Mensagem do Editor — A presença de UFOs em nossos céus representa uma grande ameaça a aviões de todos os tipos. Muitos dos avistamentos e encontros relatados por pilotos comerciais e militares dão conta de que, em algum momento durante o episódio, os profissionais temeram por suas vidas e de suas tripulações. O fator de risco é considerável, a ponto de motivar forças aéreas de vários países a investigarem de forma aberta, às vezes com a ajuda de civis, relatos de pilotos e testemunhas.
Mesmo sendo perigosos, esses encontros com UFOs em pleno ar são de grande valor para a Ufologia, uma vez que pilotos tendem a relatar o que viram com maior precisão e profissionalismo. Também, a margem de erro na identificação de algo como sendo desconhecido é bem menor quando se tratam de pessoas experientes e com conhecimento de aeronaves. Obviamente que nem tudo que voa e não é identificável à primeira vista está ligado a extraterrestres. Muitos projetos sigilosos e aeronaves experimentais cruzam os céus do mundo, mas isso não diminui o risco que representam.
Os relatos de pilotos profissionais são sempre os mais confiáveis e fornecem detalhes preciosos sobre navegabilidade, velocidade e comportamento dos UFOs quando estes se deparam com nossas aeronaves. O comandante equatoriano Germán Cruz Cardenas, que assina o presente artigo, foi piloto da empresa aérea Saeta, diretor regional e geral de Aviação Civil de seu país e chefe do Aeroporto Internacional José Joaquín de Olmedo, em Guayaquil, a maior cidade do Equador. Com este impressionante currículo, Cardenas sabe exatamente o que viu nas experiências que teve e que conheceremos a seguir, em seu relato com exclusividade à Revista UFO.
Meu primeiro avistamento de um UFO ocorreu no ano de 1983, enquanto voava de Quito em direção à cidade portuária de Manta, no comando de uma aeronave Caravelle, considerado por muitos o primeiro avião a jato do planeta. Naquela ocasião, a tripulação era integrada por este autor, pelo capitão Adrian Vizcaíno, na função de copiloto, e pelo senhor Luis Montenegro, como engenheiro de voo.
Muitos pilotos colegas meus também tiveram experiências similares, mas preferem manter reserva a respeito do assunto, já que são conhecidas as reações que o mesmo gera por parte de mentes que simplesmente negam a veracidade desses fatos
Já havíamos começado a descida para pousar no aeroporto de destino e estávamos a aproximadamente 3.500 m de altitude, voando a 460 km/h, quando observamos uma esfera no que chamamos de “posição 11 horas”. Para aquelas pessoas que não estão familiarizadas com este tipo de orientação de voo, é só imaginar um grande relógio sobre o avião, com a marcação das 12 horas à sua frente. Portanto, uma posição 11 horas significa que objeto estava à frente, um pouco para a esquerda da aeronave.
Era uma tarde de céu limpo, totalmente sem nuvens. A esfera, brilhante e de coloração cinzenta, encontrava-se parada, aparentemente girando em torno do seu próprio eixo — digo aparentemente porque o objeto não tinha janelas ou outro ponto de referência que pudesse confirmar que ele realmente girava. Movido pela curiosidade, comecei a desviar o avião levemente para a esquerda com a intenção de me aproximar do objeto voador não identificado e observá-lo melhor. Por meus cálculos, considerando a distância em que estávamos, o UFO deveria ter em torno de 15 m de diâmetro. Quando chegamos mais perto e nós três pudemos observá-lo detalhadamente, o artefato desapareceu perante nossos olhos. Vizcaíno achou que o tinha visto partir para oeste, a grande velocidade, mas eu não saberia dizer se ele se afastou ou se simplesmente desapareceu.
Já em 1997, eu realizava um voo noturno entre as cidades de Santiago, no Chile, e Assunção, no Paraguai, comandando um avião Airbus A-320 pertencente à companhia Saeta, mas voando para a empresa paraguaia Lapsa. Os passageiros eram em sua maioria paraguaios, mas havia alguns argentinos a bordo. Quando nos aproximávamos da cidade de Córdoba, no território argentino, chamamos o centro de controle local para informar nossa posição, nível de voo e hora estimada para atravessarmos o ponto onde se localiza o rádiofarol, que auxilia a navegação. O controlador do radar nos informou que estávamos em sua tela e que aparecíamos vertical à estação — ele também nos disse que não havia tráfego reportado na área.
Logo após o chamado, o copiloto solicitou permissão para utilizar o banheiro. De uma hora para a outra, e quando já tinha as luzes da cidade de Córdoba à vista, uma nave, ou o que quer que fosse, atravessou a nossa frente sem que nós pudéssemos dimensionar seu tamanho ou reconhecer seu formato. Tinha luzes brancas e o curioso é que seu voo não era como o de uma nave convencional. Ela voava em zigue-zague, mas mantendo a direção para o nordeste.
Recuperado do susto, chamei imediatamente o controlador de radar de Córdoba e em tom enérgico dei-lhe uma repreensão por não ter informado que havia um tráfego convergindo para a minha aeronave, deixando claro que o cruzamento tinha sido muito perigoso. A resposta foi imediata: não houve antes e nem havia naquele momento indicação alguma de outro veículo aéreo na tela do radar, além do sinal que emitia nosso próprio avião.
Passageiros confirmam
O controlador de radar continuou dizendo que jamais poderia ter emitido um reporte de posição de outra aeronave que representasse fator de perigo para meu voo, uma vez que a tela nada indicava, e que, de qualquer forma, a gravação do radar serviria de prova. Também disse que eu ficasse à vontade para apresentar um relatório sobre o perigo no voo a seus superiores — algo que tinha o direito de fazer —, mas confirmou que nunca houve indicação da presença de outra aeronave. Quando eu havia acabado de me comunicar com ele, a comissária de bordo entrou abruptamente na cabine para informar que os passageiros que estavam sentados no lado direito da aeronave também tinham observado um UFO.
Sempre me perguntei por que disseram ter observado “um UFO” e não simplesmente outro avião. Talvez porque tiveram mais tempo de observação, já que o viram vindo pelo lado direito, enquanto eu e meus colegas na cabine de comando somente o vimos quando estava à nossa frente. Em todo caso, a forma de se movimentar da estranha coisa e o fato de não deixar marcas na tela do radar dispensam explicações.
E
m um programa de televisão no qual me apresentei como convidado para falar deste incidente, um especialista em ciências físicas afirmou que o que eu, meus colegas e passageiros vimos foram fragmentos de algum satélite. Duvido que sejam. Ora, como poderiam fragmentos de satélite mudar de posição horizontalmente, estarem cheio de luzes e manterem uma trajetória fixa? Devo dizer que me considero um bom observador, com capacidade abalizada para distinguir um satélite de outra coisa. No momento do cruzamento, a altitude do avião era de 12.200 m.
Luz próxima à base
O avistamento seguinte que vivi e que gostaria de relatar à Revista UFO aconteceu em 1998, durante um voo entre Santiago e Guayaquil, aproximadamente às 19h00. A aeronave também era um Airbus A-320 e no momento estávamos a 110 km ao sul de Lima, no Peru, perto da Base Aérea de Pisco. Nós voávamos a uma altitude de 11.900 m e nos aproximávamos do litoral peruano. De repente, um comissário de voo ingressou na cabine e me pediu que olhasse pela janela esquerda, já que todos os passageiros encontravam-se debruçados daquele lado do avião, olhando uma estranha luz.
Olhei para o exterior e pude observar uma luz tão intensa que poderia ser comparada com os holofotes usados em estádios esportivos — aquilo estava 350 m abaixo de nós e voava na mesma velocidade que o avião, uma vez que se mantinha perto, praticamente nos escoltando. Todos os ocupantes da aeronave podiam vê-la perfeitamente, mas não dava para definir nenhuma forma, só a intensa luz.
Chamei imediatamente o centro de controle da área de Lima e solicitei um informe de tráfego, dando a eles nossa posição. A resposta foi clara: “Nós identificamos seu Airbus na tela, mas não existe nenhum sinal de outra aeronave nas imediações”. Insisti que alguma coisa voava ao nosso lado e a resposta foi a mesma. Então, disseram que me mantivesse a espera, enquanto verificavam com a estação de Pisco se havia algum sinal de outra aeronave perto da nossa.
O controle voltou a chamar logo depois para ratificar que o único tráfego se movimentando naquela região era nosso avião, da companhia aérea equatoriana Saeta. Depois de uns sete minutos, a luz começou a ficar para trás e rapidamente saiu de nossa vista, aparentemente se colocando abaixo do nosso avião. Esta foi uma experiência alucinante para todos os passageiros, que comentaram o fato durante a hora e meia que ainda faltava para chegarmos ao destino.
Registros no radar
Também em 1998 fui o protagonista passivo de um incidente que até hoje me intriga. Provenientes de Miami, aproximadamente às 21h30, iniciávamos o procedimento de aproximação instrumental do Aeroporto Internacional de Quito em condições marginais, isto é, com visibilidade reduzida ao mínimo para podermos realizar a penetração e pousarmos. Quando eu iniciava a chamada “virada de procedimento”, em condições IFR, ou seja, voando de acordo com as regras de voo instrumental, sem contato com a superfície, recebi um chamado do operador de tráfego aéreo dando início à seguinte conversa: “Saeta 021, confirme se tem à vista algum objeto do lado direito do seu avião, porque na tela aparecem duas naves que o estão escoltando desde o início do procedimento de aproximação. Mantenha precaução e reporte os objetos à sua vista”.
Na qualidade de comandante, eu estava concentrado no trabalho de pilotar o avião em condições instrumentais e por isso deleguei ao copiloto a tarefa de observação do referido objeto, pela janela direita, e ele passou a procurar alguma luz ou objeto estranho. A resposta foi negativa e assim comunicamos ao controlador de radar, que insistiu em afirmar que os dois objetos continuavam a voar em formação com a nossa aeronave. Ao cruzamos o rádiofarol de Monjas Sul, repetiu-se o chamado de advertência e a nossa resposta foi a mesma: não víamos nada.
Quando chegamos aos instantes finais para pouso e reportamos a pista à frente, o controlador nos chamou e falou novamente: “Autorizados para pouso. Agora os dois objetos se movem velozmente para leste”. Logo após a aterrissagem, e quando estávamos na frequência do controle de superfície, recebemos um novo chamado para nos consultar se queríamos fazer algum relato do acontecido. Respondemos que não, já que não tínhamos visto nada — o controlador indicou que a presença dos artefatos tinha ficado gravada e fariam um relatório a respeito disso.
Procedimento incomum
Aquela foi uma experiência bem estranha e até hoje me pergunto como pôde um controlador de radar distrair a atenção de um piloto que realizava uma penetração instrumental para pouso em um aeroporto como o de Quito, rodeado de montanhas e em condições marginais, para lhe informar uma coisa da qual não tinha absoluta certeza? Penso que o fez porque realmente temeu pela segurança da aeronave e de seus ocupantes. Porque, sem dúvidas, algo realmente escoltou o avião da Saeta naquela oportunidade e ficou gravado no radar como evidência, além da palavra do controlador, obviamente, que só pode atuar como tal se possui uma saúde física e mental compatível com a atividade.
Tive algumas experiências adicionais com UFOs, mas as que descrevi acima foram as que indiscutivelmente mais me impactaram e a todos aqueles que as compartilharam comigo. Quero enfatizar que minha intervenção neste assunto limita-se a contar aquilo que vi e que não tem explicação razoável, considerando que, com minha experiência de voo próxima às 20.000 horas e por minha formação, acredito reunir as condições que me qualificam como um observador competente.
Devo ressaltar, além disso, que muitos colegas meus tiveram experiências similares, mas preferem manter reserva a respeito do assunto, já que são conhecidas as reações que o mesmo gera por parte de mentes que simplesmente negam a veracidade desses fatos, sem aportar elementos de juízo que sustentem sua posição.