Qualquer pessoa que pesquise o Fenômeno UFO sabe que ele é real, apesar de nove em cada dez ocorrências envolvendo pontos luminosos nos céus serem meros fenômenos físicos naturais ou artificiais, observados por testemunhas e erroneamente interpretados como objetos voadores não identificados. Isso sem falar nas fraudes, cometidas intencionalmente por pessoas que buscam algum tipo de benefício com isso – e são muitas. Por outro lado, qualquer pessoa inteirada sobre Ufologia sabe que as forças armadas de qualquer país do mundo também se preocupam com a questão, buscando analisar e entender estas ocorrências de origem desconhecida – algumas delas de origem extraterrestre. É claro que o Brasil não poderia ser exceção. Também temos em nosso país uma espécie de “Mini Área 51”, um local altamente secreto onde se guardam documentos que comprovam a atuação alienígena em nosso meio, através de observações celestes, pousos e até contatos diretos com eles. Nossa Mini Área 51, evidentemente bem menor que a original, nos Estados Unidos, situa-se em Brasília e se chama Comando de Defesa Aérea Brasileira (Comdabra). Trata-se de um órgão da Aeronáutica que centraliza todas as informações sobre ocorrências ufológicas no país, embora pouca gente saiba disso. Infelizmente, no grande caos que se encontra a economia brasileira, verbas vitais e justas, que poderiam estar sendo destinadas a causas de relevância em qualquer área – seja medicina, pesquisas espaciais, experimentos físicos, área militar etc –, não sobram para tal uso, desviadas com propósitos variados.
Constantemente lemos reportagens sobre novos equipamentos bélicos que estariam sendo quase sucateados por falta de recursos financeiros, entre outros descalabros que ocorrem regularmente, atestando a má destinação das verbas federais e outras. Estes fatos são uma vergonha nacional. E se é assim em áreas reconhecidas, imagine o leitor o que não ocorre quando se refere à Ufologia. A resposta é nada, absolutamente nada! Pelo que sabemos de fontes confiáveis e próximas aos círculos militares de Brasília, os relatórios ufológicos que chegam no Comdabra simplesmente são arquivados. Isso é realmente lamentável e representa um prejuízo incalculável para o entendimento definitivo da questão ufológica.
Medidas punitivas. Ainda assim, desde o início da era moderna dos discos voadores, há mais de 50 anos, os ufólogos brasileiros conseguiram obter dezenas de documentos confidenciais da Aeronáutica, da Marinha e do Exército brasileiro, mostrando claramente que o Fenômeno UFO é absolutamente real e tem sido motivo de preocupação por parte de nossos militares. Alguns desses documentos apontam claramente que o Comdabra é o órgão responsável pela centralização de tal material. Mas, sem verbas para pesquisas, tais documentos são simplesmente arquivados. Para agravar ainda mais este quadro, devido a severos regulamentos disciplinares e em conseqüência das eventuais medidas punitivas a que estariam sujeitas – que incluem detenção –, as autoridades militares evitam falar no assunto. São raros os exemplos de oficiais ou de autoridades civis que vão a público admitir a existência dos UFOs, ou pelo menos a suposição de que existam. Alguns estudiosos argumentam que, talvez, eles saibam apenas tanto quanto os pesquisadores civis sobre a fenomenologia ufológica. Outros defendem que não sabem esclarecer detalhes dessas estranhas ocorrências em nossos céus. Se esse é o caso, na prática, talvez o melhor mesmo seja que fiquem em silêncio e evitem expor-se tentando explicar o inexplicável. Ainda assim, ao longo da história brasileira, alguns escassos militares sempre serão lembrados com muito carinho, estima e admiração pelos ufólogos, por terem agido como verdadeiros heróis, capazes de romper a barreira do silêncio e passar por cima das normas, se pronunciando a respeito da questão.
Entre esses heróis, que admitem a existência de objetos não terrestres invadindo nosso espaço aéreo, temos lugar de destaque para o coronel-aviador João Adil Oliveira, então chefe do Serviço de Informações do Estado Maior da Aeronáutica, em 1954. Foi ele o militar pioneiro que reuniu as Forças Armadas e a imprensa no auditório da Escola Técnica do Exército, no Rio de Janeiro, para falar abertamente – e pela primeira vez no país – sobre a problemática dos discos voadores. Também temos o saudoso coronel Uyrangê Bolívar Soares de Hollanda Lima, igualmente da Aeronáutica, que comandou a Operação Prato em 1977, na Amazônia, e que, em 1997, pouco antes de falecer, revelou tudo o que viu e descobriu à Revista UFO. Suas bombásticas e inesquecíveis afirmações mostram o quanto se escondeu (e ainda se esconde) sobre discos voadores assediando moradores ribeirinhos na imensidão da floresta [Veja UFO 55]. As declarações de Uyrangê foram traduzidas para vários idiomas e hoje são conhecidas em quase todo o mundo. Entre os militares que se esforçaram para dar luz à questão ufológica estão alguns que também eram grandes ufólogos. Entre eles está o saudoso general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa, professor de mecânica racional da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e contemporâneo de uma legião de militares que hoje estão à frente de muitos cargos de importância no país. Como o general Alberto Mendes Cardoso, que foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do governo Fernando Henrique Cardoso, e que numa entrevista à revista Veja, de 31 de maio de 2000, declarou ter total crença no fato de que civilizações extraterrestres estariam visitando a Terra.
Casos abundantes. Uchôa, ao transferir-se para Brasília (DF), onde viveu até sua morte, ministrava palestras e publicou inúmeros livros em que descrevia suas experiências pessoais com naves alienígenas no município de Alexânia (GO). Foi ele um dos impulsores da Ufologia Brasileira, justamente um general de carreira. Não poderíamos deixar de citar aqui, nesta galeria de nossos pioneiros, o também saudoso brigadeiro-do-ar José Vaz da Silva e o major Gilberto Zani de Mello, ambos do 4° Comando Aéreo Regional (COMAR), de São Paulo. Estes militares mantiveram, de 1969 a 1972, juntamente com pesquisadores civis e variadas outras autoridades, um órgão de pesquisas oficiais sobre o Fenômeno UFO. Era o Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (SIOANI), que funcionava nas instalações da Força Aérea Brasileira (FAB). Ambos pesquisaram fatos que aconteciam abundantemente no país e emitiram boletins de muitos deles, com descrições precisas. Por fim, em 19 de maio de 1986, o brigadeiro-do-ar Octávio Moreira Lima passou a fazer parte do seleto grupo de militares que admitiram a existência dos UFOs, relatando à popul
ação um fato que ocorria naquela data em vastas regiões do país. Mas se estes são heróis conhecidos, há ainda muitos deles anônimos, que contribuíram enormemente para o desenvolvimento de nossa Ufologia, ainda que sem arriscar terem seus nomes e patentes expostos.
Muitos prestaram sua contribuição simplesmente reconhecendo a importância do fenômeno e encaminhando clandestinamente aos ufólogos e grupos civis importantes documentos que revelam fatos ocorridos em nosso país, de conhecimento das Forças Armadas, mas não da população. Este é o caso do Informe nº 26, do Ministério do Exército, que chegou às nossas mãos em julho de 2000. Trata-se de um documento antigo, narrando uma ocorrência ufológica em que um sargento teve o motor do seu veículo paralisado e foi abordado por duas estranhas criaturas, em Rondonópolis (MT). É interessante verificar que o campo “assunto” do relatório trata abertamente da questão: “Contato de militar com seres extraterrenos”.
Engavetamento. Esse documento ficou engavetado em alguma repartição militar brasileira por muitos anos, até que alguém visse nele algo que interessava aos ufólogos civis e o remeteu anonimamente a este autor. Não temos dúvidas de que outros documentos confidenciais como esse irão aos poucos aparecer. Bem como outros militares, com o passar do tempo, também acabarão indo a público manifestar-se a respeito do Fenômeno UFO. É uma questão de tempo, pois vivemos atualmente em uma democracia e os regulamentos e normas draconianas que foram corretamente criados na época da ditadura, para controlar manifestações de militares quanto ao tema, hoje estão ultrapassados e precisam ser revistos. Além do que, a população atualmente está consciente de seu direito democrático de saber a verdade sobre qualquer assunto – inclusive Ufologia.A exemplo das forças armadas chilenas, uruguaias, belgas, espanholas e – recentemente – as italianas, as nossas também deveriam criar um grupo de pessoas sérias, militares e civis honestos, com experiência científica para conduzir pesquisas apropriadas sobre o tema, que é considerado o enigma do século (ou do milênio). E devem também reconhecer a atuação esforçada de nossos ufólogos, que, sem verbas nem recursos, e enfrentando todo tipo de adversidade, lutam para trazer à tona a realidade ufológica. Investimentos governamentais adequados devem ser feitos nesta atividade, garantindo que se descubra um pouco mais sobre um mistério que tanto intriga a população. Não se pode mais, no entanto, manter sigilo sobre algo tão sério, engavetando informações que devem ser de conhecimento público. Claudeir Covo é engenheiro, presidente do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA) e co-editor da Revista UFO. Seu endereço é: Rua Antonio Marcondes 70, Ipiranga, 04267-020 São Paulo (SP). E-mail: claudeir.covo@uol.com.br.