A partir de hoje, uma vez por semana o site publicará textos do convidado especial Wagner Soeiro. Soeiro é professor, jornalista, divulgador científico, coordenador do Clube de Astronomia Rio Preto (CARP) e cofundador do Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas Rio Preto (GEPURP).
Os leitores que têm mais de 40 anos devem se lembrar bem de um astrônomo que, nos domingos à noite, após o programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, apresentava um universo inédito e maravilhoso que influenciou toda uma geração, inclusive esse que vos escreve aqui.
Impossível falar em astronomia sem citarmos o icônico astrônomo Carl Edward Sagan e sua fabulosa série Cosmos: uma Odisséia Pessoal [1980], que para a maioria de nós foi o primeiro contato que tivemos sobre o universo, que não vinha da boca de religiosos ou de explicações frias de professores na escola.
A habilidade do livre pensador e cético Carl Sagan em transmitir suas idéias permitiu que muitas pessoas passassem a interpretar o cosmos de maneira clara, enfatizando a importância da raça humana. Ele nos ensinou a refletir sobre a insignificância da Terra em relação ao universo, o que revoltou a muitos religiosos.
Sua pesquisa abrangeu diversos temas científicos, que incluem desde a origem da vida e sua busca pelo universo, até a explicação sobre nosso lugar no cosmos. Sua série ganhou o aclamado prêmio EMMY, sendo transmitido em mais de 60 países e assistida por mais de 600 milhões de pessoas, atingindo a incrível marca de programa mais visto da história, na época.
Carl Sagan. Foto dvulgação
Poucos sabem, mas Sagan foi tão influente, que em 1982 conseguiu que mais de 70 cientistas assinassem em apoio a uma publicação na revista Science em defesa do projeto Busca por inteligência extraterreste (SETI), pois o tema sofria muito preconceito da comunidade científica.
Sagan colaborou com o cientista Frank Drake, a preparar a famosa Equação de Drake e também na famosa mensagem de Arecibo, uma sequência de sinais de rádio dirigida ao espaço, enviada por meio daquele radiotelescópio em 16 de novembro de 1974, destinada a informar sobre a existência da Terra a possíveis extraterrestres.
Durante a Guerra Fria, Sagan dedicou-se a informar a toda a opinião pública sobre os danos que a radiação de uma guerra nuclear poderia causar ao nosso planeta, além do risco de um longo inverno nuclear, assunto esse que domina até hoje os filmes de ficção científica.
Suas principais e mais famosas contribuições para a astronomia foram as placas das sondas Pionner(10 e 11) e o disco de ouro das sondas Voyager(I e II), um par de chapas de alumínio folheadas a ouro com mensagens gravadas em várias línguas por toda humanidade, destinada a outros habitantes do cosmos.
Sagan nos deixou em 1996, mas seu legado está por toda parte: em filmes, séries, obras de arte, livros, nos lembrando sempre que não dominamos o universo, somos apenas poeira das estrelas.
Poucos sabem, mas em 1966 Sagan foi membro do Comitê para a revisão do Projeto Blue Book [Livro Azul], promovido pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para investigar o Fenômeno UFO.
Sua opinião foi marcante, pois mesmo criticado sugeriu que o trabalho ufológico fosse recomendado e submetido em nível científico, sob a tutela de alguma universidade, mas o físico Edward Condon, que liderava a comissão, definiu que os UFOs independentemente de sua origem ou significado, não se comportavam de maneira consistente para representar gastos públicos em sua pesquisa, e assim tudo foi engavetado.
Já em 1969, durante o simpósio da Associação Americana para o Avanço da Ciência, Sagan foi um dos defensores dos livres debates que Condon tentara barrar, mas sua participação junto a grandes nomes como, por exemplo, James McDonald, J. Allen Hynek, William Hartmann e Donald Menzel, fez o evento ser um grande sucesso, e influenciou totalmente sua visão astrônomica mais ampla, para a criação da famosa série COSMOS.
Carl Sagan faleceu em 20 de dezembro de 1996, mas deixou um legado científico e filosófico que será para sempre lembrado.
Wagner Soeiro é professor, jornalista, divulgador científico, coordenador do Clube de Astronomia Rio Preto (CARP) e cofundador do Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas Rio Preto (GEPURP)