Cientistas italianos da Universidade Federico II em Nápoles anunciaram ao jornal Corriere della Sera haver ressuscitado bactérias extraterrestres que estavam dormentes há 4,5 bilhões de anos. Seu berço era um meteorito encontrado em 1882 na Transilvânia, atual Romênia, e conservado no Museu Mineralógico de Nápoles. “Ao analisá-lo, nós o colocamos em contato com uma solução fisiológica. E nos demos conta que microorganismos tornaram-se visíveis e começaram a se mover”, revelou o professor de geologia Bruno Dargenio, de 65 anos. “São bactérias que caíram do espaço”, acredita o cientista.
Batizadas de cristalomicróbios (ou cryms), as bactérias são de 7 ou 8 tipos. Mil vezes menores que o milímetro, assemelham-se às arqueobactérias, as mais antigas formas de vida que habitam nosso planeta e que sobrevivem nas chaminés termais fincadas no solo oceânico – aonde a luz do Sol nunca chega e a escuridão é eterna. A descoberta, se comprovada, tem o potencial de provar que a origem da vida é extraterrestre. Nem mais nem menos. Desde o anúncio feito em 1996 pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA) da descoberta de supostas bactérias fósseis num meteorito marciano achado na Antártida, a comunidade científica mundial começou a devassar todas as hipóteses possíveis para comprovar a existência de vida fora da Terra.
É aí que se insere o trabalho de Dargenio em colaboração com o biólogo molecular Giuseppe Geraci, também professor na Universidade Federico II. Além do meteorito romeno, eles encontraram bactérias similares em mais de 50 rochas sedimentares (como calcário) e ígneas (como granito), com idades entre 1 milhão e 2,3 bilhões de anos e provenientes de regiões como a Itália, a Europa Central e o Canadá. “A probabilidade das rochas terem sido contaminadas por micróbios terrestres é muito baixa”, garante Giovanni Bignami, diretor científico da Agência Espacial Italiana.
“As amostras foram esterilizadas a 950 ºC, mas as bactérias sempre voltavam a ressuscitar”. No momento em que começaram a se multiplicar, as bactérias ETs foram colocadas em soluções de cultura dentro de tubos de ensaio. O passo seguinte foi analisar seu DNA, que é parecido com o das arqueobactérias, porém de um gênero diferente dos 18 mil gêneros de bactérias terrestres.
Segundo Bignami, a descoberta dos biólogos napolitanos é a mais forte evidência para sustentar a tese da origem extraterrestre para a vida na Terra. Agora só falta fazer a comunidade científica aprovar os resultados. Ou desqualificá-los. De qualquer modo, dada a tremenda importância da pesquisa, essa história fantástica ainda vai dar muito o que falar.