• A carta transcrita abaixo foi encaminhada à revista Veja, como resposta à curta matéria publicada em sua edição de 18 de setembro de 91, intitulada “Círculo fechado” e alusiva aos misteriosos círculos ingleses, que a publicação acredita estarem desvendados… Como consideramos tal revista um excelente veículo de comunicação, além de ser o mais importante da imprensa brasileira, e por sermos a maior organização de pesquisas ufológicas deste país, imediatamente após a publicação da matéria manifestamos nossa opinião e nos apressamos em corrigir seu conteúdo.
“Ilmo. Sr. Diretor de Redação, revista VEJA: A edição de VEJA de 18 de setembro de 91 mostrou-se curiosamente superficial ao abordar a questão dos círculos ingleses, apresentando uma inusitada teoria para explicá-los, mas que não convence ninguém (“ Círculo fechado”). Vejam por quê:
1. Desde 1980, nada menos do que 10 mil círculos já foram descobertos nos campos de plantação de trigo (e de outros cereais) no sul da Inglaterra. Só nos últimos 3 anos, o número destes fenômenos tem praticamente dobrado a cada verão. Assim, 1988 registrou 600 círculos; 89, 900 círculos; 90, 1.600 círculos; e, para 91, temos uma estimativa de que mais de 2.500 novos círculos serão achados. Nada que fosse natural ou acontece segundo leis da natureza poderia ser responsável por isso.
2. Desde 1986, os fenômenos têm os formatos mais variados: conjuntos de 2, 3, 4, 5 até 16 círculos, dispostos em forma geométrica; conjuntos de círculos e anéis, precisamente desenhados nas plantações; retângulos, triângulos, trapézios e outros formatos têm sido constatados às vezes sós; noutras vezes, são vistos juntos de círculos e anéis. Os formatos nos induzem a pensar que tais círculos são alguma espécie mensagem, dirigida a nós por alguma razão, sem que a entendamos – e, obviamente, por sua estrutura precisamente geométrica, não constituem aberração da natureza.
3. Desde 1988, os círculos deixaram de ser exclusividade do sul da Inglaterra, surgindo com força total nos EUA, no Canadá e México, na França e Itália, e até Japão. Há relatos no Brasil, porém ainda a serem confirmados. Por outro lado, sua manifestação nestes países se dá nos mesmos moldes que na Inglaterra. Assim, é evidente que quem ou que quer que seja responsável por isso – fazendo os sinais como uma forma de enviar-nos mensagens, segundo cremos – quer também que o mundo inteiro conheça suas enigmáticas obras, e não somente um ou outro país.
4. Os desenhos nas plantações são geometricamente perfeitos. Vistos do alto, formam colossais pictogramas que às vezes chegam a ter mais de 600 metros de comprimento, com círculos de mais de 200 metros de diâmetro, às vezes com anéis em seu interior ou ao seu redor. Só podem ser obra de alguma inteligência, feita com perfeição para servir a algum propósito – e jamais poderiam ser efeito de condições meteorológica ou atmosfericamente especiais, como se fossem fenômenos naturais incomuns. Mais ainda: têm desígnios e objetivos que precisamos urgentemente conhecer.
5. Para que se tenha uma idéia da complexidade da coisa, o Reino da Inglaterra e associações científicas estabeleceram prêmios variados para quem conseguisse mostrar quem ou o que é responsável pelos círculos. Alguns prêmios chegam a um milhão de libras esterlinas. É desnecessário dizer que milhares de pessoas de todo o mundo foram para aqueles campos para tentar ganhar tais prêmios, mas ninguém até agora conseguiu! Às vezes, os círculos aparecem de manhã, entre vários acampamentos a não mais que meio quilômetro de distância uns dos outros (de polícia, cientistas, pesquisadores, curiosos etc), onde todos permaneceram por toda a noite de olho no céu. Ninguém vê nada, mas os círculos são formados assim mesmo.
6. Curiosamente, em várias oportunidades, nas noites que os círculos aparecem, são vistos estranhos objetos e luzes, muitas vezes seguidos de zumbidos inexplicados. Algumas dessas luzes foram fotografadas sobre áreas onde surgiram círculos, inclusive pela Real Força Aérea Britânica e pela prestigiadíssima Scotland Yard, mas estas entidades se recusam a mostrar as películas ao público, escondendo-as por razões graves e, até então, inconfessáveis. Seriam UFOs estas luzes que surgem sobre os campos e os possíveis responsáveis pelo fenômeno? Se não, por quê as autoridades insistem em esconder suas investigações e o que já descobriram? Acreditamos que esta Redação saberá avaliar nossa boa intenção de esclarecer os fatos sobre UFOs e, caso necessite de assessoramento nesta área, estamos ao seu inteiro dispor. Saudações, A. J. Gevaerd, editor e diretor.
Círculo fechado
Fenômeno dos trigais pode ter sido farsa
Os ingleses caíram na gargalhada com a resolução de um mistério que os intrigava há um bom tempo, os enormes círculos que apareciam nas plantações de trigo do sul do país. Contrariando todos os estudiosos, que gastaram folhas e folhas de papel desenvolvendo exóticas teorias para explicar o fenômeno, os desenhos, descobriu-se na semana passada, não passam de uma brincadeira arquitetada por dois bem-humorados e hábeis velhinhos ingleses, de mais de 60 anos, Doug Bower e David Chorley. Eles revelaram-se os autores das figuras e provaram na frente de especialistas e de jornalistas como fizeram os círculos. “Foi tudo uma brincadeira”, confessaram Bower e seu colega ao tablóide londrino Today, o primeiro a noticiar a farsa. Posteriormente, a intrépida dupla de gozadores repetiu a blague na frente das câmaras de televisão. Sua técnica era simples. Para não deixar rastros nas plantações, eles seguiam as marcas deixadas pelos tratores. A precisão milimétrica das auréolas era conseguida com o auxílio de duas tábuas e uma corda. Bower e Chorley ainda usavam instrumentos de medição acoplados a capacetes de beisebol para traçar os desenhos.
O enigma dos círculos nos campos de trigo ingleses teve um final desconcertante para os cientistas. Revistas especializadas e visionários de todos os matizes que se superavam para colocar de pé a explicação mais sábia para o aparecimento das figuras misteriosas foram desmoralizados. Um artigo na revista inglesa New Scientixi, por exemplo, chegou a publicar gráficos explicando como a ação do vento podia provocar o fenômeno. Surgiram também teses mais absurdas que creditavam os círculos à ação de monstros satânicos, grupos d
e corvos, helicópteros voando de cabeça para baixo, epidemias de um vírus desconhecido e erupções subterrâneas de gás. A teoria mais difundida, no entanto, advogava que as esferas eram feitas por extraterrestres, os únicos seres capazes de cunhar um desenho tão perfeito num trigal. “Ríamos muito quando alguém dizia que os desenhos só podiam ser obra de uma inteligência superior”, zombou Chorlev.