Análise da sonda de capão redondo
Era início de mais um ano novo, precisamente 2 de janeiro passado, 21:30 h. O céu estava limpo, era uma noite estrelada com clima relativamente quente.Fernando Mariano de Oliveira, 24 anos, estava conversando com sua prima Luciene da Cunha Lopes, 22 anos, na sala de sua residência, à rua Luís Augusto Ferreira, no bairro de Capão Redondo, na cidade de São Paulo. Pela porta que dá acesso à varanda, de repente, algo luminoso no céu chamou a atenção dos dois. Era uma pequena esfera com diâmetro aproximado de 20 cm e uma intensa luminosidade – ainda que um pouco menor do que a intensidade das lâmpadas de iluminação das vias públicas, que é igual à de uma lâmpada residencial de 200 W.
Fernando e Luciene ficaram vendo aquela pequena esfera deslocando-se no céu. Ora o estranho objeto subia rapidamente, ora descia, ora acelerava, ora tinha movimentos lentos. Tinha momentos em que passava por cima dos telhados das residências do bairro, calmamente. Aquela esfera tinha óbvios movimentos inteligentes. Mas o que seria? Um balão, um avião, um helicóptero? Não, não podia ser nenhuma destas hipóteses.
Aquela esfera estava distante não mais do que 150 m dos observadores. Ora se aproximava, ora se distanciava, sempre sem emitir qualquer ruído. Tinha uma cor branca, levemente alaranjada. É claro que Fernando e Luciene não acreditavam no que estavam vendo. Por isso trataram de chamar os outros familiares que estavam dentro da residência. A senhora Maria Cristina S. de Oliveira, 46 anos, mãe de Fernando, ao sair na varanda também ficou abismada com o que via. “Seria algum novo brinquedo movimentado por controle remoto?”, imaginou em voz alta. Não, também não podia ser. Às vezes, a tal esfera apresentava uma incrível aceleração e depois retornava ao seu ponto original. Os cachorros da região latiam continuamente. Alan Bruno de Oliveira, 10 anos, irmão de Fernando, também pensou que fosse um balão. Mas isso também não podia ser. Os movimentos eram completamente diferentes dos descritos por um balão, que normalmente é levado pelos ventos. O que seria aquilo ninguém sabia. Katiuscia da Cunha Lopes, irmã de Luciene e prima do Alan, ficou muito assustada e até emocionada. Nunca tinha visto nada igual.
Incríveis movimentos – A prima Giane Evans da Cunha também acompanhava todos aqueles movimentos da pequena esfera. Como poderia um objeto como aquele, luminoso, ficar tanto tempo no ar, fazendo incríveis movimentos? Era o que todos se perguntavam… Aquelas seis pessoas assistiam a um show aéreo de camarote. A residência onde estavam, um sobrado construído em um local alto, tem na frente uma varanda com vista privilegiada, que permitiu a todos acompanhar com detalhes aquelas estranhas evoluções da pequena esfera.
De repente, o telefone tocou. Era Waldir Mariano Júnior, 21 anos, irmão de Alan, querendo avisar sua mãe que não iria jantar em casa. Sua prima Katiuscia pegou o telefone e, eufórica, passou a explicar os incríveis movimentos daquela sonda. Em um certo instante, Júnior se deu conta de que ninguém tinha pensado em filmar o fenômeno. “Vocês ainda não filmaram isso?” A emoção daquelas pessoas era tanta que até então não tinham sequer pensado em filmar. Então, A-lan pegou a filmadora – JVC, modelo GR-AX 808, Compact VHS, com zoom de 12 vezes e 1 lux –, instalou a fita no compartimento e notou que a máquina não tinha bateria. Ligou então a fonte na rede elétrica e iniciou a filmagem daquela pequena esfera. No meio da filmagem, passou a filmadora para a Katiuscia, que também filmou aquilo até a estranha luz sumir por detrás de algumas casas. Foram quatro minutos e meio de filmagem que mostram imagens impressionantes. A evolução daquela pequena esfera no céu e sobre os telhados das residências permite verificar que se trata de algo desconhecido. São imagens de um valor inestimável para a Ufologia.
O show começou por volta das 21:30 h e terminou às 22:00 h, mas o pouco que foi filmado é o suficiente para se concluir que aquela família observou algo que a Ufologia tem registrado com o título de sonda ufológica. Quando o artista plástico Waldir Mariano de Oliveira, 47 anos, pai de Alan, chegou em casa, encontrou a família entusiasmada. Depois que assistiu ao filme que Alan fez, entendeu perfeitamente a razão de tanta emoção. Waldir via naquelas imagens o registro de algo que nunca tinha observado na vida, e logo tratou de procurar a Imprensa e técnicos especialistas para analisarem o filme, pois queria saber o que era a estranha esfera no céu.
Pelo fenômeno ter se manifestado durante 30 a 35 minutos no local, em um horário em que a maioria das pessoas ainda se encontra acordada, era líquido e certo que mais gente também teria visto o espetáculo. Assim, o próprio Waldir e os ufólogos que foram investigar o caso passaram a percorrer as ruas da região. Foram várias diligências realizadas no local, em que abordamos dezenas de testemunhas, talvez centenas. Conseguimos entrevistar algumas delas, mas o curioso é que, para várias pessoas com quem falamos, aquilo não era novidade.
Foi assim que descobrimos que, no ano passado, algo muito parecido já tinha ocorrido em duas outras ocasiões, na mesma região de Capão Redondo. Luzia Dias Santana Bonfim, por exemplo, é moradora do bairro, numa rua onde passa um riacho. Ela viu por onde uma outra sonda fez um vôo rasante, bem em frente das casas. Ela conta que estava com sua família na área da frente da residência quando viu uma luz vermelha no céu. No início imaginou que fosse um balão. Depois de algum tempo, no entanto, toda a família percebeu que aquela estranha luz que se movimentava no céu era algo desconhecido.
Manifestação ufológica – Pelo depoimento que colhemos, tendo o fato ocorrido antes do Natal de 1997, e pelos movimentos e posição do objeto, concluímos que Luzia presenciou outra manifestação ufológica, diferente daquela que foi filmada por Alan e Katiuscia. Nessa mesma rua onde passa o riacho, a senhora X diz que aquela pequena esfera luminosa filmada pelos jovens acabou mergulhando no pequeno rio, fazendo o barulho típico de algo caindo na água e soltando uma grande quantidade de fumaça branca. “Depois disso, tudo terminou”, disse. Pelas informações que conseguimos obter, a tal senhora tem problemas mentais e é movida a aguardente.
Também não achamos nenhuma outra testemunha que tenha visto essa mesma cena – outras pessoas que viram a sonda de perto, estando em posição perpendicular à da filmagem, informaram que o local onde a estranha esfera sumiu por detrás das casas fica a uma distância de pelo menos 50 m do riacho onde a mulher teria visto aquilo. Conseqüentemente, registramos esse depoimento como não confiável. Marcelo Caetano de Souza, residente próximo ao local, ficou entusiasmado com a pequena esfera fazendo aquelas estranhas evoluções no céu. S&oacu
te; que também já tinha tido outra experiência anterior, pois informou que sua observação já tinha quase um ano e o lugar que descreveu fica a 300 m de onde estava a sonda que foi filmada por Alan e Katiuscia.
Aquela região, por sinal, é rota de aviões que decolam ou pousam no Aeroporto de Congonhas. Portanto, os moradores de Capão Redondo já estão acostumados com o intenso tráfego aéreo. Tanto que a senhora Rosely Campos de Souza e seu esposo Frederico José de Souza imaginaram que se tratava de um avião. Ambos estavam no quarto vendo televisão, com a janela aberta, devido ao imenso calor, quando aquele objeto veio de frente. “Era diferente”, informou Rosely. “Em um certo instante, comentei com meu marido que aquilo iria entrar pela janela”, declarou preocupada. “De repente, o objeto parou e passou a fazer as estranhas evoluções, coincidindo com as imagens registradas pelo Alan e pela Katiuscia”, completou.
Dona Terezinha Varoto, sua filha Aparecida Varoto, seu filho José Varoto e sua neta Nímia Liss N. T. Gomes – todos residentes à Rua Eunice Soares da Cunha, em Capão Redondo – estavam reunidos na varanda dos fundos de sua residência quando observaram uma luz alaranjada do tamanho aproximado de uma bola de futebol. Inicialmente aquilo estava sobre sua casa, a uns 50 m de altura. De repente, a bola se movimentou e começou a fazer as estranhas evoluções, também coincidindo com as imagens do vídeo.
Todos viram aquilo por mais de 15 minutos. Samira Cristina Khalil e sua filha Kátia Cristina de Oliveira, residentes na mesma rua, também acompanharam toda a movimentação da estranha sonda, por mais de trinta minutos. Disseram a estes autores que o objeto era do tamanho de uma lâmpada residencial de 100 W, tinha cor branca avermelhada e não apresentava ruído.
Em um certo instante, segundo contaram, a sonda parou em cima de uma residência, distante não mais do que 30 m. Samira e Kátia ainda disseram que essa não fora a primeira vez: no ano passado, viram a mesma coisa em duas ocasiões distintas, na mesma região. “Mas não estavam tão próximas como desta vez”, argumentam. Francisco Leão da Silva Neto estava naquela noite no ponto de ônibus da rua, aguardando a chegada da sua esposa Mônica Aparecida Schleich. Assim que ela chegou, ambos foram à rua Henrique San Mindlin quando, já próximos de sua residência, Mônica viu algo que parecia ser uma tocha de balão caindo.
Incríveis movimentos – Como por encanto, a tal tocha parou no ar, a uns 30 m de altura, e em seguida passou a fazer estranhos movimentos. Em um certo instante, aquele pequeno objeto luminoso parou na altura da rede elétrica, distante não mais de 10 m das testemunhas. Mônica correu para dentro de casa, imaginando que algo de mal pudesse acontecer. Depois voltou e continuou junto com o marido acompanhando as evoluções do pequeno objeto, até desaparecer e não retornar mais.
Por terem visto muito de perto o fenômeno, perceberam que em sua parte superior o objeto tinha uma saliência de cor esverdeada, tipo fosforescente, com um brilho bem mais fraco em relação ao corpo. Analisando o filme de Alan e Katiuscia, em certos instantes, podemos verificar que realmente há essa saliência no objeto e é luminosa. Assistindo ao vídeo que registrou aquelas imagens da sonda, e ouvindo o som original, é interessante notar que os dois cinegrafistas amadores deram uma lição em muita gente experiente em filmagem. Enquanto Alan filmava, Katiuscia ia orientando-o, instruindo-o a dar mais ou menos zoom, dizendo as coordenadas do objeto e informando as condições da filmagem.
Quando a sonda dá uma tremenda acelerada para cima, Alan se assusta e, no meio da filmagem, passa a filmadora para a Katiuscia sem desligá-la, quase sem perder o objeto de foco. Em um certo instante, Alan exalta que “…se estamos pegando um disco voador, é uma coisa incrível. É uma bolinha, que agora está parada”. Em um dado momento, Katiuscia se mostra assustada. “Meu Deus do céu, aquilo está abaixando… Eu não acredito, meu Deus, está muito próximo”. Ela teve até a preocupação de narrar a hora e a data em que falou tal frase, 21:53 h de 2 de janeiro. Através do Guia de São Paulo, em escala, pudemos verificar que as casas por onde a sonda passou estão a uma distância de 208 m de Alan e Katiuscia.
Trajetória do objeto – Os fundos da casa por sobre a qual o objeto sumiu estão a 49 m, segundo constatamos com fita métrica. A grosso modo, a sonda estava entre 50 e 200 m de distância dos jovens que a filmaram. Pelo depoimento das testemunhas que viram todo o show de um ponto perpendicular ao da filmagem, podemos concluir que a sonda, no início da gravação, estava distante aproximadamente 150 m da câmara. No final, estava a aproximadamente 100 m. Os valores encontrados no mapa foram conferidos com um GPS [Editor: global positioning system, um receptor de sinais de satélite que fornece a posição geográfica praticamente exata de algum ponto, com latitude e longitude].
Assim, conferimos toda a trajetória do objeto, tornando possível a investigação em locais onde possivelmente outras testemunhas poderiam corroborar a pesquisa com mais informações. Comparando as luminárias das ruas na própria filmagem com a sonda, e levando-se também em consideração os depoimentos das testemunhas, podemos concluir que o diâmetro do objeto está entre 15 e 25 cm. Arredondando, teremos aproximadamente 20 cm. Em foco, podemos ver que a cor da sonda tende para o branco.
Mas quando sai do foco, fica alaranjada, coincidindo com o depoimento das testemunhas que disseram ser sua luz um tom branco alaranjado. Pela filmagem e pelos depoimentos das testemunhas, a altura máxima que ela chegou foi de 120 m. Todas essas informações nos permitem tirar várias conclusões a respeito do fenômeno. Mas antes de atribuirmos uma origem extraordinária para a sonda – como sendo extraterrestre, por exemplo –, analisamos as seguintes hipóteses:
(a) Balão junino – O objeto filmado tem diâmetro estimado de 20 cm e é luminoso, de uma só cor predominante, branca, e tem intensidade constante. Isso inviabiliza a hipótese de um balão junino pois estes, impulsionados a ar quente, possuem
luminosidade variável, proveniente do consumo de sua bucha. Muitos possuem cor vermelho-alaranjada, mas a intensidade luminosa observada no filme é incompatível com a luminosidade existente em balões a ar quente com as mesmas dimensões.
Por outro lado, a trajetória do objeto é bem intrigante, com curvas acentuadas, descidas e subidas com clara aceleração, destruindo a teoria do balão. Mesmo um balão alimentado por gás, como o hélio – chamado de fly balloon –, subiria rapidamente, em procedimento diferente da sonda filmada. Mesmo se recebesse um jato de ar das camadas mais altas, a tendência de sua trajetória seria sempre a de subir.
O balão jamais ficaria voando a uma altitude constante, como em determinado momento podemos observar no filme. Um balão deste tipo teria também que levar baterias e uma lâmpada potente. O peso necessário a ser embarcado, para se obter o efeito filmado, é totalmente incompatível com este tipo de balão. Assim, a hipótese de um pequeno balão a gás foi completamente descartada.
(b) Pipa ou papagaio – A hipótese de que o objeto filmado fosse uma pipa ou um papagaio sendo empinando por alguém naquela hora, fazendo uso de uma lanterna feita com vela atada ao objeto, também foi descartada. Além da pipa ser orientada pelos ventos, é totalmente impossível realizarem-se as incríveis manobras registradas – algumas bem perto do chão e a não mais que 10 m de altura, conforme as testemunhas. Isso é especialmente verdadeiro se considerarmos que o local é cheio de redes elétricas. Mesmo uma pipa especial para acrobacias, como a Happy Wings oua Sky Mate, controladas por dois cabos, não permitiria que se fizessem evoluções como as filmadas. Isso sem contar que uma pipa também só poderia levar uma pequena lanterna, e dificilmente conseguiria reproduzir a luminosidade filmada. Assim, a hipótese da pipa é facilmente eliminada.
(c) Helicóptero com controle remoto – Esta foi mais uma hipótese levantada durante a investigação. Seria possível um helicóptero com controle remoto levar uma lâmpada, baterias e realizar as manobras registradas no vídeo? Descobrimos que não! Os vôos noturnos com helicópteros desse tipo são muito difíceis e somente realizados por especialistas neste esporte.
Segundo o senhor Trajano d’Andrea Filho, de Limeira (SP), especialista em vôos com helicópteros radiocontrolados, as evoluções observadas na filmagem seriam impossíveis de serem realizadas por um modelo do gênero. Um vôo noturno, com o modelo carregando uma lâmpada de luminosidade similar às existentes no local, seria completamente impossível. Este tipo de vôo exigiria um aparelho chamado strobe, para orientação do operador.
Some-se a isso o fato de que um modelo de helicóptero desse tipo custa por volta de 3.500 Dólares e pode transportar somente até 2 quilos de carga. O transporte de um globo pendurado em um modelo desses, num vôo noturno, seria impossível, pois o efeito pêndulo derrubaria o helicóptero. Já a sonda filmada subiu e desceu várias vezes no ar e ainda realizou curvas abruptas, impossíveis de serem reproduzidas.
O transporte de uma pequena carga por um desses tipos de aeromodelo é muito difícil e só é realizado em velocidade reduzida, jamais fazendo-se curvas acentuadas e nunca à noite. Além disso, o ruído de seu motor é parecido ao de uma moto com motor de dois tempos, facilmente ouvido a 20 m. As testemunhas envolvidas não ouviram qualquer ruído… Esta hipótese para explicar a sonda de Capão Redondo foi considerada a mais plausível de todas, por certo tempo. Este tipo de fenômeno poderia ocorrer em Capão Redondo?
(d) Relâmpago bola – Vamos analisar. Em primeiro lugar, consultamos o doutor Osmar Pinto, especialista em relâmpagos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Ele, que é expert na matéria, fez-nos concluir que esta hipótese também é improvável. O relâmpago bola não mantém a sua luminosidade constante durante sua manifestação, como o objeto filmado, que mostrou-se constante em todo o trajeto. Sendo um fenômeno atmosférico de características elétricas, o relâmpago bola “procura” o menor caminho possível para neutralizar sua carga. Em vez disso, o objeto passeia próximo a cabos de eletricidade e postes.
Um fenômeno como o relâmpago bola pode produzir um estrondo ao final de sua manifestação, ou ainda um ruído característico de um evento elétrico. No entanto, as testemunhas não ouviram absolutamente nada. Mesmo assim, este fato não eliminaria totalmente esta hipótese levantada – o fator mais importante, que define sua inviabilidade, está na duração da gravação. O fenômeno filmado em Capão Redondo tem duração de mais de 30 minutos, enquanto que um relâmpago bola ou globular, segundo estudos realizados, tem sua duração entre 25 e 100 segundos. Somente! A probabilidade de ocorrer um relâmpago bola com mais de 30 minutos é praticamente nula, ainda que deixemos uma porta aberta para a ciência tentar explicar o fato…
Conclusão – Podemos dizer que estamos diante de uma evidência incontestável – possivelmente extraterrestre –, ainda que nossos estudos continuem. Pelo que pudemos concluir até agora, Alan e Katiuscia registraram em vídeo aquilo que a Ufologia já conhece há muito tempo, mas que até hoje teve quase nenhuma confirmação material: uma sonda ufológica. De qualquer forma, a qualquer evidência que detectarmos, todo o caso será revisto.