Robôs e seres com características artificiais sempre estiveram presentes na casuística ufológica, embora muito menos freqüentemente que criaturas aparentemente biológicas, como nós humanos. Agora uma figura-chave do programa de Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI), o astrônomo Seth Shostak, afirma que a busca desse projeto deveria ser focada em encontrar máquinas alienígenas inteligentes.
Na edição de novembro/dezembro do veículo Acta Astronautica, Shostak irá publicar um artigo intitulado “Como os ETs irão se parecer, e porque devemos nos importar com isso”. No texto, ele argumenta que o SETI poderia ser mais bem sucedido se mudasse sua estratégia, de focar na procura por civilizações biológicas para buscar inteligências artificiais. Em resumo, deveríamos procurar máquinas extraterrestres.
Ele explora a evolução de nossa visão sobre os alienígenas. Há perto de um século, a comunidade científica debatia como provar a existência de construtores de canais em Marte. Hoje, os cientistas falam em procurar por micróbios marcianos no subsolo do planeta. Shostak argumenta que semelhante mudança de paradigmas deveria ocorrer na procura por inteligência extraterrestre, pois considera a vida biológica apenas uma forma de transição. Para Shostak, mesmo o papel da própria humanidade terrestre talvez seja preparar o caminho para seus sucessores, versões extremamente evoluídas de nossas máquinas.
Vários outros cientistas argumentam que o futuro verá uma fusão entre o ser humano e as máquinas. Próteses inteligentes e órgãos mecânicos já estão em pleno uso, e progressos no campo da informática permitem prever que, por volta do ano 2040, computadores disponíveis no mercado terão a capacidade de processamento do cérebro humano. E de acordo com os teoremas que regem o progresso dos computadores, demoraria então meros cinco anos para que uma geração seguinte de computadores fosse mais inteligente que toda a humanidade combinada.
Isso tornaria possível uma mudança, de uma sociedade biológica para uma baseada na inteligência artificial. Parte da comunidade científica argumenta até mesmo que a consciência dos seres humanos poderia então ser transferida para essas máquinas inteligentes, podendo durar indefinidamente, algo muito próximo da verdadeira imortalidade.
Shostak vê como inevitável a mudança de uma sociedade biológica para uma tecnológica, e pportanto conclui que a maior probabilidade é de encontrar alienígenas inteligentes que sejam máquinas. Estes seriam infinitamente mais inteligentes e duráveis que seus predecessores biológicos, e não ficariam restritos a zona habitável de seus mundos de origem. Poderiam controlar sua própria evolução, a uma velocidade centenas ou milhares de vezes a evolução de organismos biológicos, e necessitariam apenas de energia e materiais para manutenção e evolução.
O astrônomo acredita que o SETI deveria começar a apontar seus radiotelescópios para locais ricos em energia e matéria prima, tais como estrelas quentes e de nêutrons, e buracos negros. Glóbulos de Bok, densas regiões de poeira e gases onde são produzidas estrelas e sistemas estelares, e muito mais frios que o próprio espaço interestelar, seriam interessantes para essas máquinas inteligentes segundo Shostak. Segundo as leis da termodinâmica, máquinas são mais eficientes trabalhando em regiões frias, e portanto, Glóbulos de Bok seriam a zona habitável para alienígenas mecânicos.
“Máquinas poderiam durar indefinidamente, e poderiam facilmente dominar a inteligência no cosmos”, diz Shostak. “Evoluem em períodos de tempo infinitamente mais rápidos que seres biológicos, e poderia ser até mesmo que as primeiras máquinas na cena galática dominariam a inteligência na galáxia. É um cenário em que o vencedor conquista tudo”.
Shostak conclui: “Não é fácil tentar determinar a melhor estratégia para o SETI descobrir essas super-inteligências, mas parece que vale a pena despender ao menos parte dos esforços do projeto tentando determinar sua presença”. Seguramente, a procura por inteligência extraterrestre pode guardar grandes surpresas para os próximos anos.