Um novo lote de documentos ufológicos foi entregue à Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), desta vez referente ao funcionamento do Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani). Este órgão foi criado pela Aeronáutica, em 1969, para pesquisar a presença alienígena em nosso país. O grande diferencial da entrega deste novo lote contendo mais de 1.300 páginas de documentos oficiais é que não veio do Governo, mas foi entregue à CBU pelo ufólogo paulista Edison Boaventura Júnior, presidente do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG), que atuou como consultor da Revista UFO há alguns anos. Boaventura entregou os documentos em prol aos resultados da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que produziu até agora três aberturas oficiais, sendo a maior e mais expressiva delas em 04 de maio [Veja edição UFO 155].
Durante o III Fórum Mundial de Ufologia, realizado em junho, em Curitiba, o ufólogo reuniu-se com os integrantes da CBU e decidiu que doaria todo o material que recebeu de presente de um militar aposentado da Força Aérea Brasileira (FAB). “Quero contribuir com este trabalho e por isso, em meu nome e no de meu grupo, o GUG, encaminho à CBU como colaboração e para somar à campanha”, declarou. Ele entregou ao editor A. J. Gevaerd um DVD de dados contendo nada menos do que 1.310 páginas de documentos inéditos do Sioani, além de 28 croquis coloridos e 64 fotos produzidas pela Aeronáutica nos anos 60. Junto vieram 137 páginas de dossiês coloridos com três croquis e 17 fotos, tudo material oficial [Veja detalhes do funcionamento do Sioani na edição UFO 156].
Materiais inéditos e nunca vistosO ufólogo, assim, cumpriu a promessa de repassar à toda a Comunidade Ufológica Brasileira, através da Revista UFO, um material de grande importância e significado, e que não consta das liberações governamentais feitas até aqui. O Portal UFO já disponibilizou cerca de 1.300 páginas de documentos e mais de 200 fotografias das atividades do Sioani e da Operação Prato, realizada na Amazônia, em 1977. Mas nada disso, que a CBU recebeu do próprio Governo Brasileiro, conteve, por exemplo, desenhos coloridos de UFOs feitos por militares que trabalharam no Sioani, nem fotos de testemunhas, como da enfermeira Maria Cintra, que teve um contato direto com um ser extraterrestre na madrugada do dia 25 de agosto 1968, em Lins (SP), um caso clássico da Ufologia Brasileira pesquisado pelos militares em sigilo. O pacote contém os procedimentos de pesquisas de dezenas de casos ufológicos, que jamais vieram a público antes.
Todo esse material doado por Boaventura também foi enviado à Coordenadoria Regional do Arquivo Nacional no Distrito Federal (COREG), que, por sua vez, já teve sua recepção oficialmente comunicada à Casa Civil da Presidência da República. Dessa forma, ele passa automaticamente a fazer parte do processo encabeçado pelo Dossiê UFO Brasil, e certamente exercerá mais pressão para que o Governo libere novas pastas sobre UFOs e o envolvimento militar nas pesquisas brasileiras. “Espero que este material agregue conhecimento a tudo o que já foi disponibilizado pelo Ministério da Aeronáutica”, complementou Boaventura, informando que também pretende disponibilizar os documentos no site do Grupo Ufológico do Guarujá, até o fim deste mês. A Revista UFO encaminhou a ele um questionário para ser respondido com detalhes da forma como teve a posse deste material, e publicará as respostas a seguir.
Os interessados em baixar os arquivos, principalmente em formato PDF e JPG, que passam de 360 Mb, podem seguir as instruções abaixo. A Revista UFO inaugurou um novo espaço em seu universo virtual para armazenamento exclusivo de documentos ufológicos liberados ou obtidos de outras formas. Clique aqui para baixar os documentos. Atenção: Pedimos aos internautas que baixem, imprimam, divulguem e compartilhem à vontade tais documentos, mas que não se esqueçam de citar a fonte, a Revista UFO, e que tais materiais estão sendo disponibilizados por iniciativa da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU).
O Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani) foi algo inédito no Brasil e no mundo, surgindo em 1969, sob a inspiração e orientação do major brigadeiro do Ar José Vaz da Silva, começando pelos esforços do então coronel, e depois major brigadeiro João Adil Oliveira, chefe da primeira Comissão de Investigação Sobre Discos Voadores. Quando foi criado, o órgão tinha propostas arrojadas e funcionamento exemplar. Sua conceituação assim demonstra: “O Sioani é o conjunto de recursos de pessoal e de material destinado à investigação e pesquisa do fenômeno Objeto Aéreo Não Identificado (OANI)”, relembra o coronel da reserva da Aeronáutica e membro da Escola Superior de Guerra (ESG), Antonio Celente Videira. O final do Projeto Blue Book da Força Aérea Norte-Americana (USAF), em 1969, pode ter contribuído para o encerramento do Sioani em 1972, e mais de 90% dos membros da Força Aérea Brasileira (FAB), hoje em dia, desconhecem por completo essa impressionante trajetória, infelizmente. Entretanto, pelo que percebemos, a percentagem de leigos no assunto tende a se modificar rapidamente.
O Sioani, organicamente, era constituído de:• Central de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Cioani) – Órgão Central do Sistema;• Zona de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Zioani) – Área geográfica onde estavam contidos os Núcleos de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Nioani). Existiam seis Zioanis;• Núcleo de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Nioani) – Órgão executor de observações, investigações e coleta de materiais para pesquisas de OANIs. Sua função podia ser executada por órgão militar, instituição pública ou por pessoa física. O Nioani era vinculado ao seu respectivo Zioani;• Laboratórios de Pesquisas e Análises (Lioani) – Órgãos auxiliares, para o cumprimento da missão de pesquisas e análises de materiais referentes a OANI;• Transporte de Pessoal e Material (Tioani) – Meios de transporte, em princípio, fornecido por órgãos oficiais, militares ou civis, por solicitação da Cioani, da Zioani ou do Nioani. Na falta de transporte oficial, podia ser utilizado o comercial. O meio de transporte tinha que ser adequado, eficiente e rápido.
A rapidez na chegada ao local, onde ocorria o fenômeno ufológico era básico, para que não houvesse alteração de vestígio ou deturpação do fato. Por isso, existiam cinco aeronaves de pequeno porte, dois bimotores e tr
ês monomotores, sediadas no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo e administradas pela 4ª Zona Aérea. Essas aeronaves atendiam aos serviços normais da Organização, como, também, àqueles demandados pelo Sioani;• Rede de Comunicação (Rioani) – consistia em uma teia envolvendo as já existentes redes de comunicação da FAB, das demais Forças Singulares (Exército e Marinha), Forças Policiais e ainda a rede radioamador, visando à rápida transmissão das ocorrências fenomenológica ou mesmo o fluxo de informações entre os elos do sistema. O Sioani subordinava-se ao Ministro da Aeronáutica, porém os resultados dos trabalhos destinavam-se ao Estado-Maior da Aeronáutica. Dentro da 4ª Zona Aérea, estava fora da estrutura do seu Estado-Maior, mas o seu chefe respondia, também, pela 2ª Seção (Informação) acumulando com a da Cioani, confirmando, assim, que o assunto era tratado por um oficial de Informações, atualmente de Inteligência. O seu pessoal exercia a atividade sem prejuízo das funções, para as quais foram designados nas Organizações Militares.
Nota-se que o Sioani obedecia a uma estrutura organizacional horizontal-planificada, muito usada no mundo corporativo-empresarial contemporâneo. Não havia remuneração especial para esse tipo de trabalho, sendo um sistema de voluntariado, principalmente quando se tratava de pessoal não vinculado à FAB e demais Forças Singulares, bem como dos órgãos de Segurança Pública. A Sociedade da Informação, tão propalada pelos autores da globalização, começava a eclodir na malha planificada do Sioani [Detalhes de organograma e ramificações do Sioani na edição UFO 156, imperdível]. A Operação Prato foi uma equipe destinada a investigar secretamente o Fenômeno UFO na Amazônia, o único projeto do gênero de que se têm notícias em nosso país, comandado por Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima, que 20 anos depois se tornaria o primeiro oficial de nossas Forças Armadas a quebrar o silêncio e vir a publico, revelando a veracidade e os detalhes da missão. Realizada entre setembro e dezembro de 1977, a investigação tinha na verdade o intuito de desmistificar as estórias, descobrir que tudo não passava de erros de interpretação, alucinação e enganos coletivos.
Superando todas as expectativas, no entanto, a Operação Prato resultou na comprovação da origem exógena do fenômeno que vinha se manifestando em toda área ribeirinha e litorânea do Pará. Hollanda e seus comandados tinham a incumbência de documentar os acontecimentos ufológicos na Amazônia, mas acabaram tendo contatos pessoais com naves extraterrestres.