Depois de atormentar vários municípios da Baixada Maranhense na década de 70, objetos voadores não identificados estão de volta ao Estado. Nas cidades de São Bento, Bacurituba e Cajapió várias pessoas afirmam ter visto o fenômeno e admitem que estão com medo. Não é para menos: se a Ciência e a própria Igreja já se renderam diante das evidências de que há vida fora da Terra e de que o Universo pode estar cheio de extraterrestres dispostos a fazer contato com terráqueos – seja ele bom ou mau –, no Maranhão o assunto está fervendo. Na região de São Bento, Bacurituba, Cajapió e povoados vizinhos, pouca gente duvida da existência de ETs, já que muitos tiveram contatos e experiências intensas com tais seres. De cada cinco pessoas, três asseguram já ter visto, sentido ou passado por situações estranhas ligadas a objetos e seres não terrestres. Em São Bento, por exemplo, imagens feitas com uma câmera amadora mostram um objeto luminoso que aparece quase todas as noites no local. Acredita-se que seja um UFO.
A população local abriu mão de suas tradicionais crendices, como o Boitatá e Curacanga, e atualmente leva o assunto a sério para justificar as aparições de bolas de fogo ou “tochas”, que fazem evoluções no ar, crescem e diminuem de tamanho, aparecendo e desaparecendo subitamente diante dos olhos de todos. O Curacanga, conforme a lenda em que crêem os mais antigos, seria uma mulher cuja cabeça transforma-se numa bola de fogo e sai queimando os pescadores. Estes fatos parecem estar sendo agora confirmados de maneira surpreendente. Os relatos indicam que no Estado surge mais de um tipo de objeto, já que as descrições falam de tamanhos e formas diferentes, embora as esféricas sejam mais comumente descritas. Os mais crédulos atestam tratar-se de uma nave-mãe acompanhada de naves de reconhecimento e ainda pequenas sondas. Em comum, todas as testemunhas asseguram que os objetos têm uma luz muito forte, sua cor é parecida com a do alumínio e é capaz de clarear o interior de uma casa.
As reações das pessoas diante do Fenômeno UFO são as mais inusitadas possíveis e há casos de pessoas que desmaiaram e até perderam a memória. O funcionário público Braz Bispo Viegas, 47 anos, conta a história de seu pai, Jacinto Bispo Viegas, que estava pescando e sentiu um foco de luz sobre si. O velho desmaiou e despertou apenas mais de cinco horas depois. Segundo Braz, o incidente deixou seu pai “esquecido, meio desmemoriado”. Cinco anos depois ele morreu de uma hérnia estrangulada. Casos como esse são comuns em toda a região da Baixada Maranhense e podem ser encontrados em quase todos os municípios da área. Outra ocorrência interessante deu-se com o pescador Bento Ladislau Silva, 42 anos, meia década atrás. Ele começou a ver objetos não identificados em suas viagens, e lembra de uma ocasião especial em que se encontrava com seu pai em uma canoa, quando viram um estranho clarão.
Nave Prateada — O UFO ficou cerca de 5 m acima da embarcação e subitamente suas luzes externas se apagaram. O pescador notou que as luzes internas daquele objeto, que descreveu como sendo “uma pequena nave prateada”, eram coloridas e intensas, tanto que pôde observar três seres dentro da nave. “Eles eram gazetas [Albinos] e de baixa estatura”. Também pôde perceber que eram carecas, pois permaneceram durante uns dez minutos sobre a canoa. “Fiquei com muito medo e paralisado, mas meu pai correu. Ainda hoje, no retiro de pescadores, nós podemos ver as bolas de fogo no céu. Muita gente até deixou de pescar”, contou o pescador. O objeto descrito e desenhado por Ladislau tem características bastante semelhantes às de UFOs observados e fotografados noutras partes do mundo, como em Israel.
No litoral maranhense, destaque especial deve ser dado à misteriosa Ilha do Caranguejo, onde abundam “causos”, contos e histórias verídicas. Mas ainda não se sabe o que se esconde por trás da localidade, onde, segundo moradores, “…não é todo homem que tem coragem de ir”. Registros populares confirmam o misticismo da ilha e muitos asseguram que é de lá que saem os UFOs. Distante cerca de 50 km de São Luís e aproximadamente 80 km de São Bento, à duas horas de barco do município de Cajapió, a Ilha do Caranguejo tornou-se conhecida na década de 70 por causa da história de três pescadores que foram enigmaticamente queimados durante uma pescaria. O fato chocou a população, já que um deles chegou a falecer. A causa das queimaduras foi uma bola de fogo, um objeto estranho, luminoso e prateado que teria focado nos pescadores uma luz muito forte. Depois desse, foram registrados vários outros casos de visões e de queimaduras em pescadores naquela área, temida pela maioria da população.
Foi na Ilha do Caranguejo que José Benedito Barros, 55 anos, apelidado de Bageba, também teve uma surpresa. Ele estava com mais seis pescadores em um barco à vela, dentro de um igarapé quando, por volta das 19:30 h de uma noite quente, todos decidiram repousar um pouco. De repente, um deles começou a falar coisas sem sentido, gemendo bastante. Após poucos minutos, todos os tripulantes do barco manifestaram as mesmas reações, perdendo os sentidos. Bageba foi o último a desmaiar, mas assegura que sentiu todo seu corpo ser desmembrado, ficando surdo e sem sentir as pernas e os braços. Depois do incidente, os pescadores apresentaram dor de cabeça e moleza no corpo. “Não chegamos a ver nenhuma luz ou fogo, mas sentimos uma espécie de radiação. Confesso que fiquei com muito medo de voltar àquele lugar”, atestou. As histórias da ilha são tantas que atraem muitos ufólogos de outros países, assim como os municípios de Cajapió e Bacurituba, onde a população lembra inclusive de um nigeriano que teria passado por lá pedindo informações [Jacques Vallée e Bob Pratt estão entre os ufólogos estrangeiros que escreveram artigos sobre a casuística maranhense].
Vigílias à espera de UFOs também são comuns no Estado. Marco Aurélio Pinheiro Sousa, 26 anos, é um exemplo de pesquisador cuja obstinação pelo assunto é evidente. Desde abril do ano passado, com o agravamento na incidência dos casos, ele se dedica quase que exclusivamente à Ufologia em São Bento e cidades vizinhas. Abandonou os estudos para realizar, todas as noites, vigílias à esper
a dos objetos luminosos que cortam o céu da região. Tanto esforço lhe rendeu cinco filmagens do fenômeno e uma fita com imagens bastante nítidas, além de depoimentos que confirmam histórias muito interessantes. Sousa já chegou a identificar uma sonda a cerca de cinco metros de distância. Apesar da curiosidade sobre o assunto e do desejo de fazer contato, admite que sentiu muito medo. “Eu e meu irmão Alex estávamos no meio do campo em uma canoa, quando subitamente a coisa apareceu à nossa frente”, disse em tom seguro. Segundo ele, era uma espécie de caixa de alumínio com as bordas arredondadas.
“Da lateral saía uma fumaça em forma de vapor e o objeto se desviava do mato alto. Nesse momento, minha filmadora retrocedeu, a lanterna pifou e o relógio parou. Eu e Alex sentimos muito medo, e só não corremos por que não tínhamos para onde”, finalizou. Sem equipamentos apropriados, entretanto, o pesquisador tem seu trabalho limitado. Faz todas as imagens com uma câmera VHS Panasonic Reporter semiprofissional, que atinge no máximo 500 m, o que compromete a qualidade das filmagens. Apesar disso, Sousa não desiste e garante que não descansa enquanto não fizer um contato. Até mesmo a Aeronáutica demonstrou interesse pelo assunto. Tanto que membros da Base Aérea de Alcântara estiveram em São Bento, onde fizeram perguntas e permaneceram por dois dias acampados. “Fiquei com medo de que conseguissem me localizar e tomassem o material que tenho. Afinal, os governos estão sempre negando a existência dos UFOs e não medem esforços para isso”, acrescentou.
Terror e Pânico — Temor e pânico também afugentam moradores do interior. Medo, por exemplo, é uma constante na vida do ex-vaqueiro Pedro Serra, 72 anos. Quando fala do assunto ele ainda se emociona, sua e seus olhos lacrimejam. Um pouco arredio, Serra hesita em contar a história que o tornou um personagem conhecido na cidade de Cajapió e arredores – principalmente no lugarejo chamado Itapeuna, onde morou durante anos, até decidir mudar-se por causa de perseguições que sofria de UFOs. O temor do ex-vaqueiro justifica-se: alvo constante dos ataques da misteriosa bola de fogo desde meados de 1977, ele ainda teve que suportar durante muito tempo as chacotas, o deboche e o descrédito de todos diante de suas narrativas. Desde seu primeiro encontro com um objeto brilhante que voava em sua direção, a vida de Serra mudou radicalmente. Assustado, puxou uma espingarda e atirou no objeto, que, atingido, foi embora. Depois dessa noite começou a perseguição em sua vida, e nunca mais o vaqueiro pôde andar sozinho à noite: o objeto, chamado na época de “chumbinho”, aparecia.
Desesperado, Serra chegou a invadir casas alheias para se abrigar. “Teve uma ocasião em que a ‘coisa’ me perseguiu e eu consegui entrar em casa, mas fui obrigado a ficar escorando a porta por quase duas horas, no meio da madrugada”, disse o ex-vaqueiro, agora já aliviado por os UFOs terem deixado de persegui-lo. Ele conta ainda que o chumbinho forçava a porta chiando bastante e esquentando a madeira. “No dia seguinte, estava com uma queimadura na parte lateral de minha mão, do lado que empurrava a porta. No local da queimadura surgiu até uma bolha”, contou. Ainda hoje ele assegura ver o objeto e várias pessoas de sua família já chegaram a observá-lo também. Mas quanto a sair à noite sozinho, Serra garante: “Nem que me paguem muito bem”.
A década de 70 é confirmada em todos os relatos de testemunhas maranhenses como a que revelou para a população da Baixada outros seres e crenças, dando aquilo que seria a explicação para as assustadoras bolas de fogo vistas por aquela área. Foi no ano de 1977 que, ao ser abduzido por uma nave, José Benedito Bogéa, hoje com 77 anos, tornou-se conhecido mundialmente. Ele passou 36 horas em poder de seres extraterrestres. Completamente surdo por causa de um acidente de avião, Bogéa manteve com esta autora uma estranha conversa: as perguntas eram escritas em um caderno e ele as respondia numa animada narrativa, contando num tom de voz elevado sua experiência com o que descreve como “…seres muito inteligentes, diante dos quais estamos apenas engatinhando”. Morador de Pacas, um lugarejo há cerca de 5 km do município de Pinheiro, ele pretendia ir a São Luís numa madrugada. Quando saiu de sua granja por volta de 01:00 h da madrugada, pondo-se a seguir a pé para a cidade, percebeu não muito distante de sua casa a presença de um objeto que pensou ser um helicóptero.
ETs de Olhos Claros — A estranha nave acompanhou Bogéa num vôo muito baixo quando, de repente, emitiu uma luz muito forte que o assustou. O sitiante lembra-se apenas de ter gritado e, imediatamente após isso, já estava dentro de uma nave com cerca de 40 m de comprimento e uma tripulação de aproximadamente 20 pessoas com aparência humana e muito parecidos entre si. Tinham cabelos louros, olhos e pele claros, estavam na faixa etária de 30 anos e vestiam roupas colantes escamadas. “Eles se comunicavam telepaticamente, mas eu não entendia nada do que diziam. Me apontavam muitas coisas e me levaram a uma cidade parecida com Brasília, mas lá não havia Sol ou calor, nem velhos e negros. Fiquei impressionado com a beleza do lugar e cheguei a pensar que fosse o céu”, contou. Ao despertar, quase dois dias depois, Bogéa encontrava-se em São Luís, nas proximidades da Penitenciária de Pedrinhas, ainda com seu bilhete de ônibus no bolso. Ele diz não ter passado por nenhum tipo de exame dentro da nave, mas assegura ter bebido algo semelhante a um chá.
Depois de retornar à sua casa, o homem passou um mês sem comer absolutamente nada e sem sentir nenhuma fraqueza. O problema que tinha nos olhos foi completamente curado e a única seqüela deixada pela experiência foi uma paralisia parcial nas pernas, além de muitas dores nas costas. “Apesar disso, nunca me senti tão bem disposto quanto naquela época. Minha saúde melhorou bastante depois do contato”, assegurou o entusiasmado abduzido. Sua história é tão impressionante que se tornou pública e notória, tanto que ufólogos e repórteres de vários países estiveram em sua casa para pesquisar o fato. Anos depois de seu seqüestro Bogéa sofreu um acidente que lhe provocou paralisia nas pernas e nos olhos, que de tão enfermos o impossibilitaram de desenvolver algumas atividade físicas. Apesar disso, com extraordinário bom humor, assegura que somos “…apenas colônias dos extraterrestres. Deixar de acreditar neles é uma tremenda burrice”.
A religiosidade também é um dos produtos de tamanha
incidência ufológica, fazendo com que algumas testemunhas acreditem que o fim do mundo esteja próximo. Este é o caso particular de Gerson Carvalho, 63 anos, e está expressa em cada um de seus gestos e palavras – chega a beirar o fanatismo. Depois de suas experiências com UFOs, passou a espalhar terços pelo casebre de taipa [Vegetação local que serve de cobertura] onde mora, todos benzidos por padres católicos. Carvalho também apela a inúmeros quadros com a imagem de Jesus Cristo para confirmar o que professa. Para ele, quando as bolas de fogo surgem indicam que o fim do mundo está chegando. Tudo teve inicio há cerca de 20 anos, na cidade de São Bento, quando avistou um objeto misterioso de luz azul, que ficou em cima dele. Nos últimos anos, essa visão tem se repetido constantemente e ele garante que tem visto o fenômeno também sobre a casa de sua vizinha.
Fim dos Tempos — Como das outras vezes, assustado, recorreu ao terço e pediu proteção contra aquilo que diz simbolizar um aviso de que “…nos resta pouco tempo”. Como se vê, a onda ufológica maranhense é antiga, está se intensificando cada vez mais e não parece ter data para acabar. A exemplo do que tem sido observado em outros relatos de pessoas que também já fizeram contato com UFOs, e em pesquisas de ufólogos de todo o mundo, as visões de Carvalho também remetem a uma inevitável comparação com Jesus e Maria. A simplicidade do povo assolado pelo fenômeno, aliada à sua religiosidade exacerbada, leva testemunhas das sondas a crerem que as visões possam ser de figuras bíblicas. Como no caso de Carvalho, logo depois de ver o clarão do objeto estranho – que às vezes chega a iluminar o interior das casas –, seres aparecem e dizem às testemunhas que têm uma missão a cumprir. Já chegaram inclusive a mostrar-lhes um lugar que imaginam ser o paraíso. Carvalho, assim como os outros, diz sentir medo do que vê, mas em nenhum momento menciona que suas visões tenham relações com seres ou objetos extraterrestres.