O dia 05 de março de 2004 assinalou uma mudança histórica e transcendental na Ufologia Mexicana, colocando num novo nível as relações sociais em nosso país. O evento que chocou os mexicanos e o mundo ocorreu no espaço aéreo de Campeche, onde um avião da Fuerza Aérea Mexicana (FAM), cumprindo uma missão de rotina atrás de contrabandistas de drogas, avistou uma frota de 11 objetos voadores não identificados que viriam a causar um incidente dramático, cujas conseqüências levariam a uma mudança até então inédita de política e postura por parte dos militares e da Secretaria de Defesa mexicana (Sedena), reconhecendo publicamente a veracidade do Fenômeno UFO. Esse precedente histórico causou impacto marcante na Ufologia internacional e foi um grande passo em nossa cruzada para pôr fim ao acobertamento ufológico de vários governos do mundo, pressionando-os a revelar seus segredos, abrindo os canais de informação para divulgar e discutir com a população essa realidade inegável.
O primeiro sinal de apoio à corajosa e certamente democrática medida do Sedena veio do Brasil, quase imediatamente após a divulgação do Caso Campeche, ocorrido em maio de 2004. Trata-se da Moção de Apoio da Comunidade Ufológica Brasileira, escrita por A. J. Gevaerd e publicada no site da Revista UFO [ufo.com.br], em meio à inovadora campanha UFOs: Liberdade de Informação Já. A moção misturou-se ao movimento dos ufólogos brasileiros, que encontrou ecos em todo o mundo e obteve sólido apóio da comunidade ufológica internacional, mencionando como exemplo o caso envolvendo os militares mexicanos e a histórica atitude do Sedena de reconhecer e apoiar a pesquisa do Fenômeno UFO. Tal foi a magnitude do incidente ufológico com a FAM em Campeche que o caso não só atraiu a atenção e o interesse de outros países, mas também provocou mudanças em outras comunidades ufológicas, como no Brasil. Pouco mais de um ano depois, o país teria de seu Governo uma posição diferente, com o encontro dos integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) com a Força Aérea Brasileira (FAB).
Fantástica atividade ufológica — Para avaliarmos devidamente o Caso Campeche, desencadeador desse processo, devemos compreender todos os seus efeitos sociais e políticos, além das implicações que causou na população e nas instituições de muitos países, principalmente no México, onde essas mudanças levaram a uma incrível série de eventos de grande envergadura e dinâmica – que fazem nossa Ufologia viver um momento único, a fantástica atividade ufológica nos céus de nosso país desde o ano passado. Essa nova onda nos tem mantido ocupados trabalhando com a população, com pessoas que observam o céu – chamados em meu país de vigilantes del cielo – e com testemunhas, coletando uma surpreendente quantidade de novas evidências que comprovam a presença definitiva dos UFOs em nosso planeta e promovem um novo nível de consciência com o advento do fenômeno das flotillas.
Coincidência ou não, sem dúvida o Caso Campeche foi o estopim para a verdadeira onda ufológica que estamos vivendo no México. O envolvimento da nossa Força Aérea com UFOs foi amplamente publicado, estudado e discutido em todo o mundo durante quase um ano, por ufólogos, cientistas, políticos e pela mídia. Houve manifestação até mesmo de instituições militares em Portugal e no Chile, além do público em geral e, claro, dos céticos de carteirinha, que não só receberam um duro golpe contra sua postura inflexível, mesmo diante de todos os fatos ocorrendo há décadas, como dessa vez foram pegos de surpresa e sentiram abalar suas estruturas diante do nível do caso mexicano e, particularmente, por causa da fonte. O Departamento de Defesa do México passou a ser para os céticos um “inimigo” inesperado e difícil de derrotar, devido à significativa mudança de posição que causou nas discussões internacionais a respeito do Fenômeno UFO.
Significativas para nós, ufólogos mexicanos, nossos colegas brasileiros e a comunidade ufológica internacional, as primeiras tentativas de desmistificação do Caso Campeche por parte da facção dos céticos não só nos surpreenderam, como também divertiram – de tão absurdos e ingênuos que foram os argumentos apresentados pelos desmistificadores em seu esforço desesperado de minimizar os efeitos do episódio, além das conseqüências que sua divulgação estavam causando na opinião pública, não só no México mas em todo o mundo. Era a história sendo reescrita.
O fiasco dos cientistas — Em maio de 2004, a primeira tentativa de desmistificar o Caso Campeche aconteceu quase imediatamente após sua divulgação ao público, em reportagem da Televisão Nacional do México e na entrevista coletiva de Jaime Maussán, em 11 de maio de 2005. Quatro cientistas, todos professores da Universidade Nacional Autónoma de México (UNAM), sob a liderança de Rafael Navarro e Julio Herrera, organizaram uma manifestação na Cidade do México para protestar contra o secretário da Defesa, general Ricardo Clemente Vega Garcia, por ele não ter dado o caso para ser analisado pelos pesquisadores da entidade, e sim a Jaime Maussán e à Ufologia Mexicana. Essa reação dos cientistas de meu país já era esperada. Como todos sabem, nosso trabalho de pesquisa ufológica entrou diversas vezes em confronto com a comunidade científica devido a natureza extremamente complexa do Fenômeno UFO, descartada por ela.
Sempre houve desacordos, debates e até ataques contra nós por parte dos cientistas. Felizmente, também, há muitos especialistas que demonstraram ter um interesse legítimo e sério pelo assunto e seus estudos, de modo que podemos dizer que a comunidade científica se encontra dividida no momento. Nós, os ufólogos, continuamos com nosso trabalho, esperando chegar a um ponto de concordância num futuro próximo com os referidos homens de ciência. Esse é part
e de nosso compromisso. Mas alguns deles, especialmente os professores da UNAM, parecem não conseguir enxergar a gravidade da situação. Durante a manifestação, eles apresentaram ao Sedena e ao público sua teoria a respeito das misteriosas luzes avistadas sobre Campeche. Fizeram a extraordinária sugestão de que elas poderiam ser simplesmente faíscas! Esta é uma explicação inesperada, se levarmos em conta que aqueles são cientistas da melhor universidade no México.
Navarro e Herrera explicaram para os perplexos repórteres que esse fenômeno de luz era muito comum sob determinadas condições meteorológicas, principalmente quando há nuvens. Portanto, o avistamento feito pelo avião Merlin C-26A da Fuerza Aérea Mexicana (FAM), em 05 de março de 2004, sobre Campeche, seria apenas uma faísca comum ou um relâmpago globular, nada além disso. Quando pressionados, no entanto, os cientistas admitiram que não tinham visto todo o vídeo gravado pelos militares, que foi entregue a Maussán, para fazer uma análise científica do mesmo. Alegaram que examinaram apenas as breves imagens mostradas na televisão, afirmando que elas bastavam para que concluíssem que se tratava de relâmpago globular. Quando lhes perguntaram como tal fenômeno poderia ter durado 12 minutos naquela altitude e sob condições meteorológicas normais, responderam simplesmente que eram especialistas nesses assuntos e repetiram que as luzes eram faíscas, terminando a entrevista abruptamente quando começaram a ser inundados de perguntas.
Analisei o material de Campeche detidamente e não consegui achar nenhuma explicação plausível para as esferas captadas. Certamente, não se tratam de relâmpagos globulares nem tampouco de chamas de refinarias de petróleo
– Bruce Maccabee, físico e analista de imagens ufológicas há 30 anos
Um erro histórico — Esse incidente resultou em um erro histórico para aqueles cientistas, e um lamentável precedente para a UNAM, que foi obrigada a dizer que nada teve a ver com a manifestação organizada pelos professores. Essa desafortunada e fracassada tentativa de desmistificação foi denunciada em rede nacional naquele mesmo fim de semana por Maussán, entrevistando o subgerente do Serviço de Meteorologia Nacional (SMN), Alberto Hernandez Unzón, engenheiro em geofísica e membro do Comitê da Associação Meteorológica Mundial. Nessa entrevista exclusiva, Hernandez declarou que as condições meteorológicas na área estavam perfeitas naquela data, sem qualquer possibilidade de ocorrer a mais remota faísca ou relâmpago globular, e apresentou os boletins meteorológicos oficiais do SMN. Explicou também que tais fenômenos duram apenas uma fração de segundo e ocorrem em condições especiais, que não existiam no céu de Campeche.
Quando lhe perguntaram se os professores da UNAM haviam entrado em contato com ele ou com outros pesquisadores do SMN para solicitar os dados meteorológicos necessários para embasar sua hipótese, Hernandez disse não ter sido procurado pelos cientistas da referida universidade e nem por qualquer outra pessoa. Ao mesmo tempo, repetiu que as imagens mostradas na filmagem do Sedena definitivamente não eram de qualquer tipo de relâmpago ou faísca, não apenas por causa das condições climáticas, mas também pelo tempo que durou o fenômeno registrado e suas características incomuns. Quanto à sua opinião pessoal a respeito das imagens gravadas pela tripulação do Merlin C-26A, Hernandez revelou que não sabia o que eram as luzes e nunca tinha visto algo parecido. Ele é um cientista altamente qualificado cuja opinião tem peso para se contrapor a qualquer tentativa leviana de desmistificação. E se ofereceu para ajudar em nossas investigações, realizando alguns estudos e análises com imagens por satélite que pediria a NASA.
Em seguida, no mesmo programa, Maussán apresentou uma entrevista exclusiva com Robert Golka, especialista no fenômeno dos relâmpagos globulares e diretor do Projeto Tesla. Golka é Ph. D. e um cientista muito conhecido por sua pesquisa sobre tais relâmpagos e as tentativas de Nikola Tesla de replicar os experimentos com alta voltagem – Tesla era um físico croata que ficou famoso por suas descobertas no campo da eletricidade e da radioeletricidade, com os princípios da corrente alternada. A entrevista foi feita por Scott Davis, produtor de notícias da KTVK de Phoenix, Arizona, para um documentário sobre o incidente envolvendo os UFOs e a Fuerza Aérea Mexicana (FAM) sobre Campeche. Golka analisou a filmagem feita com o equipamento Flir instalado no Merlin e fez seus comentários acerca das imagens, descartando todas as possibilidades de que aqueles objetos luminosos tivessem qualquer coisa a ver com relâmpagos, e deu uma extensa explicação sobre os efeitos e as condições desse fenômeno meteorológico. Foi o golpe mortal na tentativa de desmistificação do incidente por parte dos professores da UNAM.
“Algo diferente e raro” — Os cientistas, então, mudaram de opinião a respeito do incidente em Campeche quando se encontraram com uma equipe do Sedena, numa reunião organizada por Maussán e Rodolfo Garrido, na qual a gravação original lhes foi mostrada pela primeira vez. Eles foram obrigados a concordar que o fenômeno não era o que haviam pensado inicialmente, mas algo diferente e raro. Na ocasião eles se ofereceram para fazer uma avaliação do caso sob o ponto de vista científico e dar suas conclusões, que até hoje não recebemos. Após isso, sua tentativa de desmistificação foi encerrada. Mas várias outras manifestações viriam a seguir, partindo de céticos ao Caso Campeche dos mais variados países e incluindo os mais absurdos argumentos, especulações, hipóteses e afirmações, sempre visando desmistificar um caso ufológico legítimo. As versões iam desde fragmentos de meteoritos a lixo espacial, pelicanos voando em formação, miragens provocadas por luz, gás do pântano, teste experimental de algum projeto secreto, até a indecente sugestão de “luzes de algum caminhão passando numa estrada de Yucatán”.
Michael Shermer, da revista Skeptic e considerado o maior cético do mundo, por exemplo, declarou que as luzes de Campeche eram provavelmente algum tipo de reflexo, mas não explicou de onde ou projetados por quem. Como esta, cada uma das explicações nada convincentes oferecidas pela facção dos céticos foi descartada quase imediatamente, desconsiderada até pela imprensa, que não engoliu as alegações dos desmistificadores. Houve inclusive uma tentativa de desqualificação mais séria do caso por parte do piloto mexicano Alejandro Franz, um indivíduo obscuro e polê
mico, antagonista declarado de Maussán há muitos anos, por motivos que ninguém no México conhece. O capitão Franz vem tentado expor como farsa alguns casos clássicos de UFO no país, dos quais Maussán participou como pesquisador ou repórter para a televisão. Sua vingança pessoal permanece até hoje um total enigma.
Um dos maiores detratores do Caso Campeche, Franz já perpetrou graves ataques até contra membros de seu próprio círculo de pilotos comerciais, acusando alguns colegas de relatar experiências com UFOs para comparecer a programas de televisão. O problema, no entanto, não está nesses pilotos, mas em quem os entrevistou – Maussán, claro. Um dos mais lamentáveis incidentes ocorreu recentemente, quando Franz fez uma acusação pública contra o capitão Raymundo Cervantes Ruano por este ter relatado um “acidente falso” com um objeto voador não identificado enquanto fazia manobras para aterrissar no aeroporto da Cidade do México, em 28 de julho de 1994. Ora, esse é um de nossos mais importantes casos da década de 90. Sobre ele foi feita uma investigação completa, apresentando-se fatos, evidências e testemunhos sem a menor censura por parte das autoridades aeronáuticas e abrindo um importante precedente para a aviação comercial e a própria Fuerza Aérea Mexicana (FAM).
Franz ignorou que também estavam envolvidos no avistamento o co-piloto, a tripulação e os operadores da torre de controle de tráfego aéreo da Cidade do México. O avião teve o trem de aterrissagem gravemente danificado e foram apresentadas imagens confirmando não só os depoimentos e relatos, mas também da aeronave. Uma investigação oficial foi conduzida pelas autoridades aeronáuticas, que ficaram a par do incidente. Recentemente, ainda empenhado em atacar Maussán, Franz tentou novamente expor como fraude o caso de Ruano e, ao mesmo tempo, acusá-lo de enganar deliberadamente a opinião pública mexicana. É desnecessário dizer que as reações a essa atitude foram estrondosas, principalmente da associação de pilotos e dos colegas que apoiavam o capitão envolvido no avistamento. Tentando desmascarar um caso, Franz acabou mais uma vez sendo desmascarado.
Controvertida personalidade — É esse o homem que se configura como maior detrator do Caso Campeche, cuja controvertida personalidade sempre esteve envolvida em escândalos e batalhas, aqui no México. Mas seu antagonismo contra Maussán aumentou recentemente, de modo que a comunidade ufológica mexicana não se surpreendeu muito com os efeitos que o singular Caso Campeche causaram ao seu ego. Foi uma flecha fulminante e direta no coração de Franz que, por isso, precisava partir para a ação – e não demorou até que concebesse um plano. Ele resolveu montar um cenário fictício onde todos os elementos do incidente com os UFOs em Campeche parecessem se encaixar, trazendo informações falsas e propondo fatos distorcidos, supostamente baseados em sua experiência como piloto comercial.
Franz chegou a inventar a teoria de que os objetos voadores não identificados eram apenas reflexos dos poços de petróleo de Cantarell, no Golfo de México. Esse era seu mega-projeto para desqualificar o fato e, ao mesmo tempo, desacreditar Maussán perante a opinião pública, levando também para o descrédito a própria tripulação do Merlin C-26A, tratada por Franz como militares ignorantes, inexperientes, pouco profissionais e não confiáveis. Por fim, o cético tentaria ainda denegrir a Fuerza Aérea Mexicana (FAM), alegando ser ela tola a ponto de revelar ao público ter registrado algo extraordinário, mas que não passada das chamas de uma refinaria de petróleo. Franz tentou atingir também os ufólogos mexicanos, taxando-os de excêntricos e enganadores, e a Flir Systems, a multimilionária indústria bélica de Portland, Oregon, alegando que projetou o equipamento Flir Star Zapphir II, a câmera infravermelha ao avião da FAM, com defeito. Ele imagina que a câmera seria tão defeituosa que ficara desalinhada e mal calibrada em 05 de março de 2004, apontando o tempo todo para o chão, detectando poços de petróleo a 200 km de distância por 12 minutos seguidos.
Em sua frenética busca por obscurecer o Caso Campeche, o cético chegou a sugerir, finalmente, que o radar AN/PS 143 Bravo Victor III, também instalado no avião, estivesse errado ao detectar alvos na frente e à direita do Merlin C-26A, que mudavam de posição e velocidade. Enfim, o plano de Alejandro Franz parecia bem ambicioso. Ele pretendia convencer o mundo de tantas coisas, mas com o único objetivo de desacreditar Maussán e, ao mesmo tempo, censurar o Sedena por dar ao jornalista mexicano tamanha fama e glória com o caso exclusivo. Naquele momento, e depois que outras tentativas de desmistificação fracassaram, ficamos imaginando o que Franz apresentaria em seguida, que novo conto fantástico inventaria. O homem é tão perigoso que os ufólogos mexicanos podem esperar qualquer coisa partindo dele. Assim, quando Franz lançou sua teoria de Cantarell, ficamos quase imediatamente desapontados: estávamos esperando uma manobra mais sólida, convincente e substancial. As reações iniciais foram de riso e decepção. A especulação das chamas fracassou e foi descartada logo, pois os fatos e evidências provaram o contrário do que propunha o cético. A FAM achou sua teoria ridícula e, assim, o sonho de desmistificador de Franz no México desapareceu sem piedade e sem glória. A tentativa frustrara totalmente.
O calcanhar de Aquiles — Toda a farsa montada por Franz em cima da refinaria de petróleo se baseia em um único elemento, extremamente fraco: um suposto desalinhamento do Flir a bordo do Merlin C-26A, um equipamento infravermelho que estaria mal calibrado e que, durante todo o vôo, apontava para o chão, embora as imagens mostrassem claramente o oposto. Nesse ponto, Franz percebeu que seu argumento era o único meio de sustentar sua proposta, mas ao mesmo tempo havia outros
dados que comprometeriam sua estratégia. Um deles era a leitura do radar de bordo, que também detectou os objetos efetuando mudanças de velocidade e posição na frente do avião e à direita, em situações que apontavam para a terra e não para o oceano, confirmando assim que os objetos estavam em volta do Merlin C-26A, não a 200 km da zona de Cantarell. O que o faria lidar com os mencionados 200 km de distância, que representavam um desafio a qualquer explicação? Como poderia explicar a câmera infravermelha do Flir detectando qualquer coisa àquela distância? Havia muitos obstáculos nesse complexo caso para serem desmistificados.
Por isso, Franz decidiu simplesmente ignorar os elementos que representavam um problema e ignorou – entre outras coisas – as leituras de radar e a questão dos 200 km. Assim fica bem mais fácil! Concentrou-se em construir um cenário conveniente baseado nas supostas deficiências e erros do Flir para desviar a atenção da população e envolver os crédulos num redemoinho de argumentos, cálculos, vocabulário técnico, falácias e fatos incorretos. Um indivíduo ingênuo, vendo tudo aquilo, ficaria tão atordoado que não distinguiria a realidade da fantasia – era isso que Franz queria. Mas o risco sempre estaria presente e ele sabia disso. Como provar com evidências sólidas, sem sombra de dúvida, que o Merlin C-26A estava de fato desalinhado e apontando para o chão o tempo todo? Esse era o único pilar de seu esquema de desmistificação.
Simplesmente, a farsa de Cantarell fracassou no México, e por isso Franz decidiu procurar apoio em outros países – e finalmente encontrou alguns pesquisadores que aceitaram sua teoria. Na França, foi um velho pesquisador chamado Claude Poher. Nos Estados Unidos, o cético ufológico James Smith e, depois, Ted Roe, do grupo de pesquisas do National Aviation Reporting Center on Anomalous Phenomena [Centro Nacional de Aviação e Registros de Fenômenos Anômalos, Narcap]. No Brasil, o ufólogo Rogério Chola. Devo comentar o caso de Roe porque estive diretamente envolvido nesse infeliz episódio, em maio de 2004. Sem reservas, digo que a declaração dele favorecendo a proposta de Franz foi uma medida inteiramente política, seguindo seus interesses pessoais a respeito do Caso Campeche. Na época, entrei em contato com ele para convidá-lo a participar de nosso grupo de pesquisas, junto a outros investigadores internacionais, como o físico Bruce Maccabee. Sua reação foi fria e senti algum tipo de ressentimento.
Manobras e revanchismo — Conheço Ted Roe muito bem desde 2001, quando nos encontramos como conferencistas do Leeds International UFO Conference, na Inglaterra, promovido pela UFO Magazine UK. Ficamos bons amigos e mantivemos contato desde então. Quando o Caso Campeche foi divulgado por Maussán, Roe me informou que durante nossas primeiras conversas a respeito do caso tinha visitado o México, em abril, fazendo um trabalho de pesquisa junto a outros pesquisadores, pilotos comerciais, autoridades aeronáuticas e até alguns militares da Fuerza Aérea Mexicana (FAM). Ele disse ter ficado surpreso e desapontado por ninguém lhe contar antes a respeito do importante incidente, ocorrido apenas um mês antes de sua visita. Parecia aborrecido com essa situação porque, tenho certeza, sabia como a ajuda da Narcap ao Sedena teria sido valiosa, uma vez que a primeira é uma das organizações mais experientes na pesquisa de casos envolvendo UFOs e aviões militares e civis. Maussán também conversou por telefone com Richard Haines, ex-chefe da entidade, e sua resposta foi fria e arrogante, certamente pelo mesmo motivo de Roe. Tudo indica que, por não terem sido envolvidos na investigação, Roe e Haines simplesmente resolveram desconsiderar o Caso Campeche.
Eu percebi isso de imediato e de certa forma entendi a decepção e frustração de Roe por não ter sido levado em consideração pelo Sedena. Assim, é desnecessário dizer que a Narcap acabou não se juntando ao nosso grupo de pesquisa. Algum tempo depois, não surpreendentemente, Roe fez uma declaração a favor da teoria de Franz e até o parabenizou seu esforço em pesquisar o caso. Assim, pode-se afirmar sem reservas que a posição dele e da Narcap em relação ao Caso Campeche é exclusivamente política e nada teve a ver com a essência do fato. Seus motivos são meramente pessoais, devido às questões mencionadas. Roe abraçou o sonho de desmistificação de Franz, que não deu certo porque tinha muitos pontos fracos e um único ponto razoável. Discussões entre esses desmistificadores, muitos ufólogos nos Estados Unidos e uma intensa correspondência com vários colegas internacionais se seguiram a divulgação do episódio.
Em menos de um mês, o mundo inteiro se agitou com a decisão dos militares mexicanos de reconhecer o Fenômeno UFO e sua experiência com tais objetos sobre Campeche. Tive uma série de contatos e intensa troca de correspondência com representantes da mídia, redes de televisão, grupos de pesquisa ufológica de muitos países, e a dinâmica dos eventos foi realmente avassaladora. Não havia dúvida, o caso envolvendo a Fuerza Aérea Mexicana (FAM) e os UFOs era o mais importante da Ufologia naquele ano, sendo comentado por toda parte. Nosso trabalho de pesquisa estava sendo compensado, e o compromisso com nossos militares estava correspondendo à confiança deles depositada em nosso grupo.
A teoria de Franz chega ao Brasil — Recentemente, chegou à nossa atenção o artigo Análise da Onda Ufológica do México, publicado na edição 108 da Revista UFO, de autoria do ufólogo e ombudsman da publicação Rogério Chola. O título nada tem a ver com a onda mexicana que começou em 1991 e se baseia exclusivamente no Caso Campeche. O texto é uma tentativa de desmistificação do episódio ou, devo dizer, uma réplica da teoria de Alejandro Franz, com alguns itens adicionais que dão a impressão de ser um trabalho independente de pesquisa. Chola é desconhecido no México, nunca teve contato com Maussán ou com o Departamento de Defesa mexicano, como afirma. Seu artigo contém incorreções e deturpação de fatos e informações, dando sentido distorcido a certas situações, além de que o autor omite fatos básicos do Caso Campeche. Tal fato nos força a fazer a retificação das informações prestadas, de forma a dar aos leitores brasileiros uma idéia mais clara do que foi este significativo incidente.
O relato de Chola contém sérias difamações contra mim e Maussán. Suas fontes de informação não foram o jornalista, a equipe de pesquisa autorizada, o Sedena e nem a Comunidade Ufológica Mexicana. Foram, isso sim, os desmistificadores Alejandro Franz, Claude Poher e James Smith – ou seja, as pessoas que orquestraram ou corroboraram a teoria das refinarias de Cantarell. Correspondi-me brevemente com Chola entre os meses de maio e junho de 2004, após eu ter publicado o caso com exclusividade nos Estados Unidos. Ele se identificou como um articulista escrevendo para o editor da Revista UFO, A. J. Gevaerd, a respeito do recente caso ufológico envolvendo a FAM, e, a pedido do mesmo, estava entrando em contato comigo para obter informações. Simultaneamente, Laura Elias, consultora da publicação, também me contatou com o mesmo propósito. Dei a ambos todos os dados coletados pela equipe de pesquisadores – imagens, videoclipes, entrevistas com a tripulação e outros avanços em nossa pesquisa. Fui entrevistado por Laura no fim de nossa correspondência.
Chola também se manteve em contato comigo, mas começou a questionar determinados pontos do Caso Campeche de uma maneira estranha, e em seguida mencionou a teoria dos poços de petróleo de Franz. Expliquei o modo como essa tentativa de desmistificação fora exposta na televisão mexicana e como as evidências em contrário foram apresentadas, bem como todos os fatos que desqualificam a teoria. À medida que Chola insistia nos argumentos de Franz e fazia mais e mais comentários a favor da farsa das refinarias de Cantarell, comecei a ficar desapontado. O ufólogo rejeitava todos os fatos e evidências apresentados, incluindo as leituras de radar e as declarações dos representantes da Flir Systems – confirmando que a câmera do Merlin C-26A não estava desalinhada nem mal calibrada, mas funcionando perfeitamente. Ora, essa era uma declaração definitiva da única fonte autorizada a falar do Flir, que desintegrou o único pilar de sustentação da farsa de Franz.
Nova tentativa de desmistificação — Todos os fatos que citei foram rejeitados ou ignorados por Chola, enquanto ele continuava insistindo nas chamas dos poços de petróleo. Essa situação inesperada me fez suspender nossas conversas. Entrei em contato com o editor, que conheço de longa data, e lhe informei que suspeitava que Chola estivesse em contato com Franz e demais céticos para desmistificar o Caso Campeche. Como resultado, recebi e analisei a edição 100 da Revista UFO, que trouxe longo artigo sobre o episódio. Os fatos neles contidos estavam corretos, de acordo com as informações e as entrevistas dadas. Isso foi em junho de 2004 e a Comunidade Ufológica Brasileira finalmente podia ler em detalhes toda a informação a respeito do encontro da Fuerza Aérea Mexicana (FAM) com UFOs, na época o principal assunto na área.
Entretanto, alguns meses depois, Chola apresentou um estudo de sua autoria do Caso Campeche sob o título México, Um Caso Ainda Mal Contado. A matéria foi publicada pelo Portal Ufovia, administrado pelo também consultor de UFO Pepe Chaves, em outubro de 2004. O artigo era uma tentativa de desmistificação do caso mexicano, mas o trabalho do autor se limitou a um típico “copiar e colar” do site de Franz. Foi uma pesquisa de segunda-mão feita a partir do que já havia sido publicado na internet, além de outros trabalhos feitos da mesma maneira, tirados de diferentes sites – e, com certeza, de correspondências com Franz, Poher e Smith. O ufólogo afirmou ao Portal Ufovia que era o único autor das transcrições, trabalho que teria feito a partir de um mini DVD que lhe fora dado diretamente pela Secretaria de Defesa Nacional (Sedena), o que não é verdade. Além disso, cometeu grave erro ao reivindicar o copyright da filmagem da Secretaria para sua entidade, o Instituto de Pesquisa Científico-Militares de OVNIs (IPECOM), publicando no fim de seu texto a legenda de direitos autorais creditados a ela.
O artigo de Chola é incorreto e tendencioso, uma obra de desmistificação que se baseia num único elemento – o suposto desalinhamento do equipamento Flir, argumento que o autor não prova no artigo, mas apenas sugere. Em março de 2005, ele apresentou ainda, em UFO 108, o texto Análise da Onda Ufológica do México. Na mesma edição, Laura Elias publicou uma matéria sob o sugestivo título Aprendendo a Dura Lição Mexicana. O artigo de Chola é muito semelhante ao seu texto no Portal Ufovia, embora um pouco mais ameno, talvez para não demonstrar intenção de desacreditar o Caso Campeche. Ele contém uma miscelânea de dados incorretos, fatos hipotéticos e situações inexistentes acerca do episódio, que só refletem a tese que Franz vem tentando promover desde o ano passado. Nada original. No entanto, Chola fez graves declarações contra os militares mexicanos, sugerindo que sejam ingênuos, e também contra os ufólogos do México, implicando que não passam de pesquisadores excêntricos que só vêem extraterrestres e discos voadores no céu.
Em seguida, o autor questiona a reputação de Maussán e a minha, quando afirma na página 24 de UFO 108: “Finalmente, a última repreensão serve para alguns dos ufólogos – principalmente os dois principais investigadores mexicanos envolvidos no caso. Eles, na ânsia por transformar o acontecimento num caso de “naves extraterrestres abduzindo pessoas”, mostraram-se incapazes de distinguir o lógico do ilógico e ciência
de pseudociência”. Nessa afirmação, infelizmente, Chola demonstra desconhecer a Ufologia Mexicana, uma vez que não temos relatos de abduções em abundância. Além disso, usou a palavra-chave do ceticismo clássico, pseudociência.
Caminhos erráticos — Em resumo, o ombudsman de UFO quis desacreditar o cenário ufológico mexicano, uma atitude grave que o colocou em conflito com o que de fato se passa no país. Vejamos a seguir algumas das ações de Rogério Chola antes e depois de sua desmistificação declarada do Caso Campeche. Em 14 de maio de 2004, na Moção de Apoio da Comunidade Ufológica Brasileira aos Ufólogos Mexicanos, publicada no site da Revista UFO, o ombudsman declara, junto de Gevaerd e dos ufólogos Alberto Francisco do Carmo e Marcos Malvezzi Leal, reconhecer a legitimidade do caso. Ao mesmo tempo, o texto expressava respeito para com os ufólogos mexicanos por tão transcendental feito, a pesquisa do incidente de Campeche. O editor e seus colegas propuseram uma urgente abertura de informações sobre os UFOs ao Governo Brasileiro e às instituições militares, seguindo o exemplo do Governo e das autoridades mexicanas. A moção, na forma de uma carta aberta, foi publicada em todo o mundo em diferentes línguas e representou o primeiro ato solidário de nossos colegas do Brasil, algo inédito na Ufologia.
Já em junho de 2004, em UFO 100, o encontro com UFOs envolvendo a Força Aérea Mexicana é publicado no Brasil de forma positiva e dando credibilidade ao fato, em artigos de Chola e Laura Elias. Os textos foram escritos com a colaboração de Maussán e deste autor. Alguns meses depois, em outubro de 2004, Chola se referiria ao episódio como “um caso ainda mal contado”. No artigo escrito publicado pelo Portal Ufovia, o autor não só contradisse seu texto anterior, publicado em UFO, como também desmistificou o caso, usando a farsa da refinaria de petróleo inventada por Alejandro Franz. No texto, Chola cita muitas fontes de informação, mas no fim do artigo apenas menciona os céticos e ninguém do grupo de pesquisas mexicano. Ele obteve a maior parte de suas informações técnicas sobre o Caso Campeche de meus artigos publicados no site do radialista e difusor da Ufologia Norte-Americana Jeff Rense [www.rense.com], traduziu-os para o português e afirmou ser o autor. Isso também aconteceu com as transcrições de áudio publicadas por mim no mesmo site, que Chola copiou e traduziu, afirmando depois ser responsável pelo trabalho.
Finalmente, em março de 2004, na edição 108 de UFO, veio a desmistificação oficial do Caso Campeche. Sob os títulos Análise da Onda Ufológica do México e Aprendendo a Dura Lição Mexicana, Chola e Laura Elias publicaram o que seria uma explicação definitiva para o caso envolvendo 11 objetos voadores não identificados e o avião Merlin C-26A da Fuerza Aérea Mexicana (FAM). Mais uma vez, o ombudsman dá crédito a Alejandro Franz como autor da teoria dos poços de petróleo de Cantarell para os artefatos registrados, desacreditando e desqualificando meu trabalho e o de Jaime Maussán, e as declarações da tripulação da aeronave, a participação do Sedena e do próprio secretário de Defesa do México, general Ricardo Clemente Vega Garcia, além de pesquisadores e ufólogos de meu país. Que mudança surpreendente de postura em apenas um ano.
A resposta dos mexicanos — Entre a declaração de apoio aos militares mexicanos até o artigo da edição 108, parece ter surgido uma tendência pró-acobertamento, criando um precedente perigoso para a verdadeira iniciativa brasileira de divulgação de informações ufológicas. Nossa resposta e atitude a respeito do que foi exposto continuarão sendo de dedicação ao nosso trabalho, de fidelidade à nossa causa e de honestidade em todos os nossos atos. Continuaremos promovendo e divulgando todo e qualquer incidente envolvendo UFOs ocorridos no México, ao mundo todo. Continuaremos apoiando nossa força aérea, nossos poderes militares e, principalmente, nosso secretário de Defesa por sua coragem e honestidade em revelar esse evento ufológico à população, abrindo as portas para todos e definitivamente mudando a história. Temos certeza de que Franz, Chola ou qualquer cético, de qualquer lugar, não conseguirá prejudicar quem quer que seja, desacreditado qualquer caso ou desmistificado a presença alienígena da Terra.
É interessante notar que, ao contrário do que pretendeu Franz em suas manobras, o Caso Campeche tenha desencadeado um grande aumento nas aparições de UFOs em 2004 e nos primeiros meses de 2005 – como comprovam os artigos da própria UFO, que tratam das flotillas. Temos testemunhado uma nova espécie de ocorrências ufológicas, num novo nível e com o que parece ser uma nova geração de objetos, vistos agora com diferentes formas e comportamentos. Seres estranhos, objetos esquisitos, figuras de formatos esdrúxulos no céu e, principalmente, o surpreendente fenômeno das flotillas são todos fatos espetaculares e desconcertantes que têm despertado novas expectativas em nosso povo quanto ao que virá em seguida. Estamos vivendo um momento extraordinário no México, onde os ufólogos e a sociedade se unem como nunca antes, documentando em vídeos e fotografias esses extraordinários avistamentos. Ufólogo desde 1974, devo admitir que nunca antes nossa Ufologia esteve tão convencida e motivada a continuar com sua cruzada. O Fenômeno UFO é uma realidade e está esperando estarmos preparados para aceitar essa mudança em nossa evolução.