As noites de outubro a dezembro de 1977 foram intranqüilas e temidas pelos moradores da Baía do Sol. Todos se protegiam da ação das “luzes vampiras”, evitando caminhar sozinhos à noite ou dormir sem a companhia de parentes. Segundo acreditavam, tais criaturas saíam de suas naves em busca de sangue humano. Além da região da Baía do Sol, alguns UFOs foram observados sobre a cidade de Ourém (PA) e fotografados pela Aeronáutica no município de São Domingos do Capim (PA). Boatos não faltaram. Alguns acreditavam que os objetos faziam parte de um programa secreto japonês de contrabando de sangue. Outros afirmavam que os ocupantes dos aparelhos eram de outro planeta e que, inclusive, alguns teriam sido capturados após a queda de um disco voador junto ao km 36 da Rodovia Acará-Moju.
O vilarejo de Santo Antônio de Umbituba, no município de Vigia (PA), é formado por algumas dezenas de famílias que vivem da pesca e da lavoura. O único contato que têm com outras vilas é feito através dos rios ou pelo estreito ramal que atinge o km 32 da Rodovia PA-140. As primeiras notícias do chupa-chupa vêm desse vilarejo. No dia 08 de outubro de 1977, o jornal O Liberal publicou a manchete “Bicho sugador ataca mulheres e homens em povoado de Vigia”, descrevendo em detalhes as experiências surpreendentes de Umbituba. Seus moradores declararam abertamente a existência de artefatos dotados de feixes luminosos, capazes de atravessar obstáculos – como telhados e paredes – para alvejar pessoas, que eram momentaneamente paralisadas em decorrência da luz.
Em 15 de outubro, a mesma fonte publicou novas reportagens do lugarejo, e pela primeira vez usou-se o termo chupa-chupa. Esse nome é definitivo e transmite a idéia de que os objetos voadores sugavam alguma forma de energia humana. O ex-delegado de polícia de Vigia, Alceu Marcílio de Souza, recorda perfeitamente os acontecimentos: “Estivemos na vila duas ou três vezes, em diligência policial, da qual participou o comissário da localidade, Benjamin Amim”. Segundo Souza, nas noites que ali passou, nada de anormal pôde observar, a não ser a intranqüilidade das pessoas. “Na época, uma equipe da Aeronáutica andou pela região, inclusive alguns de seus membros chegaram a falar comigo a respeito das aparições”.
Na pequena colônia Coração de Jesus, interior do município de Vigia, também houve observações de UFOs, principalmente no final de outubro. “Na época do chupa-chupa, a gente ouvia muita conversa de que o tal aparelho andava rondando a Vila de Santo Antônio de Umbituba, até que apareceu na Vila Coração de Jesus”, disse o colono Oswaldo Pinto de Jesus. Era uma festa de final de semana, quando, já de madrugada, sua mãe viu o aparelho. “Ela chamou a nossa atenção. Aquilo voava devagar e sem fazer barulho. Não estava muito alto e visto de baixo parecia um helicóptero. Pelos lados da cauda havia muitas luzes coloridas e, na ponta, um foco bem forte. O objeto pareceu sentir a nossa presença e de repente, apagou todas as luzes, desaparecendo na escuridão da madrugada”.
Misteriosas esferas luminosas
As descrições de estranhas naves, como a da Vila de Coração de Jesus, foram uma constante desde a Baixada Maranhense até a Baía de Marajó (PA). Segundo as testemunhas, além das esferas luminosas foram observadas naves que lembravam helicópteros, pipas e ainda, peixes e arraias. Vigia, famosa por sua história e arquitetura colonial, vivamente caracterizada pelas estreitas ruas, antigos casarões e a bela Igreja da Matriz, permaneceu no centro das observações das “luzes vampiras” que tanto intranqüilizavam os povoados locais. Um caso grave aconteceu às 18h45 de 18 de outubro de 1977, quando a cidade mergulhou numa inquietante escuridão. Algumas pessoas, preocupadas com a falta de luz, saíram às ruas na esperança de uma explicação. No céu, entre as estrelas, um ponto luminoso deslocava-se velozmente. Em seguida, uma segunda luz surgiu na direção da Ilha de Itapaua, em frente ao porto de Vigia, desaparecendo silenciosamente no rumo de Umbituba.
Entre as testemunhas encontrava-se o prefeito José Ildone Favacho, juntamente de seus familiares. Após dois minutos, um terceiro objeto cruzou em direção ao bairro do Arapiranga. No rumo da Ilha de Colares destacou-se um quarto ponto luminoso, que rapidamente se ocultou sobre o local. Então surgiram do nada mais duas luzes, uma sobre o bairro e outra na direção de Candeúba. Tomando sentidos opostos, cruzaram a cidade para, minutos depois, as lâmpadas ganharem luz, sem que tenha sido dada qualquer explicação para o atraso no fornecimento de energia.
Posteriormente, o jornal A Província do Pará, reportando-se ao incidente, comentou: “O prefeito José Ildone Favacho enviará aos comandos do Exército e da Aeronáutica, em Belém, um extenso relatório do que está acontecendo em Vigia e Santo Antônio do Tauá, além da descrição do temor vivido pelos moradores de Santo Antônio de Umbituba. A decisão foi tomada depois de uma conversa com o delegado de polícia de Vigia, Alceu Marcílio de Souza”. Até hoje não há notícias do resultado da atitude do prefeito.