É desgastante a idéia de acreditar que ufólogos possam retratar em fato científico a veracidade do Fenômeno UFO. Fatos, provas, argumentos e detalhes são o que sobra – mas dificilmente aceitáveis à ciência cartesiana e de complicadíssimo consentimento aos condicionados a não aceitá-los, como o parapsicólogo padre Quevedo. Ele passou grande parte de sua vida criticando e ironizando antigos casos da Ufologia. E mesmo perante uma prova, esta será criticada e isso está longe de ser alterado. Caso um extraterrestre desse uma entrevista, quais seriam as perguntas que lhe faríamos? A primeira manifestação seria o sensacionalismo com repercussão mundial. Depois viriam as dúvidas. Após as investigações, surgiriam as mais variadas suposições, contra-argumentações, críticas e, por fim, a lenda. É o processo que aconteceu com o Caso Varginha, Roswell, Nova Brasilândia, Betty e Barney Hill, Travis Walton e os círculos ingleses. Mesmo nas mais fantásticas apresentações físicas haverá incríveis discussões. Afinal, até hoje o fato de o homem ter pisado na Lua ainda é contestado.
Apesar da Ufologia apresentar provas – implantes, marcas em solos, corpos humanos e animais etc –, elas não são observáveis, passíveis de mensuração para leigos. Além do mais, o maior contratempo está no grau de aceitação do que é diferente, por processo de defesa. Dessa forma, Quevedo sempre vai negar, mesmo que automaticamente. Assim como existem milhares de outros “quevedos”, e não será num programa de 15 ou 20 minutos que isso mudará, fato que requer dos ufólogos a motivada continuidade de absorver dados, apresentá-los à população e estar pronto a discuti-los [O autor se refere ao debate entre padre Quevedo e o editor de Ufo A. J. Gevaerd e os jornalistas Aldo Novak e Saulo Gomes, no programa Boa Noite Brasil de 16 de setembro].
Hoje, o ponto de vista de aceitação unilateral cartesiana está aos poucos sendo alterada, emergindo gradativamente maior lógica e aceitação de ramos frutíferos e proveitosos de outras ciências, como a física quântica, a valorização dos conhecimentos orientais, psicologia etc. Sou psicólogo e estudioso de parapsicologia. Afirmo que essa ciência e a Ufologia são coisas distintas. No Fenômeno UFO, o que interessa para a parapsicologia são as manifestações psíquicas registradas após uma abdução ou contato. Portanto, Quevedo não entende nada de Ufologia – o que ele sabe são exemplos antigos e vagos. Outro erro é o fato dele querer abordar questões religiosas, defendendo-as dentro do ponto de vista parapsicológico. Ele quer impor nesta disciplina – como uma inquisição – conceitos criados por ele mesmo, a seu bel prazer.
Ataíde Ferreira S. Neto,
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O Cenário Ufológico
Antes de tudo, gostaria de me juntar ao coro de elogios à Revista Ufo, não só pelo seu conteúdo e apresentação, mas pela persistência corajosa e sincera em servir de canal ao amplo e instigante campo da Ufologia. Hoje, esse tema é muito mais do que sua acepção morfológica. A luta de muitos em torná-la uma ciência, seus ramos diversos, a tentativa de montar um sindicato, longe de serem ações sujeitas às reprovações e características de um divisionismo, demonstram a abrangência e a profundidade do tema. Seja que enfoque for desejado, ramos do conhecimento como a física, biologia, psicologia, sociologia, história, geologia, química, matemática, entre outros, tornam-se ferramentas imprescindíveis para que o resultado das pesquisas e análises mereça atenção necessária e tragam contribuições efetivas para a humanidade.
Propositadamente, deixei de citar ramos que estão fora do padrão científico, como o esoterismo e a magia, dentre outras concepções de abordagem extrafísica que lidam com a espiritualidade e formas sutis pertencentes a outros planos. Não mencionarei a religião e os diversos cultos existentes, na medida em que estas se configuram como crenças, concepções e conhecimentos praticados temporalmente. Talvez, se elas fossem estudadas com a isenção e profundidade devidas, certamente alguns articulistas deixariam de ver toda e qualquermanifestação dessa ordem como um acontecimento extraterrestre. Existem vários exemplos dessa postura, como as imagens de santos, anjos, demônios, espíritos da natureza etc, por exemplo. Até poderiam sê-lo, sem dúvida, mas é no reducionismo do fato e na radicalização que se abrem espaços enormes às distorções, ao descrédito e às conclusões equivocadas. Contudo, não podemos remetê-lo às tradicionais explicações simplistas de astros, aeronaves ou anomalias atmosféricas, assim como traduzir qualquer ocorrência como sendo oriunda de uma nave alienígena torna-se altamente perigoso.
Por outro lado, ridicularizar a dimensão espiritual dos chamados contatados e certos grupos da chamada Ufologia Mística, particularmente quando estes por seu comportamento, postura e concepções demonstram coerência, equilíbrio e seriedade, é retroceder no tempo, fechar os olhos e descartar uma incrível possibilidade de ampliar o escopo dos questionamentos que nos desafiam. Acredito que esta publicação entende que, se não ampliarmos conhecimentos, não revermos conceitos e quebrarmos paradigmas, não avançaremos um passo sequer. As distâncias que separam uma seita como a norte-americana Heaven’s Gate do Grupo Espírita Ramatis, do Espírito Santo, ou um charlatão de um estudioso, são tão grandes que saltam muito aos olhos. Colocá-los num mesmo barco é tão absurdo como as críticas e campanhas dos céticos contra a Ufologia.
Seria de se esperar que aqueles que militam num campo que está longe de ser uma unanimidade tivessem largas doses de bom senso, amplitude de pensamento e clareza de visão, de modo a não repetir os mesmos erros de seus detratores. Faz muita falta atualmente figuras como o saudoso general Uchôa, que para mim simbolizava equilíbrio entre tantas correntes da Ufologia, numa simbiose perfeita em cuja fonte sugiro que os críticos exacerbados e os céticos de plantão possam se nutrir.
Aricildes de M. Motta Filho,
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