamentos”, afirma Corrêa, “não podem ser explicados pelas leis da Física conhecida. Trata-se realmente de um objeto voador não identificado”.
A conclusão de Ricardo Varela Corrêa é muito importante sob vários aspectos. Ela abre caminho para que o assunto possa ser visto de maneira mais sistemática e séria. Para ele, chefe do Departamento de Balões do INPE, seria mais fácil do que para qualquer outro seguir a moda e dizer que tudo são meros balões ou fenômenos atmosféricos. Ao contrário, Corrêa passou horas e horas, durante muitos dias, no meio da mata, com instrumentos e muita paciência, para chegar a uma conclusão mais científica a respeito do evento.
Por trás de sua postura científica existe também um respeito à informação, ao direito das pessoas terem um diagnóstico sério a respeito de um assunto que vem empolgando o mundo. Quanto a isso, é interessante notar que, no Brasil, a tendência tem sido bastante diversa do que ocorre no resto do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, enquanto a opinião pública e a imprensa correm atrás da verdade, os órgãos governamentais negam sistematicamente a natureza desconhecida dos eventos e ocultam as investigações oficiais sob rótulos de balões, fenômenos meteorológicos e alucinações coletivas.
No Brasil, os órgãos governamentais têm sido mais transparentes. Em 1982, quando um UFO perseguiu um avião da VASP, tanto as autoridades aeronáuticas civis quanto o Comando Aéreo da FAB confirmaram o avistamento nos radares. Nessa ocasião, o próprio piloto do jato da VASP e grande parte dos passageiros confirmaram o UFO, que se transformou em notícia nos principais jornais, revistas e emissoras do país. Entre os passageiros do jato havia um bispo católico e um grupo de padres. Eles se recusaram a olhar pelas janelas, o que é até explicável – embora não admissível – tratando-se de religiosos.
TRANSPARÊNCIA — Alguns cientistas civis, entretanto, não tiveram a mesma transparência dos órgãos públicos. O chefe do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, por exemplo, disse que se tratava do planeta Vênus, confundido com um UFO pelos passageiros e pelo comandante da aeronave. Essa é uma atitude típica de desrespeito, felizmente hoje caindo em desuso. Um astrônomo que não viu o objeto, pretendendo desacreditar pessoas sérias que viajavam a bordo, além do piloto, experiente profissional com milhares de horas de vôo.
É preciso, agora, explicar um pouco mais a conclusão de Ricardo Varela Corrêa, do INPE, sobre os acontecimentos de Aparecida do Norte. Quando afirma serem UFOs, que inclusive desafiam as leis da Física, na verdade não está admitindo tratarem-se de naves extraterrestres tripuladas. UFO é a abreviatura em inglês de objeto voador não identificado. Isto é, algo que voa, não é avião, passarinho, pipa ou balão. Essa é a conclusão do cientista Corrêa. Não se trata de nenhum objeto conhecido. Trata-se de um UFO.
Corrêa fez várias medições no local dos aparecimentos e concluiu que as duas luzes estavam geralmente a uma distância de 100m do topo do maciço da Serra do Mar. Quando se desmembravam em outras luzes, o deslocamento era feito em velocidades entre 800 e 1,5 mil km/h. quando apagavam, surgiam intensos clarões nas montanhas. “Não existe nenhum artefato humano que gere aquele fenômeno”, afirmou Corrêa.
Quanto aos depoimentos recolhidos na região, principalmente os do frentista Roberto da Silva, que atirou na luz, e do sitiante Jorge Divino Pereira, que foi tragado por ela, o cientista do INPE ficou convencido de que essas pessoas passaram, no mínimo, por experiências muito estranhas.