Os recentes e extraordinários avanços da ciência quanto à descoberta de exoplanetas e organismos extremófilos aqui na Terra, que levam a vida extraterrestre do campo das hipóteses para o da realidade, se uniu à arena política mundial, que também passou a considerar as profundas implicações que esse fato terá para a sociedade terrestre. O exemplo recente mais eloquente da atenção que a possibilidade de vida extraterrestre subitamente recebeu é a publicação de um documento chamado X-Factors, como iniciativa do Fórum Econômico Mundial. A organização, que anualmente realiza um encontro na cidade suíça de Davos, tem sido alvo de acirrados protestos de grupos contrários à globalização cada vez maior da economia e da cultura — que, paradoxalmente, utilizam-se das facilidades da globalização, como a internet, em suas atividades.
A discussão da vida extraterrestre em Davos, neste ano, foi alvo de ampla cobertura da imprensa, que também estranhou a inclusão do tema na pauta sempre sisuda do evento. Jornais e sites de todo o mundo viram uma abertura ao tema, o que deu enorme alento à Comunidade Ufológica Mundial. O documento X-Factors, divulgado em janeiro passado, em pleno andamento do Fórum Econômico Mundial, é uma obra interessante para ser conhecida — e talvez a primeira de muitas que venham, no futuro, a lidar com a questão. Seu conteúdo pode ser conferido no site do evento, mas o importante é saber que o texto assinala vários fatores que podem não somente causar forte impacto na economia mundial, mas, principalmente, alterações imprevisíveis nos paradigmas sobre os quais estão organizadas as sociedades dos diversos países.
Impacto na economia global
Para os técnicos e burocratas do Fórum Econômico, auxiliados na elaboração deste documento por cientistas de várias áreas, tais fatores seriam, por exemplo, o avanço cognitivo do cérebro humano devido ao uso de estimulantes, às mudanças climáticas e o emprego indiscriminado de tecnologias para contê-las, além dos custos crescentes de expectativas de vida — todas questões que pertencem ao campo de discussão de autoridades, técnicos e burocratas da área econômica. A surpresa foi, no entanto, ver que o X-Factors também listou como um dos elementos que podem causar forte impacto na economia global a descoberta de vida extraterrestre. Sim, o tema foi ineditamente tratado em meio a outros, como pesquisas revolucionárias na área médica, controle de crescimento populacional, alterações climáticas aparentemente se agravando etc.
As alegadas mudanças climáticas, aliás, são objeto de acirrada polêmica em todo o mundo, e é necessário lembrar que o principal defensor delas como sendo causadas pela ação humana, James Lovelock, mudou de opinião em 2012, reconhecendo que havia sido alarmista quando escreveu seus livros sobre o assunto, entre os quais The Revenge of Gaia [A Revanche de Gaia, Penguin Editorial, 2007]. O Fórum também alertou para o fato de que esforços baseados nesse radicalismo para conter as mudanças climáticas podem inclusive piorar a situação, e é absolutamente necessário que sejam estabelecidos canais de comunicação a fim de que iniciativas de geoengenharia, com potencial de causar impacto global, não sejam tomadas de forma unilateral e impensada. E quanto aos avanços na medicina, o evento tratou de remédios e tecnologias que prolonguem a vida, para assegurar a qualidade de vida das pessoas. Todos temas realmente na ordem do dia.
Mas, finalmente, o assunto de maior impacto e mais comentado entre os Fatores X, sem dúvida, foi o que o Fórum Econômico Mundial classificou como “a possível descoberta muito em breve de vida extraterrestre”. O que o documento X-Factors afirma é que, devido aos inegáveis e impressionantes avanços no conhecimento científico, em futuro próximo poderá ser anunciada a existência de vida alienígena em luas ou mundos perto daqui. O texto lembra que somente em 1995 foi confirmada a existência do primeiro planeta extrassolar — ou exoplaneta —, e, mencionando o telescópio espacial Kepler, da NASA, destaca que vários deles hoje conhecidos estão situados na chamada “região habitável” de suas estrelas. O instrumento, até agora, já localizou mais de 3.000 mundos fora do Sistema Solar.
Confirmando novos mundos
É importante também frisar que planetas alienígenas de curto período, com até algumas centenas de dias terrestres, são de detecção mais fácil pelo Kepler precisamente devido à norma de o instrumento necessitar flagrar ao menos três trânsitos — a minúscula diminuição do brilho estelar devido à passagem do planeta diante de sua estrela, pelo nosso ponto de vista — para confirmar um novo mundo. E como falamos do imprescindível método científico aqui, outros equipamentos também devem confirmar o fenômeno. Então resta evidente que exoplanetas de maior período demorarão mais para serem encontrados e comprovados, e a equipe do telescópio tem a expectativa de que este será o caso de ao menos 80% dos candidatos. Isso significa que os 3.000 até hoje encontrados estão nos 20% restantes.
O Fórum Econômico Mundial também concluiu muito claramente que, no espaço de tempo de 10 anos a partir de agora, com a entrada em serviço de novos instrumentos e a disponibilidade de melhores tecnologias, teremos provas não somente de que existem outros planetas habitáveis, como a Terra, mas também da existência de vida em outros locais do universo. Essas mesmas novas tecnologias também serão capazes, sempre segundo o documento X-Factors, de detectar sinais de vida na atmosfera de exoplanetas próximos, forte indicativo de que neles também acontecem processos biológicos. Dentro de pouco tempo, até mesmo compostos artificiais, como os CLFCs, poderão ser observados em exoplanetas, com o que ficará provada além de qualquer dúvida a existência de inteligência extraterrestre. Astrônomos como o conhecido Geoff Marcy também buscam provas da existência de engenharia estelar extraterrestre, tais como os chamados Enxames de Dyson.
Vida terrestre e extraterrestre
Embora o Fórum Econômico Mundial em momento algum tenha tratado de discos voadores e de seres extraterrestres, coisa que muita gente na Comunidade Ufológica Mundial supôs quando se anunciou a pauta de Davos, o que precisa ficar claro para quem frequenta o meio é que de forma alguma se pode menosprezar a busca científica por
vida extraterrestre — nem mesmo quando os cientistas falam em procurar por vida simples, como micro-organismos. Neste caso, alegar acobertamento e boicote da ciência quanto à Ufologia é uma atitude infantil e radical, além de completamente equivocada, como infelizmente temos testemunhado em muitas discussões ocorridas nos últimos tempos.
Relembrando o que o próprio brigadeiro José Carlos Pereira disse em entrevista à Revista UFO, republicada nas edições 200 e 201, “existe uma diferença colossal entre saber alguma coisa e acreditar em alguma coisa”. Existem aqueles ufólogos que, no afã de defender a todo custo esta disciplina, atacam os cientistas sem saber os danos que isso confere à credibilidade de todos nós, e essa definitivamente não é uma atitude produtiva, e nem muito menos inteligente. O que sabemos a respeito da vida na Terra, a única que já conseguimos analisar cientificamente, é que os primeiros registros de sua existência datam de 3,8 bilhões de anos atrás. Em uma escala cósmica, isso foi muito pouco tempo após a formação do Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. Até hoje, aliás, os processos que levaram ao surgimento da vida na Terra ainda não foram bem entendidos, mas a busca continua.
Os seres vivos e nosso mundo se dividem em procariontes, nos quais o material genético do núcleo celular não se encontra envolto em uma membrana, e eucariontes, que possuem tal membrana acondicionando a cadeia de DNA. Entre os procariontes se encontram as formas unicelulares mais simples, como as bactérias e os archea, ainda mais simples que as primeiras, com parede celular mais fina ou até mesmo sem ela, e com cadeia de DNA menor do que a das bactérias. Os archea, considerados muito similares às primeiras formas de vida terrestres, constituem boa parte dos seres extremófilos, que vivem em condições extremas, seja de muito frio, calor, acidez ou outras, com bactérias também caindo nesta categoria. Já os eucariontes são organismos unicelulares mais complexos, como os protozoários, e todos os seres multicelulares, como plantas, animais e seres humanos.
Micróbios e grays
Falamos anteriormente em escalas de tempo e é necessário para a discussão que aqui apresentamos apontar que, até um bilhão de anos atrás, as únicas formas de vida da Terra eram procariontes — e precisamente porque este é o único tipo de vida que efetivamente conhecemos, os cientistas o usam como exemplo para procurar por vida extraterrestre. Claramente, será muito mais simples encontrar micróbios do que grays, os seres cinzentos que habitam o universo das abduções alienígenas, por exemplo. Também precisamos acrescentar que é um erro pensar que o mecanismo da evolução, conforme descrito pelo naturalista inglês Charles Darwin, e cujo entendimento foi incessantemente aperfeiçoado desde então, tem um ápice, um fim ou ocorre lentamente. Já descobrimos que por 75% da existência deste planeta as únicas formas de vida presentes eram micro-organismos procariontes, quando há um bilhão de anos surgiram os primeiros eucariontes e a evolução deu um salto.
Foi “apenas” há 700 milhões de anos que surgiram os primeiros seres multicelulares e algas, e os primeiros animais apareceram 580 milhões de anos atrás. Um imenso surto de surgimento de novas espécies ocorreu há 540 milhões de anos com a Explosão Cambriana, cujo mais famoso representante é um animal chamado de trilobite. Continuando a viagem pela evolução da vida na Terra, os dinossauros e répteis voadores e marítimos foram extintos há 65 milhões de anos, 55 milhões de anos atrás apareceram os primeiros primatas e nossa espécie, Homo sapiens, surgiu na África há uns 100 mil anos. Se os leitores desejarem procurar o Calendário Cósmico elaborado pelo saudoso divulgador da ciência Carl Sagan, em que ao longo de um ano é resumida a existência do universo, verão que toda a história humana acontece nos últimos segundos do dia 31 de dezembro.
Da mesma forma, a evolução não necessariamente leva a formas de vida mais complexas, como parecem acreditar até mesmos conferencistas de renome internacional da Ufologia. Não, muitas vezes um ser evolui para formas mais simples de vida, a fim de conseguir sobreviver — é um princípio científico consagrado ou, para ser mais específico, um fato comprovado, que o único propósito da evolução é a adaptação da vida a seu meio ambiente. Paleontólogos e biólogos concordam que as formas de vida mais bem-sucedidas da Terra são os procariontes, que, além de existirem há bilhões de anos em praticamente todos os ambientes possíveis no planeta, possuem a maior variabilidade bioquímica entre as formas de vida conhecidas. Além disso, são quase indestrutíveis e seguramente sobreviverão mesmo se a raça humana se extinguir. Portanto os cientistas estão certos quando afirmam que são esses organismos os verdadeiros donos da Terra.
Avanços no conhecimento
Desse modo, as frequentes críticas que por puro desconhecimento são feitas no meio ufológico contra a busca por micro-organismos alienígenas são descabidas. Diante do exposto e do conhecimento acumulado de nossa civilização quanto à evolução da vida, é evidente que faz todo o sentido buscar por micróbios extraterrestres. Um esforço extraordinário está sendo realizado neste momento em Marte, com várias missões da NASA, como o rovers Opportunity e Curiosity, e estando mais um jipe robô confirmado para lançamento em 2020. Estudos também estão acontecendo para investigar ambientes favoráveis à vida em Europa, lua de Júpiter, e nos satélites Titã e Encelados, de Saturno. Neste último, por sinal, são grandes as chances da aprovação de uma missão que, passando pela nuvem ejetada pelos gêiseres em seu polo sul, descobertos pela nave Cassini, recolha amostras desse material e as traga para a Terra.
De acordo com o que se expôs acima, é evidente que a descoberta de micro-organismos extraterrestres em qualquer dos locais do Sistema Solar listados, ou mesmo em exoplanetas próximos, seria o momento mais importante de toda a história humana — comprovaria que a vida é um fenômeno como qualquer outro no universo, surgindo sempre que as condições necessárias se apresentem, no nosso caso a presença de água, carbono, hidrocarbonetos e outros elementos, além da quantidade adequada de
energia. Não por outro motivo a mencionada região habitável das estrelas, onde alguns exoplanetas já foram comprovados, é a distância onde o calor recebido produz temperaturas compatíveis
com a existência de água líquida.
De forma alguma se pode menosprezar a busca científica por vida extraterrestre — nem mesmo quando os cientistas falam em procurar por vida simples, como micro-organismos. Neste caso, alegar boicote da ciência quanto à Ufologia é uma atitude infantil e radical
Lembramos que já foram confirmados exoplanetas gigantes gasosos nessa região de suas estrelas, inadequados à vida como a conhecemos. Contudo, seus satélites poderiam ser mundos como a Terra, e existem estudos para que seja iniciada a busca por essas exoluas habitáveis. Pequenos atrasos ou adiantamentos no trânsito de exoplanetas, o que instrumentos como o Kepler podem investigar, seriam indicações da atração gravitacional neles causada pela presença dessas exoluas.
Misticismo e superstição
É de fato muito preocupante o recrudescimento do misticismo e da superstição, e o comportamento contrário à ciência que vemos em muitos setores da sociedade nos dias de hoje. Esse é um cuidado que o Fórum Econômico Mundial teve ao tratar da vida extraterrestre. Também comprovamos isso durante a celeuma em torno da data do mais recente fim do mundo, 21 de dezembro do ano passado. Muitos foram os que, de seus avançados celulares com acesso à internet, publicaram em redes sociais seu desapontamento pela catástrofe não ter acontecido, dizendo até que este mundo não tem o direito de existir. Está se espalhando uma crescente intolerância perante o contraditório tão essencial à pesquisa séria, à educação e ao desenvolvimento da sociedade, e inúmeros grupos usam a rede mundial para criticar a ciência. Nada poderia ser mais incoerente.
É óbvio, mas devemos à ciência as comunicações globais proporcionadas pela internet, permitindo uma troca de conhecimentos e cultura sem precedentes na história da humanidade. Como devemos a ela alimentos e medicamentos que melhoram nossa qualidade de vida, ou o progresso da produtividade da agroindústria, e ainda, claro, as impressionantes descobertas de mais de 50 anos da era espacial, que revolucionaram o entendimento a respeito do universo e do nosso lugar no mesmo. Desse modo, é incompreensível o absurdo do comportamento anticientífico vigente. Carl Sagan, em seu livro O Mundo Assombrado Pelos Demônios [Companhia de Bolso, 2006], já alertava contra os espertalhões, fanáticos e promotores da mediocridade e ignorância, e hoje vemos até mesmo dentro da Ufologia tais indivíduos literalmente acusarem de infiel qualquer um que contradiga suas crenças fundamentalistas com os fatos. A Ufologia deve fazer esse necessário debate, pois manter tal rumo não é nada promissor para a busca do conhecimento.
Boicote à ação na ONU
A Comunidade Ufológica Mundial teve diversas oportunidades anteriores para discutir a problemática da vida fora da Terra, que agora ressurge em outro formato pelas mãos dos técnicos de Davos. Uma das mais importantes teve lugar em novembro de 1978 nas Nações Unidas, em Nova York. Aquela conferência aconteceu como consequência da proposta, por parte do primeiro-ministro de Granada Sir Eric Gairy, para a criação de uma organização de pesquisa do Fenômeno UFO no âmbito da ONU, mas que não teve apoio por parte de sua Assembleia Geral. Anteriormente, em julho de 1978, fora realizada uma conferência sobre o tema com a presença do então secretário da entidade Kurt Waldheim, que propôs a criação de um órgão similar dentro do Comitê para Uso Pacífico do Espaço Exterior.
Depois, em 27 de novembro de 1978, a mesma delegação diplomática de Granada e um grupo de especialistas apresentaram novamente argumentos favoráveis à proposta perante a Comissão de Política Especial das Nações Unidas, com a presença de representantes de mais de cem nações. Desta vez estiveram presentes o próprio Eric Gairy, o embaixador de Granada na ONU, Wellington Friday, os ufólogos J. Allen Hynek, Jacques Vallée e Stanton Friedman e o coronel Larry Coyne, do Exército dos Estados Unidos — que, em outubro de 1973, quase teve seu helicóptero abalroado por um UFO. Lamentavelmente, as conversações também não avançaram devido ao boicote das maiores potências.
Recentemente, a publicação Philosophical Transactions, da respeitada Royal Society, de Londres, apresentou diversos artigos de cientistas de variadas áreas debatendo a futura descoberta de vida extraterrestre e o aguardado contato com civilizações alienígenas [Veja edição UFO 175, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Os participantes se dividiram entre aqueles que alertaram para a possibilidade de nossos vizinhos no cosmos serem hostis e os que afirmaram que esse momento histórico se configura em uma extraordinária oportunidade para a humanidade terrestre evoluir. Tal como fez o Fórum Econômico Mundial em janeiro, a Royal Society também teve uma conferência sobre vida extraterrestre, o que mostra que, ao contrário do que dizem muitos ufólogos, há sim um esforço das instituições em reconhecer o Fenômeno UFO.
Na reunião de Londres, Simon Conway Morris, professor de paleobiologia evolutiva da Universidade de Cambridge, por exemplo, afirmou que a vida na Terra existe dentro dos limites físicos e químicos que existem em todo lugar no universo. Mas ele também defendeu que “a possibilidade de os alienígenas serem hostis requer de nossa sociedade precauções quanto a um possível contato com eles”. Morris disse que, se os ETs existirem, seriam como nós, e que devido ao nosso próprio nada glorioso passado, isso deveria servir de alerta. Já o psicólogo Albert Harrison, autor de um texto da Philosophical Transactions, afirmou que a descoberta de vida alienígena inspirará encanto e deslumbre na sociedade, ao invés de incutir pânico. Para o pessoal de Davos, tal fato terá grandes implicações para o futuro da humanidade.
Entendimento do universo
Harrison vai além e diz também que a ciência terrestre realiza suas buscas dentro de duas premissas: a procura por micro-organismos em outros mundos do Sistema Solar e por sinais de rádio interestelares, como com o Projet
o SETI [O programa de busca por vida extraterrestre inteligente]. “Por isso, é lógico que a descoberta deve vir de uma dessas fontes. E de uma maneira ou outra, esse extraordinário evento não pareceria de fato muito ameaçador”, defende Harrison, embora admita que possa haver certa preocupação no caso de um sinal de rádio de uma civilização alienígena. Ele afirma que nosso crescente entendimento do universo e os impressionantes avanços ocorridos nas diversas disciplinas científicas nos últimos 50 anos têm servido como preparação, mencionando inclusive que várias pessoas já dão como certo que não estamos sozinhos, em uma evidente menção à Ufologia.
Albert Harrison, bem mais otimista que seu colega da Royal Society Simon Conway Morris, afirma que, apesar de nosso passado sangrento, já evoluímos o suficiente para uma convivência pacífica entre a maioria dos países do mundo. “Mesmo que uma civilização extraterrestre se torne imperialista e agressiva, isso não significa necessariamente que conseguirá se erguer contra seus vizinhos cósmicos”, afirmou em Londres. O psicólogo também especula que podem existir coalizões de povos alienígenas que mantenham as culturas mais agressivas sob controle — mais ou menos como faz a ONU aqui na Terra.
A Comunidade Ufológica Mundial teve diversas oportunidades anteriores para discutir a problemática da vida fora da Terra, que agora ressurge em outro formato pelas mãos dos técnicos de Davos. Uma das mais importantes foi nas Nações Unidas, em novembro de 1978
O Vaticano, em novembro de 2009, também realizou uma conferência de astrobiologia como parte das comemorações pelo Ano Astronômico Internacional. Estiveram presentes ao evento, organizado pela Pontifícia Academia de Ciências da Santa Sé, especialistas de vários países representando disciplinas como astronomia, biologia, física e outras. Um dos destaques foi o padre Chris Impey, astrônomo da Universidade do Arizona, que afirmou que dentro de cinco a 10 anos serão descobertas formas de vida fora da Terra, em nosso Sistema Solar ou fora dele. E acrescentou: “Existe um rico campo de diálogo entre praticantes da astrobiologia e pessoas que buscam compreender o significado da existência em um universo biológico”. Já o padre José Gabriel Funes, diretor do Observatório do Vaticano, disse que “as questões sobre a origem da vida e se ela existe em outras partes do universo são muito adequadas e merecem consideração séria”.
Adaptações globais
A discussão mais recente sobre vida extraterrestre fora dos costumeiros meios ufológicos, antes do evento de Davos, aconteceu em janeiro de 2011 durante o Fórum Global de Competitividade (GCF), realizado entre 22 e 25 de janeiro em Riad, Arábia Saudita. E foi no dia 23 que aconteceu uma histórica conferência tratando especificamente de UFOs e vida extraterrestre, intitulada “Aprendendo a Partir do Espaço Exterior”. Os participantes foram novamente Jacques Vallée e Stanton Friedman, o astrofísico Michio Kaku, o ufólogo britânico Nick Pope e o professor de ciências terrestres doutor Zaghloul El Naggar [Destes, Friedman e Pope se apresentarão no Brasil, em novembro, durante o V Fórum Mundial de Ufologia]. Foram apresentados temas contundentes tanto a respeito da pesquisa ufológica quanto a busca científica de vida alienígena, e ressaltada a importância sobre a discussão de adaptações a serem feitas nos negócios, na economia e no desenvolvimento tecnológico, para quando essa importante realidade finalmente for comprovada.
Friedman afirmou que, se quisermos olhar para inovações, devemos observar aqueles que estão bem adiante de nós, como é o caso dos visitantes extraterrestres investigados pela Ufologia. “Estou convencido, dentro de meu trabalho como físico nuclear para várias corporações, que o progresso tecnológico acontece fazendo coisas de modo diferente, de uma maneira não prevista. O futuro não é uma extrapolação do passado e revisar as evidências contundentes que existem sobre os UFOs nos obriga a reavaliar como as coisas funcionam”. Já Vallée afirmou em Riad que também está convencido de que o Fenômeno UFO é legítimo e dotado de tecnologia. “Essas naves são reais e fazem coisas que não entendemos, mas se formos espertos em observá-las e entender seus padrões, talvez possamos aprender algo sobre a física que não conhecíamos antes”.
Por sua vez, Kaku deixou claro que em breve encontraremos não somente o primeiro exoplaneta gêmeo da Terra, “inclusive com seres vivos extraterrestres, como também poderemos estabelecer contato com civilizações cósmicas”. O físico e divulgador científico também apresentou a famosa Escala de Kardashev descrevendo os tipos de civilizações que podem existir no universo, e mostrou otimismo dizendo “que nós, presentemente existindo como uma civilização tipo 0, podemos até o ano 2100 passar ao estágio de tipo 1”. Kaku afirmou que a internet é um exemplo de como essa evolução está se processando rapidamente.
Filosofia, religião e marcianos
Retornando ao Fórum Econômico Mundial e à lista dos Fatores X, é interessante apontar o trecho do citado documento em que se afirma, sobre a descoberta de vida extraterrestre, que mesmo o fato de serem micro-organismos em mundos vizinhos no Sistema Solar terá um profundo significado filosófico para a humanidade. O texto menciona que “existe a grande possibilidade de que isso leve a crescentes especulações a respeito da existência de seres inteligentes, que alterariam profundamente nossas concepções filosóficas e religiosas”. Este trecho nos permite concluir que houve menção à pesquisa ufológica, que, se não foi citada diretamente, com certeza está no centro da discussão sobre vida extraterrestre, como comprovam os debates ocorridos anteriormente e mencionados acima.
O Fórum de Davos também alertou para o fato de que possivelmente tais mudanças não se dariam de imediato, exemplificando com o caso de Percival Lowell, astrônomo que no começo do século XX tornou famosa a ideia de que havia uma civilização moribunda em Marte, construindo canais para levar a escassa água dos polos até suas cidades em uma desesperada tentativa de sobreviver. A difusão de opiniões a respeito de supostos marcianos, muito popular na época, n&at
ilde;o chegou a alterar as relações sociais de então e pouco tempo depois o mundo foi engolfado pela tragédia da Primeira Guerra Mundial. Porém, a ideia de que existem marcianos acompanhou o inconsciente coletivo, permitindo a eclosão do pânico generalizado que se viu em 1938, quando da transmissão radiofônica de A Guerra dos Mundos, adaptada da obra de H. G. Wells pelo mais tarde famoso cineasta Orson Welles. Essa concepção permaneceu viva nas histórias de contatados nos anos 50, muitos dos quais afirmando manter contato com seres do Planeta Vermelho.
Preparando a sociedade
A própria ficção científica tem servido para manter ao menos uma porcentagem da sociedade discutindo a possibilidade de, além de não estarmos sozinhos, muitos de nossos vizinhos cósmicos estarem nos visitando. Isso, combinado com os avanços extraordinários que têm ocorrido na área da ciência, tem servido para preparar a sociedade para aquela que sem dúvida será a maior descoberta de todos os tempos — a existência de vida extraterrestre. Essa realidade indiscutível pode vir de uma sonda como o rover Curiosity explorando Marte, ou qualquer das luas candidatas dos grandes planetas, como também pode vir pelo SETI, aqui lembrando que seu cientista-chefe, Seth Shostak, afirmou em mais de uma ocasião que o programa tem em seus arquivos centenas de sinais de rádio suspeitos, mas não confirmados. Tal comprovação histórica pode, desde que mantenha o alto padrão de seriedade e credibilidade que vem conquistando à custa de tanto esforço, beneficiar muito a Ufologia, confirmando a realidade que esta disciplina vem defendendo há décadas.
Mesmo que uma civilização extraterrestre se torne imperialista e agressiva, isso não significa que conseguirá se erguer contra seus vizinhos cósmicos (…) A origem da vida e se ela existe em outras partes do universo merece séria consideração
Enfim, o documento X-Factors do Fórum Econômico Mundial termina sugerindo esforços no sentido de melhorar a educação e realizar campanhas de esclarecimento da população, das quais os ufólogos certamente deveriam participar, no sentido de elevar o conhecimento do público em geral em termos de bagagem científica, cultural e psicológica a fim de prevenir consequências indesejadas que possam surgir diante de tão tremendo anúncio. O que salta à vista é que os técnicos e burocratas de Davos reconheceram que a existência de vida extraterrestre é inquestionável, com profundas consequências para o crescimento da humanidade e sua inserção em uma realidade muito mais ampla do universo que habita. Precisamente o que a Ufologia vem defendendo há 60 anos.