Ultimamente, cientistas, estudiosos e simpatizantes da pesquisa idônea sobre a presença alienígena na Terra têm se perguntado cada vez mais quando chegará a hora do reconhecimento oficial da Ufologia como ciência. Esta não é uma questão banal e deve ser analisada com muita serenidade, e tal análise deve levar em consideração alguns fatores cruciais. Primeiro, quais disciplinas científicas podem auxiliar a pesquisa ufológica em suas atividades, levando-a a ter mais qualidade em seus resultados e, com isso, permitindo à comunidade acadêmica constatar a legitimidade do fenômeno. Segundo, como conseqüência, dissipar a rejeição que ainda impera nos meios científicos quanto à possibilidade de estarmos de fato recebendo visitas de outras espécies cósmicas. Para tanto, uma análise do comportamento e das tendências destes meios, assim como da imprensa, da Igreja e dos segmentos militares, entre outros, deve ser levada a efeito, para que se entenda o porquê da rejeição global ao tema por parte do meio acadêmico – e, claro, do estabelecimento, há décadas, da política de acobertamento ufológico.
Vamos iniciar tratando das potencialidades científicas da Ufologia e como ela pode ser auxiliada por inúmeras disciplinas. Para começar, explico que tomei a liberdade de grafar a palavra Ciência com inicial maiúscula, como substantivo próprio. Assim, seu significado passará a ser o de um conjunto de ciências, diferenciando-se de Ciência em si. Pretende-se, com isso, ampliar a discussão para além de uma única e determinada área científica. Mas, afinal, o que é a Ciência? Simplificadamente, é um conjunto de conhecimentos e métodos sistematizados que permitem a observação de fenômenos, a fim de compreendê-los e fazer a aplicação de tal compreensão na vida cotidiana. Geralmente, explicações científicas são dadas para fenômenos naturais em detrimento dos sobrenaturais, embora não se exija a aceitação ou rejeição do que é sobrenatural. Hoje sabemos da existência de fenômenos ditos extrafísicos, que ocorrem fora do âmbito da tridimensionalidade cartesiana, para os quais ainda não há compreensão e aplicação adequada, muito menos metodologias compatíveis para reproduzi-los, como requerem os preceitos científicos.
Assim, naturalmente, a Ciência é formada por muitas ciências específicas, que são definidas pelo tipo de fenômenos que investigam, como astronomia, biologia, física, história etc. Por extensão, não existe um método científico único para elas. Alguns envolvem a lógica pura, levando a conclusões, deduções ou induções a partir de hipóteses, resolvendo implicações e relações com condições necessárias ou suficientes. Outros métodos são práticos, como observações e experiências controladas, ou o desenvolvimento de instrumentos. Naturalmente, métodos científicos são impessoais, ou seja, o que um cientista é capaz de fazer, qualquer outro deve estar apto a duplicar. E quando um afirma medir ou observar algo através de uma metodologia particular que outros não possam reproduzir, temos um sinal claro de erro por parte daquele que o afirma, em alguma etapa do processo.
Buracos negros e multiversos
Porém, nem sempre é possível duplicar ou refazer uma experiência ou um fato científico. Por exemplo, um furacão ou um terremoto não são fenômenos reproduzíveis em laboratório, e nem por isso se duvida de sua realidade e catastrofismo. Ou seja, não precisamos reproduzir todos os fatos conhecidos ou presumidos na natureza para confirmar sua existência. Noutro exemplo, um buraco negro, os múltiplos universos (multiversos), ou ainda o Big Bang, a explosão inicial que teria dado origem a tudo, não têm evidências físicas que os confirmem, mas isso não impede os cientistas de dedicarem suas vidas explorando e defendendo tais teorias. Sob olhar atento, vêem-se em muitos artigos de jornal, revistas ou na internet, até em ambientes considerados acadêmicos, discutindo recentes avanços na Ciência com o emprego de expressões como “pode ser”, “talvez”, “é possível”, “provavelmente” e outros que indicam hesitação, coisa que não seria cabível em tais situações.
Isso nos leva à questão ufológica. Os feitos e efeitos dos UFOs estão justamente na categoria das teorias não comprováveis, como as exemplificadas acima, incluindo o que seria nosso objeto final de estudos: um disco voador material em um laboratório, à disposição para todo e qualquer tipo de exame. Isso não existe, é verdade. Entretanto, temos evidências concretas e das mais variadas magnitudes e possibilidades científicas de que o fenômeno é real, como é do conhecimento dos ufólogos. A Ciência não assume saber a verdade absoluta sobre tudo o que há no mundo, mas sim que deve buscar seu conhecimento e aplicação, e isso deve também ser aplicado à presença alienígena na Terra. Aqueles que afirmam o contrário não podem estar falando sobre conhecimento científico. Ciência pressupõe uma ordem regular na natureza e também que existam princípios fundamentais segundo os quais os fenômenos funcionam. Entre eles há elementos ou leis relativamente constantes que, no entanto, não sabemos de forma definitiva o que são, como causam tais fenômenos e nem em que ordem o fazem.
Por definição, simplificando, uma teoria científica é o conjunto de princípios, conhecimentos e métodos para explicar o comportamento de acontecimentos específicos. Tenta-se entender e esclarecer o mundo a partir das experiências observadas sensorialmente e como as coisas naturais operam e acontecem. Algumas teorias científicas, quando são propostas e desenvolvidas pela primeira vez, são pouco mais que palpites baseados em informações limitadas. Mas quando bem desenvolvidas, organizam o conhecimento que nos permite prever ou elucidar amplos eventos. Por que não se aplicar tais estudos e conceitos também quanto à ação de outras espécies cósmicas em nosso meio, se existem evidências disso?
A característica que leva uma teoria a ser considerada científica é a possibilidade de ser testada experimentalmente e posteriormente confirmada. Quanto maior o número de testes rigorosos, maior seu grau de ratificação e aceitação – embora isso não ocorra com todos os fenômenos, como já descrevemos. Todavia, nenhuma teoria científica pode ser provada com certeza absoluta. Por exemplo, a festejada Teoria da Relatividade de Einstein é aceita como válida, mas não significa que seja infalivelmente certa.
Metodologias “emprestadas”
Em igual situação está a Teoria da Evolução das Espécies, de Charles Darwin. No caso dos UFOs e de seus tripulantes, temos inúmeras deduções e induções, hipóteses e metodologias “emprestadas” das mais variadas disciplinas e formas de pesquisa, mas estamos ainda na fase dos palpites baseados em informações limitadas, o que é normal para uma disciplina – poderíamos chamá-la de protociência? – com pouco mais de meio século de existência.
O objeto de estudo da Ufologia se mostra multifacetado, multiforme ou, em muitos casos, simplesmente imaterial. Ele envolve toda uma complexidade de interpretações e ações, que têm sérias conseqüências antropológicas, sociais, políticas, religiosas, ideológicas e científicas. Isso exige a ação direta de profissionais das mais variadas áreas, trabalhando em conjunto e harmonicamente organizados, o tempo todo. A história nos mostra que teorias não permanecem inalteradas para sempre. Às vezes funcionam bem por algum tempo, mas depois, com a descoberta de novos fatos que não se encaixam nas regras então estabelecidas, outra forma de pensar acaba por substituir a anterior, às vezes parcial, às vezes totalmente. Temos visto isso há séculos, especialmente nas últimas décadas, e é justamente esta constante mutação um dos aspectos inerentes à Ciência.
Estudo dos UFOs, o que é?
O conhecimento científico que temos hoje está estabelecido em relação ao saber humano, e cientistas são igualmente seres humanos, não são deuses. Assim, naturalmente, a Ciência pode errar ou se equivocar. É comum estudiosos e até pesquisadores se agarrarem a afirmações científicas como verdades absolutas, sem qualquer questionamento, numa atitude que mais se assemelha a de fiéis seguindo sua religião. Neste caso, Ciência vira doutrina e seus representantes, inquisidores. Tal comportamento, ainda presente em mentes que ficaram pelo século XX, ortodoxas e caducas, é inadmissível na atualidade. Basta acessarmos a literatura moderna sobre estas áreas e constatamos que a bitolação já venceu seu prazo de validade há anos.
“Todo grande progresso da ciência resultou de uma nova audácia da imaginação”, disse certa vez John Dewey, filósofo norte-americano. A chamada Era Moderna dos Discos Voadores foi iniciada oficialmente em 24 de junho de 1947, dando espaço ao termo Ufologia, por definição o estudo dos objetos voadores não identificados, OVNIs ou UFOs, do inglês unidentified flying objects, e também de seus supostos tripulantes. E assim como há o termo Ufologia, há também a expressão ufólogo para designar o pesquisador que se dedica ao assunto. Desta forma, a Ufologia completou 62 anos de “vida” em 24 de junho de 2009, e no decorrer deste tempo descobrimos, detectamos, investigamos, documentamos, fotografamos e filmamos uma enorme variedade de ocorrências cada vez mais sólidas e comprovadas de fenômenos e efeitos físicos, químicos, biológicos, ópticos, eletromagnéticos, elétricos, térmicos, astronômicos, sociais, históricos etc, todos ligados à manifestação de OVNIs ou UFOs em nosso meio.
São constantes os avistamentos, pousos e abduções, invariavelmente semelhantes entre si, assim como traumas, seqüelas físicas e psicológicas em testemunhas do fenômeno – que, sob este ângulo, são vistas mais como vítimas do que como testemunhas. Ao mesmo tempo, indivíduos cada vez mais capacitados e formados nas mais diversas áreas do conhecimento humano, social e científico, têm surgido para investigar tais ocorrências, alguns demonstrando grande interesse e admiração pelo tema, outros, mais do que isso, dando significativas contribuições ao seu entendimento. Estes são os genericamente chamados de ufólogos, gradativamente incorporados ao meio, cada qual em sua especialidade profissional, na busca de pistas, soluções, metodologias apropriadas, tecnologia e equipamentos inovadores. Entre outras coisas, formulam teorias, buscam respostas e formas de tratamento, e alguns ainda se dedicam à recuperação física e psicológica de abduzidos, entre outras ações.
O estudo dos discos voadores e seus tripulantes, ao contrário do que muita gente imagina, pressupõe multi e interdisciplinaridade, engloba simplesmente muitas das disciplinas científicas e dos métodos de investigação de que dispomos na atualidade. E para quem se espanta com esta afirmação, citamos resumidamente algumas das áreas mais relevantes de que necessitamos e utilizamos para tratar da fenomenologia ufológica em toda a sua extensão e complexidade. Da antropologia à geografia, da astronomia à neurologia, da filosofia à teologia etc, são inúmeras as áreas científicas que podem – e devem – ser empregadas para se identificar e pesquisar a presença alienígena na Terra.
Ufologia de A a Z
Antropologia — É o estudo da espécie humana, sua origem, evolução, costumes, instituições etc. A Ufologia pode empregar os resultados desta disciplina para investigar possíveis vestígios da influência alienígena em todas as civilizações, raças e povos que já viveram no planeta, sem distinção, como também suas relações com a humanidade contemporânea. Aqui se encaixa a arqueologia, o estudo das civilizaç&otild
e;es pré-históricas através de monumentos, objetos, documentos, ossadas etc por elas deixadas. Em uma de suas extensões, há pesquisadores que se dedicam à busca e compreensão do chamado “elo perdido” entre as espécies, enquanto outros acreditam na possibilidade de coexistência entre civilizações cientificamente avançadas, habitando suntuosas metrópoles, e seres primitivos morando isolados em cavernas. Um conceito que une a arqueologia à pesquisa ufológica é a dita Ufoarqueologia, que busca indícios diretos da ação extraterrestre no passado da humanidade.
Astronomia — Área da Ciência que estuda a formação, constituição, posição relativa e leis que regem os movimentos dos astros. Como alguns deles são freqüentemente confundidos com UFOs por observadores desavisados ou sob circunstâncias extremas, toda pessoa dedicada à pesquisa ufológica deve ter noções básicas desta atividade. A astronomia e, mais ainda do que ela, a recente disciplina chamada de astrobiologia têm papel preponderante na localização e identificação de planetas extra-solares – de fora do Sistema Solar ou exoplanetas – com chances de abrigar vida, microscópica ou inteligente. Praticamente toda semana, em algum meio de comunicação, temos informações sobre novos orbes como estes, descobertos por sondas e telescópios orbitais. Estrelas são sóis e podem abrigar planetas ao redor, assim como o Sistema Solar, o que multiplica a possibilidade de existirem exoplanetas no universo a taxas inimagináveis – fala-se em 1070 a quantidade de estrelas existentes no cosmos. O avanço e aprimoramento na construção, capacidade e tecnologia de telescópios nos fornecerão surpresas fascinantes no futuro próximo.
Biologia — O segmento da Ciência dedicada ao estudo dos seres vivos, das leis da vida e sua relação com o meio ambiente. Nele também existem lacunas sem explicação, mas a disciplina é a base para melhores questionamentos e buscas sobre nossas origens e evolução, incluindo a genética, parte da biologia que estuda as leis da hereditariedade e as partículas (genes) responsáveis por esse fenômeno, pelas mutações, hibridação, tecnologia genômica e bioquímica. A biologia desenvolveu técnicas de análises laboratoriais que também podem ser utilizadas em investigações ufológicas. A exobiologia é exatamente o estudo de vida fora da Terra, hoje modernamente conhecida como astrobiologia, grosso modo, deriva da junção da astronomia com a biologia. Ela permite o estudo das possíveis formas de vida a serem encontradas em outros planetas – assim como a descoberta e pesquisa de formas de vida alienígena eventualmente descobertas aqui mesmo, na Terra [Veja seção Mundo Ufológico das edições UFO 155, 156 e 157].
Filosofia — Disciplina que visa à compreensão da realidade em sua plenitude, especialmente da origem e do sentido da existência. Todo ufólogo ou simpatizante da pesquisa da presença alienígena na Terra também, e naturalmente, é um filósofo em potencial.
Física — Talvez a área da Ciência que mais utilidade tem para a Ufologia, que estuda as propriedades e a estrutura dos corpos, dos sistemas materiais e as leis que explicam as modificações que ocorrem em seus estados e movimentos. A física está sempre em desenvolvimento e expansão, dando origem a novos campos de estudo, especialmente de que fenômenos que antes aparentavam ser independentes e sem nenhuma relação entre si, e hoje mostram-se como partes de um único e mais complexo fato. Como se encontra em contínua evolução, é difícil definir com precisão seu campo de atuação, especialmente quando se considera que pode ser empregada em harmonia com as mais variadas ciências e áreas da tecnologia. É em seus domínios que tivemos inumeráveis conquistas, inclusive controversas, como a energia atômica.
A física se divide em diversas partes, como a acústica (o estudo de fenômenos sonoros), o eletromagnetismo (dos fenômenos elétricos e magnéticos), a mecânica (dos fenômenos do movimento), a óptica (que estuda a natureza da luz e seus fenômenos), a termologia (dos fenômenos térmicos) etc. Assim, como se vê, grande parte dos efeitos produzidos pelos UFOs deveria ser de interesse dos físicos, por se enquadrarem em praticamente todas estas categorias. Mas, ao contrário do que seria natural esperar, eles parecem mais confortáveis ao ignorarem a existência e a ação de objetos voadores não identificados em nosso meio. Mesmo que suas manifestações desafiem a gravidade e as mais elementares leis físicas. Porém, cedo ou tarde, os físicos perceberão o grande equívoco que é ignorar ou subestimar a fenomenologia ufológica, e quanto tempo perderam com a indiferença ao assunto ou inúteis tentativas de explicações descabidas para sua natureza.
Além da mecânica quântica, a direção tomada pela física moderna ou “nova física” já está provando aos mais ortodoxos que muitos fatos, métodos, regras e teorias científicas indicam o caminho para novos e mais amplos estudos. E eles levam a reformulações espetacula
res de conceitos, visando a uma inovadora e promissora visão de mundo e de universo. Idéias como a Teoria das Supercordas, que estima a existência de dezenas de dimensões – ou mesmo a possibilidade delas serem infinitas –, e dos chamados buracos de minhoca [Wormholes], possíveis atalhos para outros pontos do cosmos ou mesmo universos paralelos, são revolucionárias para a física clássica sob qualquer ponto de vista, ainda que há pouco eram meras especulações. Tais conceitos, além de lidarem diretamente com a quebra do limite imposto pela velocidade da luz, nos permitem antever como, através de fendas no espaço e no tempo, um dia poderemos nos deslocar por longas distâncias através do universo.
Geografia — O estudo dos aspectos físicos da superfície da Terra, que tem importância fundamental na determinação e investigação de campo de ocorrências ufológicas. Obviamente, através dela vamos entender a localização, o tipo de relevo e vegetação, a hidrografia e outros aspectos morfológicos de locais de pesquisas. Aqui se encaixam a geofísica e a geologia. A primeira trata das características e propriedades físicas do planeta. E, de interesse específico da Ufologia, nos proporciona a disciplina conhecida como geofísica espacial, que busca a compreensão dos fenômenos físico-químicos que ocorrem na Terra e no espaço próximo, com estudos sobre o campo geomagnético e suas variações espaço-temporais, fenômenos elétricos na atmosfera e condutividade elétrica nas camadas internas do planeta. Já a geologia estuda a origem, constituição e transformações do globo terrestre e as formas de vida nele existentes. Estas modificações resultam em materiais e fenômenos naturais que têm influência direta e indireta sobre nossas vidas, sendo relevantes à compreensão dos processos físicos e químicos que levaram o planeta a ser o que é.
História — Área da Ciência responsável pelo registro dos fatos políticos, econômicos, culturais e sociais notáveis na vida de um povo ou da humanidade. É vista também como o conjunto de obras e de conhecimentos derivados da ação de um povo ou da humanidade, possibilitando o estudo da origem e desenvolvimento de uma arte ou ciência. Os acontecimentos que podem ser interpretados como ufológicos em toda a extensão da história da Terra são incomensuráveis e amplamente documentados, contando com ações e reações típicas do homem a ocorrências do gênero. Ao longo de milênios, a manifestação ufológica vem sendo registrada das mais diversas formas, e cabe à história decifrar o que na trajetória humana é causado pelo homem e o que é causado por nossos visitantes extraterrestres, que freqüentam nosso planeta desde as mais tenras épocas. A partir do momento em que governantes, militares e cientistas admitirem definitivamente a interação entre humanos e alienígenas como realidade, terá início uma revisão sem precedentes nesta disciplina.
Medicina — Naturalmente, como o Fenômeno UFO tem interação direta com o ser humano, seja como resultado psicológico de um avistamento simples ou como conseqüência física de seqüelas ou efeitos causados durante uma manifestação, tal como uma abdução alienígena, diversas áreas da medicina são absolutamente imprescindíveis à Ufologia. Notadamente a neurologia, que estuda e trata das perturbações e doenças do sistema nervoso, que tem importância significativa na compreensão dos processos cerebrais resultantes em abduzidos e pessoas que estiveram próximas de UFOs. E, mais especificamente, temos hoje a neuroteologia, recente iniciativa de cientistas para explicar os eventos chamados místicos ou espirituais na mente dos seres humanos, antes rotulados de sobrenaturais.
Sabemos que o rigor científico sempre foi empregado para sepultar as tentativas de se levar a sério a ocorrência destes fenômenos místicos ou espirituais, antes vistos como patologias da mente. Agora, novas técnicas de pesquisa tentam decifrar alguns dos maiores enigmas da humanidade, como a fé, a meditação, os estados alterados de consciência e as viagens astrais. Este é o desafio da neuroteologia, que também teria imensa utilidade na interpretação de contatos ufológicos, especialmente diretos com tripulantes, através de imagens obtidas na intimidade do organismo por equipamentos de última geração, como tomógrafos e outros. Os neuroteólogos buscam entender o mecanismo da espiritualidade, que é subjetiva, na massa cinzenta e material. Nada mais natural que os resultados de seus esforços sejam conhecidos e empregados também nas pesquisas ufológicas.
Psicologia — O estudo dos fenômenos psíquicos e do comportamento humano e animal, a análise do conjunto de disposições psíquicas e mentais de uma pessoa ou classe de indivíduos. Seriam as abduções alienígenas frutos do imaginário humano? Talvez em alguns casos, mas certamente não na totalidade, uma vez que acontecem em todas as classes sociais, por praticantes das mais variadas convenções religiosas e com as mais diversas capacidades intelectuais. As abduções atingem pessoas de todas as etnias e pertencentes aos mais variados povos, merecendo com isso atenção especial da psicologia, se não na identifi
cação dos mecanismos e conseqüências do contato direto com outras espécies cósmicas, pelo menos, em última hipótese, na análise do que resultaria esta “anomalia global”, quando cessadas as tentativas de se legitimar o fenômeno.
Em seu ambiente acadêmico estão a psicanálise e a psiquiatria, igualmente úteis à Ufologia. A primeira como o conjunto de métodos de investigação psicológica dos processos mentais criado por Sigmund Freud (1856-1939), visa ao tratamento das desordens emocionais. E como outras disciplinas ou ciências já descritas, também tem relevância nas tentativas de compreensão das abduções, como também na identificação e separação entre o que é real e imaginário neste fenômeno. E a psiquiatria, a parte da medicina que abrange o estudo e o tratamento de doenças mentais, pode ser uma ferramenta essencial na determinação do estado mental de pessoas que alegam ter estado em contato com seres extraterrestres. Há em inúmeras clínicas psiquiátricas mundo afora pessoas portadoras de sintomas típicos das abduções, com seqüelas psicológicas graves. Seriam doentes mentais ou teriam ficado após suas experiências, se as considerarmos reais, talvez por não encontrarem explicação para as mesmas ou, pior, aceitação para sua condição após manifestada a doença?
Química — Ciência que estuda a composição das substâncias, suas propriedades e as leis que regem suas reações, combinações e transformações. Tem importância universal, pois os elementos químicos estão presentes em nossos corpos, em nosso planeta e no cosmos. A química é empregada em vários tipos de análises e testes em amostras, além de explicar os resultados. Neste cenário, seu emprego é imprescindível na determinação da constituição de vestígios eventualmente deixados por discos voadores em vôo, tal como o chamado cabelo de anjo – pequenos filamentos esbranquiçados que caem dos aparelhos, em alguns casos –, ou pousados, como óleos, fragmentos ou terra, vegetais e pedras afetadas pela nave. Como curiosidade, diga-se que a química teve sua origem na ancestral alquimia, coisa que muitos químicos desconhecem. Era praticando a alquimia que excêntricos pioneiros buscavam cura para as doenças e o elixir da vida eterna, além de fórmulas mágicas para transformar qualquer material em ouro, entre outras esquisitices que acabaram se tornando a base da medicina e da farmacologia modernas.
Teologia — O estudo ou tratado das questões religiosas relativas à divindade e a sua relação com os homens. Assim como na história, esta modalidade de estudos envolve complexas e infinitas possibilidades, entre as quais a interação dos deuses, de carne e osso ou não, com nossos antepassados. Será a teologia, portanto, uma das áreas do conhecimento a ter ação preponderante na identificação da real natureza de “anjos”, “santos”, “fadas”, “duendes” e tantos outros entes religiosos ou míticos que abundam na história da humanidade? Seriam seres provenientes de outros pontos do universo, mal compreendidos pelos atrasados humanos?
Além destas disciplinas que podem auxiliar na pesquisa ufológica, há ainda muitas outras áreas acadêmicas ou paralelas que podem ser empregadas com o mesmo fim, tal como as etnociências, o estudo das doutrinas e textos sagrados, a hipnose e a parapsicologia, as ações e procedimentos militares, os serviços secretos e de inteligência etc. Enfim, onde quer que o ser humano tenha se manifestado organizada e inteligentemente – ou nem tanto –, sempre há espaço para a aplicação dos conhecimentos adquiridos na investigação da presença alienígena na Terra, que é algo inerente à toda forma de saber da humanidade.
Estagnação ou transição?
Apesar deste manancial de disciplinas à disposição, com sua infinidade de métodos e recursos, a Ufologia ainda conta com pouco auxílio da Ciência. Some-se a isso, infelizmente, o pessimismo e o ceticismo que existe no meio acadêmico e, pasmem os leitores, dentro da própria comunidade ufológica – na qual, por incrível que pareça, não faltam indivíduos que não somente atrapalham como atuam contra os avanços na área. Para eles, não há respostas à vista na manifestação ufológica e podemos abandonar os trabalhos e voltar à vida simples e corriqueira. Em seu pensamento, a despeito dos progressos cada vez mais claros na área, a pesquisa dos discos voadores e seus tripulantes chegou ao limite, o fenômeno não se dá a compreender e não há mais nada a fazer.
Contribuem para este estado de desalento, de alguns, sua incapacidade de lidar com uma das características mais marcantes do Fenômeno UFO: sua inexorável vastidão e complexidade. Os que assim tratam da questão se alinham aos cientistas mais arraigados a conceitos arcaicos de suas disciplinas e não vêem que, ao contrário, a contínua e obstinada busca de respostas, ainda que como a procura de uma agulha no palheiro, pode se revelar a maior aventura do saber para a espécie humana. Seria, é claro, bem mais fácil ignorar a promessa de fantásticas revelações no futuro e abraçar as dificuldades do momento, abandonando o trabalho já iniciado por nossos pioneiros e ao qual damos continuidade. Como seria confortável retirar da pauta as pesquisas sérias sobre visitas à Terra de outras espécies cósmicas, pois, afinal, perscrutá-la realmente não é algo simples, mas uma atividade de grandes exigências. Contudo, se o fizermos, deixaremos o caminho livre para as fraudes, a ufolatria, o charlatanismo e messianismo. Além de abrirmos mão da aventura da descoberta de vida em profusão no universo. Seria este o fim de tudo?
Na verdade, a Ufologia Mundial – não somente a Brasileira – está hoje numa
fase clara de transição e reorganização, em que é necessário separar o joio do trigo, unificar as tendências, esclarecer e concluir trabalhos e projetos em andamento. E mais, é hora de se difundir a realidade da presença alienígena na Terra de maneira definitiva no meio acadêmico, buscando a oficialização da Ufologia como uma disciplina que necessita de espaço e amparo. Certamente, isso não será possível em curto prazo, mas virá um dia, ainda que distante. Portanto, há muito trabalho pela frente. Esta é uma fase de ajustes, meditação e reflexões, mas que requerem a tomada de decisões e de ações concretas, da qual a Ufologia sairá fortalecida e pronta para seguir em frente, para encontrar seu destino de trazer luz à humanidade sobre seu lugar no cosmos.
Para finalizar este ensaio, gostaria de citar uma expressão da psicóloga e pensadora norte-americana Ruth Hover: “Quando uma documentação mostra que há vários de nós que trabalham para a abertura de um tema, devemos debatê-lo, questioná-lo e intercambiar informações a seu respeito. E, assim, mais pessoas compartilharão suas experiências conosco, permitindo que o assunto venha finalmente à tona e toda a sua extensão”.