Há décadas o Fenômeno UFO ganhou um ingrediente curioso e também assustador: as chamadas mutilações de animais. Com origem inicialmente nos Estados Unidos, os casos eram caracterizados pelo ataque a animais de grande e médio portes, geralmente domésticos, que surgiam nos campos mortos e com cortes inexplicáveis. Em geral, eram incisões de grande precisão, limpas e sem sinal de laceração dos tecidos, como que produzidos por alguma espécie de raio laser ou bisturi extremamente afiado. Na maioria dos casos, as feridas não apresentam sangramento, não cicatrizam nem depois de vários dias de encontradas as carcaças e muitas vezes órgãos inteiros eram extraídos dos corpos das vítimas — principalmente genitais. Outros animais, até da mesma espécie, evitam se aproximar dos corpos mortos mesmo passadas semanas.
Intensa atividade ufológica
O componente ufológico para o mistério das mutilações de animais foi revelado quando se observou que ao redor das vítimas nunca eram encontradas marcas de pegadas, de pneus de automóveis e nada que pudesse levar ao perpetrador dos ataques, como se eles tivessem sido realizados do alto. Ao mesmo tempo, era comum os proprietários das fazendas onde os casos se davam registrar, nas noites anteriores à descoberta das carcaças, quase sempre encontradas intactas, luzes não identificadas no céu. Tem sido assim especialmente em locais do Canadá, Estados Unidos, Argentina e México, nos quais as mutilações são mais freqüentes. Intensa atividade ufológica em pastos de determinadas regiões destes países é logo associada aos ataques. Um exemplo disso é a vizinha Argentina, em especial a província de La Pampa, onde mais de 3 mil casos foram registrados nos últimos 20 anos. “Eu coletei pelo menos 500 casos, a maioria dos quais sem qualquer explicação”, declarou o ufólogo Oscar “Quique” Mário, de Santa Rosa, capital da província, e consultor da Revista UFO naquela região.
A hipótese que atribui a autoria dos ataques aos animais a seres extraterrestres não é nova e vem sendo cada vez mais confirmada por estudiosos e pesquisadores. Mas há quase duas décadas um novo fenômeno surgiu unindo os dois elementos, o chamado chupacabras. Seus ataques, no entanto, nada tinham de limpos ou cirúrgicos, mas eram extremamente mais dramáticos, violentos e sangrentos. Surgida nos anos 90 no México e em Porto Rico, no Caribe, a história da criatura — muitas vezes tratada apenas como mítica — ganhou o mundo em pouco tempo e virou uma febre especialmente na América do Sul, quando aqui chegou por volta de 1994. Veio acompanhada de muito sensacionalismo por parte da imprensa, pesquisas feitas sem rigor por estudiosos inexperientes e por muita especulação, o que fez com que mais de 90% das centenas de casos atribuídos ao chupacabras fossem excluídos com facilidade por meio de explicações naturais — e dos 10% restantes também foi elevado o número de casos solucionados, restando poucos, mas significativos, casos inexplicados.
Em Barra do Quaraí, município gaúcho de intensa atividade ufológica no extremo sudoeste do país, animais encontrados inexplicavelmente mutilados trazem de volta a suspeita de que pode haver um agente extraterrestre envolvido nas ocorrências.
O componente ufológico, neste caso, era bem menos evidente do que no das mutilações de animais. Por exemplo, poucas vezes se viu luzes ou objetos voadores não identificados sobre as áreas onde se encontravam as carcaças atacadas — talvez devido ao fato de que apenas poucos episódios, entre um grande número de casos relatados, tinham um elemento extraordinário. O que mais chamava a atenção dos pesquisadores era o fato de que os ataques, nos casos até hoje inexplicados, não podiam ser atribuídos a animais de qualquer espécie. Como explicar que tenha surgido no planeta, de repente, uma criatura com feições monstruosas, garras afiadíssimas, olhos esbugalhados e dentes pontiagudos, que passou a atacar ovelhas, porcos, cachorros e até galinhas? Curiosamente, às vezes os animais vitimados permaneciam vivos e continuavam assim por muito tempo.
Seriam os ataques uma fantasia de mentes férteis, exagero de fazendeiros ignorantes, falta de informação de nossa fauna? Não, pelo menos nos casos que restaram inexplicados. Nestes episódios, o tipo de marcas produzidas nas vítimas, vivas ou mortas, simplesmente não tem qualquer similar registrado no reino animal. Ou seja, não se tem conhecimento de predadores capazes de realizar ataques como os registrados — e mesmo os estudos que tentaram estabelecer mudanças nos padrões de predação dos predadores já conhecidos falharam. Assim, restaram algumas hipóteses a testar. Uma, de tons conspiracionistas, relacionando o chupacabras a experiências genéticas secretas de superpotências, que teriam saído do controle. Outra, mais fantasiosa, dando as criaturas como vampiros que se abrigavam no interior da Terra. E outra, ainda, tratando de estabelecer a origem do fenômeno como sendo extraterrestre — e não são poucos os autores que acreditam que o chupacabras é alguma espécie alienígena.
Acompanhando as estatísticas
Seja como for, é necessário realizar muita pesquisa para tentar esclarecer as tantas ocorrências já registradas, embora elas tenham diminuído drasticamente de maneira tão rápida como surgiram, antes do final da década de 90 — foram poucos os casos de chupacabras registrados nos anos 2000, enquanto cresceram os casos “tradicionais” de mutilações de animais. O Brasil acompanhou as estatísticas mundiais e nada produziu de significativo sobre o chupacabras nos últimos 10 anos. Porém, parece que novas informações da ação da não tão mítica criatura podem quebrar a tranqüilidade da Ufologia Brasileira. Um novo caso foi recentemente registrado no município de Barra do Quaraí, aproximadamente a 80 km de Uruguaiana e a mais de 700 km da capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Toda aquela vasta região dos Pampas gaúchos é cenário de intensa manifestação ufológica há décadas, como apurou o pioneiro investigador José Victor Soares [Veja edição UFO 147, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
Região dos índios Charruas
Barra do Quaraí, com população atual em torno de 6 mil habitantes, está em uma posição geográfica privilegiada e estratégica, à margem de dois importantes rios da região, navegáveis em épocas passadas, o Quaraí e Rio Uruguai. Fincada na fronteira com dois importantes países platinos, Uruguai de um lado e Argentina do outro, a cidade tem história. Apesar de sua independência administrativa e política ter ocorrido em 01 de janeiro de 1997, a vila que deu lugar ao município surgiu em 1814, com a inst
alação de uma divisão da Guarda Portuguesa de Fronteira, cujo objetivo era garantir a defesa do território conquistado pela corte de Portugal das freqüentes investidas espanholas na área. A região sempre esteve sob o domínio dos índios Charruas, e com a destruição das reduções jesuíticas no local, o gado passou a ocupar livremente aquelas paragens, constituindo-se no mais importante produto econômico do local.
As províncias de Entre Rios, Corrientes e Santa Fé, na vizinha Argentina, são áreas onde há imensa quantidade de avistamentos ufológicos, acompanhados — principalmente em Entre Rios, que também faz longa fronteira com o Uruguai — de inúmeros casos de mutilações de animais e alguns de chupacabras, o que talvez explique os fatos agora registrados do lado de cá. Em Barra do Quaraí, os episódios atribuídos à horrenda criatura de garras afiadas começaram em junho de 2010, em uma propriedade situada a cerca de 10 km do centro da cidade, chamada Estância Letícia. Na ocasião, o senhor S. C. [Nome preservado a pedido], 40 anos, morador e capataz da propriedade há mais de 10 anos, percebeu que as ovelhas menores do rebanho começaram a desaparecer sem explicação. Preocupado com o sumiço dos animais, passou a percorrer o campo com mais regularidade para tentar encontrar os ovinos, espantando-se ao descobrir alguns deles já sem vida.
Ainda pensando se tratar do ataque de algum predador natural — já que na região há registro de onças pardas, também conhecidas como pumas, responsáveis por agressões a rebanhos —, o capataz estranhou que os animais atacados não tenham sido devorados, apesar de serem pequenos e constituírem um dos pratos preferidos do felino. Alguns tinham apenas poucas dias de vida quando foram encontrados, e todos apresentavam cortes profundos na parte interna da virilha, ora do lado direito, ora do esquerdo. Mas era apenas uma incisão, um corte sem explicação. S. C. percebeu também que não havia sangramento no local das feridas, comum nestes casos, e suas bordas tinham uma aparência esbranquiçada característica da falta de sangue no tecido. Este foi um dos fatores que mais chamou a atenção do experiente criador daquele tipo de animal, pois predadores comuns da espécie, além de devorar parte das carcaças que abatem, deixam abundantes marcas de sangue. S. C. Teve a impressão de que as ovelhas atacadas estavam totalmente sem sangue após os ataques.
Ausência de sangue no organismo
Alguns animais foram encontrados ainda com vida, de um total de 24 ovelhas e dois avestruzes. Todos apresentavam o mesmo tipo de ferimento e nenhum deles foi comido total ou parcialmente pelo predador. Algumas das ovelhas encontradas vivas foram tratadas com antibióticos e outros medicamentos, na tentativa de salvá-las da morte iminente. Mas, de maneira ainda mais inusitada, mesmo depois de medicadas elas sobreviveram apenas por cerca de 10 horas — todas morreram em seguida, aparentemente, pela ausência de sangue em seus organismos. O veterinário que as atendeu espantou-se ao ver que mesmo o tratamento com medicamentos fortes não lhes permitiu resistir. Outra coisa que intrigou a todos que examinaram os animais foi a presença de um forte odor exalado dos ferimentos, muito incomum nesses casos. “Trabalho com rebanho de ovelhas há mais de 15 anos e nunca havia visto nada igual”, disse S. C.
Em um dos últimos casos de ataques do insólito predador, a vítima foi uma ovelha grande, de mais de 40 kg, que ainda estava viva quando foi encontrada pelo capataz e seu filho de 19 anos — ele chamou a atenção do pai para a existência de marcas laterais no corpo do animal, como se feitas por três garras. Apesar do espanto de S. C. com os fatos que já estava observando há dias, foi o filho quem decidiu registrar as marcas de mutilação com seu celular, fotografando e gravando em vídeo os ferimentos e os animais cambaleantes. “Não queria que meu pai passasse por mentiroso quando contasse isso a alguém”, disse o rapaz, que também não quer se identificar. Isso porque, há alguns anos, em uma região próxima à Barra do Quaraí, conhecida como Imbaá, algo semelhante aconteceu em outra estância e a imprensa local, ignorante quanto ao tema, ridicularizou as testemunhas. Foi por este motivo que S. C. pediu para não ser identificado nesta matéria, nem aceitou ser fotografado de frente. “Quero evitar passar pelo mesmo constrangimento do colega da estância de Imbaá”, disse.
Mas o capataz e seu filho não ficaram apenas no registro dos casos. Na tentativa de capturar a estranha criatura, o senhor S. C. instalou próximo ao local dos ataques uma armadilha de metal, feita para aprisionar animais selvagens, com a esperança de também deter o predador que não deixava sinais de sua identidade. Mas o insólito animal, ao cair na arapuca, quebrou sua parte traseira e simplesmente fugiu, demonstrando força extrema e incomum. Não se sabe se era apenas uma a criatura autora dos ataques ou várias, mas os casos continuaram durante os meses de junho a agosto de 2010 — e todos os animais atacados acabaram mortos durante esse período.
Frente a frente com um “bicho”
Mas é possível que o número de vítimas do inusitado predador seja muito maior do que o registrado na Estância Letícia, porque a maioria dos casos de ataques, principalmente a ovelhas, não chega a ser noticiada pelos proprietários — os estancieiros gaúchos associam as mortes nos seus rebanhos a predadores comuns, como felinos e até cachorros. Assim, devido à falta de conhecimento e informação por parte dos fazendeiros da região, é plausível crer que seja muito maior a verdadeira extensão do dano causado pelo suposto chupacabras. Prova disso é que, a cerca de 5 km da propriedade em que trabalha S. C., na direção de Uruguaiana, descobriu-se casos de ataques semelhantes. Lá, na Estância Carrero, o predador agrediu oito ovelhas em pouco tempo, apesar de o proprietário acreditar que tenham sido cachorros.
Os ataques em Barra do Quaraí não são coisa recente. Outro fato foi registrado e causou apreensão ao senhor S. C. na mesma Estância Letícia, há cerca de três anos. Emocionado, o capataz contou que havia saído a campo para caçar capivara em uma das noites tipicamente frias e escuras do inverno gaúcho, quando passou por uma experi&
ecirc;ncia assustadora. Ele pegou sua espingarda calibre 28, de dois canos, e entrou no mato sem cachorro, apenas com uma pequena lanterna. Já passava das 22h00 e o capataz ainda não havia encontrado nenhuma caça, quando escutou um barulho de mato quebrando por alguma coisa que parecia vir em sua direção, a partir de um pequeno córrego que havia logo à frente.
Pensando tratar-se de uma capivara, S. C. se preparou para atirar e caminhou um pouco mais perto da fonte daquele barulho, mas ouviu estranhos grunhidos, que ele nunca havia escutado antes. “Tinha um bicho ali que emitia um gemido forte e assustador. Daí acendi a lanterna para ver o que era e atirar, se fosse preciso. Mas qual não foi minha surpresa ao ver entre os arbustos uma pequena criatura com olhos vermelhos cor de fogo”, declarou. O capataz descreveu o estranho ser como tendo cerca de 1,5 m de altura, olhos de intensa cor vermelha, um tanto ovais. S. C. ficou paralisado de medo, sem saber o que fazer, e tentou focar o bicho novamente com a lanterna, mas não o avistou mais — ele havia fugido em silêncio absoluto e sem quebrar mais mato. Porém, ainda no escuro da mata, o caçador continuou a escutar os grunhidos da criatura, e como se estivesse cada vez mais perto. Não lhe restou alternativa senão recuar, abrigando-se atrás de um pé de espinilho, uma árvore de porte pequeno e tronco sinuoso muito comum na região. Ficou alguns instantes ali e depois correu para casa sem disparar um único tiro — salvaram-se as capivaras.
“Nunca me deparei com bicho parecido”
S. C. contou ainda que nunca se esqueceu daquela experiência. Homem cunhado nos Pampas, habituado a caminhadas noturnas pela mata, diz que não é de ter medo e que nunca viu algo igual nem ouviu sons como os emitidos pelo inusitado ser. “Mas daquela vez eu me apavorei, pois nunca tinha me deparado com um bicho parecido, se é que aquilo era algum bicho”. Mas, como no caso dos ataques que testemunhou na Estância Letícia, onde trabalha até hoje, também não gosta de falar do ocorrido, com medo de que ninguém irá acreditar em seu relato. Somente agora, passados alguns meses dos ataques às ovelhas, e com o surgimento de novos casos na região, resolveu revelar os fatos — e mesmo assim com reservas.
Os fatos apurados em Barra do Quaraí também são do conhecimento de autoridades locais. Acompanharam os depoimentos do capataz da Estância Letícia o delegado de Polícia Civil do município, senhor Sérgio Grilo, e os soldados da Brigada Militar local Solón Vavportes e João Batista Peres Correa. Os ataques aos animais acabaram ganhando repercussão na mídia local, mas continuaram a ser atribuídos a predadores naturais, como o puma, já declarados inocentes nesta matança por especialistas. Um deles, o biólogo Francisco Valls de Moraes, ex-diretor do Parque Estadual do Espinilho, unidade de conservação de Barra do Quaraí, informou que, apesar de o felino ser comum na região, os ferimentos nas ovelhas não são característicos daquele tipo de animal. Além dele, dos policiais e de testemunhas, muitos moradores daquela parte do Brasil se perguntam que tipo de criatura teria causado a morte desses 26 animais, entre ovelhas e avestruzes.
Saques às fazendas das regiões
Uma conversa com pescadores da região também foi decisiva para se levantar vários casos ufológicos na região. Muitos deles, habituados a pescar à noite no Rio Quaraí e Uruguai, descreveram observações de objetos voadores e luzes não identificadas que aparecem e desaparecem misteriosamente à sua frente. As testemunhas os relatam como tendo diversas cores e afirmam que concentram suas atividades nos arredores da chamada Ilha Brasileira, que fica logo à frente da Barra do Quaraí. O local é uma linda área de preservação de aproximadamente 14.000 m2 e composta por “pedaços” dos três países que ali fazem a Tríplice Fronteira — Brasil, Argentina e Uruguai. A Ilha Brasileira ainda é considerada ponto estratégico entre as nações, com excelente potencial turístico e pouco explorada. Agora sabemos também, pelos moradores e pescadores do local, que a região detém grande quantidade de manifestações ufológicas — que podem estar relacionadas aos ataques do suposto chupacabras.
Entre as inúmeras histórias e lendas da Ilha Brasileira contadas por pescadores, como o senhor Darci Lopes, que há décadas freqüenta o local, estão contos do tempo das guerras que tiveram a área como cenário. Eles incluem “causos” de tesouros que estariam enterrados e escondidos ali, supostamente fruto dos saques às fazendas das regiões. E as luzes vistas sobre algumas áreas, em vez de receberem de imediato uma explicação ufológica, são vistas como almas das vítimas dos conflitos guardando os tesouros. Histórias à parte, os fuzileiros navais se retiram do local em 1976, e hoje a Ilha Brasileira está entregue à própria sorte, infelizmente servindo de ponto de apoio para práticas ilegais, como furto de animais de criação e o tráfico de drogas e armas.