Simpática cidade do litoral sul paulista, Peruíbe, a 142 km de São Paulo, 81 km de Santos e a 29 km da vizinha Itanhaém, da qual se emancipou em 1959, se encontra na porta de entrada da Estação Ecológica Juréia-Itatins, um dos últimos remanescentes da Mata Atlântica. Toda a região, desde as mais remotas épocas, é coberta de mistérios, principalmente a área da reserva, que sempre foi palco de inúmeros avistamentos ufológicos. Vários grupos, atraídos pelas centenas de casos que lá ocorrem, têm dedicado-se a realizar vigílias e pesquisas nessa extensa área verde repleta de praias, cachoeiras e montanhas verdejantes. Apesar da tendência generalizada em se apontar a cidade como um local privilegiado de contato com seres de outros planetas, creio que a ponte entre os mundos, que é formada ali, seja entre os mundos físicos e espirituais ou dimensionais. Todo tipo de aparição surge nos arredores de Peruíbe, desde luzes furtivas, loiras de branco, fantasmas, até seres extraterrestres. Tal fato é comum nas áreas ao redor de quase todos os maciços geológicos do planeta, os mais próximos e mais notáveis deles aconteceu na Cordilheira dos Andes e na Serra do Roncador. Essas montanhas são famosas pelas centenas de casos de UFOs que entram e saem de seus paredões.
Há vários anos, dona Marisa, do Camping Tucanos, na Praia do Costão [Entre a encosta da Serra do Itatins e a foz do Rio Preto, a um quilômetro do centro], tem observado fenômenos que não consegue explicar. Diversas vezes viu estranhos objetos que ficam parados a grande altitude, durante longo tempo, sobre a praia, e que rápida e silenciosamente se deslocam rumo ao oceano. Numa ocasião, testemunhou uma bola de luz vermelha voando baixo sobre as casas, e que insistia em aparecer já há alguns dias, durante a noite. Vários moradores que presenciaram o fato descreveram “a coisa” como uma luz forte e cintilante, que vinha do mar e depois retornava, desaparecendo. Essas luzes que costumam vagar pelas serras e mesmo pela cidade, sem nenhum motivo aparente, vão e vem, entram nas casas e assustam as pessoas. É muito difícil acreditar que sejam parte de algum projeto extraterrestre, mesmo porque suas aparições já eram relatadas pelos índios ao padre jesuíta e catequizador Leonardo Nunes [Chamado por eles de Padre Santo ou Padre Voador, devido a sua capacidade aparentemente sobrenatural de cobrir rapidamente grandes distâncias], em 1549, e constam das tradições perdidas no tempo.
Bolas luminosas — No centro também já houve experiências estranhas. A velha estação rodoviária é pródiga em “causos”. Na década de 70, foram vários avistamentos de bolas luminosas noturnas, e algumas das pessoas que viram, sentiram uma forte e inexplicável atração por elas. Parentes de muitas dessas pessoas garantem que elas tiveram o chamado missing time [Tempo perdido], não se lembrando do que ocorreu. Creio que muitos dados ainda vão ser levantados, revelando abduções e atividades sobrenaturais nessa cidade. Uma praia muito interessante é a Praia do Guaraú, a sete quilômetros do centro, que durante muito tempo serviu como local de desembarque de navios negreiros e talvez por isso tenha fama de fantasmagórica. Diz a parapsicologia que locais expostos a muito sofrimento humano podem guardar “impressões energéticas”, às vezes captadas por pessoas sensitivas. Muitos fantasmas e personagens de batalhas já foram vistos em suas areias, aumentando a mística do lugar. Além do que, piratas usavam sua pequena baía como local de esconderijo.
Há histórias dando conta de que os fenícios – que estiveram nas praias do Rio de Janeiro – teriam também aportado por ali. E novamente aqui, encontramos relatos de luzes que voam sobre o mar e entidades que atacam as pessoas. Como conta “seu” Roque, que reside no local há mais de 30 anos, o fato ufológico mais notável foi a aparição noturna, na década de 70, de um grande disco que apavorou jovens e moradores. Pairou como sentinela voadora sobre a Pirâmide do Guaraú, também chamada de King Kong, desaparecendo em seguida. Já as lendas mais antigas fazem alusão a um misterioso e gigantesco “pássaro negro metálico” que costuma sair de suas encostas, indo para os picos nos arredores.
Esse monte é considerado mágico e guarda muitos segredos. Pode-se sentir as fortes vibrações do lugar e vários sensitivos tiveram experiências de contato com entidades invisíveis ali mesmo na praia. Na minha opinião pessoal, aquela montanha guarda uma entrada dimensional para outros mundos invisíveis do interior da Terra. Eu mesmo vi curiosas deformações espaciais, em pleno dia, durante experiências efetuadas no meio da semana e com a praia deserta. Às vezes parece que o espaço encolhe, ou mesmo desaparece em dobras e perde-se qualquer noção espacial. Não tenho dúvida de que é um ponto importante da montanha sagrada dos índios tupi guaranis.
Portal da Serpente — O senhor Antônio, também antigo morador, descreveu o que chama Mãe do Ouro. Trata-se de uma bola luminosa que, a cada sete anos, sai do Morro do Bogoça e voa para o Morro de Itatins. Seria o que a ciência conhece como “efeito eletrostático de ponta”, produzido pelo atrito do ar nos picos e a diferença de potencial gerada. A energia acumulada acaba por saltar de um morro ao outro formando um arco. Ou ainda, talvez, energia telúrica devido às grandes concentrações de minérios que provocam fenômenos luminosos em função da pressão geológica. De qualquer forma, o fato é que o Morro do Bogoça é, até hoje, temido pelos índios remanescentes, pois, segundo eles, o local seria maldito, palco de estranhos fenômenos, entre eles luzes, aparições e desorientação sensorial. É também o local mais visitado pelo pássaro negro do Guaraú.
Algumas dessas luzes, às vezes, descem sobre a cidade e arredores, mas acabam retornando e, em geral, desaparecem seguindo as trilhas dos rios e cachoeiras, ou ainda em paredões maciços de rocha. Em geral, todas as culturas indígenas consideram esses locais de aparições de UFOs como malditos, pois na verdade estão igualmente associados com aparições de seres estranhos e negativos que capturam ou matam pessoas, quando não as enlouquecem ou as deixam com seqüelas físicas. Os índios sabem que esses seres não fazem parte do mundo visível e que são aparições malévolas de outro
plano.
Apesar de toda a intensa casuística da região, nenhum outro ponto é tão famoso quanto o Portal da Serpente, na serrinha do Guaraú. Minuciosamente pesquisado pela historiadora Maya Ekman, sua história é ricamente abordada em seu livro Peruíbe, História das Suas Origens, Contos e Lendas [Editora Peruíbe, 1991]. Maya foi, sem dúvida, a personagem mais fantástica dessa cidade. Durante anos fez atendimentos espirituais, fabricou remédios à base de plantas e manteve um grupo de contatos com extraterrestres. Bolas de luzes coloridas entravam em seu apartamento pela janela e várias outras pessoas relataram ter recebido visitas idênticas em suas casas. O portal é um grande paredão de pedra e ao nível da estradinha há uma marca gravada, como uma porta redonda formada por um desenho natural, de uma grande cobra. Do lado esquerdo está o rabo em forma de ponta, que sobe dois metros formando um arco e retorna ao solo de forma arredondada como uma cabeça de serpente.
Conta a lenda que o arco era uma porta aberta na montanha, de onde saía fumaça e fogo, mas que um dia foi fechada pelos deuses da montanha. Até hoje, muitas pessoas acreditam que lá dentro vivem os guardiões de Peruíbe. Muitos são os que dizem ter visto sair desse portal um ser alto, loiro e de vestes brancas que observa a cidade e a região, logo depois retornando para o interior da parede de pedra. Outros acreditam que esse portal seja uma das entradas para um dos vários mundos infernais, e que a marca da serpente deixa clara a ligação da montanha com o diabo. Dizem também que seres do mal rondam aquela estradinha durante a noite, buscando vítimas para possessão.
Coincidência ou não, próximo desse local existe um ponto onde adeptos de cultos afro-brasileiros depositam suas oferendas e despachos, acreditando que exus da mata venham buscá-los a partir da meia-noite. Logo abaixo, na região desse ponto da serra, encontra-se a Prainha, também rica em avistamentos de misteriosas luzes fantasmagóricas. Há poucos anos, um desabamento nesse trecho da estradinha expôs, ainda com maior clareza, a serpente em forma de porta. Dizem que em alguns pontos esse maciço de rocha ecoa como se fosse oco, o que aumenta o enigma sobre o que a serra esconde. A maioria dos caiçaras não gosta do lugar.
Mundos paralelos — Não são poucos os que acreditam que a montanha guarda uma civilização, uma base extraterrestre ou a entrada de um mundo intraterreno muito antigo. Uma história perdida no tempo conta que, quando os espanhóis estiveram explorando o Brasil, a caminho da Patagônia, capturaram dois gigantes de mais de dois metros de altura na região litorânea de Peruíbe. Segundo a crença, esses seres moravam em cavernas da serra, algumas delas submersas. Infelizmente, essas criaturas teriam morrido na viagem e seus corpos, em estado de decomposição, sido jogados ao mar. Verdade ou mais uma lenda? O fato é que a região é rica em fenômenos estranhos.
No seio das escolas iniciáticas há quem acredite que Juréia-Itatins é uma das várias entradas físicas ou dimensionais para a mítica Agartha, civilização avançada, centro espiritual do planeta e detentora de uma grande gama de objetos voadores. Esses seres seriam governados pelo chamado Rei do Mundo que controla o planeta. Infelizmente, tais seres avançados nunca contataram os humanos, somente alguns poucos escolhidos, que nunca chegaram a um ponto comum em seus relatos. Outras correntes, mais conservadoras, acreditam que essa entrada leva à uma civilização espiritual sim, porém extremamente perigosa, mais conhecida como Inferno ou Hades [Na mitologia grega, o deus do mundo inferior, soberano dos mortos], morada definitiva dos anjos caídos e do trono de Lúcifer. Este também seria chamado Rei do Mundo, tendo em vista que foi expurgado com seu exército do mundo celeste, vindo a dominar o mundo material. Muitas sociedades secretas acreditam que ele continua sendo um anjo de luz e, por isso, lhe prestam serviços de forma velada diante dos não iniciados, porém invocando suas forças na intimidade de suas reuniões.
Dona Maya comenta ainda outra lenda, em que a serpente negra seria o símbolo de povos extraterrestres que colonizaram a região. Conta-se que assim que chegaram ali, esses viajantes construíram pirâmides luminosas. Seu líder chamava-se Jurupara e seus uniformes traziam no peito o símbolo da serpente negra. Eles teriam gravado seu símbolo nas rochas da região e, devido a problemas geológicos, teriam partido e levado grande parte do que construíram, inclusive plantações e sementes. Aventa-se, no entanto, a possibilidade de que alguns tenham permanecido e criado uma nova comunidade no interior da montanha. São inúmeros os relatos de caiçaras que já viram esses homens caminhando pelas matas, principalmente à noite, além de figuras luminosas que vagam pelas serras. Em algumas ocorrências da casuística ufológica, os ufonautas realmente ostentavam uma serpente negra, como no caso do patrulheiro norte-americano Herbert Schirmer, abduzido no início da madrugada de 03 de dezembro de 1967. Serão esses filhos da serpente os anjos decaídos do céu? A verdade é que o sinal da serpente sempre esteve associado ao mal e a uma inimizade com o povo da Terra.
Outros locais da cidade, como a Barra do Una, o Morro do Gato e o Morro da Suástica também, são ricos em casos de formas luminosas e relatos de povos das serpentes. Nas cachoeiras da Barra do Una, praia pitoresca de uma Vila de Pescadores, a 27 km do centro, pequenas luzes são vistas voando pelas quedas. O pesquisador Atílio Coelho, especialista na região, já presenciou várias delas, as quais batizou de pulguinhas, sondas muito pequenas que estão sempre por lá. Em suas vigílias, viu luzes estranhas e chegou a interagir com as mesmas por meio da lanterna e com o flash da máquina fotográfica. Parece que as sondas sempre respondem alterando sua luminosidade. No entendimento de Coelho, são algum tipo de equipamento, embora seu comportamento inteligente e suas características estejam mais para entes vivos do que máquinas teleguiadas. Ele também já notou que vários lugares possuem uma vibração muito negativa e alerta que podem representar perigo aos mais desavisados.
Seres flutuando — Em algumas cachoeiras, os nativos dizem ouvir claramente vozes em uma língua desconhecida. Nas quedas ao longo do Rio Verde, várias vezes, foram vistos seres flutuando. Em suas águas, lindas mulheres louras também foram vistas se banhando. Às vezes, à noite, vêem-se também pessoa
s arando a terra e formando plantações no meio das florestas. Todas essas aparições têm um ponto em comum: sempre desaparecem nos paredões de pedra. Tais aparições sugerem que todos esses seres são materializações breves de uma outra freqüência da matéria ou de um mundo paralelo. Em meio a tudo isso há os relatos alienígenas. E será que podemos confiar em suas formas? Ou talvez uma bola de luz vermelha possa tornar-se uma bela mulher, um extraterrestre ou mesmo Pã, o deus cornífero? Tais transformações são comuns no campo do sobrenatural, ora se apresentando de uma forma, ora de outra. Locais como Peruíbe existem às dezenas espalhados pelo nosso país. Nessas regiões, UFOs, entidades folclóricas, aparições e fantasmas se confundem, sem sabermos onde começa um fenômeno ou termina o outro. Talvez tenham todos a mesma origem. Em geral, são tidos como locais negativos pelos caboclos ou sertanejos. Todos têm sempre mais de uma história macabra para contar.
Talvez jamais encontremos uma resposta adequada para todas essas coisas do entre-mundos, ou talvez o filósofo alemão Friedrich Nietzsche tenha razão: “O homem está sempre errado, não importa o que pense”. Por muito tempo estivemos debatendo questões de outros mundos, enquanto aqui mesmo, debaixo de nosso nariz, fenômenos estranhos, ligados ao sobrenatural e a espiritualidade, estão ocorrendo há séculos. Temos que buscar e encontrar uma resposta, pois essas luzes estranhas vão continuar por aí sempre, nos cercando, sorrateiras, construindo pontes entre os mundos.
Seres do mal existem
por Carlos Alberto Millan
Era 20 de janeiro de 1994, 00:30, quando eu e minha acompanhante retornávamos do centro da cidade para o acampamento na Praia do Guaraú, em Peruíbe. Era uma noite estrelada, porém muito escura e sem luar. A estrada formava uma serpente negra pelo meio da floresta. O carro estava a uns 100 m antes do Portal da Serpente, quando percebi uma alteração estranha no ruído do motor. Pelo barulho do carro, que diminuía gradualmente, sem afetar o seu desempenho, parecia que estávamos sendo sugados por um redemoinho. A conversa animada e a sensação agradável de uma noite quente de verão foram desaparecendo. E rapidamente uma densa nuvem de pesada energia e horror tomou conta do ambiente. De repente, ela deu um sobressalto, ficando tensa e rígida em seu assento. Perguntei o que estava acontecendo, mas ela se recusou a responder. Eu sentia um mal estar muito grande e tinha a nítida sensação de que alguma coisa iria nos atacar pelo flanco esquerdo.
Rapidamente minha mente racional perguntava-se: É um ladrão? Não. É uma coruja? Não. É uma onça? Não. Por mais que não fizesse sentido, eu sabia, de alguma forma, que era uma criatura não humana. Nesse momento ouvi com toda nitidez possível, vindo do centro do peito para minha mente, uma voz incisiva dizendo: “Feche a janela!” No mesmo instante, minha namorada que permanecia tensa e calada exclamou: “Feche a janela!” Sem dúvida, fiz o que diziam. Passamos pelo portal e terminamos a descida da serrinha. Estando finalmente no camping, conversamos sobre o ocorrido. Toda aquela sensação havia desaparecido e tudo estava normal como antes. Ela me contou que sentiu um medo incomum e que tinha a nítida impressão de que um ser não humano iria entrar no veiculo e se apossar de meu corpo, o que faria com que caíssemos no despenhadeiro.
Foi uma experiência impressionante. Já havíamos feito aquele percurso dezenas de vezes, investigado o portal em minúcias, feito várias vigílias na região sem nunca ter passado por nada semelhante. Cheguei à conclusão de que os índios e os contadores de “causos” tem razão: existem coisas malignas invisíveis nesses lugares chamados malditos. Essas coisas não estão todo o tempo presentes, mas podem se manifestar quando menos se espera.